Interpretação de Mateus 6

Mateus 6

Mateus 6 continua com o Sermão da Montanha de Jesus, enfocando três temas principais: atos justos, oração e preocupações terrenas. Ao longo deste capítulo, Jesus oferece informações e ensinamentos valiosos sobre como viver uma vida agradável a Deus e centrada em um relacionamento genuíno com Ele.

O capítulo começa com Jesus alertando contra a prática de atos justos, como dar aos necessitados, orar e jejuar, com a intenção de buscar reconhecimento e elogios dos outros. Em vez disso, Ele enfatiza a importância de fazer esses atos em segredo, onde somente Deus os vê e os recompensa. Isso ressalta a importância da sinceridade e autenticidade em nossas ações e intenções.

Jesus então fornece uma oração modelo, conhecida como Oração do Senhor ou Pai Nosso. Ele ensina Seus discípulos a orar, enfatizando a reverência a Deus como Pai, o desejo de que Seu reino venha, a confiança em Deus para provisão e perdão diários e o pedido de orientação para evitar a tentação e o mal. Esta oração serve como um guia para os cristãos se comunicarem com Deus e entenderem os aspectos-chave de uma vida de oração significativa.

Em seguida, Jesus destaca o significado do perdão, explicando que se perdoarmos os outros, nosso Pai Celestial também nos perdoará. No entanto, se retermos o perdão dos outros, não podemos esperar receber o perdão de Deus. Este ensinamento ressalta a importância da misericórdia e da reconciliação em nossos relacionamentos com os outros.

O capítulo então aborda o tópico de bens materiais e preocupações mundanas. Jesus exorta Seus seguidores a não se preocuparem excessivamente com suas necessidades físicas, como comida, roupas ou abrigo. Em vez disso, Ele os encoraja a confiar na providência de Deus, ilustrando como Ele cuida dos pássaros do céu e das flores do campo, e certamente proverá para Seus filhos.

Jesus lembra Seus ouvintes de buscar primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, e todas essas necessidades terrenas serão acrescentadas a eles. Isso enfatiza a prioridade dos assuntos espirituais e eternos sobre as preocupações temporárias deste mundo.

Por fim, Mateus 6 termina com um apelo ao discernimento e julgamento sábio em como vivemos nossas vidas. Jesus adverte contra ser movido por buscas materiais e tesouros terrenos, pois eles podem nos distrair do verdadeiro propósito de nossa existência – amar e servir a Deus.

Em termos gerais, Mateus 6 contém ensinamentos essenciais do Sermão da Montanha de Jesus, abrangendo atos justos, oração e preocupações terrenas. O capítulo enfatiza a importância da sinceridade em nossas ações, fornece um modelo de oração, destaca o significado do perdão e da confiança na provisão de Deus e nos desafia a priorizar os assuntos espirituais sobre as atividades mundanas. Esses ensinamentos guiam os crentes a uma vida de fé genuína, oração íntima e total confiança no amor e cuidado de Deus.

Interpretação

6:1-4. Primeiro exemplo: esmolas. Esmola. O versículos 1 tem a palavra justiça nos melhores textos, e ela introduz toda a discussão. Tem-se em vista aqui a justiça prática. Diante dos homens. Embora tenhamos recebido a ordem de deixar a nossa luz brilhar (5:16), atos de justiça não devem ser praticados para auto-glorificação (com o fim de serdes vistos por eles). Esmola foi bem aplicado no versículo 2 e demonstra a oferta caridosa. Toques trombeta. Metáfora para “tornar público”. Hipócritas. Da palavra grega que indica atores desempenhando um papel. Já receberam a recompensa. O uso comercial dessa palavra indica pagamento integral com recibo. A justiça exibicionista já recebeu o seu pagamento integral; Deus nada acrescentará. Aqueles que se contentam em dar a sua oferta em secreto serão recompensados, não pelo aplauso dos homens, mas pelo seu Pai celestial. Omite publicamente (ERC).

