Significado de Isaías 2

Isaías 2

Isaías 2 começa com uma profecia do próximo dia do Senhor, no qual todas as nações serão julgadas e punidas por seus pecados. O capítulo descreve uma época em que o Senhor estabelecerá Seu reino na Terra e as nações virão a Ele em busca de Sua orientação e instrução. O capítulo também descreve o estabelecimento de Jerusalém como o centro de adoração e a capital do mundo.

O capítulo continua descrevendo a natureza do vindouro reino de Deus, que será caracterizado pela paz, justiça e retidão. O povo de Deus será purificado e refinado, e o Senhor habitará entre eles. O capítulo também inclui uma advertência aos orgulhosos e arrogantes, que serão humilhados no dia do Senhor.

Em última análise, Isaías 2 serve como um chamado ao arrependimento e fidelidade ao povo de Deus. Isso os lembra do poder e da soberania do Senhor e da importância de se submeter à Sua vontade. Também fornece uma visão de uma era futura de paz e prosperidade, na qual o Senhor reinará sobre toda a Terra.

Em suma, Isaías 2 é um capítulo poderoso e profético que fala sobre os temas universais do pecado e redenção, julgamento e misericórdia, e o triunfo final do reino de Deus sobre todos os poderes deste mundo.

Comentário de Isaías 2

Isaías 2:1 Os quatro capítulos que se seguem agora, Isaías 2-5, formam um todo coerente. É um discurso para Judá e Jerusalém. Uma nova seção começa com Isaías 6, que é indicada por uma nova indicação de tempo (Is 6:1). Isaías 2-5 contém uma nova visão que começa com o reino da paz.

No entanto, este reino só passa a existir depois que o dia do SENHOR (Is 2:12) chegar. O dia do SENHOR é o período em que o SENHOR realiza Seu conselho sobre a glorificação de Cristo, o Renovo do SENHOR (Is 4:2), a restauração de Israel e o julgamento e bênção das nações.

A primeira parte deste capítulo (Isaías 2:1-5) é amplamente semelhante à descrição do reino da paz por um contemporâneo de Isaías, o profeta Miqueias (Miqueias 4:1-5). Isso não significa que um deles copiou do outro ou que um dos dois não teria sido inspirado. O único Espírito de Deus simplesmente os inspirou a escrever a mesma coisa. É, portanto, um duplo testemunho sublinhando que o que foi dito se cumprirá.

Em Is 2:1, Isaías vê “a palavra… a respeito de Judá e Jerusalém”. Em Isaías 1, ele tem uma visão a respeito de Judá e Jerusalém (Is 1:1). Aqui ele vê uma palavra ou mensagem a respeito de Judá e Jerusalém (cf. Am 1:1). Isso indica que é uma mensagem sobrenatural contendo elementos visíveis e audíveis.

Este versículo também é uma introdução a Isaías 2-5 e também indica que se trata da purificação de Judá. Isso é indicado pela “palavra”, pois é apresentada na Palavra de Deus como uma figura da água que purifica (Ef 5:26). Essa purificação ocorre “no dia do SENHOR” (Is 2:12) por meio do “Renovo do SENHOR”, que é o Senhor Jesus (Is 4:2).

Também indica que a Palavra é viva e poderosamente ativa. Será visto e ouvido por alguém que vive em comunhão com Deus. Isaías vê como um “vidente” com os olhos de Deus e vê “a Palavra” de Deus em ação (1 Tessalonicenses 2:13). Portanto, o que ele transmite são as palavras de Deus e não a imaginação ou a representação de seus próprios pensamentos.

Em Isaías 2:2-4 temos uma descrição maravilhosa do início do reino milenar de paz. É também o fim glorioso de uma triste história. A palavra que Isaías vê relaciona-se com o fim dos tempos, “os últimos dias” (Is 2:2). Esta é uma expressão especial que ocorre quatorze vezes no Antigo Testamento, aqui a única vez em Isaías. Esta expressão refere-se ao período em que o Messias aparecerá e os caminhos de Deus serão completados (Hb 1:1; 1Pe 1:20). A expressão aqui se refere à glória do reino milenar de paz.

O templo, “a casa do Senhor”, ergue-se no Monte do Templo e será exaltado, literal e espiritualmente (cf. Is 66,23; Zc 14,16). Este é o templo descrito por Ezequiel (Ezequiel 40-43). As montanhas costumam ser uma imagem de reinos poderosos e colinas de poderes terrestres menores. O fato de o Monte do Templo ser mais alto do que todas as outras montanhas também significa que Israel será mais poderoso do que as outras nações e será a cabeça de todas as nações (Dt 26:19).

“Todas as nações afluirão” agora ao monte da casa do Senhor. Esta descrição evoca a imagem de um rio que flui pacificamente. Ele contrasta com a fúria das nações antes daquele tempo, que é comparada à fúria de um mar revolto. Como o templo está localizado no Monte Moria ou Sion, aqui referido como “o mais alto dos montes”, cria-se a notável imagem de um rio fluindo para cima.

No reino da paz, as nações se exortarão “a subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó” (Is 2:3). Esse lugar é o centro do reino da paz. Todas as nações se reunirão lá. Eles irão juntos, não para lutar contra ela, mas para receber ensino do SENHOR. Ao construir a torre da Babilônia (Gn 11:1-9), o homem quis fazer seu próprio ponto de encontro para honrar a si mesmo. Deus impede isso e espalha as nações. Agora as nações reconhecem Seu reinado e encontram seu centro em Sua casa.

