Panorama do Evangelho de Marcos


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O batismo e a tentação de Jesus (1:1-13). Marcos começa as boas novas identificando João, o Batizador. Ele é o predito mensageiro, enviado a proclamar: “Preparai o caminho de Yehowah, fazei retas as suas estradas.” A respeito Daquele que em breve vem, o batizador diz: ‘Ele é mais forte do que eu.’ Sim, ele batizará, não com água, mas com espírito santo. Jesus vem então de Nazaré da Galiléia, e João o batiza. O Espírito desce sobre Jesus em forma de pomba, e ouve-se uma voz dos céus: “Tu és meu filho, o amado; eu te tenho aprovado.” (1:3, 7, 11) Jesus é tentado por Satanás no ermo, e anjos lhe ministram. Todos estes eventos dramáticos estão condensados nos primeiros 13 versículos de Marcos.

Jesus inicia seu ministério na Galiléia (1:14-6:6). Depois de João ser preso, Jesus vai pregar as boas novas de Deus na Galiléia. Que mensagem surpreendente tem ele! “O reino de Deus se tem aproximado. Arrependei-vos e tende fé nas boas novas.” (1:15) Ele convida Simão e André, bem como Tiago e João, a deixar suas redes de pesca para se tornarem seus discípulos. Começa a ensinar no sábado na sinagoga, em Cafarnaum. O povo fica assombrado, pois ele ensina ‘como quem tem autoridade e não como os escribas’. Demonstra a sua autoridade como sendo “o Santo de Deus”, por expulsar um espírito impuro de um homem possesso, e curando a sogra de Pedro, que estava doente com febre. As notícias se espalham rapidamente, e ao anoitecer “a cidade toda” tinha-se ajuntado do lado de fora da casa de Simão. Jesus cura a muitos enfermos e expulsa muitos demônios. — 1:22, 24, 33.

Jesus declara sua missão: “Para que eu pregue.” (1:38) Ele prega em toda a Galiléia. Aonde quer que vá, expulsa demônios e cura os doentes, incluindo um leproso e um paralítico a quem diz: “Teus pecados estão perdoados.” Alguns dos escribas raciocinam nos seus corações: ‘Isto é blasfêmia. Quem pode perdoar pecados senão Deus?’ Jesus, discernindo seus pensamentos, prova que ‘o Filho do homem tem autoridade para perdoar pecados’, dizendo ao paralítico que se levante e vá para casa. O povo glorifica a Deus. Quando o cobrador de impostos Levi (Mateus) se torna seu seguidor, Jesus diz aos escribas: “Não vim chamar os que são justos, mas pecadores.” Demonstra ser “Senhor até mesmo do sábado”. — 2:5, 7, 10, 17, 28.

Jesus forma então o grupo de 12 apóstolos. Seus parentes manifestam certa oposição, e daí alguns escribas de Jerusalém acusam-no de expulsar demônios por meio do governante dos demônios. Jesus lhes pergunta: “Como pode Satanás expulsar a Satanás?”, e adverte-os: “Quem blasfemar contra o espírito santo, nunca terá perdão, mas é culpado de pecado eterno.” Durante a palestra, sua mãe e seus irmãos vêm procurá-lo, e Jesus é induzido a declarar: “Todo aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, e minha irmã e minha mãe.” — 3:23, 29, 35.

Jesus começa a ensinar “o segredo sagrado do reino de Deus” mediante ilustrações. Fala a respeito do semeador da semente que cai em diversas espécies de solo (ilustrando as diferentes espécies de ouvintes da palavra) e da lâmpada que reluz no seu velador. Em outra ilustração, Jesus diz que o Reino de Deus é como quando um homem lança sementes no solo: “O solo, por si mesmo, dá gradualmente fruto, primeiro a lâmina, depois a espiga, finalmente o grão cheio na espiga.” (4:11, 28) Conta também a ilustração do grão de mostarda, que, embora seja a menor de todas as sementes, torna-se enorme com grandes ramos que servem de abrigo.

