Gênesis 22 — Explicação das Escrituras

Gênesis 22

22:1–10 Talvez nenhuma cena na Bíblia, exceto o próprio Calvário, seja mais comovente do que esta, e nenhuma dá um prenúncio mais claro da morte do único e amado Filho de Deus na cruz. O teste supremo da fé de Abraão veio quando Deus ordenou que ele oferecesse Isaque como holocausto na terra de Moriá. Na verdade, Deus não tinha intenção de permitir que Abraão continuasse com isso; Ele sempre se opôs ao sacrifício humano. Moriá é a cordilheira onde Jerusalém está situada (2 Crônicas 3:1) e também onde ficava o Calvário. As palavras de Deus, “seu único filho Isaque, a quem você ama”, devem ter perfurado o coração de Abraão como feridas cada vez mais profundas. Isaque era o único filho de Abraão no sentido de que ele era o único filho da promessa - o filho único, o filho de nascimento milagroso.

A primeira ocorrência de uma palavra na Bíblia muitas vezes estabelece o padrão para seu uso em toda a Escritura. “Amor” (v. 2) e “adoração” (v. 5) são encontrados pela primeira vez aqui. O amor de Abraão por seu filho é uma imagem pálida do amor de Deus pelo Senhor Jesus. O sacrifício de Isaque foi uma figura do maior ato de adoração — o auto-sacrifício do Salvador para cumprir a vontade de Deus.

22:11, 12 “Abraão, Abraão” é a primeira das dez duplicações de nomes encontradas na Bíblia. Sete são ditas por Deus ao homem (Gn 22:11; 46:2; Êxodo 3:4; 1 Sam. 3:10; Lucas 10:41; 22:31; Atos 9:4). Os outros três são Mateus 7:21, 22; 23:37; Marcos 15:34. Eles introduzem assuntos de especial importância. O Anjo do SENHOR (v. 11) era Deus (v. 12).

22:13–15 Oferecer Isaque certamente foi o teste supremo da fé de Abraão. Deus havia prometido dar a Abraão uma posteridade inumerável por meio de seu filho. Isaac poderia ter até vinte e cinco anos nessa época, e ele era solteiro. Se Abraão o matasse, como a promessa poderia ser cumprida? De acordo com Hebreus 11:19, Abraão acreditava que mesmo que matasse seu filho, Deus o ressuscitaria dos mortos. Essa fé foi notável porque não houve nenhum caso registrado de ressurreição até esse momento na história do mundo. Observe sua fé também em 22:5: “o rapaz e eu iremos ali e adoraremos, e voltaremos para você”. Abraão foi primeiro justificado pela fé (15:6), depois justificado (vindicado) pelas obras aqui (ver Tiago 2:21). Sua fé era o meio de sua salvação, enquanto suas obras eram a prova da realidade de sua fé. Quando Isaque perguntou: “Onde está o cordeiro?” seu pai respondeu: “Deus proverá para Si o cordeiro”. Essa promessa não foi finalmente cumprida pelo carneiro do versículo 13, mas pelo Cordeiro de Deus (João 1:29).

Há dois símbolos notáveis de Cristo neste capítulo. Isaac é o primeiro: um filho único, amado por seu pai, disposto a fazer a vontade de seu pai, recebido de volta dos mortos em uma figura. O carneiro é o segundo: uma vítima inocente morreu como substituto de outra, seu sangue foi derramado e foi um holocausto totalmente consumido por Deus. Alguém disse que, ao fornecer o carneiro como substituto de Isaque, “Deus poupou ao coração de Abraão uma dor que Ele não pouparia ao Seu”. O Anjo do SENHOR nos versículos 11 e 15, como em todo o AT, é o Senhor Jesus Cristo. Abraão deu ao lugar o nome de O-SENHOR-Proverá (Jeová-Jiré) (v. 14). Este é um dos sete nomes compostos para Deus no AT. Os outros são:

Jeová-Rophekha—“O SENHOR que te sara” (Ex. 15:26).
Jeová-Nissi — “O Senhor é minha bandeira” (Êxodo 17:8–15).
Jeová-Shalom – “O SENHOR, nossa paz” (Jz 6:24).
Jeová-Roi – “O Senhor, meu pastor” (Sl 23:1).
Jeová-Tsidkenu—“O Senhor é a nossa justiça” (Jeremias 23:6).
Jeová-Shammah—“O SENHOR está presente” (Ezequiel 48:35).

