Interpretação de Mateus 8

Mateus 8

Mateus 8 apresenta uma série de eventos notáveis que mostram a autoridade divina de Jesus e seu poder sobre vários aspectos da criação e das condições humanas. O capítulo destaca o ministério de cura compassivo de Jesus e a demonstração de Sua autoridade sobre forças naturais, doenças e espíritos demoníacos.

O capítulo começa com Jesus descendo da montanha depois de proferir o Sermão da Montanha. Um leproso aproxima-se Dele, em busca de cura, e Jesus, movido de compaixão, toca o homem e o cura instantaneamente, apesar das restrições sociais e cerimoniais que cercam os leprosos.

Em seguida, um centurião romano se aproxima de Jesus, implorando pela cura de seu servo. O centurião expressa profunda fé, acreditando que Jesus só precisa falar a palavra para que a cura ocorra. Jesus elogia sua fé e se maravilha com seu entendimento, declarando que tal fé raramente é encontrada mesmo entre o povo de Israel. O servo do centurião é curado como resultado de sua confiança inabalável na autoridade de Jesus.

Mateus 8 também registra Jesus acalmando uma tempestade enquanto Ele e Seus discípulos estavam em um barco. Quando surge uma violenta tempestade, os discípulos temem por suas vidas, mas Jesus, com uma única ordem, repreende os ventos e o mar, trazendo instantaneamente uma grande calmaria. Este evento demonstra o poder de Jesus sobre a natureza, levando os discípulos a se maravilharem com Sua autoridade.

Ao chegar do outro lado do Mar da Galileia, Jesus encontra dois endemoninhados que vivem entre os túmulos. Os demônios reconhecem Jesus como o Filho de Deus e imploram a Ele que não os atormente antes de serem expulsos dos homens e colocados em uma manada de porcos, que então corre para o mar e perece. Isso demonstra a autoridade de Jesus sobre as forças demoníacas, proporcionando alívio e libertação aos oprimidos pelos espíritos malignos.

Após esses eventos, Jesus retorna a Cafarnaum, onde cura muitas pessoas afligidas com várias doenças e expulsa mais demônios. Esses atos de cura e libertação cumprem as profecias do Antigo Testamento sobre o Messias, confirmando ainda mais a identidade de Jesus como o Salvador prometido.

Em resumo, Mateus 8 mostra a notável autoridade de Jesus sobre doenças, elementos naturais e poderes demoníacos. O capítulo demonstra Sua compaixão pelos aflitos, Sua vontade de curar aqueles que se aproximam Dele com fé e Seu poder de realizar transformações milagrosas. Por meio desses eventos, Jesus prova ser o tão esperado Messias, exibindo autoridade divina e cumprindo as profecias preditas sobre Ele nas Escrituras.

Interpretação

8:1-4. Leproso. Para descrição da lepra bíblica veja Lv. 13, 14, e os dicionários bíblicos. No V.T., esta enfermidade repugnante foi transformada em símbolo dos efeitos do pecado sobre o homem. (As leis não eram primordialmente higiênicas, pois uma pessoa completamente coberta com lepra podia ser declarada limpa; Lv. 13:12, 13.) Adorou-o. A fé que o leproso demonstrou no poder de Jesus (Se quiseres; não “Se puderes”) demonstra que o seu ato de prostrar-se era adoração religiosa e não cortesia oriental. Tocou-lhe. Um ato simultâneo com a declaração de cura pronunciada por Jesus, e assim não foi uma quebra do cerimonial relativo à impureza. Não digas a ninguém. Não teve a intenção de evitar publicidade, pois grandes multidões testemunharam o milagre, mas para evitar que a notícia chegasse prematuramente aos ouvidos do sacerdote, o qual poderia formar um preconceito contra o homem. Cristo queria que a purificação fosse oficialmente declarada primeiro, para que a explicação fosse um testemunho contra eles (isto é, contra os sacerdotes que se lhe opunham). Infelizmente, o homem não deu importância à advertência e consequentemente causou muitos inconvenientes a Cristo (Mc. 1:45).