Quando atravessam o mar da Galiléia, Jesus miraculosamente faz com que um vento violento se amaine, e o mar tempestuoso se acalma às suas ordens: “Silêncio! Cala-te!” (4:39) Na terra dos gerasenos, Jesus expulsa uma “Legião” de demônios de certo homem e permite que entrem numa manada de cerca de 2.000 porcos, que, por sua vez, se precipitam dum despenhadeiro e são afogados no mar. (5:8-13) Depois disso, Jesus volta à margem oposta. Uma mulher é curada de um fluxo de sangue, incurável já por 12 anos, por simplesmente tocar na vestimenta de Jesus, que está a caminho para ressuscitar a filha de 12 anos, de Jairo. Deveras, o Filho do homem tem autoridade tanto sobre a vida como sobre a morte! Entretanto, o povo no território de Jesus questiona a sua autoridade. Ele se admira de sua falta de fé, mas continua a percorrer “as aldeias num circuito, ensinando”. — 6:6.

Expansão do ministério na Galiléia (6:7- 9:50). Os 12 são enviados de 2 em 2, com instruções e autoridade para pregar e ensinar, curar pessoas e expulsar demônios. O nome de Jesus torna-se bem conhecido, alguns pensando que ele é João, o Batizador, levantado dentre os mortos. Esta possibilidade preocupa a Herodes, durante cuja festa de aniversário natalício João fora decapitado. Os apóstolos voltam de sua viagem de pregação e fazem um relatório de suas atividades para Jesus. Uma grande multidão segue a Jesus pela Galiléia, e ele ‘tem pena deles, porque são como ovelhas sem pastor’. De modo que começa a ensinar-lhes muitas coisas. (6:34) Ele também amorosamente fornece alimento material, alimentando 5.000 homens com cinco pães e dois peixes. Pouco depois, quando os discípulos no barco estão lutando com grande dificuldade contra um vendaval, ao rumar a Betsaida, ele vem caminhando sobre o mar na direção deles e acalma o vento. Não é de admirar que até mesmo os seus discípulos fiquem “grandemente pasmados”! — 6:51.

No distrito de Genesaré, Jesus passa a conversar com os escribas e fariseus de Jerusalém sobre comer sem lavar as mãos, e repreende-os por ‘deixarem o mandamento de Deus e apegarem-se à tradição de homens’. Diz que não é o que entra no homem que o torna impuro, mas o que sai do íntimo, do coração, a saber, “raciocínios prejudiciais”. (7:8, 21) Indo para o Norte, para as regiões de Tiro e de Sídon, realiza um milagre a favor duma pessoa gentia, expulsando um demônio da filha de uma mulher siro-fenícia.

De volta a Galiléia, Jesus novamente tem pena da multidão que o segue e alimenta 4.000 homens com sete pães e alguns peixinhos. Adverte seus discípulos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes, mas nessa ocasião eles não conseguem entender o ponto. Daí, outro milagre — a cura de um cego em Betsaida. Numa palestra a caminho das aldeias de Cesaréia de Filipe, Pedro identifica convincentemente a Jesus como sendo “o Cristo”, mas daí objeta fortemente quando Jesus fala dos sofrimentos que lhe sobrevirão e da morte do Filho do homem. Por causa disso, Jesus o repreende: “Para trás de mim, Satanás, porque não tens os pensamentos de Deus, mas os de homens.” (8:29, 33) Jesus exorta seus discípulos para que o sigam continuamente por causa das boas novas; caso se envergonhem dele, ele se envergonhará deles quando chegar na glória de seu Pai.

