Enquadramento Teológico da Carta aos Gálatas

GÁLATAS, TEOLÓGICO, ENQUADRAMENTO, CARTA
Sem dúvida foi transferida a Paulo uma função histórico-salvífica que se destacava da dos demais apóstolos. Desta circunstância explicam-se os dois fatos: que ele recebia indagações extraordinariamente intensas e também era controvertido, e que ele tinha de defender com uma intensidade incomum o seu apostolado. Essas duas circunstâncias espelham-se vivamente na maioria de suas cartas. Contudo as interpretaríamos equivocadamente se no final resultasse um Paulo isolado do cristianismo primitivo, quase como fundador de um cristianismo próprio. Indiferente se, em decorrência, esse Paulo isolado for condenado como deturpador do cristianismo ou venerado como ápice do desenvolvimento – ambas as interpretações são inaceitáveis. Paulo estava determinado pelo cristianismo geral de forma mais intensa que possa parecer à primeira vista. Ele respeitava as confissões cristãs e se inseria com naturalidade na tradição da antes e em redor dele.

No que se refere a carta aos Gálatas, Franz Mussner arrolou, nas pág 36-38, mais de 80 expressões da carta que podem ser anteriores a Paulo, e com as quais Paulo portanto se movimentava na linguagem comum aos cristãos daquela época. Quem não se apercebe dessa base existente em Paulo, tampouco saberá interpretar as expressões específicas dele.

Em consonância com 2Co 3.16 podemos afirmar: tão logo alguém se volta para o Senhor, é afastada dele a questão exortativa da carta aos gálatas. A peculiaridade desta pequena carta reside precisamente em sua consistência cristológica. Ela constitui um dedo indicador extra-grande que aponta para o Crucificado com sua verdade abrangente. A rigor, todos os seis capítulos cumprem esta função, independentemente da pergunta que está em pauta. O Crucificado é a realidade que sustenta tudo e sem a qual todo o nosso mundo pereceria. Ela constitui praticamente o mar da verdade que nos rodeia de todos os lados.