Os Evangelhos — Tradições Orais

EVANGELHOS, TRADIÇÕES, ESTUDOS BÍBLICOS, TEOLOGIA, ORAISOs Evangelhos — Tradições Orais
(Enciclopédia Bíblica Online)



No curso da investigação das origens dos evangelhos, surgiram ao longo dos últimos 200 anos vários enfoques diversos e distintos, cada um deles enfatizando aspectos ou etapas diferentes do problema. Em particular, três enfoques deram contribuições distintas e relevantes para o problemas das origens e desenvolvimento dos evangelhos: a critica da forma (Formgeschichte), que concentra a atenção no período de transmissão oral; a critica das fontes, que focaliza a maneira como unidades literárias diferentes foram reunidas para constituir os evangelhos; e a critica da redação (Redaktionsgeschichte), que focaliza as contribuições literárias e teológicas dos autores dos evangelhos. Esses métodos correspondem, de modo geral, as três etapas que Lucas menciona em sua introdução. Eles, contudo, não são mutuamente exclusivos; na atualidade, a maioria dos críticos emprega simultaneamente todos os três no que se convencionou chamar de análise da tradição ou critica da tradição (Traditionsgeschichte).


No entanto, esses três enfoques são distintos tanto histórica quanto metodologicamente, e examinaremos um por vez. Principiamos com a critica da forma porque, embora surgida somente depois do auge da critica das fontes, ela se concentra na etapa mais remota do processo de formação dos evangelhos: a etapa oral. Esse foi o período anterior à existência de quaisquer relatos escritos de maior importância sobre a vida e o ensino de Jesus, período durante o qual foram transmitidas oralmente as informações que formaram nossos evangelhos. Se atribuirmos a Marcos a data mais antiga de meados dos anos 50 do século 1, com a possível existência de outras fontes escritas com data não muito anterior, essa etapa de transmissão, basicamente oral, deve ter durado pelo menos 20 anos.

Descrição: A critica da forma foi inicialmente aplicada ao Antigo Testamento por eruditos tais como Hermann Gunkel e foi então transportada para a area da Novo Testamento na segunda e terceira décadas deste século por uma trinca de homens que viam no enfoque da critica das fontes, a que estudiosos haviam se dedicado com afinco durante dezenas de anos, um esgotamento de potencial. Esses homens foram Karl Ludwig Schmidt, Martin Dibelius e Rudolf Bultmann.3 Embora divergissem em diversos ponies importantes, esses pioneiros da critics da forma tinham em comum pelo menos seis pressuposições e crenças que se tornaram a base da critica da forma. [1] Relatos sobre a vida e declarações de Jesus circularam em pequenas unidades independentes. Os primeiros críticos da forma viram na narrativa da paixão uma exceção, a qual julgaram ser uma unidade literária autônoma e independente com origem num período bem remoto.° Mesmo essa exceção não é reconhecida por muitos dos críticos da forma da atualidade. [2] Pode-se comparar a transmissão dos dados dos evangelhos com a transmissão de outras tradições populares e religiosas. A responsabilidade por essa transmissão não é de indivíduos, mas da comunidade, dentro da qual o material toma forma e é transmitido. Certas leis de transmissão, geralmente observáveis em tais casos de transmissão oral, podem ser aplicadas A transmissão dos evangelhos.


FONTE: Introduction To The New Testament, de Carson, Segunda Edição