8:5-13. A cura do servo de um centurião. Centurião. Lucas indica que ele apelou para Jesus por intermédio de anciãos judeus e outros amigos (Lc. 7:1-10). Os centuriões são uniformemente descritos no N.T, como homens de bom caráter (Mt. 27:54; Atos 10:22; 27:3, 43; e outros). Este homem era provavelmente um comandante gentio à frente do exército de Herodes Antipas, que mantinha tropas estrangeiras (Josefo, Antig. xvii. 8.3). Paralítico. A palavra grega paralytikos indica paralisia causada por uma variedade de doenças afetando os músculos e órgãos do corpo. Não sou digno. Este gentio, talvez nem mesmo um prosélito (ainda que tivesse construído uma sinagoga judia, Lc. 7:5), achou que era presunção de sua parte pedir a Jesus que fosse à sua casa. Eu sou homem sujeito à autoridade. O significado é: Se este oficial de baixa patente podia dar ordens aos seus subordinados, quanto mais Cristo, que possui toda a autoridade, pode dar uma ordem para que a Sua vontade seja feita. Admirou-se Jesus. Uma indicação de que a onisciência da natureza divina de Cristo não impedia as reações humanas normais. Apesar da riqueza de revelações que Israel possuía, foi a fé de um gentio na autoridade de Cristo que brilhou com mais intensidade. Assim Jesus anuncia que o seu reino messiânico será desfrutado por muitos que não são judeus. Tomarão lugares à mesa com Abraão. Ao se falar no Reino, usa-se muitas vezes a figura de um banquete (Is. 25:6; Lc. 14:15-24). Os filhos do reino. Os judeus, recipientes das profecias, e consequentemente os herdeiros originais, são informados aqui que sem fé, o simples fato de pertencer a uma raça não é suficiente qualificação para o reino de Cristo. Para fora nas trevas. As trevas do lado de fora do salão iluminado do banquete (conf. 22:13). Conforme a tua fé. O homem creu que Jesus podia curar à distância, e Ele o fez.

8:14-17. A cura da sogra de Pedro e outros. Tendo Jesus chegado à casa. Vindo de um culto na sinagoga (Lc. 4:38; Mc. 1:29). Ardendo em febre. Esperando hóspedes, esta enfermidade deve ter perturbado muito todos de casa. Servi-lo. A cura foi completa, sem recuperação gradual. A sugestão de que a esposa de Pedro já tinha morrido, considerando que sua sogra o serviu, contradiz I Co. 9:5. Chegada a tarde. Ao pôr-do-sol, ao findar do sábado, muitos doentes e endemoninhados foram trazidos em busca de cura. Ele mesmo tomou as nossas enfermidades. Mateus 9:6 mostra que a cura de doenças (um dos efeitos do pecado) efetuada por Cristo, indica sua competência em lidar com a causa principal. Assim, essas curas foram um cumprimento parcial de Is. 53:4, que foi completado no calvário quando o pecado do homem foi levado por Cristo.

8:18-22. Entrevista com possíveis seguidores. A ligação cronológica desta passagem complica-se quando comparada com Lucas (9:57 e segs), que a coloca muita mais tarde. Talvez a primeira entrevista acontecesse quando Jesus preparava-se para embarcar, e Mateus acrescenta o último incidente no mesmo parágrafo, enquanto que Lucas agrupa três incidentes parecidos na ocasião. Um escriba. Ainda que poucos desses mestres religiosos se sentissem inclinados a seguir Cristo (conf. com Mc. 12:28-34; contraste com Lc. 11:53, 54), este se ofereceu para se tornar seu discípulo permanente. Entretanto, Jesus evidentemente viu neste propósito a falta de estimar devidamente os rigores do verdadeiro discipulado. Filho do homem. Um título que os judeus entendiam pertencer ao Messias (Jo. 12:34) e equivalente a “Filho de Deus” (Lc. 22:69, 70). Era a maneira costumeira de Cristo se intitular, aparentemente de Dn. 7:13,14. Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Este homem, já um discípulo, foi convidado por Jesus a segui-lo (Lc. 9:59). Tendo acabado de receber a notícia da morte de seu pai, pediu um prazo. A sugestão de que o pai do homem ainda estivesse vivo (considerando que os sepultamentos judeus são feitos no dia da morte, e uma pequena demora não justificaria a resposta de Cristo), não diminui a dificuldade, pois entre os judeus a responsabilidade de um homem diante de um pai idoso era tão grande quanto o seu dever para com os mortos. Jesus viu na hesitação do homem uma fraqueza de fidelidade. Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos.

