Adocionismo — Estudo Bíblico
Um dos grandes problemas do cristianismo consiste em explicar como, em uma só pessoa, podem residir o humano e o divino. Um a dessas tentativas de explicação é o adocionismo. Essa é a doutrina de que Cristo, que nasceu como um ser hum ano mortal, tomou-se Filho de Deus por adoção. Jesus, embora homem, foi adotado pelo Verbo e incorporado na deidade. O Cristo humano, através do brilhante cumprimento de Sua missão, foi considerado digno de lhe serem conferidos os atributos divinos, com a alteração de Sua natureza, da humana para a divina.
Essa
doutrina apareceu, sob várias formas, nos primeiros três séculos da era cristã.
Historicamente, culminou na controvérsia adocionista do século VIII, na Espanha,
tendo sido condenada por sínodos patrocinados por Carlos Magno, nos anos de
792, 794 e 799. Exponentes desse ponto de vista. Teodoto de Bizâncio, excomungado pelo papa
Vitor (190-198), os ebionitas (185), Paulo de Samosata, bispo de Antioquia (260-272),
Teodoro de Mopsuéstia (350428), colega de estudos de João Crisóstom o e presbítero
de Antioquia. Mais tarde, ele tornou-se bispo de Mopsuéstia, na Cilícia. A
posição adocionista era forte na escola de Antioquia. Nos tempos modernos,
muitos teólogos protestantes liberais têm adotado esse ponto de vista, vendo
nele um a salvaguarda da humanidade de Cristo. Extremo oposto.
Muitos evangélicos modernos, ansiosos por salvaguardar o ensino da divindade de Cristo, têm virtualmente eliminado qualquer doutrina autêntica de Sua humanidade, tendo assim caído no erro do docetismo (ver o artigo). Essa doutrina ensina que a humanidade de Cristo era apenas aparente. Enquanto esses evangélicos creem na realidade do corpo hum ano de Jesus, outros atribuem à Sua divindade a tudo quanto Ele fez. Assim, Seu conhecimento especial, Seus milagres, Suas elevadas qualidades m orais e espirituais são vistos como atributos de Sua divindade. Alguns têm chegado ao extremo de negar que Jesus tinha alma humana, afirmando que Cristo meramente se utilizou de um corpo hum ano como veiculo. Mas, o ensino neotestamentário é que Jesus foi homem em todos os sentidos, em bora não tenha caído no pecado. Naturalmente, ali também é ensinada a divindade real de Cristo. Como podem habitar duas naturezas em um a só pessoa é um grande mistério, e nem o adocionismo e nem o docetismo o esclarecem. Quanto a notas completas sobre essas ideias, ver os artigos sobre a Humanidade de Cristo; a Divindade de Cristo; e Docetismo. Forma correta de adocionismo. Esse termo pode ser usado para descrever um a realidade metafísica acerca de Jesus.
O Verbo é o princípio do Filho, dentro da trindade
(ver artigo). O Verbo é divino e eterno, e em sentido algum foi adotado, em
bora possa ser chamado de “gerado”. Porém, quando esse termo é usado a respeito
dEle, Sua eterna geração é ressaltada, isto é, o fato de que Ele sempre foi o
Filho. Através do termo “gerado” expressamos a idéia de “Filiação”, não dando a
entender qualquer começo de tempo. Nesse contexto, trata-se de um termo de relacionamento,
nada tendo a ver com alguma ordem cronológica. M as Jesus, com o homem ,
tornou-se divino. Isto é, Sua humanidade foi incorporada ao Verbo, que é o Filho
eterno. Portanto, há aquela forma de divindade que incorpora a humanidade. O princípio
divino-humano, pois, toma-se o alvo de todos os filhos de Deus, que
tornar-se-ão divinos, participantes da natureza divina (II Ped. 1:4), embora em
sentido secundário, sem participação na trindade. O homem Jesus foi o pioneiro
no caminho da salvação (pois a filiação divina é a salvação). Ele conduzirá muitos
filhos à glória, para compartilharem de Sua natureza divina, da mesma maneira
que Ele, em Sua missão messiânica, compartilhou da natureza humana. Ver Heb.
2:10; Rom. 8:29; II Cor. 3:18 e Col. 2:9-10, bem como a exposição desses
versículos no NTI. Essa afirmação visa indicar que em Jesus veio à existência
uma forma de divindade que não existia antes, embora o Verbo-filho sempre
tivesse sido Deus.. A divindade incorporou a humanidade, transmutando-a em uma
forma real de divindade. Portanto, há uma família divina, da qual participam
muitos filhos, e não somente o Filho.
Há uma só pessoa no
Verbo-Filho-Jesus-Homem, porque Jesus, como homem, foi apanhado no drama divino,
havendo uma completa fusão de naturezas, resultando em uma única pessoa. Esse é
um grande mistério, não havendo explanações adequadas para o mesmo. Porém, a
questão inteira serve de alicerce da nossa salvação, porque Jesus é o pioneiro
desse caminho, no que tange às aspirações dos outros filhos de Deus. Se meus
raciocínios, nos dois parágrafos acima, não têm valor, então cumpre-nos
resolver o que fazer com a humanidade de Jesus nos céus. Jesus continua
existindo como homem imortal nos céus? Em caso contrário, alguma transformação
deve ter tido lugar em Sua natureza humana . O pino que houve uma imensa
transformação em Sua humanidade por ocasião de Sua glorificação, e da qual participamos.
Consequentemente, Ele não levou para o céu qualquer forma de humanidade que nós
conhecemos. A humanidade glorificada tomou-se parte da natureza divina. Mas o
Verbo sempre foi o Filho de Deus.