Gênesis 24 — Explicação das Escrituras

Gênesis 24

24:1–9 Abraão jurou a seu servo mais velho que, ao procurar uma noiva para Isaque, não permitiria que ele se casasse com uma cananeia ou vivesse na Mesopotâmia. A antiga forma de juramento descrita nos versículos 2–4 e 9 é explicada por Charles F. Pfeiffer:

De acordo com a linguagem bíblica, diz-se que os filhos nascem da “coxa” ou “lombos” de seu pai (cf. Gn 46:26). Colocar a mão na coxa significava que, caso um juramento fosse violado, os filhos que morreram ou saíram da “coxa” vingariam o ato de deslealdade. Isso tem sido chamado de “juramento pela posteridade” e é particularmente aplicável aqui, porque a missão do servo é garantir uma posteridade para Abraão por meio de Isaque.
(Charles F. Pfeiffer, The Book of Genesis, p. 6.)

24:10–14 O servo é um tipo (símbolo) do Espírito Santo enviado pelo Pai para ganhar uma noiva para o “Isaque celestial”, o Senhor Jesus. A narrativa registra cuidadosamente a preparação para a viagem, os levados pelo servo e o sinal pelo qual ele conheceria a mulher escolhida do Senhor. Murdoch Campbell elabora:

Era um sinal calculado para lançar muita luz sobre o caráter e disposição da jovem dignidade do filho de seu mestre. Ele deveria apenas pedir a ela “um gole” - como a palavra hebraica pode ser traduzida - de água para si mesmo; mas aquela que Deus escolheu para ser a mãe de um grande povo e ancestral remoto de Jesus Cristo ia revelar sua natureza generosa e sua disposição de servir aos outros, oferecendo-lhe não um mero “gole” de água, mas uma “bebida” abundante. A isso ela também acrescenta a surpreendente oferta de tirar água também para os camelos. Agora, quando consideramos que esses dez animais, após a labuta do longo deserto, estávamos preparados para esvaziar pelo menos quatro barris de água ao, a disposição da menina todo de suas orações para servir ao homem e ao animal encontraria para uma gentileza e disposição altruísta e também a um caráter da mais alta ordem.
(Murdoch Campbell, The Loveliest Story Ever Told, p. 9.)

24:15–52 Foi a pedinte Rebeca, é claro, quem cumpriu as condições e, portanto, recebeu os presentes do servo. Enquanto ela o conduzia à casa de seu pai, o servo de Abraão sabia que sua busca havia terminado. Quando Rebeca explicou a situação a seu irmão, Labão, ele deu as boas-vindas graciosamente à comitiva, depois ouviu o servo apresentar seu pedido de Rebeca como noiva de Isaque. A maravilhosa convergência de circunstâncias em resposta à oração do servo convenceu Labão e Betuel, pai de Rebeca, de que o Senhor havia providenciado tudo.

24:53–61 O servo então trouxe presentes para Rebeca, Labão e sua mãe, selando o noivado. Pela manhã, a família queria atrasar sua partida, mas a disposição de Rebekah de ir conceder o problema, e ela partiu com a bênção deles.

24:62–67 A primeira vez que vemos Isaque depois de sua experiência no Monte Moriá foi quando ele saiu para encontrar Rebeca. Portanto, pela primeira vez veremos o Salvador após Sua morte, sepultamento, ressurreição e ascensão será quando Ele retornará para reivindicar Sua noiva escolhida (1 Tessalonicenses 4:13–18). O encontro de Isaque com Rebeca é de terna beleza. Sem nunca tê-la visto antes, ele se casou com ela e a amou, e, ao contrário de outros patriarcas, não teve outra esposa além dela.

Notas Adicionais:

24.2 O servo não é chamado pelo nome, aqui, mas usualmente é admitido que seja Eliezer (15.2). O juramento descrito tem sido designado como “juramento pela posteridade”, que significa a vingança relativamente a qualquer transgressão do juramento exercida pelos descendentes que procedessem de sua coxa.

24.3 Este mandamento de Abraão corresponde à proibição feita pela Senhor no sentido de impedir que os crentes se casem com descrentes (2 Co 6. 1 4). • N. Hom. 24.7 Por que seria que Deus abençoara a Abraão em todas as coisas? (1). 1) Porque ele era homem de fé, que depositara absoluta confiança na palavra de Deus em todas, as fases de sua vida. 2) Ele se mostrara fiel (Gl 3.9) com Deus. Sua vida consistira num equilíbrio entre a temor reverente que leva à obediência (22.1-14), e a comunhão que resulta na confiança (18.22-23).

24.10 A referência feita à existência de camelos no período patriarcal (séc. 19 a.C.) tem sido apresentada como evidência de inexatidão do relato bíblico. Esta objeção, porém, já foi dissipada pelas descobertas arqueológicas que indicam a existência de camelos domesticados desde o ano 3.000 a.C. Há referências especificas a camelos, em certo tablete oriundo do Norte da Síria, datado do séc. 18 a.C., bem como em um texto procedente de Ugarite, do séc. 19 a.C. (cf. v. 35). Naor, ou se refere a Harã, cidade de Naor, irmão de Abraão, (15), ou seria a cidade de Nakhur, mencionada nos tabletes de Mari, que existia naquele tempo e naquela região.

