Explicação de Deuteronômio 4

Em Deuteronômio 4, Moisés enfatiza a obediência aos mandamentos de Deus e a lembrança da aliança à medida que os israelitas se aproximam da Terra Prometida. Ele os exorta a seguir fielmente essas leis sem alteração. Moisés relata o momento crucial no Monte Sinai, quando Deus entregou os Dez Mandamentos, ressaltando sua importância na formação da identidade e relacionamento da nação com Deus.

Moisés adverte severamente contra a idolatria e suas terríveis consequências, destacando a exigência de Deus por adoração exclusiva. Ele os lembra de sua jornada do Egito e enfatiza a importância de aderir às leis de Deus para seu bem-estar. Moisés apresenta bênçãos pela obediência e maldições pela desobediência, ressaltando a escolha crítica que eles enfrentam.

Explicação

O capítulo 4 apresenta a repetição da lei por Moisés. Aqui ele lidou particularmente com a adoração do único Deus verdadeiro e com as penalidades que seguiriam qualquer retorno à idolatria.

4:1–24 Israel foi ordenado a obedecer aos estatutos e aos juízos do Senhor Deus quando entrassem em Canaã (v. 1). Eles não deveriam acrescentar nem tirar nada (v. 2). A punição de Deus à idolatria praticada em Baal Peor deve servir como uma advertência constante (vv. 3, 4). (Talvez esse incidente específico da ira divina contra a idolatria seja mencionado aqui porque ocorreu pouco tempo antes e estaria fresco em suas mentes.) A obediência à lei faria com que Israel fosse admirado como uma grande nação pelos gentios ( vv. 5–8). Israel deveria lembrar de experiências passadas as bênçãos de seguir o Senhor (v. 8). Eles foram especialmente instruídos a se lembrar da entrega dos Dez Mandamentos no Monte Sinai (Horebe) (vv. 9–13).

Naquela época, eles não viram a forma de Deus; isto é, embora possam ter visto uma manifestação de Deus, não viram uma forma física que pudesse ser reproduzida por uma imagem ou ídolo. Eles foram proibidos de fazer uma imagem de qualquer tipo para representar Deus, ou de adorar o sol, a lua ou as estrelas (vv. 14–19). Os israelitas foram lembrados de sua libertação do Egito, da desobediência de Moisés e consequente julgamento, e da ira de Deus contra a idolatria (vv. 20-24). “Cuidado apenas de ti mesmo... para que não te esqueças” (v. 9); “Tenham cuidado com vocês mesmos... para que não ajam de maneira corrupta” (vv. 15, 16); “Cuidado, não vos esqueçais” (v. 23). Moisés conhecia muito bem a tendência natural do coração humano e, portanto, encarregou o povo de prestar muita atenção.

4:25–40 Se a nação nos anos posteriores se voltasse para os ídolos, ela seria enviada para o cativeiro (vv. 25–28). Mas mesmo assim, se o povo se arrependesse e se voltasse para o Senhor de todo o coração, Ele o restauraria (vv. 29–31). Nenhuma nação jamais teve os privilégios de Israel, particularmente os milagres relacionados com a libertação do Egito (vv. 32-38). Portanto, eles devem ser obedientes a Ele e, assim, desfrutar de Sua bênção contínua (vv. 39, 40). É um triste fato da história judaica que a nação foi submetida a um cativeiro de purificação por causa de sua desobediência e falha em levar a sério o aviso de Jeová. As advertências de Deus não são palavras vãs. Nenhum homem e nenhuma nação pode deixá-los de lado impunemente.

4:41–43 Moisés separou três cidades de refúgio no lado leste do Jordão — Bezer, Ramote-Gileade e Golã (vv. 41–43).

4:44–49 Aqui começa o segundo discurso de Moisés, proferido nas planícies de Moabe, a leste... do Jordão. O versículo 48 é o único caso em que o Monte Hermon é chamado de Monte Sião.

Notas Adicionais

Cap. 4 Moisés encerra seu primeiro discurso com uma exortação à obediência (1-40); é feita uma observação sobre a separação das três cidades de refúgio (41 -43); depois vem a introdução ao segundo discurso de Moisés (44-49).

4.1, 2 Estatutos... juízos... mandamentos. Essas palavras, bem como testemunhos (45) descrevem a lei em seus vários aspectos. Veja a nota de 26.16-19.

4.1 Para que vivais. A palavra de Deus, é o “pão da vida” e Suas palavras apontam o caminho da vida eterna, cf. 8.3; Mt 19.17; Jo 6.63.

