Interpretação de 2 Coríntios 1
2 Coríntios 1
2 Coríntios é uma carta profundamente pessoal e teológica. Nele, Paulo aborda várias questões e preocupações relacionadas ao seu relacionamento com a igreja de Corinto, ao seu ministério e aos desafios que ele e seus colegas missionários enfrentaram. A carta é marcada pelo tom emocional, com Paulo expressando seu amor pelos coríntios e seu desejo de fortalecer sua fé e compreensão.A carta pode ser dividida em vários temas e seções principais, incluindo:
Conforto no Sofrimento: Paulo começa discutindo o conforto que Deus proporciona em tempos de sofrimento e provações. Ele enfatiza a ideia de que Deus é a fonte de todo conforto e que os crentes podem encontrar consolo na sua fé.
A defesa de Paulo sobre seu ministério: Ao longo de 2 Coríntios, Paulo defende sua autoridade apostólica e sua sinceridade como mensageiro de Cristo. Ele aborda críticas e acusações que foram levantadas contra ele por alguns membros da igreja de Corinto.
A Coleta para os Santos: Paulo também discute uma coleta que está organizando para os cristãos necessitados em Jerusalém. Isto reflete a sua preocupação pela comunidade cristã mais ampla e a importância de apoiar os irmãos crentes em tempos de necessidade.
Vangloriar-se na fraqueza: Paulo introduz o conceito de vangloriar-se na fraqueza, enfatizando que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza humana. Ele relata várias dificuldades e desafios que enfrentou em seu ministério.
Exortações e Apelos: Ao longo da carta, Paulo oferece exortações e apelos aos cristãos de Corinto, exortando-os a viver fielmente, evitar comportamento pecaminoso e reconciliar-se com ele e entre si.
Teologia da Reconciliação: Paulo fornece insights teológicos profundos sobre o conceito de reconciliação entre Deus e a humanidade através de Jesus Cristo. Ele enfatiza o ministério da reconciliação confiado aos crentes.
2 Coríntios é uma carta rica e complexa que oferece insights sobre os pensamentos, lutas e teologia de Paulo. Fornece orientação valiosa para a vida cristã e destaca a importância da unidade, da fidelidade e da graça de Deus na vida dos crentes. Esta epístola continua a ser uma fonte significativa de inspiração e orientação para os cristãos hoje.
2 Coríntios 1
A. O sofrimento de Paulo é recíproco. 1:1-7.1) Saudação. 1:1, 2.
1:1. O epíteto apóstolo, extensamente usado nas cartas de Paulo (cons. Ef. 1:1; Cl. 1:1; I Tm. 1:1; lI Tm. 1:1), epitomiza sucinta e incisivamente o encargo e a missão de Paulo (cons. Gl. 1:1). Santos é uma descrição paralela da fraternidade cristã (cons. Rm. 1:7; I Co. 1:2; Ef. 1:1; Fp. 1:1; Cl. 1:1). O termo é sempre remanescente da mudança radical que aconteceu (cons. II Co. 5:17; I Co. 6:11). O território que incluía toda a Acaia continha Atenas (cons. Atos 17:14) e Cencreia (cons. Rm. 16:1).
1:2. No protocolo da salvação, reconhecida até mesmo em uma saudação, a graça sempre precede a paz. A primeira é a base e fundamento da última; portanto, a ordem não pode ser mudada. Nenhum homem pode ter paz se previamente não experimentar a graça (cons. 8:9). A divindade de Cristo está enfaticamente afirmada na saudação e na doxologia (13:14) desta epístola. A simples preposição da parte (apó) reúne Deus, nosso Pai e o Senhor Jesus Cristo numa indissolúvel união. O título completo de Cristo deve ser devidamente considerado.
