Atos 10 — Comentário de Matthew Henry

Atos 10 — Comentário de Matthew Henry

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Atos 10

Versículos 1-8: Cornélio recebe ordens de mandar buscar a Pedro; 9-18. A visão de Pedro; 1933: Pedro vai à casa de Cornélio; 34-43: Seu sermão a Cornélio; 44-48: O derramamento dos dons do Espírito Santo.

Vv. 1-8. Até agora ninguém havia sido batizado na Igreja cristã, exceto judeus, samaritanos e os prosélitos que foram circuncidados e observavam a lei cerimonial; agora, os gentios eram chamados a participar de todos os privilégios do povo de Deus, sem ter que primeiramente tornarem-se judeus.

A religião pura e sem contaminação, às vezes, é encontrada onde menos esperamos. Onde quer que o temor de Deus reine no coração, se manifestará em obras de caridade e piedade, sem que uma seja escusa da outra. Cornélio tinha fé verdadeira na Palavra de Deus, à medida que a entendia, ainda que não possuísse uma fé clara em Cristo. Esta foi a obra do Espírito de Deus, pela mediação de Jesus Cristo ainda antes que Cornélio o conhecesse, como acontece com todos nós, que antes estávamos mortos em pecado, quando somos vivificados. Por meio de Cristo, as suas orações e esmolas, que de outra maneira seriam rejeitadas, também foram aceitas. Cornélio foi obediente à visão celestial, sem discutir nem demorar. Não percamos tempo nos assuntos de interesse da nossa alma.

Vv. 9-18. Os preconceitos de Pedro contra os gentios o impediriam de ir à casa de Cornélio, se o Senhor não o tivesse preparado para este serviço. Dizer a um judeu que Deus havia ordenado que estes animais fossem reconhecidos como limpos, quando até agora eram considerados imundos, era dizer efetivamente que a lei de Moisés estava terminada. Logo foi concedido a Pedro o seu significado. Deus sabe quais são os serviços que temos a fazer, sabe como nos preparar, e entenderemos o significado daquilo que Ele nos tem ensinado quando encontrarmos ocasião para usá-lo.

Vv. 19-33. Quando percebemos claramente que somos chamados a determinado serviço, não devemos nos confundir com dúvidas e escrúpulos que surjam de prejulgamentos ou de idéias anteriores. Cornélio reunira seus amigos para que participassem com ele da sabedoria celestial que esperava de Pedro. Não devemos desejar comer sozinhos nossas porções espirituais. Devemos considerá-las como dadas e recebidas, e em sinal de bondade e respeito para com nossos parentes e amigos, devemos convidá-los a unirem-se a nós nos exercícios religiosos. Cornélio declara a ordem que Deus lhe deu de mandar buscar a Pedro. Estamos corretos em nossos objetivos ao auxiliarmos um ministério do Evangelho, quando o fazemos com reverência à ordem divina, que nos pede que façamos uso desta ordenança. Com quão pouca frequência se pede aos ministros que falem a estes grupos, por menores que sejam, dos quais pode-se dizer que estão todos presentes à vista de Deus, para ouvir todas as coisas que Deus manda! Contudo, estes estavam prontos para ouvir o que Deus mandou Pedro dizer.

Vv. 34-43. A aceitação não pode ser obtida sobre outro fundamento que não seja o do pacto da misericórdia, pela expiação feita por Cristo; porém, onde quer que se encontre a religião verdadeira, Deus a aceitará sem considerar denominações ou seitas. O temor a Deus e as obras da justiça são a essência da religião verdadeira, os resultados da graça especial. Ainda que estes não sejam a causa da aceitação do homem, contudo, a indicam; e o que quer que falte em conhecimento ou fé, lhes será dado no devido momento por aquEle que começou esta boa obra.

Em geral eles conheciam a Palavra de Deus, isto é, o Evangelho que Deus enviou aos filhos de Israel. A intenção desta Palavra era que Deus, por seu intermédio, revelasse a boa nova de paz por Jesus Cristo. Eles conheciam os diversos fatos relacionados ao Evangelho. Conheciam o batismo de arrependimento que João pregou. Devem saber que este Jesus Cristo, por quem se faz a paz entre Deus e o homem, é Senhor de tudo; não somente acima de tudo, o Deus bendito pelos séculos dos séculos, como também o Mediador. Toda potestade no céu e na terra está em suas mãos, e a Ele foi confiado todo juízo. Deus estará com aqueles que ungir; estará com aqueles .a quem tenha dado o seu Espírito. Então, Pedro declara a ressurreição de Cristo dentre os mortos, e as suas provas. A fé se refere ao testemunho, e a fé cristã está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sobre o testemunho dado por eles.

Observe no que se deve crer acerca dEle: que todos são responsáveis por prestar contas a Cristo, porquanto é o nosso juiz; assim cada um deve procurar o seu favor e tê-lo como Amigo. Se cremos nEle, todos seremos justificados por Ele como Justiça nossa. A remissão de pecados coloca o fundamento para todos os demais favores e bênçãos, tirando do caminho todo obstáculo à sua concessão. Se o pecado é perdoado, tudo está bem e terminará bem para sempre.

Vv. 44-48. O Espírito Santo veio sobre outros depois que foram batizados, para confirmá-los na fé, porém, sobre estes gentios desceu antes que fossem batizados nas águas, para demonstrar que Deus não se limita a sinais exteriores. O Espírito Santo desceu sobre aqueles que nem sequer estavam circuncidados, nem batizados nas águas. O Espírito Santo é aquEle que vivifica; a carne para nada aproveita. Eles glorificaram a Deus, e falaram de Cristo e dos benefícios da redenção. Qualquer que seja o dom com o qual estejamos dotados, devemos honrar a Deus com ele. Os judeus crentes que estavam presentes ficaram atônitos de que o dom do Espírito Santo fosse derramado também sobre os gentios. Devido a noções errôneas das coisas, criamos dificuldades acerca dos métodos da providência e da graça divina.

Como foram inegavelmente batizados com o Espírito Santo, Pedro concluiu que não deveria recusar-lhes o batismo nas águas, e a ordenança foi administrada. O argumento é conclusivo: podemos negar o sinal àqueles que têm recebido as coisas significadas pelo sinal?

Aqueles que estão familiarizados com Cristo não podem senão desejar mais. Até aqueles que têm recebido o Espírito Santo devem perceber a necessidade de aprender diariamente mais sobre a verdade.