Quem Escreveu o Livro de Naum?

Quem Escreveu o Livro de Naum?

Quem Escreveu o Livro de Naum?
Os intérpretes apresentam certo leque de idéias quanto à autoria do livro de Naum, a saber:

1. Alguns eruditos liberais sugerem que o autor foi um poeta historiador e não um profeta, visto que, segundo eles pensam, falta ao livro a ética, a religião e o gênio típicos dos profetas. O nome Naum significa “consolo (de Deus)”, o que pode ser entendido como uma tentativa metafórica de dizer: “Este livro, designado consolo, visa dar a Israel motivos para regozijar-se. Portanto, deixai-vos consolar, porque um antigo inimigo foi derrotado”.

2. Embora o livro deva ser considerado uma profecia genuína (em contraste com a primeira posição, acima), o título “Naum” pode ser visto como um nom de plume, o que é evidenciado pelo fato do que, neste livro, não dispomos de informações acerca do profeta Naum. Além disso, a cidade de onde supostamente ele veio, “Elcós”, é totalmente desconhecida pelos estudiosos. O nome do autor, bem como sua origem, são meros artifícios literários, e não fatos históricos genuínos. Todavia, Jerônimo identificava Elcós com Elcesi, uma pequena aldeia da Galiléia, onde havia, em seu tempo, algumas antigas ruínas, Entretanto, não dispomos de meios para confirmar ou negar essa suposição de Jerônimo. Eusébio também identificava Elcós com Elcesi, presumível localização palestina, embora não tivesse dado nenhuma informação que agora nos permita sustentar sua afirmação. Alguns antigos escritores sugeriram Alcus como a cidade natal de Naum; no entanto, essa era uma aldeia fora das fronteiras de Israel e, portanto, muito improvável. A aldeia ficava a dois dias de jornada distante de Mosol (antiga Nínive), razão pela qual tal identificação começou a ser artificialmente feita, a partir do século XVI. Os turistas são encaminhados até o suposto túmulo de Naum, nesse lugar. Mas a ausência de quaisquer informações geográficas e pessoais sólidas, no tocante a “Naum”, sugerem que estamos tratando apenas com um pseudônimo, e não com o nome verdadeiro de uma pessoa real.

3. Outros estudiosos aceitam a autenticidade tanto do nome do autor quanto do fato de que ele escreveu seu livro como uma profecia. Embora esse nome não possa ser encontrado em todo o Antigo Testamento, senão no próprio livro assim chamado, não há razão para pormos de lado as informações ali providas. Tal nome tem sido achado inscrito em algumas ostraca. Até o século XIX, ninguém se aventurara a lançar dúvidas sobre a autoria e a autenticidade do livro como uma profecia. Mas essas dúvidas são essencialmente destituídas de base, não passando de raciocínios subjetivos. O simples fato de o nome Naum significar “consolo de Deus” dificilmente milita contra sua existência, a menos que insistamos, por razões particulares, em que esse uso deve ser metafórico. É verdade que nada conhecemos acerca de um profeta chamado “Naum”, excetuando aquilo que se pode inferir por meio do próprio livro, mas nossa falta de conhecimento dificilmente pode servir de prova de que o profeta Naum nunca existiu. Além disso, muitas cidades obscuras da Palestina devem ter existido, mas nenhum historiador se importou em deixar registradas por escrito. Josefo, ao listar muitas cidades e vilas da Galiléia, nunca mencionou Nazaré, embora ela tenha, realmente, existido.

4. O Estilo do Autor. O original hebraico do livro de Naum é “claro e vigoroso”, e seu estilo é prenhe de animação, fantasia e originalidade. O livro tem certa suavidade e delicadeza, alternada por uma dicção rítmica, sonora e majestática, sempre que o assunto requer tal coisa. À semelhança de Isaías, ele usou paronomásias, ou seja, assonâncias verbais. É possível que Naum tenha sido um contemporâneo mais jovem de Isaías. Seu hebraico é puro e clássico, podendo ser atribuído à época da segunda metade do governo de Ezequias. Vários autores têm-no mencionado como um brilhante poeta.

5. Outras Idéias. Pouquíssimo se sabe sobre o homem Naum, a quem é atribuída a autoria do livro com seu nome. Coisa alguma se sabe sobre esse profeta, a não ser aquilo que consta nesse livro. A segunda parte do título, que atribui o livro a Naum, de acordo com alguns especialistas, como Smit e Goslinga, teria sido uma adição, com o propósito de preservar o nome do profeta. Outros eruditos, entretanto, pensam que o nome Naum seja um pseudônimo, porque, visto que Naum significa “consolo (de Deus)”, o seu livro haveria de consolar o povo de Israel.

Mais de um Autor? Ainda outros estudiosos argumentam que o primeiro capítulo do livro de Naum não forma unidade com os dois capítulos finais. No entanto, até o ano de 1892, não surgira nenhuma dúvida de que o livro de Naum fosse uma unidade, Não obstante, Bickell asseverou que ele descobriu o que pensava serem os remanescentes de um salmo alfabético em Naum 1.1-7, e tentou reconstruir todo o trecho de Naum 1.2,3, obtendo assim vinte e dois versículos que começam com as sucessivas letras do alfabeto hebraico. Com outra variedade de técnica de reconstituição, Gunkel, em 1892, seguindo o esquema proposto por Bickell, produziu uma reconstituição um tanto mais plausível. Gunkel acha que descobriu que Sobai (ou Sobi) era o nome provável do autor do livro.