A casa do Senhor é aqui significativamente chamada de “a casa do Deus de Jacó”. Mostra como Deus terá então triunfado abertamente sobre as reviravoltas egoístas que caracterizaram Jacó e que continuaram e foram provadas em sua descendência. Isso ficará tão claro que todas as nações irão à casa de Deus para aprender dEle, para que possam andar em Sua lei. Quando os julgamentos forem executados, as pessoas serão caracterizadas pela obediência a Deus e, como resultado, pela paz entre si.
Eles também vêm porque anseiam receber dEle ensino “sobre os seus caminhos”, para que não sigam seus próprios caminhos, mas “andem nas suas veredas”. Então a promessa que Deus fez em Gênesis 22 é cumprida (Gn 22:14; Is 51:4; Mq 4:2; Zc 8:3). Esse cumprimento ocorre por causa do sacrifício que o próprio Deus dá em Seu Filho e do qual o sacrifício de Isaque por Abraão é uma figura. O ensino diz respeito à lei pela qual o reino dos céus será governado, conforme estabelecido em Mateus 5-7.

De Sião não sairá o evangelho da graça, mas o ensino da lei. Isso sublinha que não é sobre a igreja, mas sobre Israel. A lei estará no coração de Israel de acordo com a nova aliança (Hb 8:10).

A fome da Palavra de Deus, o desejo de alimento e instrução espiritual, é uma das provas da conversão. Todo aquele que chegou à fé no Senhor Jesus desejará conhecer a Palavra de Deus. A verdade da Palavra de Deus não está em nenhum outro lugar na terra, mas no que é agora a Sua casa, “a igreja do Deus vivo, a coluna e sustentação da verdade” (1 Timóteo 3:15).

Todo coração que deseja andar nos caminhos de Deus, portanto, também irá à reunião da igreja para ouvir sobre isso. Ele encorajará outros a fazê-lo com as palavras: “Vinde, vamos embora” (cf. Heb 10,25). Naturalmente, isso não significa que não haja necessidade de estudo pessoal da Bíblia. A verdadeira fome da Palavra, estimulada pelo ensino na igreja, encorajará o estudo pessoal diário da Bíblia.

O SENHOR, isto é, o Senhor Jesus, julgará entre as nações (Is 2:4). As disputas entre as nações não desaparecem automaticamente, mas são resolvidas por Ele. O resultado é a paz na terra. Todos ficarão em paz com Sua decisão. Não é uma paz inquieta e frágil, mas uma paz baseada na justiça.

Ao eliminar qualquer causa de conflito, não haverá mais guerras. Todas as armas de guerra, “espadas” e “lanças”, podem ser convertidas em ferramentas que servem de bênção para o homem, “enxadas” e “fodas de poda” (cf. Jo 3, 10). Ninguém mais será instruído sobre como travar uma guerra. Não há mais razão para isso. Ao andar pelas veredas do SENHOR há paz no coração e paz com todos os companheiros de caminhada que também andam por essas veredas.

O fato de que eles não vão mais “aprender a guerra” é cheio de significado. A guerra ainda é ensinada e o ensino é feito de forma muito eficiente. O medo que caracteriza as pessoas as leva a lutar por seus direitos. Assim que alguém pensa que está sendo injustiçado, as armas são apreendidas, às vezes literalmente, às vezes em uma batalha de palavras. Está além da capacidade humana abolir e banir a guerra. Chegará um momento em que as pessoas acreditarão que alcançaram esse objetivo e o atribuirão ao seu próprio esforço. Eles dirão: “Paz e segurança”, e então serão atingidos por “repentina destruição” (1 Tessalonicenses 5:3).

Qualquer descontentamento entre os crentes também pode ser removido se quisermos ser ensinados pelo Senhor Jesus (cf. Fp 2:5). Se formos a Ele com nossas disputas, Ele julgará. Ele pode resolver qualquer disputa. Ao nos curvarmos à Sua solução, a paz retornará e poderemos usar nossas forças para Sua obra. Isso dá benção. Os processos judiciais na igreja hoje serão resolvidos ao se pensar no futuro aqui descrito (1Co 6:1-8).

Depois dessa perspectiva gloriosa, Isaías pode, por assim dizer, não se conter. Ele conclama a “casa de Jacó” a retornar diretamente ao SENHOR e a “andar na luz do SENHOR” (Is 2:5) e não mais na falsa luz dos ídolos. É um chamado para caminhar na luz do ensinamento que a Palavra de Deus espalha. Andando na plena luz do SENHOR, eles farão no reino da paz. Essa luz dá uma visão do futuro (Is 2:2-4).

Já hoje podemos andar como filhos da luz (Ef 5:8-20), aguardando a vinda do Senhor Jesus. Vemos em outro lugar na Bíblia que ler sobre o futuro e colocá-lo em nossos corações tem um efeito santificador e purificador em nossas vidas hoje (2Pe 3:10-14; 1Jo 3:2-3).

Esta seção, portanto, nos mostra qual é o propósito e o padrão de Deus para o povo de Israel. Uma vez que Israel não atinge esse objetivo e padrão, Deus deve necessariamente julgar o povo e purificá-lo por meio de Sua palavra. Isso é descrito na próxima seção.

Isaías 2.2 Alguns interpretam a expressão nos últimos dias como uma alusão à nova época iniciada com obra de salvação de Cristo e a vinda do Espírito Santo no Pentecostes (At 2.17). Segundo esses estudiosos, essa profecia só se cumprirá cabalmente com a segunda vinda do Messias (1 Co 15.28). Outros entendem essa passagem como uma referência às condições do reino futuro de Cristo. Leia o desenvolvimento completo desse tópico em Miqueias 4.1-4.

Assim como a Casa do Senhor (o templo) é uma tipificação do santuário celeste (Hb 9.24), presumivelmente também o monte (Sião) é a sombra de uma realidade celestial (Hb 9.23,24; 12.22-24). No reino vindouro, a cidade de Jerusalém e seu glorioso templo tornar-se-ão proeminentes outra vez. Os falsos deuses, aos quais os pagãos erigiam seus templos em montanhas sagradas, serão desbancados. Assim, erigir a Casa do Senhor no cume dos montes, como a montanha mais alta, significa estabelecê-lo entre as nações como o único Deus verdadeiro.