6:5-15. Segundo exemplo: oração. Em pé nas sinagogas. Era o modo costumeiro (Mc. 11:25) e o lugar de oração e não está sendo atacado. Mas a intenção daquele que pretende que o momento da oração o surpreenda em lugar proeminente e que ama essa exibição é condenada. Entra no teu quarto. Não está se declarando que a oração pública seja condenada (Jesus mesmo orou em público, Lc. 10:21, 22; Jo. 11:41,42), mas sim a exibição vaidosa. A oração particular é o melhor treinamento para a oração pública. Omite publicamente (ERC). Vãs repetições (tagarelice) são características das orações pagãs (ou gentias), como a ostentação é dos hipócritas. Tal atitude é como se a oração fosse um esforço para vencer a má vontade de Deus em responder, cansando-o com palavras. Entretanto não é a mera extensão ou repetição que Cristo condena (Jesus orou a noite inteira, Lc. 6:12, e repetiu seus pedidos, Mt. 26:44), mas a motivação indigna que induz tais atos religiosos.

Jesus continua dando um exemplo de uma oração aceitável, que é uma maravilha no seu largo alcance e brevidade. No entanto, certamente não deve ser repetida supersticiosamente (a atitude que Cristo estava execrando, v. 7) e ela não incorpora todos os seus ensinamentos sobre oração (conferir com Jo. 16:23, 24), mas pode ser usada (não apenas recitada) com sinceridade por todos os verdadeiros crentes. Os cristãos certamente perceberão, à luz de revelação posterior, que a oração é possível com base nos méritos de Cristo.

Nosso Pai. Uma maneira incomum de começar uma oração no V.T., mas preciosa a todos os crentes do N.T. Os três primeiros pedidos da oração referem-se a Deus e ao seu programa; os quatro últimos, ao homem e suas necessidades. Santificado. O significado aqui é “seja reverenciado e tratado como santo”. Venha o teu reino. O reino messiânico. Não apenas judeus mas todos os crentes em Cristo deveriam ter um interesse vital pela sua chegada. O pão nosso de cada dia. O primeiro pedido pelas necessidades pessoais emprega um termo, cada dia, encontrado apenas uma vez no grego secular (Arndt. pág. 296). As opiniões quanto ao seu significado variam entre “diário”, “necessário para a existência” e “dia seguinte”. Perdoa-nos as nossas dívidas. Os pecados tidos como dívidas morais e espirituais para com a justiça de Deus. Esses não são os pecados dos não-regenerados (esta oração foi ensinada apenas aos discípulos), mas de crentes, que precisam confessá-los. Assim como nós perdoamos. O perdão dos pecados, quer sob a lei mosaica ou na Igreja, sempre é pela graça de Deus e com base na expiação de Cristo. Entretanto, o caso de um crente confessando seu pecado e pedindo o perdão de Deus enquanto guarda rancor contra outra pessoa, além de ser incongruente, é também hipócrita. É mais fácil ter-se um espírito perdoador quando o cristão considera quanto Deus já lhe perdoou (Ef. 4:32). A falta de perdão é o pecado e deve ser confessado como tal. E não nos deixes cair em tentação. Conferir com Tiago 1:13,14; Lc. 22:40. Uma declaração de que Deus, na sua providência, poupará o suplicante das tentações desnecessárias. A doxologia em 6:13b é uma interpolação litúrgica de I Cr. 29:11.

6:16-18 Terceiro exemplo: jejum. Quando jejuardes. A lei mosaica (sob a qual viviam os ouvintes de Cristo) prescrevia um jejum anual, no Dia da Expiação (Lv. 16:29, “afligireis as vossas almas”). O farisaísmo acrescentou dois jejuns semanais, às segundas-feiras e quintas-feiras, e os usavam como ocasiões para exibição pública de piedade. Entretanto, a verdadeira função do jejum era indicar contrição profunda e a devoção temporária de todas as energias à oração e à comunhão espiritual. Mas o jejum que exige expectadores é mera exibição. Jesus não instituiu jejuns para os seus discípulos, ainda que o jejum voluntário aparece ocasionalmente na igreja apostólica (Atos 13:2,3).

