Interpretação de Ezequiel 34

Ezequiel 34 contém uma mensagem de Deus que repreende os líderes de Israel pela sua negligência e infidelidade no pastoreio do povo de Deus, bem como uma promessa do cuidado de Deus para com o Seu rebanho.

O capítulo começa com Deus se dirigindo aos líderes de Israel como “pastores” que falharam em suas responsabilidades. Estes pastores, que representam os líderes políticos e religiosos da nação, são acusados de explorar e negligenciar as pessoas sob os seus cuidados. Em vez de atenderem às necessidades do rebanho, aproveitaram-se delas para seu próprio ganho.

Ezequiel 34 prossegue descrevendo a resposta de Deus à negligência dos líderes. Deus declara que Ele mesmo pastoreará Seu rebanho, buscando os perdidos, cuidando dos fracos e fornecendo orientação e proteção. Ele promete resgatar o Seu povo das mãos dos falsos pastores e reuni-los num lugar de segurança e abundância.

O capítulo usa a imagem de um pastor cuidando de suas ovelhas para transmitir a ideia de que Deus é o verdadeiro Pastor de Seu povo. Ele responsabiliza os líderes pelas suas ações e enfatiza o Seu compromisso com o bem-estar do Seu rebanho.

Ezequiel 34 serve como uma crítica à liderança ineficaz e infiel e sublinha o princípio da responsabilidade perante Deus. Também transmite o conceito do cuidado pastoral de Deus e Seu desejo de guiar, proteger e prover para Seu povo. O capítulo oferece uma mensagem de esperança e restauração, destacando a fidelidade de Deus às Suas promessas e Sua disposição de assumir o papel do Pastor final.

Interpretação

Os Pastores de Israel e Suas Ovelhas. 34:1-31.

Considerando que os pastores e governantes desta alegoria foram negligentes e egoístas, o Senhor os punirá (vs. 1-10). Ele mesmo irá procurar as ovelhas e será o Bom Pastor (vs. 11-16). Ele julgará entre uma ovelha e outra, protegendo as fracas das violentas (vs. 17-22). O Senhor estabelecerá Davi como o pastor (vs. 23, 24) e fará uma aliança de paz para a terra (vs. 25-31).

Julgamento dos Pastores Egoístas e Negligentes. 34:1-10.

A palavra pastor, rô'eh, aparece dezesseis vezes neste capítulo.

34:2. Pastores de Israel. Governantes como Jeoaquim e Zedequias. Veja 19:1-9; Jr. 22:10 - 23:4; veja também Jr. 25:34-38; Mq. 5:5; Zc. 10:2, 3; I Reis 22:17. (Cons. Homero, Ilíada 1. 273; 11. 85; Dante, A Divina Comédia, “Paraíso”, xxvii, 55, 56; Milton, Lycidas, 112 e segs. Sobre o rei e deus como pastor em outras obras da literatura, cons. G.E. Wright, “The Good Shepherd”, BA, 2, 1939, 44-48).

34:3. Comeis a gordura. Ou, o leite; isto é, coalhada (também a LXX e a Vulgata).

34:4. Fraca... doente... quebrada... desgarrada... perdida. Cinco casos de negligência do pastor. Cons. versículo 16; Jr. 50:6; Mt. 18:12-14; Lc. 15:4; 19:10.

34:5. Assim se espalharam, por não haver pastor. Cons. I Reis 22:17; Mt. 9:36; Mc. 6:34.

34:8. Como eu vivo. Cons. 5:11. As feras do campo. As nações exploradoras, especialmente a Babilônia.

O Senhor é um Bom Pastor para o Seu Povo. 34:11-16.
O Senhor procurará as suas ovelhas (v. 11); livra-las-á (v. 12); introduzi-las-á na sua terra (v. 13); apascenta-las-á em bons pastos (v, 14); e será o pastor das Suas ovelhas (15, 16). Ezequiel, tal como o Senhor, tinha coração de pastor.

34:15. O Senhor se identifica como o bom pastor. Cons. Is. 40:11; Jr. 31:10; SI. 23:1; 30:1; 95:7. No N.T. Cristo é o bom pastor. Veja Lc. 15:3-7; João 10:10-16; Hb. 13:20; I Pedro 2:25; 5:4; Ap. 7:17.

O Senhor Protege as Ovelhas Fracas das Violentas. 34:17-22.
34:17.
O Senhor julgará entre ovelhas e ovelhas (seh). Isto é, entre as fracas e os líderes, os carneiros e os bodes, que oprimem os pobres.

34:18, 19. Maldades cruéis das classes superiores são destacadas. Com. Is. 1:23; 3:14, 15; 5:8; Os. 4:7-11; 7:1-6; Amós 3:9, 10; 4:1, 6; Mq. 3:1-3.

Davi Empossado como Príncipe-Pastor. 34:23, 24.
34:23, 24.
Em lugar de muitos pastores indignos haverá um só pastor... o meu servo Davi... príncipe. Aqui não há uma referência à ressurreição de Davi. Antes, o governante ideal do futuro será como Davi, um servo do Senhor, comportando um governo universal, e assegurando a paz para o povo (Is. 55:3, 4; Jr. 23:5, 6). Ele será o vice-rei ou príncipe do Senhor (nasî) para sempre. Cons. 37:24, 25. Cristo na qualidade de bom pastor (João 10:14-18) e de “Filho de Davi” preenche inteiramente as promessas que se encontram em II Sm. 7:13; Jr. 23:5, 6; Mq. 5:2-5; Is. 9:6, 7; Dn. 9:25, 26; cons. Mt. 1:1; 22:41-45; Lc. 1:31-33; João 1:43; 4:25; Atos 2:29-33; 13:22, 23, citando alguns poucos. A profecia messiânica indica todas as profecias que tratam da pessoa, obra ou reino de Cristo. Por extensão ela inclui aquelas passagens que falam da futura salvação, glória e consumação do reino de Deus até mesmo onde o mediador não está especificamente citado. O período messiânico compreende a era que Cristo inaugurou e dirige como rei mediatorial, quer visto em sua inteireza, quer somente em alguns dos seus aspectos.

Aliança Divina de Paz para a Terra. 34:25-31.
A aliança divina de paz removerá da terra tudo o que seja danoso (vs. 25, 28). Ela proverá chuvas de bênção (v. 26) e restaurará a produtividade da natureza (vs. 27, 29). E o melhor de tudo é que ela estabelecerá a presença de Deus com o seu povo, as ovelhas do seu pasto (vs. 30, 31).

34:26. Chuva a seu tempo... chuvas de bênção. As palavras comuns para chuva são: yôreh, “a chuva precoce” dos fins de outubro ao começo de dezembro (Os. 6:3); malkôsh, “a chuva serôdia, chuva de primavera” de março-abril (Os. 6:3); geshem, “chuva”, a palavra usada aqui; e matar, “chuva” (Êx. 9:33), ambas usadas em relação às pesadas chuvas de inverno dos meados de dezembro até março.

34:27. Cons. Os. 2:22; Joel 3:18; Amós 9:13; Zc. 8:12.

34:31. Vós..., ovelhas do meu pasto. Cons. Sl. 74:1; 79:13; 95:7; 100:3. A LXX B, Antiga Latina de Ranke e a Arábica omite homens (vós... homens sois, ou vós sois Adão).