Livro de Obadias — Edom e Judá

ESTUDO BIBLICO, TEOLOGIA
O ancestral epônimo dos edomitas foi Esaú (ver Gn 36.1,8-9). Suas relações com seu irmão gêmeo, Jacó, pai da Judá, são descritas em Gn 25-36. Desde quando as crianças lutavam no ventre de sua mãe, foi-lhe dito pelo Senhor que “Duas nações há no ventre... e o maior servirá ao menor” (Gn 25.22 e segs.). Subsequentemente, Esaú é pintado como alguém que “por um manjar vendeu o seu direito de primogenitura” (Hb 12.16), mostrando-se insensível para os valores espirituais. Nasceu dentro da aliança, mas falhou em apreciar o privilégio que lhe pertencia por direito de nascimento, deixando igualmente de receber as bênçãos acompanhantes. A estima em que Deus tinha Jacó e Esaú, respectivamente, é suscintamente expressa na declaração: “Amei a Jacó, e aborreci a Esaú” (Ml 1.2 e segs.; cfr. Rm 9.13).

Os Herodes, do Novo Testamento, eram edomitas, e eram fiéis ao seu caráter. Note-se como se mostravam insensíveis para a verdade espiritual, especialmente quando ela se mostrou corporificada em Jesus Cristo, a perfeita representação do Jacó e Judá (Ver. esp., Mt 2; Lc 13.31 e segs.; Lc 23.8 e segs.; At 12.21 e segs.). Gn 36.8 nos relata que “Esaú habitou na montanha de Seir”. O monte Seir é freqüentemente usado como sinônimo para a nação inteira de Edom, a qual se tornou a terra dos descendentes de Esaú. Edom é a área diretamente ao sul do mar Morto, especialmente a região montanhosa ao leste da Arabá (isto é, a depressão que liga o mar Morto ao Golfo de Acaba). A porção sul de Edom é a região de Temã, a qual, algumas vezes, também é usada, no Antigo Testamento, como sinônimo para toda Edom; e as duas principais cidades de Edom são Bozra e Sela (Petra); esta última significa “rocha”, tanto no hebraico como no grego.

De Eziom-Geber, no golfo de Acaba, saía o “caminho do rei”, que atravessava Edom até o norte. Era ao longo desse caminho que Moisés queria levar os filhos de Israel. O relato sobre a recusa de Edom, não dando a necessária permissão para tal, se encontra em Nm 20.14-21 (cfr. Dt 2.1-18). O antagonismo continuou mesmo depois dos israelitas se terem estabelecido em Canaã (ver, por exemplo, 2Sm 8.14, 2Rs 14.7, 2Cr 28.17), e encontramos os profetas a denunciar Edom constantemente. Quanto às principais profecias contra Edom, ver Is 34.5, Jr 49.7-22, Lm 4.21 e segs.; Ez 25.12-14, Jl 3.19, Am 1.11 e segs. Um vívido quadro de julgamento a visitar Edom, nos é dado em Is 63.1-6, e algum tempo mais tarde encontramos uma olhada para a passada destruição de Edom em #Ml 1.2-5. Houve recrudescências do poder e da influência de Edom após o encerramento do período do Antigo Testamento, mas, hoje em dia, as notáveis ruínas de Petra são tudo quanto resta da grandeza de Edom.

Quanto à participação de Edom no saque de Jerusalém, em 586 A. C., ver especialmente Ez 35.5,12,15 e Sl 137.7. Essa participação de Edom não é mencionada nos livros históricos, embora facilmente possa ser encaixada ali, como, por exemplo, nos assaltos saqueadores descritos em 2Rs 24.2.

Esaú e Edom ocupam um lugar de profunda significação na revelação divina da verdade. Essa significação é focalizada agudamente nesta breve profecia de Obadias. “O pano de fundo do quadro que nos é exposto por Obadias é Jacó; o primeiro plano é Esaú. Jacó e os que dele descenderam são vistos a passar pelos sofrimentos, da natureza de castigo, mas daí seguem para a restauração final. Esaú é contemplado como um orgulhoso, um rebelde, um desafiador, encaminhando-se para a destruição final” (G. C. Morgan). Podemo-nos regozijar que, no dia do Senhor, “o reino será do Senhor” (Ob 1.21), mas não devemos deixar de acatar o exemplo de Esaú, pois, afinal de contas, “Não foi Esaú irmão de Jacó?” (Ml 1.2). Em o Novo Testamento, o escritor do livro de Hebreus nos exorta a “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem... profano, como Esaú... Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar do arrependimento...” (#Hb 12.15 e segs.).