4.2 Nada acrescentareis... nem diminuireis. Há uma clara distinção entre a palavra de Deus e a palavra do homem, cf. Mt 5.17-19; 15.6; Ap 22.18, 19. Muitas divisões e heresias na cristandade têm se originado daqueles que consideram as tradições humanas ou as chamadas “revelações” verdades divinas. Outras heresias têm surgido daqueles que solapam a revelação bíblica, ao negarem a autoridade e a inspiração divinas (cf. nota sobre 13.2).

4.5 No meio da terra. A lei visava primariamente a Israel. Seu cerimonial e regulamentos judiciais eram para ser usados por uma nação na terra, até que fosse feita a revelação posterior, quando Cristo viesse. (Cf. nota sobre 5.16).

4.8 Toda esta lei. A relevância da lei mosaica para o crente pode ser resumida como segue: “Primeiramente”, essa lei contém certos elementos transitórios a que não se obrigam os cristãos (4.5n). Em segundo lugar, encerra princípios eternos de santidade, justiça e verdade, incluídos no Decálogo e implícitos em toda a lei, que se impõe a todas as gerações de judeus e cristãos. A estes se refere a frase “está escrito” (Mt 4.10; 5.17; Rm 13.9; 1 Pe 1.16). Em terceiro lugar, como, parte da Bíblia inspirada, todo o livro foi escrito para nos instruir (Rm 15.4) e é muito “proveitoso” (2 Tm 3.16). Finalmente , é sabido que Moisés escreveu acerca de Cristo (Jo 5.46; Dt 1815 nota). Cristo, portanto, deve ser procurado nessas páginas, já que toda Lei tem o fim de nos conduzir a Ele (Gl 3.24).

4.9 Farás saber. É uma ênfase repetida, cf. 6.7; 11.19; 24.8; 31.19.

4.13 Sua aliança. Essa é a primeira das vinte e sete ocorrências desse tema em Deuteronômio. A palavra é aqui usada para indicar o estabelecimento de uma relação, de um vínculo permanente entre os dois lados. Pelo pacto de Horebe, Deus tomou a Israel como Seu povo particular e Israel o tomou como seu Senhor (Êx 19.5, 8), cf. Is 42.6n.

4.15 Aparência nenhuma vistes. Ninguém jamais viu a Deus Pai (Jo 1.18). Deus é espírito (Jo 4.24), e é errado o homem tentar representá-lo materialmente para um auxílio à adoração. Quando o Antigo Testamento se refere a manifestações visíveis de Deus, pode referir-se a um aparecimento do Cristo pré-encarnado. Um estudo cuidadoso de todas as referências do Antigo Testamento ao “anjo do Senhor” parece indicar que assim sucede. Veja-se a nota de 2 Cr 3.1.

4.19 O sol, a lua. Já no tempo de Abraão se erguiam grandiosos templos à lua, em Ur. No Egito, em Om (Heliópolis), prestava-se culto ao sol.

4.20 Povo de herança. Os crentes de hoje também são povo de uma herança (1 Pe 1.4), neste caso eterna.

4.24 Deus zeloso. A palavra hebraica qãnã, tanto pode significar “zeloso”, como ”ciumento” aliás duas ideias que andam intimamente ligadas. O amor de Deus é muitas vezes comparado ao do marido que se dá sem reservas e que espera em troca um amor incondicional.

4.27 Vos espalhará entre os povos. Israel é avisado que seriam exilados de sua herança como pena pela idolatria. Cf. nota sobre 28.64.

4.29 De lá. Não importando onde estiver, nem suas circunstâncias, qualquer um pode encontrar a Deus se realmente O busca de todo o coração (Jo 4.23, 24).

4.31 Aliança... teus pais. Embora Israel viesse a sofrer a pena máxima (27) por violar o pacto mosaico, Deus seria gracioso para com Israel, à base do pacto abraâmico anterior. Cf. 30.20; Lv 26.33, 42; Gn 15. • N. Hom. O emprego de objetos materiais para adorar a Deus: 1) É incompatível com a natureza espiritual de Deus (15); 2) Conduz à adoração aos próprios objetos (19); 3) Pode levara uma vida corrupta (16); 4) Incorre na ira de Deus (25b-26).

4.34 Desde os princípios da existência humana, os homens foram desenvolvendo crenças e costumes religiosos, e, já no tempo de Moisés cada tribo e região tinha sua religião local, imutável, já havia séculos. Eram ideias humanas produzidas pelo fato de a própria natureza do universo proclamar muita coisa sobre Seu Criador, Sl 19.1. A ideia de Deus procurar deliberadamente um povo, resgatando-o com amor e poder, era desconhecida aos pagãos.

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