Unguento — Estudos Bíblicos

Unguento — Estudos Bíblicos

Unguento — Estudos Bíblicos



UNGUENTO

Esboço:
1. Termos Envolvidos
2. A Preparação de Unguentos
3. Armazenamento
4. Valor
5. Usos dos Unguentos
6. Usos Simbólicos
7. Cristo, o Ungido

1. Termos Envolvidos

a. Shemen, um termo hebraico que aparece em II Reis 20:13; Sal. 133:2; Pro. 27:16; Ecl. 7:1; Isa. 1:6. Provavelmente, essa palavra indica vários tipos de óleo, embora usualmente esteja em foco o azeite de oliveira. Há outras referências veterotestamentárias, que as traduções têm traduzido de diversas maneiras, em um total de outras cento e oitenta menções.
b. Roqach, “composiçãot, “unguento”. Êxo. 30:25, 35. Raqach, uma forma variante, aparece por oito vezes: Êxo. 30:25,33,35; 37:20; Ecl. 10:1; II Crô. 16:14; Eze. 24:10; I Crô. 9:30. Tratava-se de uma composição de elementos odoríferos.
c. Múron, “mirra”. Uma palavra grega com frequência traduzida como unguento. Ver o artigo separado sobre Mirra. Esse termo grego foi usado por catorze vezes no Novo Testamento: Mat. 26:7,12; Mar. 14:3-5; Luc. 7:37,38,46; 23:56; João 11:2; 12:3,5; Apo. 18:13.

2. A Preparação de Unguentos

A base oleosa de quase todos os unguentos referidos no Antigo Testamento era o azeite de oliveira. A isso adicionavam-se vários aromáticos, alguns deles importados (I Reis 10:10; Eze. 27:22). As principais especiarias assim utilizadas eram a mirra e o nardo (vide). Essas especiarias eram importadas da Fenícia em pequenos frascos de alabastro. A preparação de unguentos era feita por profissionais que exerciam a atividade de farmacêuticos. Algumas pessoas envolvidas nessa atividade dirigiam ativos e extensos negócios. Às vezes, mulheres é que se mostravam muito habilidosas nessas misturas químicas. A arqueologia tem demonstrado que certos aromas são capazes de reter o seu poder odorífero durante muitos séculos, quando guardados em frascos bem fechados. Vasos de alabastro, encontrados no castelo de Alanwick, além de outros achados no antigo Egito, quando abertos, mostraram que seu conteúdo havia retido seus perfumes por mais de dois mil anos. Plínio informa-nos que a fórmula dos unguentos requeria dois ingredientes principais: uma parte líquida e uma parte sólida. A parte líquida quase sempre era o azeite de oliveira, embora os egípcios também usassem óleos como o de rabanete, de colocíntidas, de sêsame, de amêndoas, e até mesmo gorduras animais. As pessoas mais pobres usavam o óleo de mamona. A esses óleos e produtos graxos eram adicionados os ingredientes sólidos, como amêndoas amargas, anis, cedro, cinamomo, gengibre, mentol, rosa, sândalo, etc. Os trecho de Can. 1:3 e 4:10 trazem referências a certas substâncias odoríferas.
Não temos conhecimento completo sobre o modo de proceder exato para tais preparos. O azeite de oliveira era útil porque não se evapora facilmente. Eram usados vários processos de esmagamento. O pó era aquecido e então recebia a forma de bolas ou cones. No Egito havia uma guilda dos cozedores de unguentos que se associavam aos barbeiros, farmacêuticos, médicos e sacerdotes. Nos dias de Neemias, eles tinham sua própria guilda. Na época de Jesus, essa profissão, com frequência, tornava-se hereditária e era mantida como segredo de família. Visto que os produtos usados nessa indústria com frequência eram importados, o preço dos unguentos era elevado. Plínio revela-nos que os ingredientes eram fervidos juntos (13:2), e podemos supor que essa era uma prática universal.

3. Armazenamento

A fim de impedir a perda do odor, devido à exposição ao ar, e do volume, por causa da evaporação, os unguentos mais caros eram armazenados em frascos de alabastro e caixas de chumbo estanques, que eram então guardados em lugares frescos. A arqueologia tem descoberto muitos desses vasos decorativos. Algumas vezes, eram usadas jarras de vidro, um tanto mais baratas. As tampas dessas jarras eram hermeticamente fechadas. Assim, quando alguém queria usar o unguento, o gargalo fino dessas jarras tinha de ser partido. Ver Mar. 14:3.

4. Valor

Se alguém quiser saber algo sobre o valor dos perfumes, que indague a uma mulher. É admirável o quanto as mulheres estão dispostas a pagar por um bom perfume. Na antiguidade, os unguentos chegavam a fazer parte de tesouros. Ezequias exibiu unguentos em sua casa de tesouros, aos embaixadores babilônicos (ver II Reis 20:13). Esses unguentos eram usados em lugar de dinheiro, e assim podiam ser usados para pagar dívidas de tributos (Osé. 12:1). Eram contados entre os artigos de luxo que foram denunciados pelo profeta Amós (6:6). Esse texto pode ser comparado com o trecho de Ecl. 7:1. Grande comércio cresceu em torno dos unguentos. Judas Iscariotes queixou-se que o unguento “desperdiçado” na unção de Jesus poderia ter sido vendido por uma grande soma em dinheiro, que poderia ser distribuída entre os pobres (ver Mat. 26:9), circunstância essa que nos ajuda a entender o valor desse produto.