Isaías 2.3 Ao citar as palavras do povo: Vinde, subamos ao monte do Senhor, Isaías representa vividamente o coração dos regenerados da nação, já que os degenerados não buscam a Deus (Rm 3.11). Na época do Antigo Testamento, só Israel subia o monte Sião. Mas na era do Reino de Deus todas as nações subirão ao templo de glória. Hoje, o Senhor Jesus tem autoridade sobre toda nação e concede vida eterna aos que nele confiam (Mt 28.18-20; Jo 17.2). Quando todos os gentios eleitos tiverem sido resgatados (Rm 11.1-17), as verdadeiras dimensões dessa passagem serão conhecidas. Então, Israel será apascentado outra vez, e as nações subirão a Sião. Os ensinamentos do Senhor Jesus Cristo, Rei de toda a terra, fluirão a partir de Jerusalém como um néctar agradável e revigorante.

Isaías 2.4 As nações da terra têm-se envolvido em guerras desde o início da história humana. Ocasionalmente, vislumbra-se um sonho efémero de paz mundial. Mas esse sonho nunca se realizou. Enquanto isso, os apetrechos bélicos vão se tornando cada vez mais sofisticados. Alguns países possuem armas e métodos de ataque com potenciais horripilantes para destruir pessoas e coisas. No futuro glorioso, porém, todas as guerras e armas terão fim. Isso só será possível no reinado do Príncipe da Paz (Is 9.6), o Rei Salvador cujo nome é Jesus.

Isaías 2.5 Isaías inclui-se no rol dos justos remanescentes e os incentiva: andemos. Mesmo que não possam ver o futuro glorioso de Sião, continuarão a ter fé nas promessas de Deus e a obedecer à Sua lei. A luz é uma metáfora da lei de Deus, a qual ilumina o caminho que leva à vida eterna (SI 119.105).

Isaías 2.6-9 A condenação de Judá por depositar sua confiança no lugar errado é pronunciada em três partes e na forma de oração: (1) sentença judicial (v. 6); (2) condenação de Judá por depositar sua confiança em feitiçaria, alianças pagãs, dinheiro, armas e idolatria (v. 6-9); (3) oração de encerramento, segundo a qual Deus não perdoará o povo por trocar a fé que deve ter nele pela fé nas obras das próprias mãos (v. 9). A lei proibia o rei de amealhar dinheiro, armas e alianças, de modo que ele sempre dependesse de Deus (Dt 17.16,17).

Isaías 2:6-9

O SENHOR Abandonou Seu Povo

Isaías retorna à situação atual. O contraste com o futuro, descrito nos versos anteriores e descrito novamente em Isaías 4 (Is 4:2-6), é enorme. A realidade o obriga a chamar para andar na luz do SENHOR (Is 2:5) e a pronunciar julgamentos que devem preceder o estabelecimento do reino da paz. Ele também deixa claro qual é a razão para esses julgamentos. Em Isaías 2:6-11 lemos os julgamentos sobre Israel e em Isaías 2:12-22 lemos os julgamentos sobre todas as nações.

Após o chamado para andar na luz do SENHOR, Isaías renova sua queixa sobre a miserável apostasia do povo (Is 2:6). Com sua queixa, ele se volta diretamente para o SENHOR. Ele expressa a Ele que abandonou Seu povo, por meio do qual a luz não brilha sobre Seu povo. A expressão “a casa de Jacó” indica aqui, como mostra a sequência, que o povo segue seu próprio caminho e não conta com Deus.

Simultaneamente com sua reclamação, Isaías justifica as ações de Deus. Deus teve que abandonar o seu povo porque este se abriu às influências demoníacas “do oriente” (cf. Nm 23,7). Estão até “cheios” dela, de modo que não há mais lugar para o SENHOR. Também a influência dos filisteus, vindos do oeste, é grande, porque eles são “adivinhos” como os filisteus. As pessoas se abrem para uma forma de adivinhação que se faz olhando o formato das nuvens ou mudanças no céu e tomando decisões com base nisso. Ao fazerem isso, eles se opõem radicalmente ao que é estritamente proibido pelo SENHOR na lei (Dt 18:10-12; Lv 19:26; 2Rs 21:6).

Ao professar o cristianismo, as mesmas influências do leste e do oeste foram permitidas. Na Bíblia, o leste é a direção que indica que alguém abandona o SENHOR (Gn 4:16; Gn 11:2). Influências do oriente significam influências de pessoas que não querem ter nada a ver com Deus e vivem em rebelião contra Ele. Eles não têm muita influência no cristianismo?

No oeste de Israel, ou seja, na própria terra, vivem os filisteus. Eles são um retrato do ritualismo, uma religião de rituais com práticas supersticiosas ligadas a ela. Isso também ganhou ampla aceitação no cristianismo. Tomou forma principalmente no catolicismo romano, mas também no protestantismo está ganhando cada vez mais aceitação.

O SENHOR não abandonou o Seu povo porque não os amaria, mas porque eles se tornaram iguais às nações ao seu redor. A prática deles mostra isso. Eles “fazem [barganhas] com os filhos de estrangeiros”. Eles se juntam a eles – vão, por assim dizer, com eles sob o mesmo jugo – e adotam seus hábitos. Desta forma, eles anulam sua separação (Os 8:8-9). Eles excluem Deus e se voltam contra Ele em inimizade (Tg 4:4; 2Co 6:14).

