Interpretação de 1 Coríntios 2
1 Coríntios 2
Em 1 Coríntios 2, o apóstolo Paulo enfatiza a importância de confiar na sabedoria de Deus, que é revelada por meio do Espírito Santo. Ele contrasta a sabedoria mundana com a sabedoria divina e sublinha que o poder do evangelho não reside na eloquência humana, mas na mensagem de Jesus Cristo crucificado. Paulo encoraja os crentes a terem discernimento espiritual e lembra-lhes que possuem a mente de Cristo através do Espírito Santo, capacitando-os a compreender e abraçar a sabedoria de Deus. O capítulo sublinha a superioridade da sabedoria de Deus sobre a sabedoria humana e o papel do Espírito Santo em iluminar as verdades espirituais para os crentes.Interpretação
2:1-5 O tema continua, apresentando agora o escritor seu próprio testemunho entre os coríntios. Ele, também, não se baseava na sabedoria deste mundo, nem a sua mensagem (vs. 1, 2), método (vs. 3, 4) ou motivos (v. 5). Eu faz a ligação.2:1, 2 Testemunho (intrinsecamente preferível à mistério, tradução de muitos manuscritos antigos). Não há nenhuma indicação nesta passagem, nem em Atos 17, que Paulo pregasse a mensagem simples de Cristo crucificado por causa de algum sentimento de fracasso (como alguns têm sugerido) em face do modo filosófico de tratar do assunto em Atenas. Na realidade, em Atenas, o método de Paulo não foi basicamente filosófico. O sermão de Paulo começou com a revelação bíblica da criação (cons. Atos 17:24) e terminou com a nota da Ressurreição (Atos 17:31). Moffat está certo ao dizer: “Em Atenas ele não pudera começar com qualquer crença na ressurreição, como podia fazê-lo numa sinagoga” (MNT, pág. 22; cons. N.B. Stonehouse, Paul Before the Aeropagus and Other New Testament Studies, pág. 25-27).
2:3, 4 Em vez de persuasão humana, o método de Paulo envolvia demonstração do Espírito e de poder. A palavra demonstração refere-se à produção de provas em uma argumentação diante de um tribunal (MM, pág. 60, 61). A nova vida dos coríntios era prova conclusiva do poder de Deus neles (cons. I Ts. 1:5).
2:5 Para que introduz o motivo. A pregação simples de Paulo tinha o intuito de evitar que os coríntios se apegassem a uma fé que dependesse de lógica e argumentação filosófica, uma fé à mercê de outros argumentos dessa mesma natureza. “O que depende de um argumento inteligente, fica à mercê de outro argumento mais inteligente” (ICC, pág. 34). Uma fé, entretanto, que se baseia no poder de Deus tem fundamento sólido e duradouro.
2:6-12 A esta altura alguém pode deduzir, que Paulo não dava valor à sabedoria e que ele considerava a verdade cristã fora do reino do intelecto. O apóstolo explica isso mostrando que o Evangelho contém uma sabedoria, mas uma sabedoria espiritual. As palavras introdutórias, Entretanto, expomos sabedoria faz a ligação (sofian, “sabedoria”, está em posição de ênfase no texto grego).
2:6 Experimentados, maduros nas coisas de Deus (cons. 14:20; Fp. 3:15), foi igualado por Paulo com espiritual (I Co. 2:15). A cláusula, Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados, pode ser uma declaração que resume a seção. A sabedoria seria o assunto dos versículos 6-12, o falar, ou ensiná-la, o assunto do versículo 13 (observe o “falamos”), e os experimentados, o assunto do restante da seção (F. Godet, Commentary on St. Paul's First Epistle to the Corinthians, I, 135).
2:7-9 Um mistério. Não alguma coisa misteriosa, mas um segredo divino, uma verdade que não se pode descobrir sem a revelação divina.
2:10-12 No-lo (posição enfática no texto grego) contrasta os crentes com o mundo. A eles Deus... revelou sua sabedoria pelo seu Espírito, o qual foi dado para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente.
2:13 Paulo passa de maneira natural para o método de comunicação. Esta sabedoria, diz ele, falamos (palavras) ensinadas pelo Espírito Santo – uma declaração enfática de que o conhecimento da verdade divina não pode ser atribuído ao intelecto e capacidade mental, em primeiro lugar. Paulo busca sua origem na posse do Espírito de Deus, o Professor perfeito e o Juiz perfeito da doutrina. As palavras têm sido usadas para sustentar os proponentes da inspiração verbal (a verdadeira doutrina). Mas aqui Paulo escreveu falamos e não escrevemos, referindo-se assim à apresentação oral. A cláusula final apresenta um problema de difícil interpretação. Conferindo pode estar certo, pois a palavra significa isto mesmo na única vez em que aparece em outro lugar do N.T. (II Co. 10:12). O contexto, entretanto, esta decididamente contra o significado fora do comum da palavra. Ela pode também ter o sentido de “interpretando”, ou “ explicando” (cons. Gn. 40:8; Dn. 5:15-17, LXX). A tradução seria então, explicando coisas espirituais a homens espirituais. Ou teria o significado comum da palavra, “combinando”, e poderia então traduzir para combinando coisas espirituais com palavras espirituais (preservando a referência que acabou de ser feita à palavras). Isto parece preferível, e Paulo, por isso, refere-se ao “aliar palavras e pensamentos relacionados” (Exp GT, lI, 783). O apóstolo recebeu esta verdade de Deus e revestiu-a na linguagem dada pelo Espírito Santo. Sua reivindicação é que seus pronunciamentos eram dados por Deus e orientados pelo Espírito.
2:14 A percepção subjetiva desta verdade toma-se agora o tópico. Ora introduz o contraste com o homem natural, o que não é cristão (cons. Judas 19; Rm. 8:9). A palavra grega traduzida para natural significa “dominado pela alma”, o princípio da vida física. Este homem dominado pela alma não aceita (lit, aceitar bem; cons. Atos 17:11; I Ts. 1:6) as verdades divinas, nem pode entendê-las, pois se discernem espiritualmente (pelo Espírito) (cons. I Co. 2:10, 11). Ouvidos humanos não percebem a alta frequência das ondas do rádio; homens surdos não são capazes de servirem como juízes em concursos de música; homens cegos não podem desfrutar da beleza dos cenários, e os que não são salvos são incompetentes para julgarem as coisas espirituais, as verdades práticas mais importantes.
2:15, 16 O homem espiritual tem a potencialidade de entender tudo. Ele mesmo não é julgado por ninguém. Por ninguém (que não seja espiritual), pois o que não é espiritual não tem o relacionamento necessário com o Espírito para julgar o espiritual. Isto explica porque tão frequentemente os cristãos constituem verdadeiros enigmas para os que são do mundo, e às vezes enigmas para os cristãos currais. Muita controvérsia entre os cristãos pode remontar à origem deste princípio.
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Fonte: MORRIS, Leon. 1 Corinthians, (Tyndale New Testament Commentaries), vol. 7.