Víbora — Estudos Bíblicos

Víbora — Estudos Bíblicos

Víbora — Estudos Bíblicos





VÍBORA

No hebraico temos duas palavras, e no grego, uma, a saber:
1. Epheh, “víbora”. Esse vocábulo aparece por três vezes: Jó 20:16, Isa. 30:6, 59:5.
2. Akshub, “áspide”. Esse termo hebraico figura por apenas uma vez, em Sal. 140:3.
3. Echidna, “víbora”. Esse vocábulo grego foi usado por cinco vezes no Novo Testamento: Mat. 3:7; 12:34; 23:33; Luc. 3:7; Atos 28:3.
As quatro ocorrências da palavra hebraica epheh aparecem todas em passagens figuradas ou proféticas, que em nada nos ajudam a identificar precisamente a espécie, Todavia, esse termo hebraico é idêntico ao árabe afa’a, que pode indicar tanto as serpentes de modo geral quanto as víboras, mais especificamente. O contexto das passagens bíblicas envolvidas nos aiuda no sentido de que as espécies aludidas sempre são venenosas; em Jó 20:16, o escritor sagrado novamente relembra a antiga noção de que o veneno das cobras venenosas reside em sua língua, quando diz: ”Veneno de áspides sorveu, língua de víbora o matará”. O trecho de Isaías 59:5 é puramente figurado, e lemos ali: “...se um dos ovos é pisado, sai-lhe uma víbora”. Essa frase talvez confirme que se trata mesmo de uma víbora, porquanto a víbora é ovípara, ou seja, põe ovos. Na maior parte dos membros da espécie víbora, os ovos são retidos no interior do corpo da fêmea, até que se chocam e, entào, emergem, pelo oviduto. E, se uma dessas víboras grávidas for esmagada, então os ovos aparecem. Tal acidente, sem dúvida, deu origem à antiga história de que a víbora engole seus filhotes a fim de protegê-los de algum perigo. Quanto à outra palavra hebraica, akshub, os peritos não conseguem identificar qual a espécie exata de cobra está em foco, embora também possa estar em vista alguma espécie de víbora, motivo porque a alistamos acima.
Dentre as cinco ocorrências da palavra grega échidna, quatro aparecem dentro da expressão “raça de víboras”, utilizada tanto por João Batista (Mat. 3:7; Luc. 3:7) quanto pelo próprio Senhor Jesus, em diferentes contextos (Mat. 12:34; 23:33). É claro que a alusão, nessas passagens, é a serpentes venenosas, ao passo que a palavra “raça” sugere os filhotes da víbora, que emergem de dentro do corpo da cobra mãe. A outra referência, em Atos 28:3, é a única referência literal a uma víbora, em todas as Sagradas Escrituras, onde se registra que Paulo foi mordido por uma víbora, mas não morreu e nem mesmo sentiu os efeitos do veneno. Essa espécie é, tradicionalmente, identificada como a víbora comum da área do mar Mediterrâneo, mas, atualmente, estão extintas todas as serpentes venenosas da ilha de Malta (vide). É possível que as víboras se tivessem extinguido ali com a passagem do tempo; também é possível que a espécie em foco não fosse venenosa (em partes subdesenvolvidas, até hoje, toda cobra é considerada venenosa, e até mesmo a mordida de uma cobra não-venenosa causa um cheque nas pessoas); ou, finalmente, conforme parece ficar entendido no texto sagrado, houve mesmo uma intervenção divina, não permitindo que a peçonha da víbora o afetasse. Isso concordaria com o que diz Marcos 16:18, “...pegarão em serpentes...”, em que pese o fato de que os versículos 12-20 desse capítulo do segundo evangelho não aparecem nos melhores e mais antigos manuscritos. Poderíamos dizer que a víbora é quase sinônimo da “áspide”. Ver também o artigo sobre Serpente.
Serpentes venenosas, cujas precisas identificações são impossíveis. Os nomes hebraicos sem dúvida indicavam várias espécies. Quatro palavras hebraicas são traduzidas por víbora, serpente, etc. nas traduções modernas. Ver Gên, 49:17, Sal. 140:3 (Rom. 3:13), Sal. 58:4, 91:13, Jer. 8:17, Ecl. 10:11 e Jer. 8:17. Três das palavras usadas, por serem onomatopéicas, sugerem o silvar de várias víboras, ou então o ruído que certa espécie de víbora do deserto faz, ao esfregar suas escamas ásperas. A víbora da areia deu origem ao hieróglifo “f”, no antigo Egito.
1. Usos simbólicos: a. Qualquer coisa astuciosa, prejudicial, potencialmente perigosa: incluindo a ameaça de qualquer tipo de iniqüidade (ver Deu. 32:33—os rebeldes hebreus). b. Vinho em demasia (ver Pro, 23:32). c. A ameaça do dia do Senhor (ver Amós 5:19). d. Opressores estrangeiros (ver Isa. 14:29). e. Guerra fome e julgamentos divinos (ver Núm. 26:4-6, Jer. 8:17, Amós 9:13). f. O próprio Satanás (ver Gên. 3; Apo. 12:9,14,15). g. O ludibrio (ver Mat. 23:33) que se origina no próprio arquienganador. h. A sabedoria, sem haver qualquer má conotação necessária (ver Mat. 10:16). i. Os hipócritas (ver Mat. 23:33). j. Um mal inesperado (ver Ecle. 10:8).