A posse de “prata e ouro”, esses tesouros infindáveis (materialismo), os “cavalos” com os quais a terra também está “cheia” e a fileira infindável de “carruagens” (força militar) eles sem dúvida atribuem aos ídolos por eles adorados e as práticas demoníacas realizadas por eles (Is 2:7). Ao mesmo tempo, eles mostram sua rejeição ao mandamento que Deus deu sobre isso (Dt 17:16-17). A propósito, este mandamento não diz respeito a ser rico, mas a querer ser rico (1Tm 6:9) e ao abuso de poder que se faz da riqueza, uma vez rico.

Também a posse de cavalos não é proibida, mas a multiplicação de cavalos é, por isso, o perigo é grande de começar a confiar neles e não no SENHOR. A terra também está “cheia” deles. A ganância do povo leva-o a curvar-se perante as coisas tangíveis, obra das suas próprias mãos. A ganância está intimamente relacionada à idolatria. A Palavra de Deus até os liga e fala de “ganância, que equivale à idolatria” (Cl 3:5).

Aqui também a ganância é seguida diretamente pela acusação de que “sua terra… também está cheia de ídolos” (Is 2:8). Novamente ouvimos a palavra “cheio”. Enquanto o homem se apega às suas posses e se vangloria de suas realizações e as adora, essa idolatria é de fato uma humilhação para o homem (Is 2:9). A idolatria rebaixa a sua dignidade de homem – afinal cabeça da criação – abaixo da matéria (cf. Rm 1, 21-23). Não importa se essa pessoa é uma pessoa de estatura ou alguém da classe trabalhadora. Todas as seções do povo são permeadas por essa idolatria.

A palavra (desprezível) para ídolos aqui é elilim. Isso se assemelha à palavra para Deus, Elohim, mas elilim significa ‘coisas vazias, sem valor, nulidades’. A terra de Israel está cheia de coisas sem valor, nulidades, coisas perecíveis e que vão desaparecer (Is 2:18). Como é conosco? Será que temos essas coisas em nossas vidas?

Esta situação leva Isaías à oração: “Não lhes perdoeis” (Is 2,9). O texto é literal: “Você não vai perdoá-los.” Também pode ser lido como a razão pela qual Deus deve julgá-los e rejeitá-los (Is 2:6; cf. Os 1:6), porque se Deus não perdoa, Ele deve julgar. O intercessor do povo aqui se sente compelido a pleitear contra seu povo. Esta oração é a expressão certa de um coração que sente o quanto Deus está triste por esta atitude e ação de Seu povo. A única coIs que cabe é o julgamento porque Deus não pode suportar essa maldade do Seu povo.

O materialismo e o prazer estão tão presentes entre os cristãos hoje quanto estavam entre o povo de Deus naquela época. Considere quanta atenção e dinheiro é dada às coisas materiais e quão pouca atenção Deus e Sua Palavra recebem. Se percebermos isso, não devemos pedir perdão por isso, mas orar para que, por meio da graça de Deus, haja confissão sincera, autojulgamento e conversão.

Profeticamente encontramos aqui as características espirituais de Israel na época de sua idolatria sob o governo do anticristo. A medida de seus pecados está então cheia. O julgamento é inevitável.

Isaías 2.6 A exortação à casa de Jacó é necessária (v. 5), pois Deus desistiu dela, deixando-a à mercê da destruição. Tu desamparaste é condição momentânea, e não permanente, dos israelitas. Renunciar aos costumes do Oriente e aos agoureiros, que fazem parte da cultura da Mesopotâmia, será o sinal de verdadeira fé no Deus de Israel (Dt 18.10). A locução se associam pode ser traduzida por se apertam as mãos, sugerindo alianças políticas com estrangeiros. Veja 2 Reis 16.7 para saber quanto Acaz dependia de Deus para a salvação.

Isaías 2.7 Cavalos e carros são as carruagens de guerra movidas a cavalo. As montarias de guerra eram um conceito desconhecido na época de Isaías.

Isaías 2.8 A expressão obra das suas mãos refere-se, em especial, aos ídolos fabricados pelo homem.

Isaías 2.9 Os nobres se humilham diante de coisas que são degeneradas em si — os ídolos. Querendo que Deus mantenha a ordem moral, mas conhecendo o caráter gentil do Senhor, Isaías implora a Ele, lembrando: não perdoarás a quem se voltou para os ídolos.

Isaías 2.10-22 Isaías prevê que, no dia do Senhor, apenas Ele será exaltado. A profecia é constituída de três partes: (1) ordem introdutória aos orgulhosos para que fujam do terror causado pelo Senhor (v. 10,11); (2) previsão de que, no dia do Senhor, toda pretensão será humilhada (v. 12-18); (3) ordem para que os justos se apartem dos orgulhosos (v. 22). Os refrões e só o Senhor será exaltado naquele dia (v. 11,17) e quando ele se levantar (v. 19,21) e a semelhança dos termos nos versículos 11 e 17 dão coesão à profecia, realçando-lhe o tema. O efeito da autoexaltação é a confrontação com o único Rei da Glória. Quem se pavonear perante o Santo será humilhado, assim como as bolhas de sabão estouram ao calor do Sol.

Isaías 2.10 O pó simboliza a humilhação abjeta dos derrotados (Is 47.1; Gn 3.14; SI 44-25). Os israelitas perversos terão de rastejar no pó perante o justo Senhor.

Isaías 2.11 Os olhos altivos são a manifestação externa dos corações orgulhosos. O refrão e só o Senhor será exaltado realça o tema dessa profecia e descreve a futura revelação gloriosa de Jesus, nosso Rei e Salvador. Naquele dia, o Salvador será exaltado sobre todos os adversários.

Isaías 2.12-19 Essa profecia está dividida em três partes: (1) declaração sumária com ênfase na idolatria (v. 12); (2) relatório item por item das realizações pretensiosas que serão esmagadas, desde as que estão presentes na criação (v. 13,14) até aquelas feitas pelo homem (v. 15-17), seguido por uma declaração sumária com ênfase na idolatria (v. 17,18); (3) previsão de que o povo se esconderá na época do juízo divino (v. 19).

