As Riquezas Corrompidas — Tiago 5:1-6

CORROMPIDAS, RIQUEZAS, ESTUDO BIBLICO, CARTA DE TIAGO
Esta seção apresenta uma severa denúncia contra os ricos que têm granjeado prosperidade mediante opressão. Os tais são condenados, não por serem ricos, mas porque suas riquezas foram mal adquiridas, permanecendo sobre elas as marcas da corrupção. Tiago concita-os a chorar e a lamentar por causa das desventuras que lhes sobrevirão. Os orientais são muito efusivos na expressão de suas mágoas. Ouro, prata e vestuários (cfr. Mt 6.19; At 20.33) eram os principais artigos de que se compunha a riqueza no Oriente. Corruptas... comidas de traça.... enferrujadas (2-3). Emprega-se ai o perfeito profético, em que se fala do futuro como se já tivesse ocorrido. “O destino inevitável da riqueza deles é referido como se já se tivesse realizado” (Cent. Bible). Apesar de todas as evidências externas de prosperidade e de brilhante sucesso, as vestes deles, aos olhos divinos, estavam comidas de traça; sua prata e seu ouro, em que confiavam, estavam corroídos; o seu deslustre testemunhava contra eles. Se estas palavras tiveram ou não seu cumprimento imediato nas desgraças que precederam a destruição de Jerusalém, permanece o princípio geral de que enfrentarão, um dia, inevitável retribuição os que parecem viver confiados em riquezas apodrecidas.

A principal oposição aos cristãos, naquela época, partia dos ricos. Vejam-se as notas sobre Tg 2.1-7. Aqui o apóstolo passa a especificar outras razões de queixa e mostra como as riquezas deles se têm corrompido. Não somente cerravam suas entranhas de compaixão pelos pobres, mas os salários justos e legais, devidos aos trabalhadores que ceifavam seus campos, esses eram retidos por eles (4; cfr. Lv 19.13; Dt 24.15; Jr 22.13; Ml 3.5). Pintando assim o quadro da luta entre o capital e o trabalho, Tiago não hesita em acusar de fraude os opressores. E embora os gritos e apelos dos oprimidos encontrassem ouvidos moucos da parte dos opressores, penetravam nos ouvidos do Senhor dos exércitos (4). “Jeová Sabaote”, Senhor das hostes, ou dos Exércitos é um freqüente designativo de Deus no Velho Testamento, e significa Sua onipotência pela qual governa o mundo, defende o Seu povo e castiga os ímpios. Ele não é um espectador indiferente (cfr. Êx 3.7-10). Procedendo daquele modo, os ricos só faziam acumular tesouros para os últimos dias (3). Tiago sente em sua alma o iminente juízo a desabar sobre a Santa Cidade, quando os judeus mais ricos foram despojados de tudo, seguindo-se um reinado de terror, que prevaleceu onde quer que se achassem judeus. Todavia o caso sugere também que tais condições, aí descritas, prevalecerão grandemente ao chegar ao fim a presente dispensação.

Ainda outra acusação lhes faz o apóstolo, qual seja a de viverem regaladamente, enquanto socialmente são cruéis. Tendes engordado os vossos corações, como em dia de matança (5). Tão absortos têm estado nos seus queridos regalos que se têm engordado, por assim dizer, inconscientes de sua própria condenação, como animais que Se cevam para o matadouro. Simplesmente acumulam dinheiro para os saqueadores levarem, tornando-se para estes uma presa mais rica devido ao tesouro amontoado. Isto porém não é tudo. Procedendo assim, têm condenado e matado o justo (6). Os pobres, a gente piedosa estava à mercê deles, e sem misericórdia era tratada. Tinham de viver de suas rendas magras; quem quer que destas os privasse era por Deus considerado assassino. “Mata a seu próximo quem o priva de seu meio de vida, e quem defrauda o assalariado de seu salário é um homicida”. Os pobres nenhum meio tinham de remediar a situação, pelo que se sujeitavam a tais sofrimentos sem murmurar. O desamparo das vítimas agravava a culpa dos opressores.