IMPOSIÇÃO DAS MÃOS — Significado Bíblico

O que significa IMPOSIÇÃO DAS MÃOS na Bíblia?


IMPOSIÇÃO DAS MÃOS — Significado Bíblico


MÃOS, IMPOSIÇÃO DE. Uma cerimônia de origem antiga, com diferentes significados, dependendo de sua ocorrência nos vários contextos bíblicos.

1. Em relação a procedimentos sacrificiais. As prescrições da lei mosaica requeriam que adoradores, que levassem ofertas queimadas e de pecado, para sacrifício a Deus, colocassem suas mãos sobre o animal da oferta, antes que este fosse morto (Êx. 29.10; Lv 1.4; 4.4,24,29,33; 8.14;Nm 8.10,12). Não se deve supor que este ato simbólico significasse uma transferência geral de culpa do adorador às vítimas, visto que isso apenas ocorria com a imposição das mãos sobre o bode expiatório no dia da Expiação (Lv 16.21). Ao invés, parece provável que o ato da imposição consagrava a vítima para sua tarefa especial.

2. Em relação à punição. As mãos das testemunhas eram postas sobre o blasfemador antes dele ser apedrejado (Lv 24.14).

3. Em associação com benção. Jacó abençoou os filhos de José dessa forma (Gn 48.14), assim Cristo também abençoou as crianças (Mt 19.15; Mc 10.13,16). A invocação de uma benção sobre um grupo era feita com braços estendidos, tais como as bênçãos sacerdotais (Lv 9.22) ou a ocasião da ascensão de Cristo (Lc 24.50).

4. Em relação à cura. No NT, o conceito, por trás da prática, parece ter sido o da transferência de vitalidade espiritual, para gerar, na pessoa, uma inteireza de ser, manifesta em cura física ou mental. Tais exemplos incluíam a cura da filha de Jairo (Mc 5.23), onde Cristo “tomou-a pela mão” (5.41); a comissão aos discípulos, que incluía cura (16.18); as curas que ocorreram em Cafamaum (Lc 4.40) e a restauração da mulher paralítica (13.13). Da mesma forma, Ananias pousou as mãos sobre Saulo para capacitá-lo a recuperar sua visão (At 9.12,17) e Paulo, por sua vez, curou o pai de Públio, em Malta (28.8), que parecia estar sofrendo de disenteria e talvez também malária. Curas de ma natureza geral são descritas (5.12), ocorrendo por intermédio das “mãos” dos apóstolos, i.e., por meio da função apostólica.

5. Dom do Espírito. A imposição das mãos também transmitia o dom do Santo Espírito (At 8.18,19; 19.6). As manifestações resultantes da vitalidade espiritual eram muitas vezes externas, tais como glossolalia. Fica claro que as denominações que justificam seus ritos de confirmação pós-batismais, mediante referência a tais passagens (Hb 6.2), compreendem mal o significado da prática na época apostólica primitiva.

6. Ritos de ordenação. Na ordenação de Josué, como sucessor de Moisés, o que tinha em vista era uma bênção especial (Nm 27.18,23; Dt 34.9). Na cerimônia, o que Josué recebeu foi a comissão de sua nova tarefa, e não os dons de liderança e sabedoria, os quais ele já possuía. Com efeito, sua ordenação atestou suas qualidades especiais de espírito, dando-lhe autoridade formal para exercer as funções de liderança entre os israelitas. O mesmo princípio foi aplicado aos sete (At 6.6) e ao comissionamento de Paulo e Bamabé (13.3). A concessão de um dom espiritual é sugerida por Paulo (lTm 4.14; 2Tm 1.6). O conselho de Paulo a Timóteo envolvia a restauração dos arrependidos à liderança (lTm 5.22).


BIBLIOGRAFIA. 
S J. Foakes-Jackson and K. Lake, The Beginnings of Christianity V (1933), 121-140; 
A. Ehrhardt, Journal of Ecclesiastical History, V (1954).

R. K. Harrinson