Isaías 2.12 Se exalta é traduzido por se exalçará no versículo 2. Qualquer rival à exaltação de Deus será apequenado. O dia do Senhor diz respeito a qualquer época em que o Senhor dos Exércitos seja o vitorioso (1.9), seja contra a Babilônia, por meio da Média (Is 13.1—14-27), seja contra o Egito, por meio da Babilônia (Ez 30.2-4), seja contra Israel, por meio da Assíria (Is 1.24; Am 5.18). Sofonias 1.14-16 apresenta de modo peculiar os acontecimentos desse dia.

A expressão também é utilizada para falar dos feitos passados do Senhor, quando Ele concedeu grande vitória contra o Egito ao libertar Israel, no êxodo (Êx 15.3). Da mesma forma, o dia da vingança do Senhor também pode ser o dia da redenção vindoura de Israel (Is 34.2—35.10), que representa o modo em que o Senhor derrotará definitivamente toda oposição ao Seu povo (J1 3.14-16; S f 2.2,9; 3.8-20). O dia do Senhor tem duas faces: (1) a noite do juízo de Deus; (2) a alvorada de Sua salvação após o juízo. Isaías emprega essa expressão para descrever um dos dois aspectos, ou ambos.

Isaías 2.13-15 Os cedros do Líbano e os montes altos (as realizações pretensiosas da criação), bem como a torre alta e o muro firme (as realizações pretensiosas feitas pela humanidade) serão humilhadas, para que o arrogante enxergue a grandeza de Deus.

Isaías 2.16, 17 Os navios de Társis eram embarcações imensas, feitas para navegar no oceano, objetos de estima de seus arrogantes construtores, que as consideravam mais importantes que Deus.

Isaías 2.18 O termo ídolos significa coisas sem valor.

Isaías 2:10-18

O SENHOR Contra Todo Orgulho

O julgamento é inevitável, porque eles deixaram sua Rocha, o SENHOR (Is 17:10), e o substituíram por ídolos. Por causa do “terror do SENHOR”, isto é, da Sua Pessoa, e “do esplendor da Sua majestade”, isto é, do Seu esplendor (Is 2:10), são agora chamados a recorrer às rochas naturais.

‘O esplendor de Sua majestade’ é uma expressão favorita dos assírios que a usam para si mesmos. Mas o uso desta expressão pertence somente ao SENHOR. Os assírios devem esconder “no pó”, a substância da qual foram formados e ao qual pertencem, porque roubaram a honra de seu Antigo e O baniram de suas vidas.

Aqui, como em tantos outros lugares deste livro, encontramos o julgamento junto com a invasão assíria, a vara disciplinar na mão de Deus para Seu povo e o julgamento nos últimos dias, pouco antes dos mil anos. da paz. Em ambos os casos o orgulho do homem é humilhado e só o Senhor será exaltado (Is 2:11).

Aqui as pessoas são forçadas a se humilhar. João Batista, porém, humilha-se voluntariamente. Isso fica evidente em suas palavras: “É necessário que ele cresça, mas que eu diminua” (João 3:30). Todo joelho se dobrará no Nome de Jesus (Filipenses 2:10), agora voluntariamente por amor a Ele, ou no futuro forçado com o reconhecimento de Sua majestade. Quanto mais nos humilhamos, mais espaço é dado ao Senhor para se fazer visível em nós, para que as pessoas O glorifiquem em nós.

De Isaías 2:12 somos movidos para a segunda vinda do Senhor Jesus, que é a Sua vinda como Messias para o Seu povo e como Juiz de toda a terra. Quando Ele vier para executar a justiça na terra, os valores que o homem possui serão invertidos. As coisas que as pessoas consideraram valiosas até aquele ponto se tornarão sem importância para elas, e o que elas anteriormente consideravam questões secundárias se tornarão questões principais.

Ele vem como “o SENHOR dos Exércitos” (Is 2:12), um nome que Isaías usa mais de 60 vezes para Deus. É um nome militar, indicando o poder militar e a força de Deus. Quando este Senhor todo-poderoso vier com Seus exércitos, nada poderá resistir a Ele. A oposição é mostrada nos versículos seguintes em símbolos e de várias outras maneiras.

“O dia do SENHOR” indica um período em que o Senhor Jesus – Ele é o SENHOR – exercerá toda a autoridade que lhe foi dada pelo Pai (Mt 28:18; Jo 13:3). É o dia em que Ele se volta abertamente contra toda autoglorificação do homem e contra todos os ídolos. É o dia em que tudo virá à luz e será julgado por Ele (Jo 5:22; Jo 5:27). Então Ele cumpre a palavra que pronunciou na terra: “Porque todo aquele que a si mesmo se exalta será humilhado” (Lc 14:11). A expressão “o dia do Senhor” é explicada em detalhes em Isaías 13 (Is 13:6-13).

Quando o Senhor Jesus aparecer pela segunda vez, Ele primeiro julgará o orgulho de todos os homens. Em Isaías 2:13-16, Isaías usa sete exemplos da natureza e da sociedade para descrever contra o que o SENHOR agirá. As árvores como “cedros” e “carvalhos” (Is 2:13) podem ser vistas como símbolos dos líderes, como reis e príncipes, dos povos que se levantarão contra os judeus no fim dos tempos.

“Os altos montes” e “as colinas elevadas” (Is 2:14) representam grandes e pequenos poderes terrestres, nações que se exaltam acima de outras nações. Eles construíram altas torres e muros fortificados (Is 2:15) para se defender de possíveis ataques. Eles também negociam por mar para aumentar seu poder econômico (Is 2:16). Essa riqueza também inclui “belos ofícios”, expressão única em hebraico derivada da palavra “imagem”, onde podemos pensar no poder do entretenimento e da cultura visual de nosso tempo.

