Introdução Bíblica: Livro de Efésios

introdução biblica, livro de efesios, estudos biblicos
Escritor: Paulo
Lugar da Escrita: Roma
Escrita Completada: c. 60-61 EC

Imagine-se na prisão. Está ali por ter sido perseguido por causa de sua atividade zelosa como missionário cristão. Agora que não pode mais viajar e visitar as congregações para fortalecê-las, o que fará? Não poderá escrever cartas aos que se tornaram cristãos mediante seu trabalho de pregação? Não estarão eles provavelmente imaginando como está, e não estarão porventura precisando de encorajamento? Com toda a certeza! De modo que você começa a escrever. É exatamente o que o apóstolo Paulo fez quando ficou preso em Roma pela primeira vez, por volta de 59-61 EC. Ele apelara a César, e, embora esperasse o julgamento e estivesse sob guarda, tinha a liberdade de se empenhar em alguma atividade. Paulo escreveu de Roma, provavelmente em 60 ou 61 EC, a sua carta “Aos Efésios”, e a enviou por intermédio de Tíquico, acompanhado de Onésimo. — Efé. 6:21; Col. 4:7-9.

Paulo menciona a si mesmo como o escritor logo na primeira palavra e quatro vezes faz referências ou alusões a si próprio como “o prisioneiro no Senhor”. (Efé. 1:1; 3:1, 13; 4:1; 6:20) As contestações a ser Paulo o escritor ficaram sem efeito. O Papiro Chester Beatty N.° 2 (P46), que, acredita-se, foi escrito por volta do ano 200 EC, tem 86 folhas de um códice que contém as epístolas de Paulo. Entre elas acha-se a epístola aos efésios, revelando assim que figurava naquele tempo entre as suas cartas.

Escritores eclesiásticos primitivos confirmam que Paulo escreveu essa carta e que foi dirigida “aos efésios”. Por exemplo, Irineu, do segundo século EC, citou Efésios 5:30, como segue: “Conforme diz o bendito Paulo na epístola aos Efésios, somos membros do seu corpo.” Clemente de Alexandria, da mesma época, citou Efésios 5:21, ao dizer: “Portanto, também, ele escreve na epístola aos Efésios: Estai sujeitos uns aos outros, no temor de Deus.” Orígenes, que escreveu na primeira metade do terceiro século EC, citou Efésios 1:4, ao dizer: “Mas também o apóstolo, na epístola aos Efésios, emprega a mesma linguagem, quando diz: Aquele que nos escolheu desde a fundação do mundo.” Eusébio, outra autoridade na primitiva história cristã (c. 260-340 EC), inclui Efésios no cânon da Bíblia, e a maioria dos outros primitivos escritores eclesiásticos se refere a Efésios como fazendo parte das Escrituras inspiradas.

O Papiro Chester Beatty, bem como os Manuscritos Vaticano N.° 1209 e Sinaítico, omitem as palavras “em Éfeso”, do capítulo 1, versículo 1, e assim não indicam a quem se dirige a carta. Este fato, também a ausência de saudações a indivíduos em Éfeso (embora Paulo tivesse labutado ali por três anos), tem levado alguns a supor que esta carta pode ter sido dirigida a outra parte, ou, pelo menos, deve ter sido uma circular às congregações da Ásia Menor, incluindo Éfeso. No entanto, a maioria dos demais manuscritos incluem as palavras “em Éfeso”, e, conforme observamos acima, os primitivos escritores eclesiásticos aceitaram-na como carta aos efésios.

Algumas informações do fundo histórico nos ajudarão a entender o propósito desta carta. No primeiro século da Era Comum, Éfeso era conhecida pela sua bruxaria, magia, astrologia e adoração da deusa da fertilidade, Ártemis. Em volta da estátua da deusa, erigiu-se um magnífico templo considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Segundo as escavações feitas nesse local no século 19, o templo foi construído sobre uma plataforma que media cerca de 73 metros de largura e 127 metros de comprimento. O próprio templo tinha cerca de 50 metros de largura e 105 metros de comprimento. Tinha 100 colunas de mármore, de uns 17 metros de altura cada uma. O teto era coberto de grandes telhas de mármore branco. Diz-se que se usou ouro em lugar de argamassa nas junturas dos blocos de mármore. O templo atraía turistas de todas as partes da terra, e os visitantes chegavam a centenas de milhares de pessoas, que afluíam à cidade durante as festas. Os prateiros de Éfeso tinham negócio próspero, vendendo pequenos santuários de prata de Ártemis aos peregrinos como lembranças.

Paulo parara em Éfeso durante a sua segunda viagem missionária, para breve visita de pregação, e então deixara ali Áquila e Priscila para continuarem o trabalho. (Atos 18:18-21) Ele retornou na sua terceira viagem missionária e permaneceu ali cerca de três anos, pregando e ensinando “O Caminho” a muitos. (Atos 19:8-10; 20:31) Paulo trabalhou arduamente enquanto se achava em Éfeso. A. E. Bailey escreve em seu livro Daily Life in Bible Times (A Vida Cotidiana nos Tempos Bíblicos): “O costume normal de Paulo era trabalhar na sua profissão desde o amanhecer até às 11 horas da manhã (Atos 20:34, 35), hora em que Tirano finalizava seu ensino; daí, das 11 da manhã até às 4 da tarde, pregava no recinto, conferenciava com os assistentes, . . . daí, por fim, fazia uma visitação evangelística de casa em casa, que ia das 4 horas da tarde até altas horas da noite. (Atos 20:20, 21, 31) A pessoa se pergunta quando achava tempo para comer e dormir.” — 1943, página 308.

No decorrer desta zelosa pregação, Paulo expôs o uso das imagens na adoração. Isto incitou a ira dos que as faziam e as vendiam, como o prateiro Demétrio, e, em meio ao alvoroço, Paulo teve de, por fim, sair da cidade. — Atos 19:23-20:1.

Agora, enquanto está na prisão, Paulo pensa sobre os problemas que a congregação de Éfeso enfrenta, cercada de adoradores pagãos e à sombra do imponente templo de Ártemis. Esses cristãos necessitavam, sem dúvida, da apropriada ilustração que Paulo lhes faz agora, mostrando que eles constituem o “templo santo”, onde Deus habita por meio de seu espírito. (Efé. 2:21) “O segredo sagrado”, que está sendo revelado aos efésios, a respeito da administração por parte de Deus (seu modo de manejar os assuntos de sua casa) por meio da qual ele restauraria a união e a paz por intermédio de Jesus Cristo, era indubitavelmente uma grande inspiração e um consolo para eles. (1:9, 10) Paulo frisa a união de judeus e gentios em Cristo. Exorta em prol da união, da unificação. Podemos assim entender o propósito, o valor e a óbvia inspiração deste livro.