Comentário de Tiago 2:9
2.9 Mas, se continuardes a mostrar favoritismo, estais praticando um pecado...
Esses irmãos precisavam ir mais longe para realmente seguirem o código escrito da Lei, porque ele proibia a injustiça e a parcialidade para com rico ou pobre. (Lev. 19:15) Portanto, se o cristão mostra ter bondade e dá atenção ao rico, ele ‘faz bem’, desde que também mostre a mesma bondade para com o pobre. Se for parcial, estará pecando. Segundo a lei régia, deve amar todos os seus próximos. Se violar esta lei por mostrar favoritismo, será pecador. ‘Erra o alvo’ (que é o significado do termo grego para pecado) quanto a ser semelhante a seu Pai celestial neste respeito.
Porque sois repreendidos pela lei como transgressores...
Visto que o próprio Deus requer que haja imparcialidade no amor, quem mostra favoritismo para com alguém em detrimento de outro, ao mesmo tempo afirmando viver segundo a lei real, fica totalmente exposto como estando errado. Ele transgride a lei régia. Os cristãos precisam hoje demonstrar seu verdadeiro cristianismo, evitando toda a parcialidade e distinções de classes, em vista de todas as distinções de classes do mundo, que resultam de suas diferenças sociais, culturais, raciais e religiosas.
2.10 Pois, quem observar toda a Lei, mas der um passo em falso num só ponto...
Ninguém podia realmente observar todos os mandamentos da Lei sem cometer um erro, nem podia alguém guardar todos os pontos exceto um dos mais ou menos 600 da Lei. (Tia. 3:2) Mas, Tiago está repreendendo aquele que afirma guardar praticamente toda a Lei, e, portanto, ser justo. É a tendência dos homens de escolherem as partes das Escrituras que querem seguir, mas minimizarem a importância das outras partes.
Tem-se tornado ofensor contra todos eles...
A Lei, composta de muitos decretos, constitui um conjunto indiviso, e não deve ser fracionada. (Col. 2:13, 14, 16; Gál. 5:14) Por conseguinte, quando alguém viola um dos mandamentos da Lei, ele macula o código inteiro e assim é “ofensor contra todos eles”. Ninguém pode afirmar ser realmente obediente a Deus e mostrar-lhe amor, quando ao mesmo tempo viola alguma parte da Sua lei. Nos tribunais seculares, a pessoa é julgada pela violação duma lei específica. Por exemplo, alguém desfalcou uma soma de dinheiro. Pode ser verdade que sempre cumpriu todas as outras leis; esta é a sua primeira violação. Contudo, seus antecedentes não o desculpam perante o tribunal pela violação da lei referente a desfalques. Ele é tratado como réu por este delito, como violador da lei, não importa quão reto tenha sido em outros assuntos (embora sua sentença possa ser mais leve do que a dum violador habitual da lei). O juiz não diz: ‘Ele acatou um milhar de outras leis; só violou aquela referente ao furto, por isso vamos eximi-lo da violação desta lei.’
De acordo com tais fatos, a lei mosaica mostrava que todos eram pecadores, porque ninguém podia guardá-la perfeitamente. O apóstolo Paulo explicou: “Ora, a Lei não adere à fé, mas ‘quem os cumprir, viverá por meio deles [pela própria obediência a cada mandamento]’.” (Gál. 3:12) Não é pela tentativa de cumprir essa lei que alguém pode ser justificado perante Deus — antes, ele é realmente condenado como transgressor por não cumprir de fato a lei. “Maldito é todo aquele que não continuar em todas as coisas escritas no rolo da Lei, a fim de as fazer”, dizem as Escrituras. (Gál. 3:10) O perdão do pecado e o verdadeiro alívio só podem vir pela fé no sacrifício expiatório de Cristo. Cristo foi o único homem que cumpriu a Lei em todas as suas partes, de maneira perfeita. Cumpriu a Lei inteira e, por isso, foi usado na abolição dela. (Efé. 2:15) Ninguém pode ser eximido da condenação exceto por exercer fé nele. Paulo escreveu: “Ora, nós sabemos que todas as coisas ditas pela Lei ela dirige aos que estão debaixo da Lei, a fim de que se tape cada boca e todo o mundo fique sujeito a Deus para punição. Portanto, por obras de lei, nenhuma carne será declarada justa diante dele, pois pela lei vem o conhecimento exato do pecado.” (Rom. 3:19, 20)