Quando o SENHOR aparecer, a auto-exaltação do homem terá que dar lugar à exaltação do SENHOR. Eles não serão capazes de manter seu orgulho, mas serão curvados com poder irresistível. Naquele dia “só o Senhor será exaltado” (Is 2:17).

E o que acontece com os ídolos nos quais eles agora depositam suas esperanças e dos quais esperam sua salvação (Is 2:18)? Eles “desaparecerão completamente”. Com isso tudo é dito sobre o destino deles. Os ídolos são a raiz da calamidade que está caindo sobre eles. Eles deixaram o SENHOR e o substituíram pelos ídolos (elilim, veja a explicação de Is 2:8). Em apenas três palavras, o que acontece com eles é mostrado como um flash. Literalmente diz: “Nulidades a nada”. Eles são inúteis e desaparecerão completamente.

Se apenas o Senhor Jesus tiver a palavra em nossas vidas, se nós O exaltarmos somente, nenhuma forma de idolatria se firmará em nós (1Jo 5:21).

Isaías 2.19 A menção das concavidades das rochas e das cavernas da terra indica que as pessoas irão correr de medo, feito animaizinhos assustados, sem ter onde se esconder (Mt 24.16). A presença de Deus será espantosa porque causará pavor aos ímpios (Sl 14.5).

Isaías 2.20, 21 Os ídolos, agora sem nenhum poder, abandonarão os arrogantes na época do juízo de Deus, e estes então os lançarão às toupeiras e aos morcegos, roedores imundos de pequeno porte que causam nojo nas pessoas.

Isaías 2:19-21

O Terror do SENHOR

Então chega o momento em que o SENHOR se levanta (Is 2:19-21). Que reação assustadora isso dá! O pânico irrompe. Todas aquelas criaturinhas que querem ser como Deus não se esconderão entre as árvores do paraíso (Gn 3:7-8), mas fugirão para cavernas e buracos subterrâneos (Is 2:19). O “terror do SENHOR”, isto é, da Sua Pessoa, se apodera deles. “O esplendor de Sua majestade”, isto é, Seu esplendor, os domina. Por muito tempo parecia que Ele não interferia na terra. Ele não tinha mais lugar no pensamento do homem. Quando Ele surge em seu tamanho real, eles entendem, para sua consternação, que cometeram um erro e um medo sufocante os domina.

À luz do esplendor de Sua majestade, toda a confiança em seus ídolos diminui e desaparece. “Naquele dia” eles perceberão seu engano, sua inutilidade e inutilidade (Is 2:20). “Aquele dia” é o dia do Senhor (Is 2:12), o dia em completo contraste com o dia do homem. Os dias do homem são a presente era maligna em que Deus permite que o homem faça sua própria vontade e siga seu próprio caminho separado dEle.

Com horror, o “homem”, e especialmente o homem religioso, “jogará fora” as chamadas boas obras de suas mãos nas quais gastou seu bom ouro e prata, para “as toupeiras e os morcegos”, esses animais impuros. Esses “ídolos” em quem eles depositam sua confiança agora estão deitados como terra velha entre toupeiras e morcegos imundos. O homem descobre que ter e carregar consigo todas essas religiões do mundo, como islamismo, budismo e hinduísmo, não traz nenhuma vantagem. Pelo contrário, arrastá-los causa apenas atrasos na execução. Correr é a palavra de ordem, e o mais rápido possível. Esse é o fim de sua confiança nas falsas religiões.

Eles são perseguidos em sua corrida pelo “terror do Senhor” e “o esplendor da sua majestade” (Is 2:21). Assim que encontrarem uma fenda ou fenda nas rochas, eles entrarão nela para se protegerem do fogo da ira do Senhor (Ap 6:12-17; Os 10:8).

Mas “quando Ele surgir para fazer tremer a terra”, fugir e se esconder é uma ação tola, sem sentido, sim, risível. Não há escapatória, não mais do que houve para o primeiro casal de homens (Gn 3:8; Sl 139:7). Nada os protegerá de Sua ira. Eles não podem escapar do julgamento. O dia do homem chega a um fim inglório e vergonhoso.

Este é o fim da altamente aclamada cultura e técnica do povo e seus esforços para tornar este mundo um lugar seguro de descanso. Este é o fim porque eles ignoraram Aquele que criou tudo para Sua própria glória. Em vez de se regozijar Nele, o homem se regozijou em si mesmo. Tudo o que lhe foi dado, ele não usou para a glória de Deus, mas para a glorificação de si mesmo. Ele se tornou orgulhoso, arrogante e presunçoso de tudo o que Deus lhe deu. É por isso que o julgamento vem sobre ele.

Isaías 2.22 Afastai-vos. Deus rejeita os idólatras e os orgulhosos, portanto, os fiéis devem rejeitá-los também. E ridículo confiar no homem cujo fôlego está no seu nariz, isto é, que tem uma existência limitada, em vez de depositar sua confiança naquele que concede o fôlego de vida a todos.

Isaías 2:22

Pare de Respeitar o Homem

O profeta os convoca a parar de olhar para o homem, a não mais confiar nele (Sl 118:8-9). Afinal, quem é o homem, essa criatura insignificante, oposta ao Todo-Poderoso (Sl 104:29)?

Por “homem” entende-se aqui em particular “o homem do pecado”, isto é, o homem que quer ser como Deus (2Ts 2,4), o anticristo, o falso messias. Após seu extraordinário engano ao exercer poder, sinais e falsas maravilhas, ele será anulado pelo Senhor Jesus em Sua vinda (2Ts 2:3; 2Ts 2:8-9). Sua depravação é tão óbvia que ele será lançado vivo no inferno sem qualquer forma de julgamento (Ap 19:20).