22:16–19 O SENHOR jurou por si mesmo porque não poderia jurar por outro maior (Hb 6:13). A promessa de Deus aqui, confirmada por Seu juramento, inclui a bênção das nações gentias por meio de Cristo (ver Gálatas 3:16). No versículo 17c, Deus acrescenta à já vasta bênção prometida: a semente de Abraão possuiria a porta de seus inimigos. Isso significa que seus descendentes “ocupariam o lugar de autoridade sobre aqueles que se opusessem a eles. A captura do portão da cidade significou a queda da própria cidade.” (Charles F. Pfeiffer, The Book of Genesis, p. 6.)

22:20–24 O irmão de Abraão, Naor, teve doze filhos, ao passo que Abraão teve apenas dois — Ismael e Isaque. Como isso deve ter testado a fé de Abraão a respeito da promessa de Deus de descendentes como as estrelas do céu! Isso pode tê-lo levado a enviar Eliezer em busca de uma esposa para Isaque (cap. 24). Observe o nome Rebeca em 22:23.

Notas Adicionais:

22.1 Trata-se, aqui, de uma, prova para o fortalecimento da fé que Abraão possuía e não de uma tentação para o mal (cf. Tg 1.12-15). Tal prova consistia na requisição daquilo que lhe era mais caro, aquilo que lhe era absolutamente indispensável e de maior valor (2). Esta prova, em vez de destruí-lo, traz Abraão ao cume de sua vida, seguindo a Deus.

22.2 A região montanhosa que circunda Jerusalém é a “terra de Moriá” (lit. “O mostrado por Jeová”). Abraão construiu o altar na montanha (cf. v. 9) onde, mais tarde, apareceu o Anjo do Senhor a Davi (2 Sm 24.16, 17; cf. 2 Cr 3.1) e, subsequentemente, situara-se o templo. Ainda hoje a área está bem demarcada e é considerada como sagrada, por maometanos e judeus.

22.5 Voltaremos. Era a firme convicção de Abraão que ele e Isaque, de fato, voltariam. Sua fé, destacada em Hb 11.17-19, se fundamentava sobre a promessa de Deus claramente proferida,... “por Isaque será chamada a tua descendências” (21.12).

22.8 Este versículo é profético, tanto na experiência de Abraão, como concernente à primeira vinda de Cristo e sua morte sacrificial por nós (cf. Jo 1.29 e Rm 5.8). O v. 5 deixa patente que Abraão admite que Isaque haveria de voltar com ele, quer por efeito de uma intervenção especial antes de oferecê-lo, quer pela ressurreição da vitima (Hb 11.19). • N. Hom. 22.12 Há um paralelismo admirável entre o acontecimento aqui descrito e o oferecimento de Cristo por nós: 1) Ambos, tonto Isaque como Cristo, foram obedientes até à morte (observe-se o fato de que Isaque era, então, um jovem e, como tal, bem mais forte do que o era Abraão, v. 6), 2) Ambos, tanto Abraão como Deus, o Pai celestial, “não poupou a seu próprio Filho, antes por todos nós O entregou” (Jo 3.16 e Rm 8.32); 3) O cordeiro que viera a substituir Isaque é paralelo a Cristo, que se ofereceu em substituição por todos nós que nele cremos (Hb 10.5-10); 4) Ambos, tanto Isaque como Cristo, foram restaurados (cf. Hb 11.17-19).

22.14 O Senhor proverá. lit. “Jeová Jireh”. É a mesma expressão que Abraão usou no v. 8.

22.17 Tão somente neste século XX é que a correlação exata existente entre o número de estrelas e grãos de areia se tem tornado conhecida. Enquanto se sabe que, somente cerca de trezentas estrelas são visíveis a olho nu, a invenção de telescópios capazes de atingir a mais de um bilhão de anos-luz através do espaço, tem permitido a certo cientista de renome, afirmar que o número total de estrelas equivale ao número de grãos de areia existentes em todas as praias do globo. Entre- tanto, não é pelo número dos descendentes de Abraão que o mundo haveria de ser bendito (8), mas sim, mediante o descendente único, isto é, Cristo (cf. Gl 3.16).

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