Seis dias mais tarde, estando num alto monte, Pedro, Tiago e João são privilegiados em ver “o reino de Deus já vindo em poder”, ao contemplarem Jesus transfigurado em glória. (9:1) Jesus demonstra outra vez a sua autoridade, expulsando de um menino um espírito mudo, e ele fala uma segunda vez do sofrimento e da morte que lhe sobrevirão. Aconselha seus discípulos a não permitirem que nada os impeça de entrar na vida. A tua mão te faz tropeçar? Decepa-a! Teu pé? Decepa-o! Teu olho? Lança-o fora! É muito melhor entrar mutilado no Reino de Deus do que ser lançado inteiro na Geena.

Ministério na Peréia (10:1-52). Jesus chega às fronteiras da Judéia e “ao outro lado do Jordão” (à Peréia). Os fariseus então o interrogam sobre o divórcio, e ele aproveita a oportunidade para declarar princípios piedosos para o casamento. Certo jovem rico lhe pergunta sobre como herdar a vida eterna, mas fica contristado ao ouvir que, para ter um tesouro no céu, precisa vender os seus bens e tornar-se seguidor de Jesus. Jesus diz a seus discípulos: “É mais fácil um camelo passar pelo orifício duma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus.” Encoraja os que abandonaram tudo por causa das boas novas, prometendo-lhes “cem vezes mais agora . . . com perseguições, e no vindouro sistema de coisas a vida eterna”. — 10:1, 25, 30.

Jesus e os 12 põem-se então a caminho de Jerusalém. Jesus fala-lhes pela terceira vez a respeito dos sofrimentos que o aguardam, e também sobre a sua ressurreição. Ele lhes pergunta se são capazes de beber do mesmo copo que ele está bebendo, e lhes diz: “Quem quiser ser o primeiro entre vós, tem de ser o escravo de todos.” Ao saírem de Jericó, um mendigo cego clama da beira da estrada: “Filho de Davi, Jesus, tem misericórdia de mim!” Jesus faz com que o cego enxergue — a sua última cura milagrosa, segundo registrado por Marcos. — 10:44, 47, 48.

Jesus em Jerusalém e cercanias (11:1- 15:47). A narrativa se desenrola rapidamente! Jesus entra na cidade montado num jumentinho, e o povo o aclama Rei. No dia seguinte, purifica o templo. Os principais sacerdotes e os escribas ficam com temor dele e procuram matá-lo. “Com que autoridade fazes estas coisas?”, perguntam eles. (11:28) Jesus habilmente responde propondo-lhes outra pergunta e conta a ilustração dos lavradores que mataram o herdeiro do vinhedo. Eles entendem o ponto, e o deixam.

A seguir, enviam alguns dos fariseus para pegá-lo na questão do imposto. Pedindo um denário, ele pergunta: “De quem é esta imagem e inscrição?” Eles replicam: “De César.” Jesus diz então: “Pagai de volta a César as coisas de César, mas a Deus as coisas de Deus.” Não é de admirar que se maravilhem dele! (12:16, 17) Então, os saduceus, que não crêem na ressurreição, tentam apanhá-lo com a pergunta: ‘Se uma mulher teve sete maridos em sucessão, de qual deles será esposa na ressurreição?’ Jesus replica prontamente que os que se levantarem dentre os mortos serão “como os anjos nos céus”, pois não se casarão. (12:19-23, 25) “Que mandamento é o primeiro de todos?”, pergunta um dos escribas. Jesus responde: “O primeiro é: ‘Ouve, ó Israel: Yehowah, nosso Deus, é um só Yehowah, e tens de amar a Yehowah, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua mente, e de toda a tua força.’ O segundo é este: ‘Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo.’” (12:28-31) Depois disso, ninguém mais se atreve a interrogá-lo. Fica confirmada a autoridade de Jesus como instrutor perfeito. A grande multidão o ouve com prazer, e Jesus acautela-os contra os pretensiosos escribas. Daí, elogia perante seus discípulos a viúva pobre que depositou no cofre do templo mais do que todos os outros, pois as suas duas pequenas moedas eram “tudo o que tinha, todo o seu meio de vida”. — 12:44.