2. Usos espirituais: 1. O sinal realizado por Moisés diante do povo de Israel Jver Êxo. 4:2-5; 28:30) e por Moisés e Arão diante do Faraó (ver Êxo. 7-8-12). Isso aludia ao poder e à autoridade de Deus, e em conseqüência, a seus representantes, em contraste com os deuses pagãos e seus agentes. 2. A serpente de metal posta no alto do poste, para cura de um povo rebelde (ver Núm. 21:9), tornou-se um símbolo de Cristo, que foi levantado na cruz para cura de todos os pecadores crentes. Esse símbolo introduz a famosa declaração de João 3:16. (Ver João 3:14,16). 3. O grande poder maligno e iludidor do próprio Satanás, que é astucioso e mortífero. O tentador que fez o homem mergulhar no pecado (ver Gên 3), o contínuo opositor do bem e do direito, até o final dos tempos (ver Apo. 12:9,14,15).
3. Serpentes bíblicas: Excetuando adivinhação, a identificação de espécies de serpentes, no tocante a passagens bíblicas específicas, é muito incerta. O cálculo pode ser devido a localidades ou condições locais específicas, que favoreçam a existência de mais de uma espécie que de outras. Há menção a serpentes por setenta vezes no Antigo Testamento e por trinta e duas vezes no Novo Testamento. Muitas serpentes da Palestina não são venenosas, mas há várias espécies perigosas. Algumas são pequenas e outras chegam a atingir dois metros. Estão bastante espalhadas, dos desertos às florestas. Umas têm hábitos noturnos, e outras, diurnos. Todos os répteis e anfíbios são animais de sangue frio, o que significa que não têm controle automático da temperatura do corpo, dependem de fontes externas de calor, pelo que precisam ou buscar ou evitar o sol, dependendo da necessidade do momento. A hibernação é empregada para proteger esses animais dos rigores do frio. A temperatura do corpo precisa ser conservada na faixa entre os 15° e os 27° centígrados.
a. A serpente do terceiro capítulo de Gênesis é um problema teológico, e não zoológico.
b. Serpentes produzidas por varas (ver Êxo. 4 e 7) abordam questões como magia negra ou intervenção sobrenatural. Encantamento de serpentes e maldições por serpentes eram aspectos comuns da religião egípcia, muito antes do êxodo de Israel. Alguns intérpretes insistem que a transformação de varas em serpentes era apenas um truque dos mágicos, mas essa opinião apenas subestima o poder do mal. O Antigo Testamento definidamente não indica que se tratava apenas de um truque. A serpente nisso envolvida podia ser uma dentre as maiores espécies, a inofensiva serpente Montpelier; mas os intérpretes preferem ver nisso a cobra egípcia (Naja haje), que até hoje é usada pelos encantadores de serpentes, na Egito. No Egito antigo, os amuletos tipo escaravelho retratavam cobras seguras pelo pescoço, que é a maneira correta de se manusear serpentes venenosas.
c. As serpentes abrasadoras do deserto (ver Núm. 21 e João 3:14). O local onde elas apareciam era o deserto de Neguebe, nas fronteiras com Edom, provavelmente a sudeste do mar Morto. Essas serpentes eram extremamente peçonhentas. A localização delas e essa condição reduzem a escolha a apenas quatro espécies: duas víboras da areia (cerastes vipera), a vibora tapete (Echis coleratus) e a Carinatus ou Carinatus cerastes, aue pode atingir mais de noventa centímetros de comprimento, e é bem adaptada às condições de vida no deserto. Algumas se escondem na areia, deixando de fora apenas uma parte da cabeça. Quase sempre matam roedores, mas sua picada também pode ser fatal para os seres humanos. A Cerastes vipera é pequena, com menos de 45 cm e menos perigosa. Como em todas as víboras, na parte da frente do maxilar superior, há um par de presas que se ocultam em dobras de pele que forram o palato duro. Essas presas são aguçadas e ocas, permitindo que o veneno seja injetado na vítima, inoculando-a assim daquele conteúdo natural.
A mais provável é que naquela narrativa bíblica esteja envolvida a víbora tapete, com escamas serrilhadas. Cresce até cerca de sessenta centímetros e é bastante fina. As espécies podem ser encontradas no oeste e no leste da África, no sudoeste da Ásia, no norte da índia, e na área bíblica em questão. Produzem um som desagradável quando roçam suas escamas, fazendo um movimento característico de oito. Seu veneno é típico da família das víboras, com efeitos hemolíticos, isto é, sobre o sangue, pois quebra os vasos capilares e rompe os corpúsculos, causando a morte Dor hemorragia interna generalizada. O processo da morte pode ser lento ou rápido. Esse efeito lento ou rápido do veneno assemelha-se aos efeitos do pecado sobre a alma. Os moribundos podem sentir-se relativamente bem por dois ou três dias, mas acabam morrendo, um quadro gráfico do pecador que se sente bem, mas que está em perigo mortal. (FA ND S UN Z)