1:3. O adjetivo verbal bendito (eulogetos), sempre aplicado às pessoas divinas no N.T. (11:31; Mc. 4:61; Lc. 1:68; Rm. 1:25; 9:5; Ef. 1:3; Cl. 1:3; I Pe. 1:3), descreve a felicidade e bem-aventurança infinitas que existem na Trindade. Aqui Paulo caracteriza Deus 1) de acordo com Sua natureza interna – bendito; 2) de acordo com Seu relacionamento trinitariano – Pai de nosso Senhor Jesus Cristo; e 3) de acordo com Seus atributos – Pai de misericórdias e Deus de toda consolação. A palavra oiktirmos significa “piedade, misericórdia, compaixão”; no N.T. está sempre no plural (Rm. 12:1; Fp. 2:1; Cl. 3:12; Hb. 10:28) – possivelmente para expressar a natureza variegada da virtude.
Tribulação agonizante. 1:4-7.
1:4. Deus consola os crentes. O conforto de Deus é: 1) ativo – que nos conforta; 2) extensivo – em toda a nossa tribulação; 3) objetivo – para podermos consolar; 4) específico – em qualquer angústia; 5) reflexivo – com a consolação com que nós mesmos somos contemplados. Tribulação (thlipsis; em outras passagens desta epístola - 1:8; 2:4; 4:17; 6:4; 7:4; 8:2, 13).
1:5. Cristo conforta os crentes. O assim... como... no grego, aqui, compara duas coisas de igual classe ou natureza (como em Lc. 11:30; 17:26; Jo. 3:14; 14:31; Cl. 3:13). Pelos sofrimentos de (o) Cristo devemos entender as aflições do Messias, do Ungido (cons. Lc. 24:26, 46; Fp. 3:10; Cl. 1:24; I Pe 1:11). O verbo transbordar (são abundantes, perisseuo) é más ou menos típico desta epístola (lI Co. 3:9; 4:15; 8:2, 7, 8, 12).
1:6. Observe os passivos presentes no original – estamos sendo atribulados... estamos sendo consolados. Quer atribulados, quer confortados, o resultado é sempre o bem dos filhos de Deus. As palavras, o qual se torna eficaz, traduzem o particípio médio presente de energeo. Na forma média sempre está implícito algum tipo de força misteriosa ou sobrenatural (cons. 4:12; Rm. 12:6, 11; Gl. 5:6; Ef. 3:20; Cl. 1:29; I Ts. 2:13; lI Ts. 2:7; Tg. 5:16). Na forma ativa Deus é sempre o sujeito (cons. I Co. 12:6, 11; Gl. 2:8; Ef. 1:11, 20; Fp. 2:13).
1:7. A nossa esperança escatológica (cons. I Ts. 2:19) baseia-se diretamente sobre o fato de que a salvação é firme (bebaios, “digna de confiança, segura, certa” – Arndt). Em sabendo que (isto é, já que sabemos) Paulo declara a causa objetiva de sua certeza quanto aos coríntios (cons. I Ts. 1:4). O como... assim... (como em II Co. 7:14; Ef. 5:24) difere só um pouquinho da construção do versículos. A palavra por trás de participantes (koinonos) usa-se em relação ao companheirismo físico (cons. II Co. 8:23), participação moral (cons. Mt. 23:30; I Co. 10:18, 20; Hb. 10:33) e união espiritual (cons. I Pe. 5:1; II Pe. 1:4 ).
O Desespero de Paulo é Aliviado. 1:8-14.
1:8. A natureza da nossa tribulação (thlipsis; veja v. 4) que sobreveio na Ásia (isto é, na província romana da Ásia) tem sido muito debatida. Alguns comentadores pensam na dolência da turba em Éfeso (cons. Atos 19:23-41; I Co. 15:32) como sendo esta tribulação. Seja o que for – e a linguagem que foi aqui usada coloca-se entre as experiências humanas mais cruciantes foi uma dessas provações que Paulo suportou por causa do nome de Cristo (cons. Atos 9:16; também Sl. 69:1 e segs.; Is. 43:2).
1:9. Como Isaque (cons. Hb. 11:17-19), Paulo tinha uma sentença de morte sobre ele; e, como Abraão, ele podia confiar novamente no Deus que ressuscita os mortos (cons. Gn. 22:1-18).