Em resumo, podemos dizer que o pecado da idolatria – o homem que quer ser como Deus – é a consequência e o clímax, expresso no número seiscentos e sessenta e seis (Ap 13:18), da soberba e do orgulho do homem.

Contexto Histórico de Isaías 2

2:2 montanha do templo do SENHOR... mais alto das montanhas... exaltado. Jerusalém está situada no alto da região montanhosa do leste de Israel e olha fisicamente para o terreno circundante. Os visitantes tinham que subir para visitá-lo e dentro dele subir ainda mais para chegar ao templo, que dava para o resto da cidade. Os vizinhos de Israel também associavam santuários e adoração divina a montanhas. Nos textos ugaríticos, o Monte Zafon é o local do palácio de Baal na montanha, e El, o principal deus cananeu, também residia em uma montanha. O rei sumério Gudea registrou suas atividades de construção de templos no final do terceiro milênio aC e falou em fazer o templo com a cabeça erguida nas montanhas - de fato, diz-se que ele cresce alto como uma cordilheira. A cidade da Babilônia também será elevada ao céu. Veja a nota no Salmo 48:1–2. todas as nações irão fluir para ele. Textos já em 2000 aC falam do apelo universal que caracterizará um novo templo. Os templos são onde as profecias são dadas para decidir disputas legais e onde se pode consultar a divindade sobre os cursos de ação que devem ser tomados. Não é incomum que estrangeiros, mesmo reis, viajem grandes distâncias para consultar uma divindade. Gudea também prevê visitantes de longe. Se um deus exibe sabedoria e poder, todos os que ouvirem receberão benefícios.

2:3–4 subamos... Ele nos ensinará... Ele julgará... e resolverá as disputas. Em uma profecia a respeito de Assurbanipal, quando ele ainda era o príncipe herdeiro, foi proclamado que todas as nações viriam até ele e que ele as governaria e julgaria entre elas. Em termos semelhantes aos de Isaías, a orientação para a vida e a tomada de decisões vêm do grande rei, que segue o modelo do Asur, o rei ideal.

2:4 transformam suas espadas em arados. Bater aqui tem a conotação de quebrar em pedaços. Quando as espadas são quebradas, os pedaços de metal resultantes podem ser usados para fortalecer e afiar as pontas de madeira das lâminas do arado, chamadas relhas. Eram usados para afrouxar o solo, abrindo um sulco para plantar. lanças em ganchos de poda. Lanças podem ter lâminas retas ou curvas. Quando quebrados, eles poderiam render ferramentas menores, portáteis, semelhantes a uma foice. Estas podiam ser afiadas e usadas como pequenas facas curvas para podar videiras (18:5). Visto que Deus resolverá as disputas internacionais, as armas podem ser utilizadas de forma mais pacífica e produtiva.

2:6 superstições... adivinhação. As pessoas desejam ouvir o divino, especialmente no que diz respeito ao futuro, e assim buscam revelação de várias maneiras diferentes. Em Israel, Deus regularmente se revelava por meio de seus profetas na forma de visões, sonhos etc. At 1:26). Este último, usando meios físicos e mecânicos para questionar um deus, é comum entre os vizinhos de Israel e é chamado de “adivinhação”. Ele vem em várias formas e é fortemente condenado como inadequado para Israel, cujo Deus não deve ser manipulado (por exemplo, Dt 18:9-14). Veja as notas em Gênesis 30:27; Dt 18:10; 1Sa 28:7.

Três formas de adivinhação são mencionadas em Ezequiel 21:21 : Quando um rei babilônico precisa decidir qual direção tomar, é dito que “ele lançará sortes com flechas, consultará seus ídolos, examinará o fígado”. Uma técnica de adivinhação chamada rabdomancia usa flechas ou paus que são jogados no chão, e uma interpretação é feita dependendo de como eles caem (veja Os 4:12). A consulta de ídolos usava um tipo de deus doméstico (hebraico terafim; Gên 31:19, 34, 35; Zc 10:2), que de alguma forma se esperava que falasse. Muito comum na Mesopotâmia é a hepatoscopia ou extispicia, o exame das entranhas dos animais, em particular do fígado. Eles seriam cuidadosamente inspecionados por padres treinados, que verificariam se havia anormalidades. Isso indicaria alguma comunicação do deus sobre o curso futuro dos eventos. A fim de impedir Israel de fazer mau uso de fígados de animais dessa maneira, parte do fígado retirado de sacrifícios de animais deveria ser completamente queimado (por exemplo, Êx 29:13).

Outros tipos de adivinhação também foram usados. Na necromancia, consultavam-se os mortos, como quando Saul consultou Samuel por meio de um médium em Endor (1Sa 28:8–19; veja notas em 1Sa 28:7; 2Rs 21:6; veja também o artigo “Consultando um ‘Espírito’”). A Mesopotâmia também foi a fonte para a prática da astrologia, consulta aos corpos celestes (ver Is 47:13; Jr 10:2; Mt 2:9). Na hidromancia, as pessoas interpretavam os padrões de óleo colocados na água em um copo ou tigela (por exemplo, Gn 44:5, 15), muito parecido com a leitura de folhas de chá hoje. Em uma prática não mencionada na Bíblia, os sacerdotes mesopotâmicos e cananeus também inferiam o significado de nascimentos humanos e animais anormais.

Embora a Escritura condene essas práticas, não é porque elas não funcionam. Há poder sobrenatural no ocultismo, mas não está aberto aos seguidores do verdadeiro Deus. Israel depende da auto-revelação de Deus em vez de manipular a natureza para descobrir segredos (ver nota em 7:11).

Em nível individual, uma razão para saber o futuro era poder agir contra qualquer mal que pudesse estar por vir. Encantamentos e feitiços mágicos foram usados para proteção contra eles. Para Israel, o poder de proteger e curar não estava na magia ou na força humana, mas em Deus, que acolheu a oração e estava pronto para proteger e salvar (por exemplo, Jos 10:6; 1Sm 10:19).

