Quem Escreveu a Carta aos Gálatas?
A igreja sempre acreditou que o apóstolo Paulo escreveu a Epístola aos Gálatas. Exceto por uma ou outra escola erudita,extremamente radical, ninguém jamais atacou a autenticidade de Gálatas, isto é, que a carta foi escrita por Paulo. Os eruditos bíblicos antigos e modernos, confirmam a autoria paulina. Muitos críticos radicais concordaram não apenas quanto as características paulinas, mas também quanto a sua autoria. Notáveis eruditos, hoje em dia, em suas publicações sobre Gálatas não discutem mais esse problema. A razão óbvia para esta situação é que a partir de cada possível consideração— testemunho antigo, o estilo literário, o conteúdo doutrinário, o pano de fundo histórico, análises literárias — a carta não deixa lugar para dúvidas. Todos admitem que, se realmente existiu um homem como Paulo, que é conhecido por outros livros de sua autoria, então Gálatas foi escrito por ele.
Certa vez o Dr. Findlay disse: “Não há a menor dúvida quanto a autoria, integridade, ou autoria apostólica da Epístola aos Gálatas que tem chegado até nós desde tempos remotos.” O grande erudito Lighfoot escreveu: “Cada sentença reflete tão completamente a vida e o caráter do Apóstolo dos Gentios que sua autenticidade não foi seriamente questionada.” Em décadas recentes a carta tem se mantido como muro sólido contra qualquer crítica que levaria à rejeição de qualquer uma das cartas de Paulo. O testemunho externo dos antigos líderes igreja quanto a autoria paulina de Gálatas é claro. Um dos mais antigos Pais da Igreja, Clemente de Roma, refere-se à carta em seus escritos. Policarpo e Bamabé conheciam Gálatas, assim como Hermas e Inácio. Até mesmo Marcião, quem excluiu blocos inteiros de escritos do NT de seu cânon primitivo, colocou a carta em sua seleta lista e se refere a ela pelo título. Justino Mártir usa o terceiro capítulo da carta para interpretar o AT à luz da doutrina de Paulo. Tanto homens fiéis como heréticos admitem que ela foi escrita por Paulo.
Os intérpretes gnósticos primitivos usaram a epístola. Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria citam a carta e se referem a Paulo como o autor. A evidência interna é igualmente tào forte e certa quanto ao testemunho extemo. O mais importante é que o autor da carta corajosamente chama a si mesmo de: “Paulo apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai” (1.1). E no corpo da carta é encontrada uma declaração quase sem precedente sobre a autoria paulina. “Eu, Paulo, vos digo, que se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (5.2). Todas as referências pessoais e históricas nos primeiros dois capítulos se encaixam perfeitamente dentro das atividades missionárias e da vida de Paulo registradas em Atos. A carta exibe a mente e o fervor, a lógica e o estilo de Paulo em cada detalhe. Sua doutrina da liberdade em Cristo é como a enfatizada em qualquer outro de seus escritos (5.1). Sua argumentação contra a lei como um meio para a salvação e seu amor pela fé e justificação, são inegavelmente características paulinas. Pararelos em suas cartas, assim como o uso de Abraão e do AT, são facilmente encontrados: “É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça” (3.6; Rm 4.3-5); ou o dilema judeu gentio conforme exposto em sua oposição a Pedro: “Se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” (2.14; Ef 2.4-19); ou a discussão sobre a circuncisão (2.12; 5.2-6; 6.12-16; Rm 4.9-12); seu ensino sobre o Espírito Santo (5.16-25; Rm 5.5); ou seu ensino ético baseado no evangelho da fé e da liberdade (5.13-23; Cl 3.1-11), tudo isso corresponde exatamente ao ensino e á fraseologia de Paulo. Um falsificador não poderia ter imitado a mente e o estilo do ensino e paranese paulinas ou se colocado na situação dos gálatas com o sentimento e compreensão do apóstolo. Os assuntos importantes da metade do l 2 séc. da história da igreja, quando Paulo atravessou o antigo mundo romano, são aqueles em destaque na epístola. Como poderia um outro escritor ter colocado a antítese entre dois líderes daquela época: Pedro e Paulo? Os poucos críticos que situam a escrita de Gálatas depois da morte de Paulo, agem da mesma forma quanto às grandes cartas de 1 e 2 Coríntios e até mesmo Romanos, um conceito sobre a situação do NT que não pode ser considerado digna de sólida erudição neotestamentária.