Comentário de J.W Scott: Miquéias 2:1-11

comentario biblico do livro de miqueias
II. DENÚNCIA DE MIQUÉIAS CONTRA OS OBREIROS DO MAL Miquéias 2.1-3.12

II.a Os gananciosos donos de terras (Mq 2.1-11)

Prossegue o caso de Jeová contra Seu povo, porém, em lugar de um veredito quanto à vida social e religiosa de Judá, são isoladas classes particulares que têm provocado essa condenação para serem execradas, e é dada alguma idéia quanto à vida social e religiosa de Judá e quanto aos males de que a nação estava a sofrer.

Novos-ricos na cidade desejavam possuir propriedades. À noite não dormiam, traçando esquemas sobre como podiam adquirir terras. Pela manhã, usavam de sua influência nos lugares próprios (1). Mediante a ajuda de ilegítimos procedimentos legais, os aldeões que possuíam terras eram expulsos à força e certo número de fazendas era reunido a fim de formar uma propriedade de tamanho apreciável (2). Aquelas pessoas desafortunadas eram assim obrigadas a se tornarem trabalhadores casuais, ou pedintes, ou então a se venderem como escravos. Desse modo a nação perdia sua vitalidade, pois sua classe de aldeões independentes era sua verdadeira coluna vertebral. O problema era ao mesmo tempo religioso e econômico, e o mesmo mal foi denunciado por Isaías (Is 5.8). Cf. a história da vinha de Nabote, em 1Rs 21.

Após a acusação (1-2) aqueles gananciosos donos de terras são advertidos que seu castigo estaria de conformidade com seu crime. As terras que haviam surrupiado de outras pessoas lhes seriam tomadas (4). Nenhum deles seria capaz do ficar com um lote da terras em Israel (5).

Não profetizeis (6). Irados por causa dessas diretas acusações, diziam a Miquéias que se calasse; mas o profeta responde amargamente, dizendo que era porque não queriam sentir-se de consciência pesada que desejavam que ele desistisse. Ou então a totalidade do versículo 6 pode ser considerada como as palavras dos ricos que, quando repreendidos, replicam com gritos confusos: "Parai com essas profecias! Estão profetizando (contra nós)! Não farão isso! Suas repreensões nunca cessarão?"

Não ficando intimidado com a recepção desfavorável à sua mensagem, Miquéias tentou arrazoar com eles. Seus caminhos são os caminhos de Deus? Caso fossem realmente povo de Jacó, por que a obra do Espírito de Deus não era discernível em suas vidas? São estas as suas obras? (7). Só poderiam esperar bênçãos da parte de Deus se agissem retamente. Então o profeta fá-los enfrentar algumas de suas recentes ações, a fim de demonstrar quão aquém haviam ficado dos requerimentos de Deus. Agiam como inimigos daqueles que confiavam neles e roubavam-nos de suas próprias vestes (8). Expulsavam mulheres e crianças de seus lares (9). O profeta conclui essa parte de sua mensagem de condenação e advertência com um apelo para que agissem. Ele os conclama para que se levantem de sua pecaminosidade. Pois, se permanecessem atolados em sua presente perversidade, em sua condição ociosa, eventualmente seriam destruídos (10).

Porém, o povo não queria um profeta da retidão. Preferiam um indivíduo folgazão, a arrotar do vinho e da bebida forte (11), um ministério popular no pior sentido da palavra. Teriam, portanto, a espécie de pregador que mereciam. Tal povo, tal sacerdote.

Os versículos 12 e 13 parecem pertencer a um período diferente das passagens anteriores e posteriores, e serão tratados com sua seção aparentada, em Mq 5.2-4 (q.v.).