Vontade Divina — Estudos Bíblicos
VONTADE DIVINA
Ver sobre Voluntarismo,
posição filosófico-teológica que exagera o papel da vontade divina, em
contraste com a vontade e a liberdade humanas. Ver sobre Livre-Arbítrio;
Determinismo e Predestinação. Ver também sobre Polaridade.
1. Definições e
Descrições. A vontade de Deus é a força suprema na criação, na preservação
e na salvação, e várias passagens bíblicas apresentam isso de maneira
não-qualificada, confome se vê, por exemplo, no nono capítulo de
Romanos. Por outra parte, outras passagens bíblicas dão o devido valor à
vontade humana, como um fator necessário e básico do homem, ser que
compartilha da imagem divina. Sem essa vontade, e sem a liberdade que
dela depende, o homem deixaria de ser homem, pois não mais compartilharia
da imagem de Deus. Seria reduzido a outra coisa qualquer, e a criação
seria anulada.
No Antigo
Testamento. O termo hebraico hapes
designa a idéia de “conselho divino”, com base em seu beneplácito, conforme
dizem algumas traduções. Ver Isa. 44:28; 46:10; 53:10. A palavra hebraica rason
alude à “boa vontade”, ao “favor” de Deus, ou seja, a vontade divina
empregada no interesse do bem-estar dos homens. Ver Esd. 10:11; Sal. 40:9;
103:21; 143:10. Não encontraremos qualquer dificuldade na idéia da vontade
suprema de Deus, se a pusermos por detrás de uma atitude divina
beneficente, e não destrutiva. É exatamente aí que o Mistério da
Vontade de Deus (vide) a põe. O vocábulo hebraico esa, “conselho”,
refere-se àquilo que foi deliberadamente planejado pela vontade divina
(ver Sal. 33:11; 73:24; Pro. 19:21; Isa. 5:19; 46:10).
No Novo
Testamento. Temos aí o termo grego boulé,
aquela determinação divina que está por detrás de seus propósitos e
deliberações (ver Luc. 7:30; Atos 2:23; 4:28; 20:27; Efé. 1:11). O termo grego thélema
refere-se à vontade e às inclinações divinas (ver Atos 22:14; Rom. 12:2; Efé.
1:9; 5:17; Col. 1:9). A palavra grega eudokía indica o ”beneplácito”
de Deus, mediante o qual a sua vontade faz aquilo que agrada a Deus e é
benéfico para o homem (ver Luc. 2:14; Efé. 1:5,9; Fil. 2:13).
2. A
Vontade Condicionada de Deus. A vontade de Deus é condicionada pela sua
própria bondade, razão e amor. Se não quisermos reconhecer esses
condicionamentos, teremos de cair no crasso voluntarismo (vide). A
salvação foi planejada em favor do homem, não porque ele a merece, mas
porque Deus amou o mundo e agradou-se a formular as coisas, através de sua
vontade, visando ao bem-estar do ser humano. Sem dúvida, esse é o
princípio normativo de todos os atos da vontade de Deus. Até mesmo a
vontade de julgar é uma vontade que concorda com o amor, visto que o
próprio juízo é um dedo da amorosa mão de Deus. Ver I Ped. 4:6, quanto
a seus resultados altamente benéficos, que inclui até mesmo viver
no espírito como Deus vive.
3. Os
Decretos de Deus (como a eleição, a redenção e a restauração; ver os
artigos sobre cada um desses assuntos) jamais são arbitrários ou cruéis. Esses
decretos determinam tudo quanto tem que acontecer (ver Sal. 115; 31; Dan. 4:17,25,32,35;
Atos 2:23; Efé. 1:5,9,11). A vontade moral de Deus mostra-nos como os
homens devem viver (ver Mat. 7:21; João 4:34; 7:17; Rom. 12:2). Apesa’ de
Deus não ser a causa do pecado, de algum modo isso concorda com o seu
propósito eterno, ativa e passivamente considerado. Deus controla e pune.
mas também usa o pecado para ensinar aos homens certas lições. Ver Êxo. 4:21;
Jos. 11:20; I Sam. 2:25; Atos 2:23; 4:28; II Tes. 2:11.
4. A
Vontade de Deus e a Salvação. Por detrás da salvação do homem
manifesta-se a vontade divina. Esse é o ABC do próprio ensino do
evangelho. A vontade eletiva de Deus seleciona quem deve ser salvo (ver Efé.
1:1 ss.)\ mas também devemos pensar na vontade restauradora de Deus
(ver Efé. 1:9,10), que envolve a todos os não-eleitos.
5. Os
homens pervertem a vontade de Deus, ers nando uma Reprovação (vide)
não-qualificada.
6. Um
dos grandes ensinos do Novo Testamento consiste no Mistério da Vontade
de Deus (vide). Ver Efé. 1:9,10; onde se aprende o que a vontade divina
resolveu fazer, finalmente, no tocante a todos os homens. Ver também o
artigo intitulauo Restauração.
7. A Vontade de Deus é Inescrutável. Ninguém pode entender plenamente a vontade
divina, da mesma maneira que ninguém pode compreender o próprio Deus. Ver Jó
9:10; Rom. 11:33. Desse modo, submetemo-nos obedientemente à vontade
divina, sabedores de que ele sempre agirá de forma justa e correta (ver Isa.
45:12,13, Rom. 9:16-23). Por outra parte, em sua ansiedade por compreender
tudo, alguns fazem de Deus o grande destruidor, e não o grande
restaurador, e assim criam um inaceitável conceito de Deus. Quando renegamos a
esse conceito que comete uma injustiça contra Deus, não estamos
blasfemando contra Deus. De fato, quando alguém salienta um lado negativo
da vontade divina, esquecendo-se do amor de Deus e da posição central do
amor nas Escrituras, acaba blasfemando contra Deus.
8. Vontade
de Deus — Como Descobri-la? Ver o artigo intitulado Vontade de Deus, Como
Descobri-la.