1:10. O verbo (rhuomai) traduzido para livrou foi também usado em relação a Ló (II Pe. 2:7, 9), Paulo (II Tm. 4:17) e os crentes (I Ts. 1:10). Paulo realmente atravessou e triunfantemente “saiu da provação” aqui descrita (com. Rm. 8:35-39; também Sl. 66:12; 69:14; 144:7). A descrição tão grande (cons. o seu uso em Hb. 2:3; Tg. 3-4 ; Ap, 16 : 18) revela a magnitude limitada de sua provação. O livramento de Paulo foi li uma providência maravilhosa – o qual nos livrou; 2) uma profecia certa – e livrará; 3) uma promessa feliz – em quem temos esperado que ainda continuará a livrar-nos. O futuro livramento foi cumprido em II Tm. 4:17.
1:11. Este versículo pode ser traduzido de diversas maneiras. Os pensamentos básicos são os seguintes: lia eficácia da oração no livramento de Paulo; 2) a mercê recebida pelo apóstolo; 3) a consequente ação de graças por muitas pessoas. Paulo tinha fé na oração intercessória (cons. Rm. 15:30, 31; Fp. 1:19; Cl. 4:12). A palavra karisma significa “um dom (oferecido de graça e pela graça), um favor concedido” (Arndt). Não se limita aos dotes ministeriais (cons. Rm. 1:11; I Co. 1:7; I Pe. 4:10).
1:12. A palavra glória (kauchesis) é encontrada 4 vezes nesta epístola (7:4, 14; 11:10, 17), mas somente 5 vezes no restante do Novo Testamento. Por temos vivido, Paulo quer dizer, que três árbitros determinaram a sua conduta: 1) sua consciência; 2) santidade e sinceridade de Deus; 3) o mundo e os Coríntios. A espiritualidade irreconciliável e incompatível é representada pela sabedoria humana (cf. Tg. 3:15) e pela graça divina (cf. I Co. 3:10; 15:10; Ef. 3:2, 7, 8).
1:13. Paulo era um homem consistente, quer lidando com os judeus hostis (cons. Atos 26:22), quer com cristãos recalcitrantes. O que ele escrevia em suas cartas podia ser lido e inteiramente reconhecido (so epiginosko, aqui traduzido para compreendeis; cons. I Co. 13:12). A frase grega heos telous pode ser traduzida para de todo ou até ao fim (E.R.C.). O fato que a palavra usada aqui, usualmente indica “o fim” (cons. Mt. 24:6, 14; I Co. 15:24), além do fato de que no próximo versículo refere-se à Segunda Vinda, parece justificar até o fim (E.R.C.) segundo as melhores traduções (cons. I Co. 1:8).
1:14. A saudação de Paulo sobre os coríntios tornou-se comovente porque a verdadeira motivação de seu ministério entre eles foi “inteiramente reconhecida” (o mesmo verbo do v. 13) apenas em parte, rito é, por alguns deles (veja a mesma construção em Rm. 11:25; I Co. 13:9). O Segundo Advento é chamado de o dia (como em I Co. 1:8; 3:13; 5:5; Fp. 1:6, 10; I Ts. 5:2; lI Ts. 2:2).
A Digressão de Paulo é Justificada. 1:15 – 2:17.
1) O Plano é Projetado. 1:15, 16.
1:15. A palavra pepoithesis, traduzida aqui para confiança, foi usada no N.T. apenas por Paulo (3:4; 8:22; 10:2; Ef. 3:12; Fp. 3:4). O segundo benefício (karis) abrange a dupla bênção que seda deles com as suas duas visitas (cons. Rm. 1:11).
1:16. O plano projetado por Paulo incluía quatro estágios: 1) uma viagem direta a Corinto; 2) uma viagem por terra de Corinto à Macedônia; 3) uma viagem de volta a Corinto; 4) uma viagem de Corinto à Judeia. Frequentemente Paulo discorria sobre seu proposto itinerário (cons. Rm. 1:10; 15:22; I Ts. 2:18).
