Literatura Judaica: Apócrifos e Pseudepígrafos

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Literatura Judaica: Apócrifos e Pseudepígrafos

Os apócrifos da Bíblia Hebraica compreendem escritos compostos entre aproximadamente 200 a.C. e 100 a.C. Embora amplamente utilizados por judeus nesse período, eles não se tornaram parte do cânon judaico aceito da Escritura. Por terem estas obras sido populares entre os gregos de fala grega na Dispersão, elas eram veneradas pelos primeiros cristãos e se tornaram parte do cânon da cristandade católica, conforme confirmado eventualmente pelo Concilio de Trento em 1546. Na Reforma, os protestantes recusaram aos Apócrifos condição igual à Bíblia Hebraica, contudo os principais grupos protestantes consideravam os seus conteúdos tão proveitosos para a piedade e a instrução à medida que não contradissessem os ensinamentos bíblicos. Sob a influência da Reforma protestante, a condição dos Apócrifos nas principais igrejas ortodoxas orientais tem sido problemática. A Igreja grega ratificou a aceitação da maioria dos Apócrifos no Sínodo de Jerusalém em 1672, todavia houve dúvidas persistentes a respeito da decisão. A Igreja russa, por outro lado, rejeitou os Apócrifos como Escritura, no século XIX, porém mesmo assim houve algum emprego dos seus escritos nesse organismo.

Os Pseudepígrafos da Bíblia Hebraica procedem do mesmo período que os Apócrifos. Ambas as coleções assemelham-se amplamente em tipos e temas, salvo que a primeira é consideravelmente maior e contém mais escritos apocalípticos similares a Daniel na Bíblia Hebraica e 2 Esdras (= Esdras nos Apócrifos). Os livros Pseudepígrafos não formavam parte dos cânones judeus ou católicos da Escritura, no entanto foram admitidos em diversas combinações entre determinados organismos cristãos orientais, tais como as igrejas coptas, etiópicas e sírias.

Apócrifos e Pseudepígrafos foram escritos em hebraico, aramaico e grego. No caso dos Apócrifos, seja os originais, seja traduções em grego (num só caso latim) sobreviveram através do cânon católico, e em certos casos, os originais semíticos foram encontrados em todo ou em parte. No tocante aos Pseudepígrafos, a história textual e de traduções é mais confusa. Uma maioria dos Pseudepígrafos sobreviveu nas línguas das comunidades cristãs ortodoxas orientais que os preservaram, tais como a etiópica, a Siríaca e a eslavônica. Cada vez mais as Bíblias protestantes estão voltando à prática de incluir os Apócrifos num apêndice a traduções da Bíblia Hebraica. Encontram-se disponíveis edições críticas de ambos os corpos de literatura em traduções modernas, no entanto as fronteiras exatas dos Pseudepígrafos, visto os seus conteúdos serem extraídos de diversos cânones ortodoxos orientais e de outras fontes, ainda é necessário que se chegue a um acordo sobre eles.