Significado das SETE CARTAS de Apocalipse

O Que Significam as SETE CARTAS em Apocalipse?



Cartas às Sete Igrejas (Apo. 2-3).

I. Importância dessas sete cartas. Os capítulos dois e três do Apo. "coisas que são" (ver Apo. I; 19) que consistem de cartas enviadas por Cristo às sete igrejas da Ásia Menor, ocupam cerca de um oitavo do volume do livro inteiro, fornecendo-nos muitas, excelentes e profundas instruções. Devido à importância que esses capítulos têm, dentro deste livro, e devido ao espaço que ocupam, não deveriam ser examinados superficialmente, por mera curiosidade acerca do futuro. Aquilo que somos agora, aquilo que dizemos no presente, com as instruções do Espírito Santo, determina o que seremos no futuro. Alguém já disse acertadamente:

"Sempre haverá, no coração humano, a tendência de ocupar-se com a dispensação em que não nos encontramos". Naturalmente, cremos que o restante do Apocalipse (capítulos quarto a décimo nono), descreve acontecimentos sobre a nossa própria época, pelo que o livro inteiro se reveste de especial importância para nós.

II. Importância dos seus ensinamentos morais. O evangelho tem seus imperativos morais. Não pode haver salvação sem a transformação moral, conforme é claramente ensinado em II Tes. 2:13. (Ver o artigo sobre a Santificação). Nada menos de oito livros do N.T. foram escritos contra a falsa "mensagem" dos gnósticos, que não continha imperativo moral, a saber: Colossenses, as três epístolas pastorais, as três epístolas joaninas e a epístola de Judas. Bastaria isso para mostrar-nos a importância da "santidade". De fato, sem a santificação ninguém jamais verá a Deus (ver Heb. 12: 14). Por isso é que os capítulos à nossa frente, que mostram as exigências morais do discipulado cristão, são valiosos e devem ser motivo de nosso estudo sério.

Em seus últimos dias de vida, Bengel recomendava muito aos que privavam com ele que meditassem
cuidadosamente sobre essas mensagens às igrejas. Dizia ele: "Dificilmente haverá algo tão apropriado para afetar-nos e purificar-nos" (Hengstenberg).

III. Caráter geral dessas sete cartas. No dizer de Joseph A. Seis, em sua introdução às Sete Epístolas: "Essas cartas se constituem exclusivamente das próprias palavras de Cristo. Mas, diferentemente das parábolas, foram ditadas dos céus, depois que ele foi ressuscitado e glorificado. Talvez sejam os únicos registros não condensados de seus discursos que chegaram até n6s. São apresentados de modo tão impressionante e são particularmente dirigidos às igrejas, de modo que fica entendido que há nessas cartas algo de solenidade e importância incomuns. Chegam até nós com a admoestação, sete vezes reiterada, de que devemos ouvi-las e guardá-las no coração. Já que temos ouvidos para ouvir, nos é recomendado que ouçamos o que o Espírito diz às igrejas. Portanto, é de estranhar que não haja outra porção das Santas Escrituras, de igual proeminência, que a igreja dê menos atenção. As parábolas de Cristo são continuamente relembradas diante de nós: as discussões sobre as mesmas são intermináveis. Mas raramente o povo de Deus é convidado a considerar essas cartas de Jesus".

IV. Elementos comuns nas sete cartas. Cada uma dessas missivas contém os seguintes elementos:

1.A ordem de escrever ao anjo de cada assembléia local.

2. Algum titulo sublime do Senhor Jesus Cristo, dotado de significado particular, com elementos instrutivos, importante para a igreja local para a qual foi escrita a carta em questão.

3. Um recado direto ao "anjo" da igreja, com as palavras, "conheço tuas obras", o que lhe assegura que Cristo vigia e se preocupa com o conhecimento completo acerca das condições de cada comunidade local.

4. Promessas aos vencedores; advertências aos seus membros indiferentes, ou que caem em algum erro específico, do qual se recusam a recuperar-se.

5. O solene refrão: Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça. Isso tenciona fixar a atenção sobre o que é dito, para que se dê plena obediência à instrução assim transmitida.

6. É o "Espírito" quem profere as palavras de cada carta; pelo que não se trata de meras mensagens humanas.

7. Cada uma delas envolve uma mensagem profética, que se adapta a um período especial da história da igreja.

V. Interpretação acerca do significado de intuito das sete cartas às sete igreja. Consideremos sobre isso os pontos abaixo:

1. Essas cartas foram enviadas às igrejas locais reais da Ásia Menor, que havia naquela época, e nas quais imperavam as condições ali descritas. Essas cartas, pois, são "historicamente" orientadas, pois as "coisas que são" foram escritas do ponto de vista do autor sagrado.

2. Essas cartas representam condições que se verificam em qualquer época da história da igreja, pelo que elas são "universalmente" orientadas.

3. Essas cartas expõem os erros, os triunfos e as condições morais que caracterizam a igreja em qualquer de suas épocas, em suas assembleias locais. São instruções "desligadas da passagem do tempo". Tais instruções são tanto eclesiásticas (aplicáveis à "igreja local", em suas necessidades e condições) como pessoais (no que se aplica às necessidades dos crentes individuais).

4. Essas cartas são aparentemente proféticas quanto a sete estágios da história da igreja, que talvez se devam arrumar como segue:

a. Êfeso, a igreja apostólica (século I d.C.).
b. Esmima, a igreja perseguida (séculos II e UI d.C.).
c. Pérgamo, a igreja sob favor imperial (312 a 500 d.e.).
d. Tiatira, a igreja da Idade das Trevas (500 d.C. ao século XVI).
e. Sardes, a igreja da Reforma e da Renascença (séculos XVI a XVID).
f. Filadélfia, a igreja das missões modernas (séculos XIX até primórdios do século XX).
g. Laodiceia, a igreja do tempo do fim (meados do século XX até à vinda de Cristo, sendo essa a igreja morna).

VI. Natureza da Igreja.
(Ver o artigo geral sobre a Igreja.)

VII. Por que razão são salientadas 7 Igrejas locais em particular? Na Asia Menor, havia cidades e Igrejas mais importantes, nos dias do vidente João, do que algumas das que são aqui alistadas. Por que o autor sagrado selecionou essas sete excluindo as outras? E possível que não tenha havido qualquer razão específica, ou pode ser que elas tivessem necessidades especiais, que exigiam atenção, mais do que as igrejas locais de outras áreas. Ou então foram escolhidas porque dentro da ordem em que foram mencionadas, começando e retomando a Éfeso, com que, no mapa, fica formado um círculo geográfico, pelo que elas representariam a igreja inteira. Seriam elas o "círculo perfeito" da igreja, por assim dizer. Naturalmente, além desses raciocínios, supomos que o Espírito Santo orientou essa escolha, porque, as condições ali existentes eram particularmente instrutivas para todas as épocas, ao passo que outra espécie de condições não seria tão "universal" e impressionante.

O próprio número "sete" sugere "perfeição". Trata-se de uma perfeita e completa mensagem de Cristo às suas igrejas.