Interpretação de 1 Coríntios 5
1 Coríntios 5
Em 1 Coríntios 5, o apóstolo Paulo aborda uma questão específica dentro da igreja de Corinto: um caso de imoralidade sexual que tem sido tolerado entre os membros. Ele repreende a igreja pela sua complacência e instrui-os a remover a pessoa imoral do seu meio.
Paulo compara esta situação a um pouco de fermento que pode permear toda a massa, enfatizando a necessidade de disciplina e pureza dentro da igreja. Ele esclarece que não está se referindo àqueles que estão fora da igreja, mas àqueles que afirmam ser crentes e ainda assim continuam em pecado impenitente.
O capítulo sublinha a importância de manter a pureza moral dentro da comunidade cristã e a necessidade da disciplina eclesial quando um membro persiste em pecado flagrante. Também destaca a distinção entre o comportamento esperado dos crentes e daqueles que estão fora da fé.
Interpretação
5:1-13 Diz-se frequentemente que a única Bíblia que o mundo lerá é a vida diária do cristão, e do que o mundo precisa é uma versão revisada! Os próximos dois capítulos foram escritos por Paulo com a intenção de produzir uma versão revista coríntia, de modo que a ortodoxia pudesse ser seguida pela “ortoprática” (cons. Roy L. Laurin, Life Matures, pág. 103, 104). O capítulo 5 trata de um conhecido caso de incesto na igreja. Os crentes, em vez de lamentar o fato, estavam complacentemente permitindo que o caso permanecesse sem julgamento, talvez até mesmo se orgulhando de sua liberdade (vs. 1, 2; cons. 6:12). Paulo expressa sua posição no assunto (5:3-5), insiste com a igreja a exercer disciplina (vs. 6-8), e conclui com um esclarecimento das instruções da carta anterior (vs. 9-13). Ensoberbecidos (v. 2) indica uma leve ligação com o precedente (cons. 4:6, 18, 19), mas a verdadeira ligação é com os seguintes (com. v. 1; 6:9, 13-20). Ambos os capítulos tratam de desordens. A falta de um conectivo em 5:1 o confirma, e dá também às palavras de introdução uma força explosiva nos ouvidos dos serenos coríntios, calmamente descansando “à vontade em Sião”.5:1. Geralmente. Seria melhor, na verdade (cons. Arndt, pág. 568). A fornicação era incesto, proibido pela Lei (Lv, 18:8; Dt. 22:22). Há (tempo presente) sugere algum tipo de união permanente (cons. Mt. 14:4). O destaque dado ao homem pode indicar que a mulher, sua madrasta, não era cristã. O pai talvez estivesse morto ou fosse divorciado. Menciona. Omitido em vista de fracas confirmações textuais. O pecado era proibido pela lei romana.
5:2 Ensoberbecidos pela falsa liberdade, os crentes estavam “inchados”. Uma igreja não pode prevenir o mal de modo absoluto, mas deve sempre praticar a disciplina. Não chegastes a lamentar, para que fosse tirado refere-se à censura eclesiástica ou a exclusão.
5:3, 4 Paulo já julgara o assunto em espírito. Suas palavras davam a orientação quanto a atitude própria a ser tomada.
5:5 A substância do seu julgamento aqui. Entregue a Satanás é de difícil interpretação (cons. I Tm. 1:20). Provavelmente se refere ao entregar o homem ao mundo como se pertencesse a Satanás (cons. I Jo. 5:19). Para destruição da carne tem sido aceito no sentido moral da anulação dos apetites carnais. Destruição é forte demais para esse ponto de vista, embora, é claro, a disciplina tem de ser curativa. Provavelmente é melhor ver aqui a ideia de um castigo corporal, ao qual o pecado persistente conduz, de acordo com m ensinamentos do N.T., não apenas nem carta (cons. I Co. 11:30), mas também outros lugares (cons. I Jo. 5:16, 17). O propósito da ação foi apresentada na cláusula seguinte.
5:6 O princípio que apoia a necessidade de disciplina é este. “Nunca diga, desculpando-se, que afinal de contas este caso é único. Um só, mas poderá contaminar a massa toda (xv. 33)” (MNT. pág. 57). O pecado sempre se alastra e contamina se não abandonado, exatamente como o veneno, as ervas daninhas e o câncer.
5:7 Pois (E.R.C.). Uma atitude decisiva torna-se necessária. Como sois de fato sem fermento expressa a posição dos crentes, à qual a condição deles deve corresponder. Sua purificação deve se manifestar na vida limpa. Pois explica. Os antecedentes das observações do apóstolo são as Festas da Páscoa e dos Pães Asmos. A Páscoa (cons. Êx. 12:1-28) prefigurava o Cristo na qualidade do Cordeiro de Deus, que tiraria o pecado do mundo através do seu sacrifício no Gólgota (cons. Jo. 1:29). A Festa dos Pães Asmos (cons. Êx, 12: 15-20; 13:1-10), durante a qual os israelitas não deviam ter fermento em suas casas (o fermento referindo-se tipicamente ao pecado, é claro), prosseguia durante a semana que se seguia à morte do cordeiro. Esta festa prefigurava a vida de santidade que devia seguir-se à morte do cordeiro e consequente alimentação dos que participavam, sendo os sete dias um círculo de tempo completo. A Páscoa, então, é típica e ilustrativa da obra de Cristo que morreu pelos seus. Isto aconteceu, escreveu Paulo, foi imolado por nós (tempo aoristo, encarando o acontecimento como uma coisa feita de uma vez por todas). A Festa dos Pães Asmos é uma ilustração da vida de santidade do crente, uma coisa contínua, e assim Paulo escreve, por isso celebremos a festa (v. 8; tempo presente, ação duradoura). E exatamente como uma migalha de fermento na casa do israelita significa julgamento (cons. Êx. 12:15), assim o pecado na vida do crente significa julgamento. Eis aí a necessidade da disciplina.
5:8 A conclusão (por isso) da exortação de Paulo encontra-sé aqui. A pureza e a retidão devem caracterizar o crente, não a perversidade do homem e da igreja nesta questão do incesto. Essas virtudes divinas deviam ser o alimento da festa cristã.
5:9 Agora o apóstolo esclarece instruções dadas em uma carta anterior (veja Introdução), uma carta atualmente perdida.
5:10, 11 Um cristão deve ter um certo contato com o mundo; caso contrário teria de sair do mundo, uma impossibilidade manifesta (pelo menos até o advento da era espacial!). A chave para compreensão da ordem do versículo 9 é o verbo associar-se (vs. 9, 11), que significa literalmente misturar-se com (cons. Arndt, pág. 792). A ideia é da comunhão em família. O apóstolo sabia que uma certa comunhão com o mundo devia existir nas atividades diárias da vida. Entretanto, ao irmão sob disciplina era preciso negar comunhão, e particularmente os crentes não deviam com esse tal nem ainda comer, a mais evidente demonstração de comunhão.
5:12 Pois explica que Paulo, na carta perdida, não se referia ao mundo, mas aos irmãos, quando falava da negação da verdade. Ele não se preocupava com aqueles que estão de fora; estavam em território divino (cons. A.R. Gausset, em JFB V, 297). Os coríntios, entretanto, tinham obrigação de julgar os que estão dentro.
5:13 O pois deveria ser omitido, o qual dá à sentença final da excomunhão, uma enfática força sumária (cons. Dt. 24:7).
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