Interpretação de Marcos 11
Marcos 11
11:1–13:37 Nesta seção Marcos registrou os últimos atos e ensinamentos do Salvador antes da sua paixão. Todos esses acontecimentos tiveram lugar em Jerusalém e nos seus arredores. Aqui aconteceu a “Entrada Triunfal” e a purificação do Templo (11:1-26), as numerosas controvérsias com os líderes judeus (11:27-12:44), e o longo discurso apocalíptico no Monte das Oliveiras (13:1-37).11:1-26 A partir desse ponto, Cristo abandonou a atitude de cautela que o levou a se retirar das áreas de tensão e possíveis crises. Agora desafiava os líderes judeus. Na entrada de Jerusalém provocou, abertamente, desaprovação e oposição. Esta “Entrada Triunfal” devia ser encarada, não como a vinda de um rei glorioso, mas como a apresentação do Salvador que logo sofreria.
11:1. A comparação com Jo. 12:1 revela que Jesus foi primeiro a Betânia, onde passou a noite. Então no dia depois do sábado fez a sua entrada em Jerusalém. Betânia ficava um pouco além de duas milhas ao sudeste de Jerusalém, não muito longe do aclive oriental do Monte das Oliveiras. A localização de Betfagé torna-se mais difícil, mas as melhores evidências apontam para um lugar ao pé do aclive oriental. A ordem de Marcos é o inverso da direção tomada por Jesus, mas ele está olhando para a localização das cidades do ponto de vista de Jerusalém, que foi mencionada em primeiro lugar. João dá motivos para se crer que Jesus chegou à Betânia na sexta-feira (12:1). Considerando que a viagem a Jerusalém levava mais do que o permitido num sábado, presume-se que Cristo passou o sábado em Betânia e que a “Entrada Triunfal” aconteceu no domingo.
11:2. A aldeia era Betfagé, conforme Mt. 21:1 esclarece. Que aí está diante de vós. Isto é, “diante de vós”. Se Jesus sabia da existência do jumentinho devido à observação prévia ou através de percepção sobrenatural não ficou esclarecido.
11:3 Parece que ele esperava que o proprietário do jumentinho soubesse quem era o Senhor e estivesse pronto a emprestar-lhe o animal. O texto grego preferido diz, e imediatamente ele o enviará aqui novamente, uma promessa da parte de Jesus de devolver o animal. Mateus declara que os animais eram dois, uma jumenta e um jumentinho (21:2).
11:7 As vestes colocadas sobre o jumentinho eram capas ou mantos, cujas cores vistosas dariam ao animal a aparência de estar com arreios reais.
11:8. Outros estenderam suas capas no caminho, fazendo um tapete real para o cortejo. Outros ainda trouxeram ramos que foram espalhados pelo caminho. João os descreve como sendo folhas de palmeiras (12:13).
11:9. A multidão rodeou o Senhor; alguns iam adiante dele; outros vinham. E eles clamavam sem cessar (gr. imp.), Hosana. Esta é uma transliteração da expressão hebraica que significa Salve! e vem do Sl. 118:25. Transformara-se em um termo de louvor e aclamação, como também um pedido de ajuda. Bendito que vem é uma citação exata do Sl. 118:26 da Septuaginta. Era um dos Salmos de Halel cantados por ocasião do festival da Páscoa, e era portanto particularmente apropriado para a ocasião. Que a multidão usou as palavras num sentido messiânico está claro por causa do versículo seguinte.
11:10. O povo sentia que o messiânico reino de pai Davi estava prestes a se estabelecer. Hosana nas maiores alturas sem dúvida significa “Salve, agora, tu que estás nos mais altos céus”. É uma exclamação endereçada ao próprio Deus.
11:11. Entrou no templo. A palavra hieron refere-se a todo o conjunto do templo, incluindo os pátios e terraços. Quando ele olhou tudo, seus olhos certamente caíram sobre as barracas dos cambistas e vendedores de pombas, os quais seriam o objeto do seu desprazer no dia seguinte.
11:12. No dia seguinte. Isto é, na segunda-feira. Depois de passar a noite em Betânia, o Senhor partiu novamente para Jerusalém.
11:13. Era normal que uma figueira nas vizinhanças de Jerusalém começasse a dar folhas novas nos fins de março ou começos de abril, por ocasião da Páscoa. Parece que esta árvore estava toda coberta de folhas, caso em que deveria ter também figos maduros, embora o tempo de figos maduros fosse em junho. A palavra grega traduzida para porventura esclarece que foram as folhas que levaram Jesus a esperar os frutos. É a conjunção dedutiva ara, significando “por isso”. Jesus viu as folhas à distância e foi verificar “se por isso poderia encontrar fruto”.