5. Usos dos Unguentos

a. Nas artes mágicas. Os homens sempre se deixaram impressionar pelos unguentos e seu grande valor, sendo natural que os mesmos estivessem associados a práticas mágicas. Os médicos egípcios usavam unguentos em conexão com seus ritos de cura, declarações mágicas e encantamentos. Um paralelo a esse costume era aquele de pintar o corpo dos pacientes. E nós, os cristãos, ungimos os enfermos com azeite, em consonância com o trecho de Tia. 5:14, embora sem imaginarmos que o azeite tenha qualquer propriedade mágica. Todavia, mesmo no mundo moderno, os unguentos continuam sendo substâncias mágicas, pelo menos para certos povos mais primitivos. E na cristandade, o uso sacramentalista de líquidos retém um certo caráter mágico, de acordo com aqueles que rejeitam o sacramentalismo.
b. Nos ritos religiosos. Tal uso tanto era privado quanto formal (empregado pelos sacerdotes) entre os hebreus, até onde a história nos faz retroceder. Jacó consagrou uma pedra, em Betei, derramando azeite sobre ela (ver Gên. 28:18; 35:14). Era usado um azeite sagrado na consagração_ de sacerdotes, e do tabernáculo e seus móveis e utensílios (ver Êxo. 30:22-33). Certas regras foram ditadas a esse respeito (Êxo. 30:23-25,33). Profetas eram ungidos em reconhecimento de seu ofício divino, como se vê no caso de Eliseu (I Reis 19:16). Os reis de Israel também eram ungidos (I Sam. 10:1; II
Reis 9:1-3). Portanto, o ato de ungir envolvia profetas, sacerdotes e reis. Cristo, o Ungido, está investido em todos esses três ofícios. Escudos e paveses também eram ungidos, em um ato de consagração, para proteção de seus usuários(ver II Sam. 1:21, Isa. 21:5). Algumas vezes, o processo da unção era acompanhado por alguma manifestação do Espírito Santo (I Sam. 16:13). O método de preparação do óleo da santa unção é descrito em Éxo. 30:22-25.
c. Propósitos cosméticos. Os fortes raios solares do Oriente Próximo e Médio inspiraram o uso de óleos para tratamento e proteção da pele humane. Os egípcios tinham práticas elaboradas quanto a isso, empregando cremes, pomadas, ruges, talcos, pintura de olhos, esmalte de unhas, além de vários tipos de óleo, os quais, sem qualquer mistura, eram aplicados à pele. As pessoas mais idosas queriam ficar mais jovens, e as pessoas jovens queriam preservar sua aparência juvenil, principalmente no caso de mulheres, naturalmente. O papiro cirúrgico Edwin Smith, que data de cerca de 1500 A.C., fornece-nos uma fórmula que seria garantida para rejuvenescer pessoas idosas. Essa inverdade continua sendo pespegada às pessoas até hoje, mas as mulheres continuam acreditando nela. Plínio e Teofrasto escreveram ensaios referentes à manufatura de cosméticos. Ver o artigo separado intitulado Cosméticos.
d. Propósitos medicinais. A medicina antiga sempre esteve às voltas com itens mágicos e supersticiosos. Para muitos antigos, a unção com azeite não era apenas um ato simbólico. Assim, o azeite era usado para pensar ferimentos (ver Isa. 1:6 e Eze. 10:34), e, nos tempos modernos, óleos os mais variados têm sido usados à larga na medicina. Gileade era lugar conhecido por sua produção de um bálsamo com grande valor medicinal (Jer. 8:22). Também havia colírios (Apo. 3:18), e os enfermos eram ungidos com azeite (Tia. 5:14). Por conseguinte, parle de uma prática judaica foi transferida para a Igreja cristã, e assim nunca desapareceu.
e. Preparação para o sepultamento. Os cadáveres eram ungidos, embalsamados e envoltos em tiras empapadas em óleos (Gên. 50:2,3,26; Mar. 16:1). Pessoas ricas gastavam muito dinheiro com esses ritos, enquanto que os pobres tinham de contentar-se com a mera unção com azeite de oliveira.
f. Ritos de hospitalidade. Os servos tinham por tarefa ungir os convivas de um banquete no Egito, na Assíria e na Babilônia. Além de óleos também era usada água perfumada para salpicar nas vestes dos convidados. Jesus repreendeu Simão, o fariseu, por ter deixado de prestar-Lhe essa cortesia tipicamente oriental (ver Luc. 7:46).
g. Pagamento de dívidas ou de tributo. Visto que os unguentos eram geralmente tão valorizados, algumas vezes eram usados com essas finalidades (ver Osé. 12:1).

6. Usos Simbólicos
a. Um sinal de alegria e satisfação (Sal. 45:7; Pro. 27:9; Isa. 61:3). b. Um sinal de hospitalidade (Sal. 23:5). c. Um sinal de prosperidade (Eze. 16:19). d. Um sinal de luxo e fausto (Pro. 21:17; Eze. 16:13). e. Um sinal de abundância (Deu. 32:13; 33:24). f. A ausência de unção simboliza tristeza e lamentação (II Sam 12:20,21; Dan. 10:3), ou, então, de jejum (Mat. 6:16;17) g. Nos sonhos e nas visões, o ato de ungir pode simbolizar a doação ou recebimento de autoridade espiritual, reconhecimento, o estado de alegria, vitória, ou a necessidade de curar ou ser curado.

7. Cristo, o Ungido

A palavra hebraica messiah, bem como a palavra grega christós significam, ambas, “ungido”. Na qualidade de profeta, sacerdote e rei, Cristo é o maior de todos os ungidos, o Ungido por excelência. Ver os artigos Cristo e Messias.