Sentado no monte das Oliveiras, com o templo à vista, Jesus fala a quatro de seus discípulos em particular sobre “o sinal” da conclusão destas coisas. (Este é o único discurso longo registrado por Marcos, e é um paralelo do de Mateus, capítulos 24 e 25.) Encerra-se com a seguinte admoestação de Jesus: “Acerca daquele dia e daquela hora ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai. Mas, o que eu vos digo, digo a todos: Mantende-vos vigilantes.” — 13:4, 32, 37.

Em Betânia, lugar bem próximo, certa mulher unge a Jesus com dispendioso óleo perfumado. Alguns protestam contra isso, dizendo que é desperdício, mas Jesus diz que foi uma ação excelente, uma preparação para o seu enterro. Na época designada, Jesus e os 12 se reúnem na cidade para a Páscoa. Ele identifica seu traidor e institui a ceia da comemoração com seus discípulos fiéis, e daí saem para o monte das Oliveiras. A caminho, Jesus diz que todos eles tropeçarão. “Eu não”, exclama Pedro. Mas Jesus lhe diz: “Esta noite, antes de o galo cantar duas vezes, até mesmo tu me terás repudiado três vezes.” Ao chegarem ao lugar chamado Getsêmani, Jesus se retira para orar, pedindo a seus discípulos para manterem-se vigilantes. Sua oração culmina com as palavras: “Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; remove de mim este copo. Contudo, não o que eu quero, mas o que tu queres.” Três vezes Jesus retorna a seus discípulos, e três vezes os acha dormindo, até mesmo “numa ocasião destas”! (14:29, 30, 36, 41) Mas chegou a hora! Eis — o traidor!

Judas se aproxima e beija a Jesus. Este é o sinal para os homens armados dos principais sacerdotes prendê-lo. Eles o levam perante o tribunal do sumo sacerdote, onde muitos levantam falso testemunho contra ele, mas os seus depoimentos não estão em acordo. O próprio Jesus fica calado. Finalmente o sumo sacerdote interroga-o: “És tu o Cristo, o filho do Bendito?” Jesus replica: “Sou.” O sumo sacerdote clama: ‘Blasfêmia!’ Todos o condenam, dizendo que merece a morte. (14:61-64) No pátio embaixo, Pedro negou a Jesus três vezes. O galo canta pela segunda vez, e Pedro, lembrando-se das palavras de Jesus, fica abatido e chora.

Logo ao clarear o dia, o Sinédrio reúne-se e envia Jesus amarrado a Pilatos. Ele logo percebe que Jesus não é criminoso e tenta libertá-lo. Todavia, às instâncias da turba, incitada pelos principais sacerdotes, ele finalmente entrega Jesus para ser pregado na estaca. Ele é levado à Gólgota (que significa “Lugar da Caveira”) e é pregado na estaca, estando escrito mais acima a acusação: “O Rei dos Judeus.” Os transeuntes o vituperam, dizendo: “A outros ele salvou; a si mesmo não pode salvar!” Ao meio-dia (a sexta hora) cai uma escuridão sobre todo o país até às quinze horas. Daí, Jesus clama com alta voz: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”, e expira. Ao ver estas coisas, um oficial do exército comenta: “Certamente este homem era o Filho de Deus.” José de Arimatéia, membro do Sinédrio, mas crente no Reino de Deus, pede a Pilatos o corpo de Jesus e o coloca num túmulo aberto na rocha. — 15:22, 26, 31, 34, 39.

Eventos após a morte de Jesus (16:1-8). Bem cedo, no primeiro dia da semana, três mulheres vão ao túmulo. Para sua surpresa, notam que a grande pedra à entrada havia sido rolada. “Um jovem”, que está sentado ali dentro, lhes diz que Jesus foi levantado. (16:5) Ele não mais está ali, mas vai adiante delas para a Galiléia. Elas fogem do túmulo, tremendo e tomadas de medo.