Estrutura Literária do Novo Testamento


Estrutura Literária do Novo Testamento

Estrutura Literária do Novo Testamento


A estrutura literária do Novo Testamento consiste dos livros aceitos pela Igreja primitiva, como Escrituras divinamente inspiradas, incluindo Evangelhos, Epístolas, Histórico e Apocalipse. Usamos o termo cânon, à princípio, que significava vara de medir, mas terminou adquirindo o sentido metafórico de padrão. No que tange ao Novo Testamento, refere-se àqueles livros aceitos pela Igreja como o padrão autoritativo de crença e conduta.

Como os cristãos, à princípio, não contavam com quaisquer dos livros que figuram em nosso Novo Testamento, eles dependiam do Antigo Testamento, de uma tradição oral acerca dos ensinamentos, da obra remidora de Jesus e, de revelações diretas da parte de Deus, por meio dos profetas cristãos. Porém, algumas razões de ordem prática tornaram necessário que a Igreja desenvolvesse a relação de livros que deveriam compor o Novo Testamento. Isso por que, heréticos como Marcião estavam formando seu próprio cânon das Escrituras e estavam levando o povo ao erro.

Marcião propunha a existência de dois deuses, um mal, o do Velho Testamento, para criar e, um bom para redimir. Quando Marcião formou seu Cânon do Novo Testamento, a Igreja se viu forçada como auto-defesa a se preocupar com o problema de definir quais livros seriam considerados canônicos e autoritativos para a fé e para a vida. Um pequeno credo para provar a ortodoxia foi logo elaborado, afim de atender a uma necessidade prática. Foi nesse período, que o prestígio do bispo foi aumentado, devido à forte ênfase sobre seu ofício, como centro da unidade contra a heresia. Em troca, isto provocou o posterior desenvolvimento da proeminência do bispo romano.

Um outro motivo que levou a Igreja à providenciar a formação do Cânon, é que os cristãos, uma vez que estavam sendo perseguidos, não estavam dispostos a arriscar suas vidas por um livro, se não estivessem certos de que ele integrava o Cânon das Escrituras. Como os apóstolos estavam saindo de cena, havia a necessidade de alguns registros, que seriam reconhecidos como autorizados e dignos de adoração.

O maior teste do direito de um livro estar no Cânon era se ele tinha os sinais da apostolicidade ou se era escrito por um apóstolo ou por alguém ligado intimamente aos apóstolos, como Marcos, o autor do segundo Evangelho, que, provavelmente, contou com a ajuda de Pedro. A eficácia do livro na edificação quando lido publicamente, e sua concordância com a regra de conduta e fé, serviam também de testes. Na análise final, o que contava para a decisão sobre que livros deveriam ser considerados canônicos e dignos de serem incluídos no Novo Testamento era a verificação histórica de autoria ou influência apostólica ou a consciência universal da Igreja dirigida pelo Espírito Santo: "É dinâmico? - Veio acompanhado do poder divino de transformação de vidas?" Além disso, os pais da igreja tinham a prática de "em caso de dúvida: "jogue fora". Isso acentua a validade do discernimento que tinham sobre os livros canônicos.

É de se ressaltar, que o desenvolvimento do Cânon foi um processo demorado, basicamente encerrado em 175 DC, exceto para o caso de uns poucos livros. Tiago, II Pedro, II e III João, Judas, Hebreus e Apocalipse estavam entre os livros, cujo lugar no Cânon ainda era discutido. A demora da inclusão destes livros deveu-se, sobretudo, à incerteza de sua autoria. Porém, Atanásio, bispo de Alexandria, em sua carta em 367 DC à Igreja sob sua jurisdição, relacionou os mesmos 27 livros do Novo Testamento atual. Concílios como o de Calcedônia em 451, apenas aprovaram e deram uma expressão uniforme, àquilo que já era um fato, geralmente, aceito pela Igreja. A demora com que a Igreja aceitou Hebreus e Apocalipse como canônicos, indica-nos o cuidado e a atenção que ela dispensou a este problema.