Teologia da Carta aos Hebreus

Teologia da Carta aos Hebreus

Teologia da Carta aos Hebreus

Craig L. Blomberg

Deus introduziu aspectos superiores relativos à adoração ao enviar à terra seu Filho, Jesus Cristo. Foi assim porque Jesus, o Fundador do cristianismo, é superior aos anjos e ao profeta Moisés. O sacerdócio de Cristo é de grande superioridade quando comparado ao dos levitas no antigo Israel. E o sacrifício de Jesus é muito superior ao dos animais que eram oferecidos sob a Lei mosaica.

Esses pontos são esclarecidos na carta aos hebreus. Pelo que parece, foi escrita pelo apóstolo Paulo em Roma, por volta de 61 EC, e enviada aos crentes hebreus na Judéia. Desde tempos antigos, os cristãos gregos e asiáticos criam que Paulo foi o escritor, e isto é apoiado tanto pela abrangente familiaridade do escritor com as Escrituras Hebraicas quanto pelo uso de desenvolvimento lógico, que são característicos do apóstolo. Ele omitiu seu nome talvez por causa do preconceito dos judeus contra ele e por ser conhecido como “apóstolo para as nações”. (Romanos 11:13) Examinemos agora mais de perto os aspectos superiores do cristianismo, conforme revelados na carta de Paulo aos hebreus.

I. Cristo É Superior aos Anjos e a Moisés

A primeira coisa mostrada é a Posição superior do Filho de Deus. ( 1:1-3:6) Os anjos lhe prestam homenagem, e seu domínio régio repousa em Deus. Portanto, devemos dar extraordinária atenção ao que foi falado pelo filho. Ademais, devemos lembrar que, embora o homem Jesus tenha sido menor do que os anjos, ele foi exaltado acima deles e recebeu domínio sobre a vindoura terra habitada.

Jesus Cristo também é superior a Moisés. Como assim? Bem, Moisés era apenas assistente na casa israelita de Deus. Contudo, Deus colocou Jesus sobre toda essa casa, ou congregação do povo de Deus.

II. Os Cristãos Entram no Descanso de Deus

A seguir, o apóstolo indica que é possível entrar no descanso de Deus. (3:7-4:13) Os israelitas libertados da escravidão egípcia não entraram nesse descanso porque foram desobedientes e não tinham fé. Mas nós podemos entrar nesse descanso se exercermos fé em Deus e obedientemente seguirmos a Cristo. Neste caso, em vez de apenas observarmos um sábado semanal, usufruiremos todo dia a bênção superior de ter descanso de todas as obras egoístas.

Entrar no descanso de Deus é uma promessa de Sua palavra, que “é mais afiada do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito”. Ela faz isto no sentido de que penetra para discernir as motivações e atitudes, para fazer separação entre os desejos carnais e a disposição mental. (Veja Romanos 7:25.) Se nossa “alma”, ou vida como pessoa, estiver unida a um “espírito”, ou disposição, piedoso, entraremos no descanso de Deus.

III. Sacerdócio e Pacto Superiores

Paulo mostra, a seguir, a superioridade do sacerdócio de Cristo e do novo pacto. (4:14-10:31) O imaculado Jesus Cristo tem compaixão dos humanos pecaminosos porque, como nós, foi provado em todos os sentidos. Ademais, Deus o designou para ser “sacerdote para sempre à maneira de Melquisedeque”. Dessemelhante dos sumos sacerdotes levitas, Jesus tem vida indestrutível e, por isso, não precisa de sucessores em sua obra de salvar vidas. Ele não tem de oferecer sacrifícios animais, pois ofereceu seu imensamente superior corpo sem pecado e entrou no céu com o valor do seu sangue.

O novo pacto, validado pelo sangue de Jesus, é superior ao pacto da Lei. Os que estão no novo pacto têm as leis de Deus no coração e gozam perdão de pecados. (Jeremias 31:31-34) Sua gratidão por isso os induz a fazer declaração pública de sua esperança e a reunir-se com concrentes. Diferentes deles, os pecadores deliberados já não têm nenhum sacrifício pelos pecados.

IV. A Fé É Vital!

Precisamos ter fé para nos beneficiarmos do superior novo pacto. (10:32-12:29) É também necessário termos perseverança, se havemos de receber o que Deus prometeu. Como incentivo à perseverança, uma “grande nuvem” de testemunhas pré-cristãs nos rodeia. No entanto, devemos, em especial, considerar bem de perto o proceder impecável de Jesus quando sofria. Qualquer sofrimento que Deus permite que nos sobrevenha pode ser encarado, em certo sentido, como disciplina que pode dar o fruto pacífico da justiça. A fidedignidade das promessas de Deus deve aumentar nosso desejo de prestar-lhe serviço sagrado “com temor piedoso e com espanto reverente”.

Paulo conclui com exortações. (13:1-25) A fé deve motivar-nos a demonstrar amor fraternal, a ser hospitaleiros, a nos lembrar de concrentes que sofrem, a manter honroso o matrimônio e a estar “contentes com as coisas atuais”. Devemos imitar a fé dos que tomam a dianteira na congregação e ser obedientes a eles. Ademais, temos de evitar a apostasia, levar o vitupério que Jesus levou, ‘oferecer sempre a Deus um sacrifício de louvor’ e continuar a fazer o bem. Tal conduta também está entre os aspectos superiores do genuíno cristianismo.

V. Vários Batismos

Os aspectos da adoração no tabernáculo de Israel tinham que ver “apenas com alimentos, e bebidas, e vários batismos”. (Hebreus 9:9, 10) Esses batismos eram lavagens rituais exigidas pela Lei mosaica. Os vasos que ficassem impuros eram lavados, e a purificação cerimonial incluía lavar as roupas da pessoa e, tomar banho. (Levítico 11:32; 14:8, 9; 15:5) Os sacerdotes se banhavam, e as coisas que tinham que ver com as ofertas queimadas eram enxaguadas em água. (Êxodo 29:4; 30:17-21; Levítico 1:13; 2 Crônicas 4:6) Mas os “vários batismos” não incluíam o ritualístico ‘batismo de copos, jarras e vasos de cobre’ praticado por alguns judeus na época em que surgiu o Messias; nem Hebreus 9:10 se refere à imersão em água realizada por João, o Batizador, ou ao batismo daqueles que simbolizam sua dedicação a Deus como cristãos. — Mateus 18:19, 20; Marcos 7:4; Lucas 3:3.

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