2:7 cavalos... carruagens. As carruagens assírias eram grandes, transportando quatro homens e puxadas por quatro cavalos. O corpo de bigas e a cavalaria representavam a vanguarda da tecnologia militar. Vastos recursos econômicos foram necessários para importar os cavalos, construir as carruagens e treinar os cavaleiros e condutores (para uma indicação da despesa, veja 1Rs 10:29). A supremacia militar assíria dependia dos cavalos e até mesmo os reis se preocupavam com o suprimento de cavalos e com a coleta da forragem necessária para cuidar dos cavalos. Números cuidadosos do censo foram mantidos sobre os tipos de cavalos disponíveis e os cavalos eram frequentemente coletados em tributo ou capturados em ataques. Os relevos mostram grande cuidado com os cavalos, e o exército em campanha viajou com as montarias principais e também com as montarias da cavalaria. Veja notas em Dt 11:4; Jos 11:6; Jz 1:19; veja também o artigo “ Todos os Cavalos do Rei. “

2:8 ídolos... o que seus dedos fizeram. Veja o artigo “Criando um ídolo.”

2:10 a terrível presença do SENHOR... esplendor. O Deus de Israel, Javé, não tem corpo e forma físicos e, portanto, não é visível. Ele tem, no entanto, uma aura ou esplendor divino, sua “glória”, que é visível ao olho humano (veja o artigo “ Glória “). As pinturas medievais usavam um halo para representar isso (um círculo de luz acima ou atrás da cabeça para significar pessoas sagradas ou, alternativamente, o brilho de corpo inteiro [chamado de mandorla ou auréola], simbolizando o status divino). A arte egípcia usava o disco solar sobre a cabeça de várias de suas divindades para indicar seu status divino. Os textos acadianos referem-se ao (pulhu) melammu, o brilho (causador de medo) que caracterizava não apenas as divindades, mas também outros seres inspiradores, como demônios e reis. Vários relatos de batalhas reais referem-se a esse terror transferido para o rei (e seu exército), subjugando o inimigo e levando à sua derrota. Adadnirari III, por exemplo, descreve sua campanha contra os hititas no início do século VIII aC em termos de sua submissão ao seu terrível esplendor.

2:13 cedros do Líbano. Veja as notas em 2Sa 5:11; 1Rs 5:6; 6:15. Basã. Veja a nota em Nu 21:33.

2:15 muralha fortificada. As fortificações das cidades eram necessárias no antigo Oriente Próximo para proteger os habitantes contra saqueadores. Era motivo de orgulho para uma cidade ser fortificada. Construídas em terra batida, tijolo ou pedra, as paredes deste período eram sólidas e podiam ser maciças, com torres colocadas periodicamente ao longo delas. Em alguns casos, havia paredes protetoras internas e externas (26:1). Em Laquis, a parede externa tinha quase 10 pés (3 metros) de espessura, e a parede interna tinha quase 20 pés (6 metros) de espessura. Em Khorsabad, a fortaleza de Sargão II, a muralha da cidade tinha 46 pés (14 metros) de espessura e quase 40 pés (12 metros) de altura; em Nínive, entre os projetos de construção de Senaqueribe, havia uma parede que poderia ter até 23 metros de altura, embora a altura exata seja difícil de determinar, uma vez que nenhuma parede foi encontrada completamente intacta e a altura geralmente era medida por fiadas de tijolos.

2:16 navio comercial. Os navios mercantes que transportavam carga pesada (ver notas em 23:1; 60:9; 1Rs 10:22; 2Cr 8:18). Provavelmente eram embarcações de um mastro com uma única fileira de remos. A navegação não estava entre os principais negócios de Israel, já que ela tinha poucos bons portos, embora tivesse algum papel mesmo no início de sua história (cf. Jz 5:17). Salomão estabeleceu um porto no Mar Vermelho em Ezion Geber em cooperação com Hiram de Tiro (ver nota em 1Rs 9:26). A navegação desempenhou um papel mais importante em Ugarit, mais acima na costa do Mediterrâneo, na área de Tiro, onde há um contrato de aluguel de navios para outro rei. Os navios de guerra eram maiores e podiam ter vários conveses e bancos de remos. Ambos aumentam o prestígio e a riqueza de suas nações proprietárias, mas seu orgulho será derrubado por Deus.

2:18 os ídolos desaparecerão totalmente. Um deus pessoal que desaparece atinge seu adorador com desespero, já que a ajuda não está mais disponível. Deuses antagônicos precisam ser repelidos, porém, o que é feito por meio de encantamentos e amuletos. Um amuleto do século VII aC da Síria procura repelir um deus guerreiro chamado Sasm com o resultado esperado de que ele morrerá e nunca mais voltará.

2:19 cavernas nas rochas... buracos. As poderosas fortalezas (v. 15) serão ineficazes e as pessoas passarão a viver em condições anormais. sacudir a terra. A vinda inspiradora de Deus (v. 10) faz com que não apenas as pessoas, mas também a natureza tremam de terror. Sua vinda, chamada de teofania, é frequentemente acompanhada por fenômenos de tremores de terra. Os reis assírios associam a mesma convulsão à sua chegada.

2:20 toupeiras e morcegos. Ídolos ineficazes serão descartados para ficar com roedores impuros. A poetisa suméria Enheduanna, em um texto do terceiro milênio aC, exalta a deusa Inanna, diante da qual nenhum dos outros deuses é capaz de resistir. Em vez disso, eles esvoaçam como morcegos enquanto fogem. Os ídolos sem vida fugirão para os recantos diante do Deus todo-poderoso, assim como os outros deuses fazem diante de Inanna.

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