Significado de Esdras 1

Esdras 1

Esdras 1 é uma passagem crucial na narrativa histórica do povo judeu, particularmente no contexto do exílio babilônico e do retorno dos exilados a Jerusalém.

O capítulo começa com uma proclamação de Ciro, o Grande, rei da Pérsia, que conquistou a Babilônia. No primeiro ano de seu reinado, Ciro emite um decreto que permite que o povo judeu que havia sido exilado na Babilônia volte para sua terra natal, Judá, e reconstrua o templo em Jerusalém. Este decreto cumpre a profecia de Jeremias que previu um exílio de 70 anos para o povo judeu.

A proclamação de Ciro não apenas permite o retorno dos exilados, mas também encoraja aqueles que permanecem na Babilônia a ajudar os judeus que retornam com contribuições voluntárias para a reconstrução do templo. Ciro devolve os vasos sagrados que foram levados do templo de Jerusalém por Nabucodonosor, o rei da Babilônia, e que haviam sido guardados no templo de um deus da Babilônia.

O capítulo termina com uma lista de indivíduos das tribos de Judá, Benjamim e Levi que atenderam ao decreto de Ciro e decidiram retornar a Jerusalém. Esta lista enumera o número de pessoas que retornaram, juntamente com os artigos específicos de ouro, prata e outros itens valiosos que trouxeram para a reconstrução do templo. O capítulo destaca o cumprimento da promessa de Deus de restaurar o povo judeu e sua adoração após o período de exílio.

Em essência, Esdras 1 prepara o cenário para os eventos subsequentes relatados no Livro de Esdras, incluindo a reconstrução do templo, os desafios enfrentados pelos exilados que retornaram e seus esforços para restabelecer suas práticas religiosas e comunidade em Jerusalém. Também destaca a intervenção divina por meio do decreto de Ciro, retratando-o como um instrumento no plano de Deus para a restauração de Jerusalém e do povo judeu.

Significado

1.1 O primeiro ano de Ciro é uma referência ao primeiro ano do reinado dele na Babilônia. Em 539 a.C., Ciro, o Grande, fundador do importante império persa, conquistou a Babilônia sem lutas. Ele reinou como rei da Pérsia de 559—530 a.C. Para que se cumprisse a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias. Jeremias tinha profetizado que o cativeiro babilônico duraria, pelo menos, 70 anos (Jr 25.11; 29.10) e que, depois, o Senhor julgaria a Babilônia (Jr 25.12-14). Isto de fato ocorreu.

O pregão de Ciro foi proclamado pelos arautos nas principais cidades do império e também informado publicamente por escrito. Este pregão era preservado nos registros oficiais da Pérsia (Ed 6.1).

1.2 O Senhor, Deus dos céus. Após a destruição de Jerusalém, Deus era mais identificado como Aquele que habitava entre os querubins (1 Sm 4-4; 2 Sm 6.2) do que com o templo. Os persas não conseguiam entender que havia um Deus de Israel específico, mas eles o reconheciam apenas como um entre outros deuses. No entanto, a frase Senhor, Deus dos céus indica que o Altíssimo não é apenas mais um, mas o Deus, ou seja, que apenas Ele é Deus. O fato de Ciro ter usado esta designação para o Senhor sugere que Ele era assistido por conselheiros judeus. [Ciro disse:] Ele [Deus] me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém. Mais de 100 anos antes de Ciro emitir este decreto, Isaías profetizou que este rei daria tal ordem (Is 44.28; 45.1).

1.3 Ele é o Deus que habita em Jerusalém. Ao dizer isto, é como se Ciro estivesse falando como um politeísta que simplesmente reconhecia que o Deus de Israel devia ser adorado em Jerusalém.

1.4 Os homens do seu lugar o ajudarão. O auxílio que os israelitas receberiam de seus vizinhos não-judeus na reconstrução do templo é similar à ajuda que uma geração anterior havia recebido dos egípcios antes do êxodo (Êx 12.35,36). De certa forma, a saída da Babilônia rumo a Jerusalém, com o objetivo de reconstruir o templo, era um segundo êxodo (Is 43.14-21; 48.20,21).

1.5 Despertou é a mesma palavra hebraica para moveu. O verbo significa suscitar ou levantar (Is 45.13; Ag 1.14; Zc4.1).

1.6 Todos os que habitavam nos arredores incluíam os vizinhos não judeus (Ed 1.3), assim como os judeus que queriam permanecer na Babilônia.

1.7 Também o rei Ciro tirou. O povo que retornou para Jerusalém foi ajudado não só por seus vizinhos, mas pelo próprio rei, Ciro, o qual ordenou a devolução dos utensílios do templo que tinham sido levados por Nabucodonosor (2 Rs 24.1-7, 11-13; 25.8-17; 2 Cr 36.5-7, 9,10,13-19; Dn 1.2).

1.8 Mitredate, o tesoureiro. Não se trata do mesmo Mitredate mencionado em Esdras 4.7. O nome Sesbazar aparece apenas em duas passagens (Ed 1.8-11; 5.14-16), ambas relacionadas às ações persas oficiais. Por outro lado, o nome Zorobabel é usado em passagens relacionadas à atividade judaica. O texto de Esdras 5.2, 16 parece identificar Sesbazar e Zorobabel. É possível que o primeiro fosse um nome pelo qual Zorobabel era conhecido nos círculos persas, mas há ainda outras duas possibilidades: (1) Alguns sugerem que, após a morte de Sesbazar, seu trabalho teria sido continuado por Zorobabel; (2) outros sugerem que Sesbazar é outro nome dado a Senazar (1 Cr 3.18), tio de Zorobabel.

A expressão príncipe de Judá significa que ele pertencia à linhagem real davídica. Zorobabel era neto do rei Jeoaquim. Em 1 Crónicas 3.17-19, ele é chamado de filho de Pedaías, em vez de Sealtiel. Pode ser que este tenha morrido sem filhos e seu irmão Pedaías tenha casado com a sua viúva, seguindo o costume do levirato (Dt 25.5-10; 1 Cr 3.18).

1.9-11 A lista dos objetos separados nos v. 9 e 10 — os quais pertenciam à casa do Senhor, em Jerusalém, e de lá haviam sido retirados por Nabucodonosor — totaliza 2.499 itens. No entanto, a soma de todos os utensílios dada no v. 11 é 5.400 peças. Provavelmente, os v. 9 e 10 listam apenas os itens maiores e mais importantes que foram transportados de volta para Jerusalém.

Índice:
Esdras 1 Esdras 2 Esdras 3 Esdras 4 Esdras 5 Esdras 6 Esdras 7 Esdras 8 Esdras 9 Esdras 10