24.12-14 Esta oração nos fornece admirável evidência da fé que Abraão depositava na providência de Deus, a qual ele comunicava à família e aos servos. Suplicando, para que lhe fosse dada orientação, o servo de Abraão não ficava na expectativa de que algo de sobrenatural ocorresse, mas revelava profunda certeza de que Deus haveria de empregar fatos comezinhos como veículos de sua soberania.

24.21 O servo era homem de fé em Deus, leal a seu dono e dotado de suficiente paciência para obter a conclusão de que Rebeca seria, com efeito, a eleita de Deus para tornar-se esposa de Isaque e mãe da semente prometida.

24.22 O peso do siclo, na época, era cerca de doze gramas. O pendente era um anel que se pendurava ao nariz (47). Tais dádivas deveriam ser reconhecidas pela jovem como presentes de noivado. • N. Hom. 24.27 “Estando no caminho, o Senhor me guiou”: 1) Estar no caminho ordenado pelo Senhor, o caminho do dever e da boa consciência, é coisa para obter a orientação divina. Ele nos conduz passo a passo; 2) Podemos estar certos de sua orientação, tão-somente quando tivermos correspondido aos princípios de sua palavra e, mediante a fé no valor da oração (12-14), procuramos vislumbrar-lhe a mão entre as circunstâncias da existência cotidiana; 3) É-nos dado aceitar a orientação de Deus com ações de graças (26) e com plena segurança mesmo que o diabo se esforce por dissuadir-nos desta confiança posteriormente O servo de Abraão não relutou em declarar sem reservas: “Jeová me conduziu” (cf. Dt 8.2).

24.33 Não comerei. Muito mais urgente, para o servo fiel, do que os costumes demorados da hospitalidade do antigo Médio Oriente, é a missão que ele tem de cumprir. Os servos do Senhor não devem mostrar menos urgência em cumprir sua missão de divulgar as boas novas do evangelho para o mundo (cf. Lc 10.4 com 2 Tm 4.2; Mc 13.10).

24.49 Ou para a direito ou para a esquerda, isto significa que o servo de Abraão se dispunha a procurar esposa para Isaque entre outras famílias aparentadas a Abraão.

24.50 Labão e Betuel reconheceram a mão do Senhor Jeová, que tinha chamado a Abraão, seu parente, com quem estabelecera uma aliança, na orientação providencial ministrada àquele servo de Abraão. Este reconhecimento do Senhor como Deus vivo foi a razão primordial por que Abraão se fizera tão insistente em que Isaque não se casasse com uma mulher idólatra de entre os cananeus.

24.53 Os presentes oferecidos à mãe e ao irmão (parece que Betuel já era muito idoso ou estava enfermo; portanto, Labão estaria no seu lugar como responsável por Rebeca, o que estava compreendido em seus direitos de primogênito que era), eram conhecidas como o Mohar, isto é, espécie de compensação à família pela perda da moça.

24.58 Irei. Eis a resposta sucinta de Rebeca, em face da pergunta a respeito de seu desejo de acompanhar ou não o servo de Abraão. Aquela sua disposição decidida de ânimo demonstra-se mais uma vez, mais tarde, quando já era mãe de Jacó e de Esaú.

24.62 A fonte chamada de Beer-Laai-Roi é a mesma que fora indicada por Deus a Agar para salvar a vida de Ismael (cf. Gn 16.14). Isaque ali viveria após a morte, de Abraão (25.11).

24.63 A palavra traduzida como “meditar” também pode ser traduzida como “orar” (foi como Lutero traduziu).

24.67 Era costume, então, que o noivo levasse a noiva para a tenda, a fim de que ali se consumasse o casamento. Sara já havia morrido. • N. Hom. Este capítulo é um dos relatos mais belos que deparamos a respeito de como Deus providencia o encontro, em qualquer parte, da esposa. Além disto, outros elementos contidos no relato servem para ilustrar verdades espirituais: 1) O propósito do pai - procurar uma noiva para seu filho (cf. Mt 22.2); 2) A posição do filho - pensamento único do pai no qual todos os seus propósitos se cumprem (cf. Ef 1.20-22); 3) A preocupação pela noiva - objeto de pensamento antes que ela o conhecesse (cf. Ef 1.4); 4) A missão do servo: a anunciação do propósito do pai, prestar esclarecimentos a respeito do filho e persuadir a noiva, em perspectiva, a que viesse (Jo 16.14-15); 5) O poder da mensagem. “Evidente na aceitação da proposta por parte de Rebeca (cf. Jo 12.32 e Rm 1.16.)

Índice: Gênesis 1 Gênesis 2 Gênesis 3 Gênesis 4 Gênesis 5 Gênesis 6 Gênesis 7 Gênesis 8 Gênesis 9 Gênesis 10 Gênesis 11 Gênesis 12 Gênesis 13 Gênesis 14 Gênesis 15 Gênesis 16 Gênesis 17 Gênesis 18 Gênesis 19 Gênesis 20 Gênesis 21 Gênesis 22 Gênesis 23 Gênesis 24 Gênesis 25 Gênesis 26 Gênesis 27 Gênesis 28 Gênesis 29 Gênesis 30 Gênesis 31 Gênesis 32 Gênesis 33 Gênesis 34 Gênesis 35 Gênesis 36 Gênesis 37 Gênesis 38 Gênesis 39 Gênesis 40 Gênesis 41 Gênesis 42 Gênesis 43 Gênesis 44 Gênesis 45 Gênesis 46 Gênesis 47 Gênesis 48 Gênesis 49 Gênesis 50