Símbolos Relativos aos Sete Juízes do Apocalipse

SETE, JUÍZES, APOCALIPSE, ESTUDO
O conteúdo gráfico desses quatro capítulos é realmente muito solene, pois apresenta em forma de extraordinárias parábolas não apenas acontecimentos assustadores, mas o Juízo Final de Deus sobre a Cristianismo apóstata, os governadores ímpios, Satanás e suas hostes malignas e também sobre os ímpios mortos.

O primeiro juízo é contra a Babilônia eclesiástica (Ap 18:1-24). Um mensageiro angelical revelou a João o julgamento da grande prostituta. O que significa o vivido aspecto dessa repugnante criatura? Uma prostituta é uma mulher que adultera a função natural de seu corpo e, como aplicada aqui, a figura de linguagem representa uma igreja removida para longe do propósito divino, uma falsa igreja culpada de prostituição espiritual. A igreja condenada será uma falsificação da verdadeira — a igreja de Cristo. Assim como Satanás imita a Cristo, a noiva do Anticristo será a imitação da Noiva de Cristo.

Paulo refere-se à igreja do Deus vivo como mistério (Ef 3:1-21), a mesma designação de a grande Babilônia. Não é algo incomum que o vocábulo noiva refira-se a uma cidade (SI 46:5; Ap 21:9,10). Aqui a cidade não representa literalmente uma cidade, mas um sistema religioso apóstata, uma religião organizada rejeitada (Ap 3:16), idolatra e a igreja Papal como o último dominador de um sistema renegado. A religião da Babilônia é a prefigurada pela igreja em Tiatira, que representa a era papal no testemunho da Igreja.

As fornicações das prostitutas com os reis da terra retratam a sua perversa associação com os ímpios governantes da terra — o auge do casamento entre a Igreja e o Estado, no reinado de Constantino. Abes-ta, em que a prostituta está montada, é o Anticristo, e as sete cabeças e os dez chifres representam autoridades governamentais que mantêm lealdade à besta. A mulher de prostituições, vestida de púrpura e escarlata, e adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas, é uma figura extremamente sugestiva, pois escarlata e púrpura são atualmente as cores do papado, e a mitra do Papa é ornamentada com pérolas, ouro e pedras preciosas. Quanto ao cálice de ouro, do qual os sacerdotes declaram beber durante a realização de cada missa, não está cheio do sangue de Cristo, mas de abominações, fornicações e do sangue dos santos lártires. A história da perseguição dos primeiros cristãos, a terrível "Inquisição" em terras controladas pelo Catolicismo Romano, bem como os massacres na Inglaterra, marcam a igreja papal como assassina, que bebe o sangue dos santos.

João, porém, mostra que os reinos confederados sob a besta, ao contemplar seus poderes restringidos por um professo sistema eclesiástico com supremo poder, odiarão a "prostituta", tirarão suas luxuosíssimas roupas, confiscarão as suas opulentas riquezas e queimarão suas igrejas de culto idolatra (Ap 17:16). Que terrível e solene ocasião será quando o joio for separado do trigo e todo fermento separado da farinha!

O segundo juízo é a destruição da Babilônia comercial (Ap 18:1-24). É evidente que a mulher e a cidade não simbolizam a mesma coisa. A mulher é destruída pelos dez reis, enquanto a cidade é desfeita por um poderoso terremoto e por fogo, que acontecerá, ao que parece, três anos e meio após o fim da mulher, a mística Babilônia do capítulo anterior. O julgamento da magnífica cidade, tão perversa quanto rica, acontece em "uma hora", e ilustra a repentina e completa destruição da civilização pervertida, quando os poderosos anjos pegam a grande pedra de moinho e atiram-na ao mar. O fogo também ajudará a obliterar a cidade que "nunca jamais será achada" (Ap 18:21; Jr 50:40). Tão drástico tratamento será necessário para purificar a cidade que permitiu a si mesma se tornar a habitação de demônios, esconderijo de todo espírito imundo, e abrigo de todas as aves imundas. Antes que uma repentina e total destruição surpreenda a cidade, Deus misericordiosamente salvará os que permaneceram fiéis a ele, a despeito do ambiente poluído onde viviam: "Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, para que não incorrais nas suas pragas".

