Recomenda-se a Paciência — Hebreus 5.7-12

ORAÇÃO, FÉ, ESTUDO BIBLICO, CARTA DE TIAGO
Pondo de parte os opressores e voltando-se para os oprimidos, o apóstolo faz um apelo cordial para que estes sejam pacientes até a vinda do Senhor (7). Deseja que a esta bendita esperança eles se apeguem. Será o tempo em que todas as injustiças serão corrigidas e toda opressão acabará. Os que padecem, devem aguardar esse dia, e nessa espera devem ser longânimos até para com os que os oprimem. Reforça este conselho à paciência com ilustração e doutrina. Devem nisso olhar o futuro. O lavrador aguarda com paciência (7). O agricultor lavra a terra, semeia a semente e através de todas as vicissitudes de clima, espera pacientemente a safra. As primeiras e as últimas chuvas (7), na Terra Santa, eram de importância decisiva para o lavrador, porque, Se faltassem ou se se atrasassem, a fome seria inevitável. Assim, os cristãos devem exercer paciência, fortalecendo e firmando seus corações com a convicção de que a vinda do Senhor está próxima (8). O fato de Se fazer referência clara e explícita, neste primitivo documento, à “bem-aventurada esperança” da Igreja, invalida o argumento de que foi uma idéia que os cristãos esposaram em época posterior, com o desenvolvimento da doutrina. Pelo contrário, foi essa uma crença mantida e alimentada desde o dia da ascensão, quando os anjos asseguraram aos discípulos que, perplexos, olhavam para o céu, “este Jesus... assim virá do modo como o vistes subir” (At 1.11).

Um resultado prático dessa espera paciente será o desenvolvimento de um espírito de boa disposição e o livramento do pecado da murmuração, tanto quanto do espírito irritável e dado às críticas. Tal espírito provoca e merece castigo divino. Tiago está atento ao fato de que o juízo de Deus pede severas contas do comportamento dos crentes, tanto quanto dos opressores deles. Demais disto, por que haverão de ser mal-humorados, irritáveis, rabugentos, se o juiz está às portas (9), pronto para julgar os opressores e socorrer os oprimidos? Como exemplo dos que tiveram de enfrentar sozinhos e sofrer o mal, o apóstolo lembra os profetas, que falaram em nome do Senhor. Refere-se, sem dúvida, principalmente aos profetas do Velho Testamento, todos os quais, quase sem exceção, sofreram perseguição. Mas os profetas na Igreja Cristã, de igual modo, tais como Paulo, Estêvão e Tiago, expuseram-se às mesmas provações dos seus predecessores. “Eis que temos por felizes aos que perseveraram firmes” (11; cfr. Mt 5.11).

De uma alusão geral aos profetas, dados como exemplo de aflição e paciência, Tiago passa ao caso particular de Jó. A paciência deste interpreta-se à luz do propósito do Senhor. Foi mais do que uma resistência corajosa no sofrimento e ruína. Foi paciência que teve de ser exercida com relação aos três amigos que insistiam em afirmar que os infortúnios de Jó eram resultado de pecado secreto. A jubilosa conclusão a que esse patriarca chegou foi que o Senhor é cheio de terna misericórdia (11). Opresso além da medida, pôde dizer “Ele sabe o meu caminho; prove-me e sairei como o ouro” (Jó 23.10). Foi isto certamente uma vitória da fé.

Excitados e sob irritação (cfr. vers. 9), estavam sempre tentados a perder o domínio da língua, pecado este contra o qual Tiago já escreveu claramente. Daí a exortação prática do vers. 12. Deviam contentar-se em falar com simplicidade e verdade, abstendo-se de emitir juramentos, fosse em nome do céu, fosse no da terra. Deviam ser tão verazes e corretos que uma palavra simples fosse bastante para ser acreditada.