Quando Cristo chama um homem para uma tarefa específica (Lc. 9:60), o discípulo deve às vezes privar-se do que faria em outra situação. Aqueles que estão espiritualmente mortos são capazes de cuidar dos fisicamente mortos.

8:23-27. Apaziguando a tempestade. Uma grande tempestade. A palavra geralmente usada para “terremoto” foi empregada aqui, talvez por causa da turbulência da água, tão violenta que aterrorizou até mesmo marinheiros experientes. Tempestades violentas não são raras na Galileia. (W. M. Thomson, The Land and the Book, pág. 347). Por que sois tímidos (deiloî) mostra que o medo deles era covarde, indicando pequena fé. Jesus não tinha ordenado ao grupo que fosse até o outro lado (Lc. 8:22)? Mas o fato de terem-se voltado para ele no auge da aflição demonstra uma raiz de fé que podia ser desenvolvida. Repreendeu os ventos e o mar. Além de ordenar aos ventos, Cristo falou também ao mar, o qual teria, caso contrário, continuado encapelado por algum tempo.

8:28-34 A cura de dois endemoninhados (conf. Mc. 5:1-20; Lc. 8:26-39). Terra dos Gadarenos. Foi assim denominada segundo a cidade de Gadara ao sul. Marcos e Lucas dizem “gerasenos”, da vila chamada Gerasa – agora em ruínas à beira do lago – que talvez ficasse no distrito pertencente a Gadara. Dois endemoninhados. Os outros sinóticos mencionam apenas o mais importante dos dois. Os endemoninhados, no N.T., são descritos não como grandes pecadores nem como vítimas de insanidade (ainda que o demonismo possa produzir tais efeitos), mas como pessoas cujas mentes ficaram sob o controle de um ou mais espíritos maus. O fato de tal fenômeno ser especialmente notório durante os dias do ministério de Cristo na terra, é consistente com os esforços de Satanás de frustrar o programa divino. Os demônios sabiam exatamente onde Jesus se encontrava (Filho de Deus), tinham consciência de que seu destino final estava decretado (o tempo, v. 29), e sempre obedeceram a Cristo de maneira absoluta.

Os proprietários da grande manada de porcos eram judeus provavelmente, que estavam violando a lei mosaica – pelo menos em espírito – nesse território judeu (sob o governo de Herodes Filipe). Foi por isso que não moveram um processo legal contra Jesus pela perda. Por que um pedido tão estranho da parte dos demônios? Talvez fosse para agarrar uma última oportunidade de fugir ao confinamento no abismo (Lc. 8:31; Ap. 20:1-3). Mas os porcos, debandaram, atirando-se nas águas do mar, frustrando quaisquer que fossem os propósitos dos demônios.

Rogaram que se retirasse. Este pedido, fruto do medo (Lc. 8:37), partiu da população, não exatamente dos proprietários. Horrorizados mas não arrependidos, não quiseram mais saber de Cristo.

Índice: Mateus 1 Mateus 2 Mateus 3 Mateus 4 Mateus 5 Mateus 6 Mateus 7 Mateus 8 Mateus 9 Mateus 10 Mateus 11 Mateus 12 Mateus 13 Mateus 14 Mateus 15 Mateus 16 Mateus 17 Mateus 18 Mateus 19 Mateus 20 Mateus 21 Mateus 22 Mateus 23 Mateus 24 Mateus 25 Mateus 26 Mateus 27 Mateus 28