Fontes Históricas Sobre Moisés

Fontes Informativas Sobre Moisés
Fontes Históricas Sobre Moisés


Muito material histórico antigo, pertencente ao segundo milênio A.C., tem sido preservado em documentos egípcios. No entanto, não há uma única menção a Moisés, nesses escritos. E ele também não é mencionado nas inscrições palestinas, siro-fenícias e mesopotâmicas do mesmo período. Essa circunstância, que forma aquilo que alguns têm chamado de «enigma do silêncio», talvez tenha sido o principal fator no ceticismo dos estudiosos do século XIX quanto à historicidade das narrativas bíblicas. Porém, várias coisas podem ser ditas, suavizando a situação. Por exemplo, os historiadores têm observado que os egípcios (como outros povos antigos) não tinham o cuidado de preservar registros de suas derrotas. Por isso mesmo, há muitas e graves lacunas nas informações históricas sobre o antigo Oriente Próximo e Médio, envolvendo todas as nações da área, e não apenas o Egito. Acresça-se a isso que se na Bíblia o Êxodo de Israel do Egito foi um acontecimento de capital importância, para os egípcios deve ter sido um incidente pequeno, indigno de qualquer maior atenção.

«Os historiadores modernos não mais se surpreendem diante da ausência de evidências extrabíblicas acerca de Moisés, de Abraão e de outros patriarcas. O caso não é diferente daquilo que aconteceu a Buda, a Jesus, a Maomé e a outras personagens religiosas, cujas atividades tiveram lugar à beira dos centros políticos da civilização» (AM). Em outras palavras, tais figuras só se tornaram vultos importantes mais tarde, quando seus respectivos movimentos religiosos já haviam conquistado muito terreno.

Quanto aos registros bíblicos, que constituem as únicas fontes informativas realmente dignas de confiança (as tradições, como aquelas preservadas por Josefo e pelo Talmude, talvez tenham algum valor, mas isso é difícil de ser avaliado), nos últimos duzentos anos têm sido sujeitados à mais exaustiva critica e análise. Os críticos distinguem três tipos principais de documentos, de várias épocas e proveniências, que estão envolvidos nesses relatos:

1. Duas tradições orais: uma delas foi a repousar em Jerusalém, na época de Davi (cerca de 1000 A.C.). E a outra chegou à plena fruição em cerca de 850 A.C., nos dias de Acabe e Elias. De acordo com certos estudiosos, essas tradições vieram a ser conhecidas, respectivamente, como o material Jeovista (J)eo material Eloísta (£).

2. Outras tradições, especialmente concernentes a questões legais, reunidas no norte de Israel e publicadas em Jerusalém, nos tempos de Josias (621 A.C.). Essas tradições são chamadas D, por estarem ligadas à segunda lei, o Deuteronômio, em contraste com a primeira lei, contida nos livros de Êxodo, Números e Levítico.

3. Tradições sobre ritos religiosos, preservadas pelos descendentes dos sacerdotes de Jerusalém, durante e após o exílio babilônico (cerca de 587-538 A.C.). Essas tradições são chamadas S, por serem de origem sacerdotal. Dentre essas quatro fortes, os críticos pensam que as mais dignas de confiança são as fontes J e £ Além desse material, poderíamos adicionar algumas poucas referências bíblicas, como I Sam. 12:6; 6:4 e Jer. 15:1. Por sua parte, os escritos judaicos não-bíblicos, embora contenham muitas tradições e lendas, não se revestem de grande valor histórico. Quanto a maiores detalhes sobre essas alegadas fontes informativas ver o artigo intitulado J.E.D.P.(S). Ver também a seção VIII. Moisés e a Arqueologia, abaixo.