2) O Plano é Criticado. 1:17.
Paulo responde às acusações que lhe são feitas – de vacilar e usar métodos carnais – 1) usando a lógica (porventura; mas no grego, foram usadas ambas, oun e ara); 2) por uma negativa enfática (meti; cons. Mt. 7:16; 26:22, 25); 3) pela repetição (sim sim, e não não, E.R.C.); 4) pela ênfase da ordem (que só pode ser vista no grego).
3) O Plano é Compreendido. 1:18-22.
1:18. Como Deus é fiel pode ser tomada como um juramento ou como uma simples declaração (“Mas Deus é fiel em que a nossa palavra para convosco não foi sim e não”). Paulo frequentemente apelava para a fidelidade divina como prova da veracidade do Evangelho que ele proclamava (cons. I Co. 1:9; I Ts. 5:24; lI Ts. 3:3).
1:19. Este versículo revela 1) a pessoa, 2) a pregação, 3) os pregadores, e 4) a positividade da mensagem: todos unidos em Cristo. A diferença entre foi (aoristo de ginomai) em não foi e o houve (perfeito de ginomai) em houve o sim deve ser notada: “não se tornou sim e não, mas ele tornou-se (e permaneceu) sim” (cons. Jo. 1:14; Ap. 1:17, 18).
1:20. O quantas representa corretamente o pronome grego que foi usado aqui (veja seu uso em Mt. 14:36; Jo. 1:12; Atos 3:24; Rm. 2:12; Fp. 3:5). Todas as promessas de Deus realizam-se e são cumpridas em Cristo (cons. Rm. 15:8, 9).
1:21, 22. Não devemos passar por cima das referências à Trindade em 1:18-22: 1) a certeza dada por Deus (v. 18); 2) a centralidade que se encontra em Cristo (vs. 18-20); 3) o testemunho estabelecido pelo Espírito (vs. 21, 22). Paulo apela para uma experiência atual (confirma tempo presente de bebaioo; cons. seu uso em Mc. 16:20; Rm. 15:8; I Co. 1:6, 8; Cl. 2:7; Hb. 2:3; 13:9), que está confirmada por três atos simultâneos e decisivos que aconteceram na regeneração – ungiu... selou ... deu...; (todos no tempo aoristo). O verbo (krio) traduzido para ungiu foi usado em relação à unção do Espírito Santo (cons. Lc. 4:18; Atos 4:27; 10:38; Hb. 1:9). O nome Cristo (“O Ungido”) vem da mesma raiz. O penhor (arrabon; usado apenas em II Co. 5:5; Ef. 1:14) é o pagamento inicial de uma compra; uma garantia
O Plano é Mudado. 1:23-2:4.
1:23. Paulo apresenta uma razão negativa (para vos poupar; 1:23 – 2:4a) e uma razão positiva (para que conhecêsseis o amor, etc.; 2:4b) a fim de mudar o projeto do seu plano. Eu, porém, por minha vida, tomo a Deus por testemunha representa corretamente as palavras de Paulo (cons. 11:31; Rm. 1:9; Fp. 1:8; I Ts. 2:5, 10). A declaração não tornei ainda pode ser traduzida para “não tenho mais” – estando implícito que Paulo desistira de visitar Corinto até que certas coisas fossem lá corrigidas (cons. II Co. 13:2, 10).
1:24. Para que as palavras “para vos poupar” não fossem mal interpretadas, Paulo faz seus leitores se lembrarem que ele não está buscando tirania eclesiástica sobre a fé deles (cons. 4:5; 11:20; I Pe. 5:3). A palavra alegria (kara) ocorre nesta epístola (1:24; 2:3; 7:4, 13; 8:2) com a mesma frequência de Filipenses (1:4, 25; 2:2, 29; 4:1). Podemos ler pela fé ou na fé – o primeiro indicando recurso; o último, esfera. Firmados, veja também Rm. 5:2; 11:20; I Co. 15:1; I Pe. 5:9.
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