Significado da Palavra “Viúva” na Bíblia

Viúva — Estudos Bíblicos

Significado da Palavra “Viúva” na Bíblia



I. Terminologia

Hebraico:
1. almanah (viúva, silenciosa), com 53 ocorrências no Antigo Testamento. Exemplos: Gên. 38.11; Êxo. 22.22, 24; Lev. 21.14; Núm. 30.9; II Sam. 14.5; I Reis 7.14.
2. almanuth (viuvez, silêncio): Gên. 38.14, 19; II Sam. 20.3; Isa. 54.4.
3. almon (viuvez, silêncio): Isa. 47.9.
Grego:
chera (viúva, destituída), com 26 ocorrências no Novo Testamento. Exemplos: Mat. 23 13; Mar. 12.40, 42, 43; Luc. 2.37; Atos 6.1; 9.39; Tia. 1.27; Apo. 18.7.

II. Legislação Mosaica

Nenhuma legislação garantia manutenção para essa classe de mulheres destituídas; não havia fundos de pensão. Como elas haviam sido dependentes de seus maridos, tornavam-se dependentes de seus pais ou famílias, ou das famílias de seus maridos. Contudo, algumas iegislações humanitárias aliviavam um pouco a situação:
1. O filho mais velho assumia a família, se tivesse idade. Ele tinha a parte do leão da herança e, na situação média, era o mais capaz de sustentar sua mãe.
2. Havia um triênio, terceira doação que ajudava essa categoria (Deu. 14.29; 26.12).
3. Essas mulheres tinham ritos de colheita laboriosa e lenta (Deu. 14.29).
4. Elas podiam participar livremente de banquetes (Deu. 16.11, 14).
5. A lei as protegia contra a opressão e contra a fraude (Sal. 94.6; Eze. 22.7; Mal. 3.5), mas tais leis, tão freqüentemente, ficavam apenas no papel e não eram colocadas na prática. As viúvas eram facilmente defraudadas (juntamente com os estrangeiros).
6. Lei do levirato (ver o artigo). Essa lei exigia que um irmão (ou possivelmente outro membro da família, do lado dc marido) assumisse a viúva como sua mulher e, se ele já fosse casado isso não faria nenhuma diferença, já que a sociedade judaica era polígama (Deu. 25.5, 6; Mat. 22.23-30). Essa lei, contudo, não era absoluta. Havia maneiras pelas quais o homem poderia escapar, e muitos (se não a maioria) o faziam. De fato, todas as leis preparadas para favorecer as viúvas não eram muito respeitadas e isso ocasionou urna “classe destituída”. Jó 24.21 fala sobre aqueles que não faziam nada de bom para a viúva como uma classe especial de pecadores. Então havia aqueles que cometiam violências contra elas em roubos ou mesmo assassinatos pam conseguir o que tinham de dinheiro e suas propriedades (Sal. 94.6; cf. Isa. 1.23). Tal abuso continuou no Novo Testamento, o que é demonstrado pela denúncia de Jesus daqueles que “devoravam” as casas das viúvas (Mat. 23.14).
III. Um Grupo Social Distinto: Antigo e Novo Testamento
Para esse grupo, era necessária uma legislação especial, pois ele era objeto de perseguição e exploração. A viúva poderia facilmente ser identificada porque de modo geral usava uma vestimenta típica (Gên. 38.14). Pecadores especialmente maus tentavam até conseguir suas roupas como segurança caso ela devesse dinheiro por qualquer motivo, e isso devia ser denunciado por uma lei especial (Deu. 24.17). Simplesmente pronunciar a palavra “viúva” já fazia com que uma pessoa dos tempos bíblicos pensasse em uma classe distinta, sendo que poucas delas eram absorvidas de volta ao seio da sociedade através de novo casamento. Pela lei do levirato, uma mulher participaria da herança da família de seu marido, e esse era um dos motivos pelos quais tantos irmãos de homens mortos não estavam dispostos a assumir a responsabilidade. As histórias bíblicas de Tamar (a nora de Judá) e do livro de Rute ilustram esse ponto.
Na época do Novo Testamento, viúvas judias continuavam a viver precariamente, mas as viúvas da comunidade cristã tinham um status melhor (ver Atos 6.1; 9.39 ss.). Sistemáticas contribuições caridosas faziam parte da política da igreja primitiva, pelo menos em Jerusalém. Naquela época as viúvas reuniam-se como um grupo distinto para realizar trabalhos de caridade. Algumas dessas viúvas tornaram-se diaconisas, ofício que parece ter sido ativo na igreja primitiva em contraste com a igreja de hoje. Ver o artigo detalhado sobre Diaconisa, que não era um ofício exclusivo de viúvas.
No início parece ter havido um tipo de ordem reconhecida de viúvas (I Tim. 5.9-15). Citações dos pais primitivos da igreja (Inácio, Policarpo e Tertuliano) mostram que esse grupo distinto continuou existindo no segundo século. Depois disso não há registros dele.

IV. Usos Figurativos

1. Usos figurativos modernos da palavra “viúva" de modo geral têm algo que ver com privação. Ser uma “viúva de livro” significa que seu companheiro ou potencial amigo está tão ocupado com livros (escrevendo, lendo etc.) que tem pouco tempo para você. Ser uma “viúva da igreja” significa que seu companheiro está tão envolvido com a igreja que ele (ela) tem pouco tempo para você.
2. Uma pessoa ou país desolados pelo julgamento divino, como foi o caso da “filha da Babilônia”, são chamados de viúva, tendo perdido suas posses e seu orgulho, e boa parte de sua população (Isa. 47.1, 7).
3. Jerusalém, oprimida pelo cativeiro babilônico, tornou-se como uma viúva (Lam. 1.1), desolada e abandonada.
4. A Babilônia do Apocalipse no Novo Testamento, que em breve cairia, tinha orgulho de ser uma rainha e uma estranha à lamentação, não sabendo que logo seria reduzida à viuvez (Apo. 18.7).