Interpretação de Mateus 28

Mateus 28

A narrativa que Mateus fez da Ressurreição inclui menos detalhes do que as narrativas de Lucas e João. Contudo só a ele devemos a narrativa sobre os soldados (vs. 11-15) e pela completa fórmula batismal (v. 19). A concordância substancial das quatro narrativas, emparelhadas com uma ampla variedade de detalhes e opiniões, demonstra a sua veracidade e contudo sua independência.

28:1 No findar do sábado. O uso de opse como preposição imprópria com o significado de “depois” já foi claramente reconhecido (Arndt, pág. 606), de modo que a tradução aqui deveria ser depois do sábado, de conformidade com Mc. 16:1, 2; Lc. 24:1; Jo. 20:1. Maria Madalena, a outra Maria (27:56, 61), e algumas outras mulheres foram, ao raiar do domingo, para ungir o corpo de Jesus.

28:2-4 Quando se aproximaram, houve, um terremoto e um anjo rolou a grande pedra na entrada. Esse não foi o momento da ressurreição, mas tinha a intenção de revelar a sepultura vazia às testemunhas. O Cristo ressurreto não se confinava às barreiras naturais (conf. Jo. 20:19, 26), e deve ter ressuscitado ao pôr-do-sol do sábado (veja 27:62).

28:5-8 Parece que Maria Madalena partiu imediatamente para avisar Pedro e João (Jo. 20:1, 2), e não ouviu o aviso, Ressuscitou, que o anjo deu às outras mulheres. Vai adiante de vós para a Galileia. A orientação para o grande aparecimento público na Galileia conforme predito (26:32) não exclui aparecimentos pessoais anteriores a indivíduos ou pequenos grupos em Jerusalém.

28:9 Eis que Jesus veio ao encontro. A primeira cláusula do versículo 9 deve ser omitida com base no texto. Este aparecimento de Jesus foi depois que as mulheres transmitiram aos discípulos a mensagem do anjo (Lc. 24:9-11). Enquanto isso, Maria Madalena, tendo informado Pedro e João sobre a sepultura vazia, seguiu-os até o local e, ficando lá, foi a primeira a ver o Cristo ressuscitado (Mc. 16:9; Jo. 20:1-18). Agora, neste segundo aparecimento, Jesus deu às mulheres essencialmente a mesma orientação que o anjo já dera (v. 7).

28:11-15 Só foi registrado aqui. Esses soldados foram mandados por Pilatos ao Sinédrio e portanto informaram seus membros (27:65, 66). Seu relatório resultou na convocação de uma sessão do Sinédrio, na qual votaram um grande suborno para garantir a cooperação dos soldados no ocultamento da verdade. A natureza auto-contraditória da narrativa que eles faziam circular (como se soldados adormecidos pudessem saber o que tinha acontecido ou que todos pudessem estar dormindo ao mesmo tempo, ou que os soldados romanos pudessem incriminar-se desse modo) torna sua aceitação muitíssimo inacreditável. Contudo a história foi largamente disseminada entre os judeus (sem artigo). Mateus, escrevendo particularmente sob o ponto de vista judeu, dá os sórdidos detalhes que explicam a fábula. A promessa do Sinédrio de persuadir Pilatos se ele tomasse alguma atitude significa que poderiam oferecer um suborno, ou que eles assegurariam ao governador que o Sinédrio estava satisfeito com o desempenho dos soldados.

28:16 Este aparecimento aos onze na Galileia, cumprindo instruções anteriores (26:32; 28:7, 10), é sem dúvida o aparecimento a “mais de quinhentos” mencionado por Paulo (I Co. 15:6). A Galileia era o lar da maioria dos discípulos de Cristo, e o lugar mais indicado para uma multidão como essa não ser molestada pelas autoridades.

28:17.... o adoraram; mas alguns duvidaram. Reconhecimento verdadeiro de sua divindade pela maioria (conf. com o caso anterior de Tomé, Jo. 20:28); hesitação de alguns poucos. A dificuldade de compreender que esses duvidadores fossem alguns dos Onze, depois dos aparecimentos em Jerusalém, tem levado muitos a identificá-los entre os quinhentos de Paulo. Mateus, entretanto, apesar de não excluir certamente a presença dos outros, dificilmente poderia ter pensado neles. É melhor aceitá-lo como um surpreendente mas honesto comentário dos fatos, e mais ainda, como uma indicação de que os discípulos não eram um grupo crédulo, crendo apenas com base em “muitas e infalíveis provas” (Atos 1:3).

28:18. Toda a autoridade me foi dada. A comissão decorrente foi secundada pela autoridade daquele que é Rei mediador de Deus, com poder que se estende por todos os domínios. Fazei discípulos de todas as nações. A tarefa de evangelizar e alistar homens sob o senhorio de Cristo. Batizando-os. O rito simbólico através do qual uma pessoa reconhece publicamente sua aquiescência pessoal à mensagem cristã. Nome do Pai e do Filho, e do Espírito Santo. A fórmula completa a ser empregada, enfatizando o caráter distintamente cristão desse batismo quando comparada a tipos anteriores de abluções judias.

28:20 Ensinando-os. Inculcando os preceitos de Cristo como esboço da maneira própria de viver dos seus discípulos. E eis que eu estou convosco todos os dias. Uma promessa bendita da presença de Cristo como também de que a sua autoridade concederá poder aos seus servos para a execução desta comissão.

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