11:15. Esta é a segunda purificação do Templo, que não deve de maneira nenhuma ser identificada com a primeira, a qual aconteceu bem no começo do ministério de Cristo (Jo. 2:13-17). Aqueles que vendiam e compravam, os cambistas e aqueles que vendiam pombas estavam trabalhando para Anás e a família do sumo sacerdote. Os animais eram vendidos com propósito de serem sacrificados, e os cambistas trocavam o dinheiro corrente pelo meio siclo necessário para pagar o imposto do templo. Cobravam, entretanto, preços exorbitantes.
11:17. A citação de Jesus foi extraída de Is. 56:7, onde o profeta declara que a casa de Deus seria casa de oração, um lugar reservado para uso sagrado. Além do Senhor acusá-los de profanar o Templo, usando-o para fazer negócios, mostrou também que eles estavam tendo lucros desonestos com os preços excessivamente injustos que cobravam. Covil de salteadores. Citação de Jr. 7:11.
11:20. Pela manhã. Era a manhã da terça-feira, e Cristo retornava a Jerusalém novamente naquele dia.
11:22. O único significado da maldição da figueira que os Evangelhos declaram encontra-se nestes versículos. Jesus a usou como um exemplo de fé em Deus. Qualquer outro significado simbólico não tem justificativa bíblica.
11:24. Crede. Um imperativo presente, exigindo fé persistente, contínua. Recebestes. Os melhores manuscritos favorecem o tempo aoristo – recebestes. Em outras palavras, devemos continuar crendo pois Deus já atendeu nosso pedido.
11:25. Perdoai... para que vosso Pai... vos perdoe. Declarações como esta que tornam o perdão divino dependente de nosso perdão têm sido mal interpretadas, dando-se-lhe natureza legalista. Entretanto, Cristo aqui não está se dirigindo aos perdidos, mas aos seus discípulos, aqueles que já desfrutam do relacionamento salvador com ele mesmo. O perdão do qual Ele fala não é o argumentativo ato inicial do perdão que anula a culpa do pecado. É, antes, o perdão de um pai que restaura a comunhão. A questão aqui é que um discípulo não pode orar proveitosamente se um espírito que se nega a perdoar tiver interrompido sua comunhão com Deus.
11:27–12:44 Os debates registrados nesta seção aconteceram todos em um dia cheio – a terça-feira da semana da paixão. Relacionavam-se com os seguintes assuntos: a fonte da autoridade de nosso Senhor (11:27-33); a parábola da vinha e dos lavradores (12:1-12); uma pergunta sobre o pagamento de impostos (12:13-17); a ressurreição (12:18-27); o maior dos mandamentos (12:28-34); o relacionamento do Messias com Davi (12:35-40). A seção termina com a narrativa da oferta de duas pequenas moedas feita pela viúva (12:41-44).
11:27. Então regressaram para Jerusalém. Era a manhã da terça-feira. Os comentários sobre a figueira que secou (vs. 20-25) foram feitos no caminho para Jerusalém. Os principais sacerdotes. Tecnicamente só havia um sumo sacerdote, mas o termo acabou incluindo todos os ex-sumo sacerdotes vivos. Neste caso, pelo menos Anás, o sogro de Caifás, o sumo sacerdote, deveria estar incluído.
11:28. Suas perguntas foram duas: Que tipo (poiâ) de autoridade possuis? Qual é a fonte de tal autoridade? Por estas coisas, as autoridades se referiam à purificação do Templo (cons. Jo. 2:18). Dizia-se que o Templo só devia ser purificado pelo Sinédrio, por um profeta, ou pelo Messias.
11:30. Do céu. Na tentativa de evitar o uso do nome divino, os judeus frequentemente empregavam o termo “céu” quando falavam de Deus.
11:31, 32. Com esta pergunta Jesus colocou esses líderes religiosos nas garras de um dilema. Se o ministério de João era de origem divina, então eles, na qualidade de líderes religiosos, deveriam ser os primeiros a crer nele. Se, entretanto, eles declarassem que o seu ministério era de origem humana, reduziriam João à categoria de um impostor, e assim provocariam o desprazer do povo que se voltaria contra eles.
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