Quem foi Naamã na Bíblia ?

Quem foi Naamã na Bíblia ?
NAAMÃ No hebraico, «deleite».

Há dois homens com esse nome, na Bíblia: 1. O segundo filho de Bela, filho de Benjamim (Gên. 46:21). Naamã foi o cabeça da família dos naamitas (ver Núm. 26:40). Ao que parece, ele foi exilado por Bela, seu pai (ver I Crô. 7:7), ou, então, nessa passagem, o seu nome aparece como Uzi. Ele deve ter vivido em torno de 1876 A.C. 2. Naamã, o Sírio: a. O Nome. Como já vimos, no hebraico esse nome significa «deleite». Esse nome é confirmado como nome próprio nos textos administrativos ao RasShamra, e tambem como epíteto de personagens reais, como Krt, ‘Aght e Adonis. Em II Reis 5:1 ss, essa palavra aparece como um nome próprio pessoal. Na Septuaginta, encontramos as formas Naiman e Neeman. b. Comandante do Exército Sírio. Naamã comandava o exército sírio, em Damasco, nos tempos de Jorão, rei de Israel. Naamã foi homem habilidoso e corajoso, que merecia a posição que ocupara. — O trecho de II Reis 5:1 diz que ele era «...grande homem... herói da guerra, porém leproso». Isso posto, ele tipificava os homens em geral. Nos homens sempre haverá aquele porém, algo que lhes enfeia o caráter, que lhes macula a descrição. Era um adversário confesso do povo de Israel (ver I Reis 20). Antes de sua conversão ao Senhor, o rei dos arameus, provavelmente Ben-Hadade II (de acordo com Josefo, Anti. 18.15,5), deu crédito a Naamã pelas muitas vitórias dos sírios, dependendo do seu gênio militar (5,1). Naamã era servo (alto oficial) do rei da Síria.

c. Intervenção Divina.

Não há que duvidar que a lepra em muito humilhavaNaamã e lhe servia de empecilho, apesar de suas outras qualidades. A esposa de Naamã recebeu como criada uma pequena menina israelita. Essa menina anunciou que em Israel havia um profeta que seria capaz de curar a lepra do general sírio (ver II Reis 5:3,4). O rei sírio interessou-se pelo caso, e enviou um apelo, dirigido ao rei de Israel, por meio de uma carta (ver II Reis 5:5).

Mas o rei de Israel, longe de sentir-se lisonjeado, desconfiou que Ben-Hadade estava querendo achar uma desculpa tola para atacá-lo, e comentou: «Acaso sou Deus, com poder de tirar a vida, ou dá-la, para que este envie a mim um homem para eu curá-lo de sua lepra?» (vs. 7). Mas o profeta Eliseu ouviu falar no incidente, e sugeriu que Naãma lhe fosse enviado, porque ele se dispunha a ser o agente humano daquela cura divina. Naamã havia solicitado a interferência do rei da Síria, provavelmente por pensar que a sua presença no território de Israel haveria de causar dificuldades, a menos que lhe fosse permitido o ingresso em Israel, devido a uma razão específica. Não é provável, contudo, que Naamã tivesse pensado que o rei de Israel pudesse fazer por ele alguma coisa. Seja como for, a questão chegou ao conhecimento do homem certo, Eliseu. Todo esse relato mostra-nos como a providência de Deus pode operar das maneiras mais surpreendentes. A menina israelita escravizada foi o primeiro elo dentro dessa cadeia de acontecimentos providenciais. d. Uma Tola Pompa. Naamã estava doente e precisava de ajuda. Porém, chegou diante da casa de Eliseu com toda a pompa inútil que sua importância social lhe permitia (vs. 9). Chegou mesmo a esperar que Eliseu viesse vê-lo a fim de prestar-lhe as devidas honrarias, pois, para Naamã, parecia que Eliseu lhe era socialmente inferior, apesar do fato de que ele tinha a reputação de ser grande profeta.

Ver o vs. 4. Em seguida, recusou-se a obedecer às instruções simples que Eliseu lhe havia mandado, ou seja, mergulhar por sete vezes nas lamacentas águas do rio Jordão. Todos sabiam que na Síria havia rios mais limpos e mais bonitos, nos quais Naamã poderia lavar-se. Mas é que aqui é dada uma outra lição ao mundo: quando Deus intervém, é ele quem dita as regras. O primeiro passo da sabedoria consiste na obediência. e. Yahweh estava usando Naamã, além de ajudá-lo, mas não exatamente conforme o general sírio havia antecipado. O plano de Deus nem sempre é claro para nós, e nem é lógico, segundo o nosso ponto de vista, no entanto, mostra-se sempre eficaz. Uma de nossas mais preciosas doutrinas é a da providência de Deus como nosso Pai. E equivocamo-nos quando pensamos que essa providência só opera em prol daqueles a quem consideramos «justos». Deus sempre pensa maior do que os homens.

f. Os Servos Fazem a Parte que Lhes Cabe.


