Comentário de João 4:14

Mas, quem quer que beba da água que eu lhe der,... Querendo dizer, o Espírito e sua graça; veja João 7:38; e que ele mais uma vez menciona, como sua dádiva aqui, e no contexto: de que, quem quer que verdadeiramente participe...

Nunca sentirá sede;... Ou sede pelos desejos e luxúrias pecaminosos e prazeres, e o modo vicioso anterior deles de viver, o qual ele agora se distancia: mas não que não haja mais desejos por coisas carnais em pessoas regeneradas, como houve nos Israelitas, pelas cebolas, alhos, e panelas de carne no Egito, quando eles foram tirados de lá; ainda assim, estes não são tão fortes, prevalecentes, e predominantes; eles são refreados e restritos pela graça de Deus; de forma que eles não desejam fortemente o pecado como faziam eles antes da conversão, nem bebem a iniquidade como se fosse água, ou comete pecado com ganância, como antes: ou então significa tendo sede da graça de Deus; as pessoas sedentas são convidadas a irem e beberem de graça da água da vida livremente, e assim são declaradas santificadas; e é prometido, que eles serão cheios, ou satisfeitos dela; ainda não assim nesta vida, que eles nunca terão sede ou desejarão mais; porque como eles precisam de mais graça, e é prometido isso a eles, eles têm forte sede por ela, e desejam-na; e quanto mais eles provam e participam dela, mais eles desejam dela: mas o sentido aqui é, ou como alguns leem as palavras, “eles não terão sede para sempre”; embora eles possam durante um tempo estar em uma condição aflita, desejando uma provisão dela, contudo, eles não estão sempre assim; Deus abrirá os rios e as fontes para eles, e dará de beber aos seu povo, o seu escolhido; eles não terão fome e nem terão sede nunca mais; porque o Cordeiro os conduzirá a fontes de águas vivas: ou, antes, eles nunca terão sede, nem serão como o sedento na terra seca, e que não tem nenhuma umidade neles; porque, embora isso possa, às vezes, parecer ser o caso deles, Deus irá, e fará, despejar águas e inundações neles até que não haja mais necessidade; sim, aquela graça é infusa nas suas almas, é um princípio abundante e permanente que os preservará de adoecerem a ponto de perecerem:

Mas a água que eu lhe der, será nele como uma fonte de água;... Que denota a plenitude dela; porque a graça de Deus dada na conversão é abundantemente excedente, ultrapassa grandemente o pecado; foi grandemente nos corações dos homens regenerados, e flui deles, como rios de água vida: que também sustenta, porque é contínuo.

Jorrando para a vida eterna: É uma semente que permanece, um princípio imortal e que nunca morre; é inseparavelmente conectado com a vida eterna; é o princípio da vida, e o que a gera; que quem quer que tenha graça terá glória; e quem quer que seja chamado, santificado, justificado e perdoado será glorificado: tal é a natureza, influência e o uso dessa água viva, na dádiva de Cristo: as palavras da lei são, no Targum em Cantares 4:15 comparadas a uma fonte de água viva.



Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible