II. RELAÇÃO COM OS EVANGELHOS SINÓTICOS

Alguns sentem dificuldade em reconciliar a apresentação de Cristo, no quarto Evangelho, com o quadro tal qual se apresenta nos Evangelhos sinóticos. Aparentemente, há divergências na apresentação e duração do ministério de Jesus e no conteúdo de seus ensinos. Contudo, é fácil exagerar estas diferenças. (Jo 7.1) mostra conhecimento do ministério de Jesus na Galiléia, ao qual os sinóticos dão testemunho principal. Eles, por sua vez, confirmam certo ministério em algum tempo no sul do país, desde que se referem a discípulos por lá. É bem razoável acreditar num ministério, tendo Jerusalém como centro, assim como narra este Evangelho (Mc 11.3-6; Mc 14.12-16). Este ministério estende-se, aproximadamente, por três anos, enquanto que nos sinóticos, o ministério ocupa um ano.

A cronologia geral da semana da paixão parece discordar daquela dos sinóticos. Em João, por exemplo, o incidente da unção precede à entrada triunfal em Jerusalém e aconteceu seis dias antes da páscoa. A crucificação ocorreu antes de os judeus terem comido a refeição pascoal a 14 de Nisã, enquanto que os sinóticos dão a entender que Cristo a comeu com os seus discípulos. A maioria dos problemas a este respeito pode ser enquadrada na presente inabilidade de estabelecer alguma cronologia, devido aos dados incompletos. Deve ser lembrado que os Evangelhos são apresentações de Cristo; não são biografias no moderno sentido da palavra. (Ver nota em Jo 1.1-38).