Os servos de Naamã salientaram que Eliseu não determinara nenhuma coisa difícil. De fato, se o tivesse feito, Naamã estaria ansioso para provar o seu valor. Naamã afastara-se, aborrecido, diante de uma tarefa simples, que visava ao seu próprio bem-estar. Somente a intervenção de seus humildes servos impediu que ele desse vazão à sua ira e deixasse de atender a tão simples recomendação. Esse aspecto do incidente (vss. 13 ss) mostra-nos como a arrogância do homem lhe é prejudicial. A verdade é que uma das principais características do ser humano é a arrogância, que se apega a ele como uma praga.

g. O Grande Milagre.

Naamã mergulhou nas barrentas águas do Jordão por nada menos que sete vezes. Ao sair da água pela sexta vez, continuava leproso. Temos nisso uma lição sobre a necessidade de completa obediência. Porém, ao sair das águas do Jordão pela sétima vez, «...sua carne se tornou como a carne duma criança, e ficou limpo» (vs. 14). Ali estava a manifestação do poder de Deus, de cuja conclusão ninguém seria capaz de escapar. Ver o artigo sobre os Milagres. Até os nossos próprios dias, os homens de ciência tentam encontrar a cura para a lepra; e parece que um grande avanço, nessa direção, está prestes a ser conseguido. Talvez os homens, com seus medicamentos, consigam fazer o que a simples palavra de Deus sempre foi capaz de fazer, com maior eficiência. Há coisas que simplesmente não podemos fazer contando com nossos próprios recursos. E, então, é quando precisamos da intervenção divina. h. Um Naamã Transformado. Ninguém poderia ser curado conforme Naamã o foi, e não sair dali uma pessoa diferente. Naamã prontamente confessou que Yahweh é o único verdadeiro Deus. E pediu que lhe fosse dada a carga de terra, do selo de Israel, que dois mulos pudessem transportar, para que a levasse consigo, quiçá para que pudesse adorar Yahweh diante de um «altar de terra». (Êxo. 20:24). Naamã sabia que seu senher (o rei da Síria) havia de continuar com seu culto pagão (vs. 18), e que ete (Naamã), teria de acompanhar o rei; mas seu coração não esta-ia dedicado a tal culto. E pediu que Eliseu o perdoasse por esse pecadilho. E Eliseu disse-lhe que se fosse em paz, o que talvez indique uma certa liberalidade de sua parte, deixando com o próprio Naamã a solução para seu problema de consciência. É que existem coisas que não estão sujeitas ao nosso controle pessoal.

i. O Oportunista e Cobiçoso Geazi.

Ver o artigo sebreGeazi. Naamã ofereceu riquíssimos presentes a Eliseu, embora este nada tivesse cobrado por seus serviços. Mas quando Naamã já ia a certa distância, Geazi, que fora testemunha da falta de interesse pelo dinheiro, da parte de Eliseu, não conseguiu resistir e saiu atrás do general sírio. E disse uma inverdade a Naamã, afirmando que Eliseu mudara de parecer, precisando agora de algum dinheiro e de boas vestes. Como já seria de esperar, imediatamente Naamã entregou a Geazi o que este lhe solicitou. E assim pelo menos temporariamente, Geazi tornou-se um homem rico. Mas, ao voltar, Eliseu perguntou-lhe onde estivera. E a resposta de Geazi foi outra estúpida mentira, para encobrir um estúpido erro: «Teu servo não foi a parte alguma» (vs. 25). Como castigo, a lepra de Naamã apareceu subitamente no corpo de Geazi; e o profeta disse que os seus descendentes também seriam afligidos por essa afecção cutânea. Destarte, a punição de Geazi foi tão severa quanto o milagre fora extraordinário. Talvez a misericórdia de Deus tenha intervindo em favor de Geazi em algum ponto do futuro, pois a misericórdia e o amor de Deus ainda são mais poderosos do que a profecia.

j. Naamã é Mencionado por Jesus.

No trecho de Luc. 4:27, o Senhor Jesus aludiu à cura de Naamã como um exemplo da graciosidade de Deus em favor dos homens, uma graça não limitada ao povo de Israel. Isso antecipou a universalidade da missão cristã e 0 raiar de um novo dia para a humanidade.