6:19-24. Quarto exemplo: riqueza. Um erro comum do farisaísmo e judaísmo era geralmente a ênfase indevida sobre a riqueza material como evidência da aprovação de Deus. Jesus explicou que os tesouros sobre a terra são efêmeros, podendo ser perdidos por causa das traças (confira com vestido, v. 19). Ferrugem (uma tradução mais apropriada para brosis, conferir com mantimento, v. 25) e ladrões. O cidadão do Reino deveria antes ajuntar tesouros no céu, concentrando-se na justiça (veja v. 33). A lâmpada do corpo, que recebe e dispensa a luz, são os olhos. Se os olhos, usados aqui, figurativamente em relação à compreensão espiritual, fossem bons, não sofrendo da visão dupla em relação à questão das riquezas – uma perturbação que é má – então o indivíduo pode ver as riquezas na sua perspectiva correta. A impossibilidade de servir a dois senhores no relacionamento do escravo e senhor é uma ilustração pitoresca. Mamom. Ainda que a sua origem seja incerta, parece ser uma palavra aramaica indicando riquezas, aqui personificadas. Observe que Jesus não condena as riquezas mas a escravidão às riquezas.

6:25-34. Quinto exemplo: ansiedade. Aqueles que não têm riquezas podem acabar sendo vítimas da preocupação por falta de fé. Daí a transição natural. Não andeis ansiosos. Não uma proibição de previdência ou planejamento (confira com I Tm. 5:8; Pv. 6:6-8; 30:25), mas de ansiedade sobre necessidades diárias. Não é a vida mais do que o alimento? Considerando que a própria vida e o corpo foram providenciados por Deus, não deveríamos confiar nele para providenciar aquilo que tem menos importância? Considerando que Deus fornece o sustento às aves que não têm capacidade de semear, colher e armazenar, quanto mais deveriam os homens, que foram equipados com essa capacidade, confiar em seu Pai celestial! Acrescentar um côvado ao curso de sua vida. O alimento é essencial ao crescimento. Mas mesmo isso Deus controla. Conforme uma criança vai crescendo e se tornando adulta, Deus acrescenta muito mais do que um côvado (cerca de 45 cm) mas a ansiedade só pode atrapalhar e não ajudar. Alguns preferem traduzir para período de vida e não estatura, e tentam descobrir exemplos de côvado como medida de tempo. Entretanto, a primeira interpretação serve bem à passagem. Lírios. Qual a flor em particular indicada por esta palavra é duvidoso, mas elas deviam estar florescendo naquela ocasião uma vez que Jesus se refere a qualquer deles. Salomão. O mais magnífico rei hebreu. Erva do campo. Os lírios acabados de mencionar, a beleza dos quais é breve, e que logo são cortados coma erva e usados como combustível para as necessidades do homem aquecendo no forno (Tiago 1:11). Vós, homens de pequena fé. Uma expressão usada quatro vezes em Mateus e uma vez em Lucas, como encorajamento para o crescimento na fé, e também como reprimenda carinhosa. Os gentios é que procuram. Uma referência à atenção que os gentios dispensam às coisas materiais porque não conhecem Deus na qualidade de Pai celestial (conferir com 6:7, 8). Buscai, pois em primeiro lugar. Os ouvintes de Cristo, que já se declararam às ordens do Rei, devem continuar buscando (verbo durativo) o Reino, concentrando-se nos valores espirituais e colocando toda a sua confiança em Deus; e Deus que conhece suas necessidades temporais suprirá o que for necessário. O amanhã trará os seus cuidados. Uma personificação notável. Basta a cada dia o seu próprio mal. Este mal é explicitamente físico, referindo-se aos problemas que podem surgir. Não tem sentido acrescentar os cuidados de amanhã aos cuidados de hoje.

Índice: Mateus 1 Mateus 2 Mateus 3 Mateus 4 Mateus 5 Mateus 6 Mateus 7 Mateus 8 Mateus 9 Mateus 10 Mateus 11 Mateus 12 Mateus 13 Mateus 14 Mateus 15 Mateus 16 Mateus 17 Mateus 18 Mateus 19 Mateus 20 Mateus 21 Mateus 22 Mateus 23 Mateus 24 Mateus 25 Mateus 26 Mateus 27 Mateus 28