Preservação do Texto do Novo Testamento

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A questão da transmissão acurada é um debate aceso especialmente em conexão com as Escrituras Cristãs. Pois, conforme mencionamos anteriormente, houve tentativas de adulteração. A dúvida quanto à pureza do texto avultou por muitos séculos, semelhante a uma nuvem sombria, porque até o século 17, inclusive, as cópias autorizadas mais antigas do “Novo Testamento” na língua grega original remontavam apenas ao 10.° século — mais de 900 anos depois de os originais terem sido escritos. Ninguém podia provar que a adulteração ou a pena de escribas descuidados não tivessem destruído a mensagem cristã.

Em 1844, Constantino von Tischendorf, à busca de antigas cópias da Bíblia, entrou na biblioteca do mosteiro ao pé do Mte. Sinai, ao sul da Palestina. Seus olhos foram atraídos para um grande cesto de páginas de livros. Uma olhada mais de perto o deixou estonteado!

Ali estavam páginas de uma cópia da Bíblia em grego bem mais antiga do que qualquer outra que já vira. Mal se contendo, perguntou a respeito daquelas páginas. Seu coração foi a pique. Elas eram usadas para acender o fogo! Duas pilhas já haviam sido queimadas! Os monges lhe deram 43 páginas, mas se recusaram a cooperar mais do que isto.

Ele fez uma segunda viagem ao mosteiro — sem sucesso. Uma terceira viagem — novamente tudo parecia perdido. Ele fez arranjos para partir, considerando perdida a procura. Três dias antes da partida, estava conversando com o ecônomo ou zelador do mosteiro quando este o convidou para ir ao seu quartinho. O zelador comentou que lera um exemplar antigo da Bíblia e abruptamente puxou uma pilha de folhas soltas enroladas num pano vermelho.

Ao abrir a trouxa, ah!, ali estava a “pérola” que Tischendorf estava procurando há 15 anos. Este manuscrito bíblico, agora chamado de Códice Sinaítico, continha o “Novo Testamento”. Cridos como tendo sido escritos por volta do ano 350 E.C., eram mais de seis séculos mais antigos do que os manuscritos de peso até aquela época. Revelaram qualquer alteração no texto?

Desde o início era óbvio que o texto da descoberta de Tischendorf era basicamente idêntico ao que fora a base de nossas Bíblias atuais. Entretanto, revelou evidência de adulteração.

Um exemplo é o familiar relato em João 8:1-11 (Almeida) sobre uma mulher adúltera prestes a ser apedrejada, e que fala sobre Jesus ter dito: ‘Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra.’ Não estava nesse antigo manuscrito. Assim sendo, edições recentes da Bíblia têm-no removido ou posto como nota ao pé da página para refinar o texto bíblico. Outras adições foram também descobertas e omitidas. — Mat. 17:21; 18:11; Atos 8:37.

Em casos mais sérios, fez-se uma alteração no texto para apoiar um ensino falso, tal como em 1 Timóteo 3:16. A versão Trinitária reza: “Deus se manifestou em carne”, em contraste com “Aquele que foi manifestado na carne”. (American Standard; veja A Bíblia de Jerusalém.) Quanta diferença! Qual é o certo? No primeiro caso, dá a impressão de que Jesus é Deus, contrário às passagens que dizem que ele é o Filho de Deus. — Mar. 13:32.

Nos manuscritos mais antigos, as palavras para “Deus” e “aquele” (masculino) eram similares ( — aquele, masculino) ( — Deus). Manuscritos recentes usualmente apresentavam ou o equivalente. Mas no manuscrito encontrado por Tischendorf está , ou “aquele”, referindo-se a Jesus, e não a Deus. Um escriba mudou o termo para que se lesse “Deus”. O manuscrito Alexandrino, do quinto século, nos deixa em dúvida se foi um erro inocente. À primeira vista, parecia ser , mas por meio de um exame com um microscópio se descobriu que originalmente havia sido , e ‘bem depois uma mão’ acrescentou as linhas para alterá-lo. Versões recentes têm refinado o texto para rezar apropriadamente: “Aquele que foi manifestado na carne.” (Veja as versões interlineares, palavra por palavra, Interlinear Greek English New Testament, Nestle; também a Emphatic Diaglott.)

Um exemplo gritante de adulteração também foi encontrado em 1 João 5:7, onde foi acrescentada a frase: “no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um”. (Almeida) Estas palavras não só não estavam no Sinaítico, como não se encontravam em nenhum manuscrito anterior ao século 16. A evidência indica que um manuscrito que se encontra agora na Faculdade Trindade, em Dublim, Irlanda, foi escrito propositalmente por volta de 1520 para inserir este versículo espúrio! Basicamente, todas as versões modernas omitem esta flagrante alteração.

Manuscritos ainda anteriores aos datados como do quarto século estavam para aparecer. No Egito foram descobertos exemplares da Bíblia escritos em papiro, alguns até mesmo enrolados em múmias! Estes foram cuidadosamente restaurados e remontam ao terceiro século da E. C. Um pequeno fragmento do livro de João remonta até mesmo a 125 E.C.! Como se comparam estes com os manuscritos do quarto século e, daí, com nossas Bíblias atuais? Não há exatidão em letra por letra, mas a mensagem é a mesma. Qualquer alteração é facilmente descoberta. A mensagem soa claramente.

Mais de 5.000 manuscritos gregos provêm amplos meios para virtualmente reconstruir o texto original. Frederic Kenyon, que tem gasto praticamente a vida inteira estudando estes manuscritos, concluiu:

“É realmente prova admirável da solidez essencial da tradição que, com todos estes milhares de cópias, remontando suas origens a partes tão diferentes da terra e a condições de natureza tão diversa, as variações do texto sejam inteiramente uma questão de detalhes, não de sentido intrínseco.

“E é tranqüilizador descobrir, ao final que o resultado geral de todas estas descobertas e de todo este estudo vem fortalecer a prova da autenticidade das Escrituras e nossa convicção de que temos em nossas mãos, em real inteireza, a genuína Palavra de Deus.” — The Story of the Bible, (A História da Bíblia), pp. 136, 144

A Bíblia se saiu duplamente vitoriosa! Sobrevive como livro e com um texto puro. Entretanto, parece razoável que sua sobrevivência com um texto refinado aconteceu meramente por acaso? É por simples acaso que um livro concluído há mais ou menos dois mil anos, e sujeito a intensas agressões, ainda exista, junto com milhares de cópias antigas, algumas remontando a talvez 25 anos de seus originais? Não é evidência abundante do poder Daquele de quem se diz: “A palavra de nosso Deus permanece eternamente”? — Isa. 40:8, Almeida, atualizada.

Ainda em nosso relato sobre a luta da Bíblia pela sobrevivência, existe um capítulo final. Como este livro, que “nasceu” no Oriente, conseguiu ser distribuído em línguas vivas até às partes mais distantes da terra? Também, qual é a razão todo importante por que Deus providenciou que a sua Palavra estivesse disponível às pessoas em toda parte?

Isso será respondido em outras postagens.

Esse estudo começa com: A Bíblia é Realmente Inspirada por Deus?