Um Coro de Aleluias (Ap 19:1-7) faz um intervalo entre esse juízo e o próximo. Todos no céu concordam que os juízos que sobrevieram à mística e comerciante Babilônia eram merecidos. O cântico de vitória, um quádruplo aleluia, ou em sua forma grega alleluia, é cantado ao Senhor Deus Todo-Poderoso. Nesse intervalo também ocorrem "as bodas do Cordeiro" (Ap 19:8-10), sobre as quais as parábolas da festa nupcial e da grande ceia profetizaram. Agora Cristo e sua verdadeira Igreja estão publicamente unidos, a Noiva e o Noivo tornam-se Um. A Igreja agora está pronta para auxiliar o seu Senhor no controle governamental da terra durante o seu reino milenar (Ap 20:1-7).

Temos então uma parábola que representa Cristo como o Conquistador, apresentado como quem volta após conquistar todos os seus inimigos, montado num cavalo branco. Seus olhos como chamas de fogo, muitos diademas em sua cabeça, manto tinto de sangue, uma espada afiada em sua boca, um cetro de ferro em sua mão e, pessoalmente, pisa o lagar da ira do Deus Todo-Poderoso. Os exércitos do céu acompanham-no, todos montados em cavalos brancos, vestidos de Unho finíssimo branco e puro. As aves do céu são convidadas para a ceia do grande Deus, ou seja, comer a carne dos exércitos estrangeiros e dos seus cavalos (Ap 19:11-19).

O "cavaleiro do cavalo branco", aqui mencionado, não deve ser confundido com o que João apresenta num capítulo anterior (Ap 6:2). Lá o condutor é o Anticristo com um arco em sua mão, mas não é dado o seu nome. Aqui, o cavaleiro é Cristo, o Verbo de Deus, e ele não tem uma, mas muitas coroas; e não usa um arco, mas uma espada afiada. Quando estava na terra, Cristo montou num jumento (Zc 9:9; Mt 21:4-11); aqui ele cavalga um branco e magnífico cavalo de batalha, uma linguagem figurada de Nosso Senhor ao se aproximar como Conquistador (2Rs 2:11; 6:13-17), "com milhares de seus santos" (Jd 14).

A terrível batalha do Armagedom será o dia da vingança profetizado pelos profetas (Is 63:1-6). O derramar das taças (Ap 14:14-20) era uma antevisão profética do tempo sobre o qual Isaías diz que a terra "se embriagará de sangue" (Is 34:1-8; Zc 14:1-3). Você não fica aliviado sabendo que, pela graça, não estará mais na terra quando sua colheita estiver acabada (Ap 14:15) e tomada por uma terrível carnificina? Todos que são de Cristo formam seus exércitos celestiais e cantam em triunfo:
Eis que ele vem! Dos céus descendo aquele que morreu a favor do pecadores; Milhares e milhares de santos a servi-lo, Dilatando o triunfo de seu séquito! Aleluia! Jesus vem, e vem para reinar.
O terceiro juízo revela a vitória absoluta do cavaleiro do cavalo branco e seus exércitos. O êxito dessa batalha é indubitável. Cristo está destinado a colocar os seus inimigos como estrado dos seus pés. A besta, ou o Anticristo, e o miraculoso falso profeta, responsáveis por enganar a muitas pessoas, serão presos e lançados vivos no lago de fogo e enxofre (Ap 19:20). Do mesmo modo que Enoque e Elias foram tomados para o céu sem que morressem, assim essas duas asquerosas criaturas serão lançadas vivas ao inferno, e ali ainda estarão vivas quando o seu mestre infernal, Satanás, juntar-se a eles mil anos depois. A linguagem que João usa prova que a besta e o falso profeta não são "sistemas" mas "pessoas" responsáveis pela criação de um sistema de anarquia e rebelião designado a roubar a Deus em seu poder e glória.

O quarto juízo leva-nos à destruição das nações anticristãs (Ap 19:17, 18, 21; Ez 39:1-12; Mt 24:27,28). Tão grande será a carnificina, que os moradores da Palestina demorarão sete meses para enterrar os seus mortos. Deus se preparará para os resultados da matança. Ele se antecipará para que o mau cheiro dos mortos não produza pestilências. Um bando de "lixeiros" emplumados estará às ordens para fartar-se com a carne dos mortos (Ap 19:21). Para entender melhor o aspecto sobrenatural da destruição de um grande exército através de grande saraivada, aconselha-se que se leia All the Miracles of the Bible [Todos os milagres da Bíblia].

Antes do anúncio do próximo juízo, temos a prisão de Satanás por mil anos (Ap 20:1-3). Os quatro nomes usados: dragão, velha serpente, diabo e Satanás — bem como o fato de ser preso, provam que ele é uma pessoa e não uma influência ou princípio do mal. As algemas eternas, abismo sem fundo, tampado e selado, são todos símbolos da impotência de Satanás para escapar de seu cativeiro (2Pe 2:4; Jd 6). O "anjo das estrelas" (Ap 8:12) será o guardião das "chaves" do "abismo". Nada se diz quanto à prisão dos outros espíritos malignos durante o milênio. Sem dúvida, com seu mestre no cativeiro, e Cristo no controle de todas as coisas, eles, também, se renderão, impotentes, durante esse período. Por ser Onipotente, ele pode fazer o diabo e suas hostes cessarem suas atividades quando estiver pronto. Após os mil anos do reinado de nosso Senhor, com a participação da Igreja e dos santos mártires da grande tribulação (Ap 20:4-6), Satanás será solto por um pouco de tempo (Ap 20:7,8). Amargurado por seu longo aprisionamento e inflamado em ódio contra Deus e seu povo, o diabo liderará outra rebelião universal contra os santos.

O quinto juízo diz respeito ao fatal resultado da decepção satânica. Fogo que descerá do céu, da parte de Deus, destruirá Gogue e Magogue (Ap 20:7,8). Essa será a última guerra que esse planeta testemunhará, e será sem sangue. Deus prometeu a Noé que nunca mais destruiria a terra com outro dilúvio universal (Gn 9:11); por isso, a purificará com fogo (2Pe 3:7).

O sexto juízo declara o banimento do enganador para o cativeiro eterno. O lago de fogo foi preparado para ele e seus anjos (Mt 25:41), como lugar de sua eterna punição. Não sabemos se o fogo e enxofre são literais ou simbólicos, mas temos certeza de que será uma experiência bem mais terrível do que qualquer figura de linguagem possa mostrar.

Por ser Apocalipse o único livro da Bíblia que registra a destruição final do diabo e seus enganos, entendemos por que ele odeia esse livro, causa confusões a esse respeito, e luta, a fim de impedir que o povo o leia. E prejudicial ao seu orgulho satânico que o mundo saiba quão terrível e humilhante fim o aguarda. Cristo, a Semente da mulher, triunfará gloriosamente sobre ele.

O sétimo juízo nos fornece uma solene representação simbólica do Juízo Final, O Grande Trono Branco (Ap 20:11-15). Esse "juízo do grande dia" (Jd 6) será grande, pois mostra que eclipsará todos os outros juízos já ocorridos, à base dos juízos e veredictos, e ao próprio Juiz. Será branco por causa da pureza do julgamento. Como Juiz de toda a terra, ele fará o que é correto e justo. Deus não pode agir contrariamente ao seu caráter. O trono fala do seu poder supremo. Nesse último tribunal, os ímpios mortos ressuscitarão para a ratificação de sua condenação. Os livros da vida de todas as pessoas e o Livro de Deus serão abertos, e o que estiver gravado contra eles será usado para condená-los. Surgindo do Hades, sua moradia temporária desde que morreram, os condenados serão lançados no lago de fogo para sempre.