Significado de 1 Timóteo 2

1 Timóteo 2

1 Timóteo 2:1, 2 Antes de tudo. Aqui, Paulo indica aquilo que pode edificar a Igreja (1 Tm 1.4). Nesses versículos, Paulo usa quatro dos sete termos do Novo Testamento para a oração. Deprecações enfatiza súplicas em favor de necessidade pessoal. O verbo do qual deriva o substantivo dá ideia de petição. Orações é o termo geral para as preces do povo de Deus. As orações são sempre dirigidas a Deus com reverência ou adoração. Intercessões sugere aproximar-se com confiança, com livre acesso a Deus. Ações de graças são uma atitude de gratidão, o ato de louvar a Deus pelo que tem feito por nós. Cada um desses aspectos da oração deve estar presente na vida de uma igreja. Por todos os homens é o primeiro objeto da oração. Essa expressão genérica é usada para homens e mulheres, indiferentemente, não sendo restrita aos cristãos, mas abrangendo não cristãos, inclusive reis e [...] todos os que estão em eminência. Vida quieta e sossegada refere-se a uma atitude ou situação interior aprazível. A ideia de orar pelos reis, ou pelas autoridades, tem uma ênfase dupla. Primeiro, é uma forma específica de orar por todos os homens, porque as ações dos governantes afetam a sociedade como um todo. Segundo, faz com que os cristãos se lembrem de que Deus é o grande Soberano, acima de todos os governantes. Ele está no controle de tudo e de todos, e nossas orações afetam as decisões das autoridades em nível mais elevado.

1 Timóteo 2:3 Bom (gr. kaios) significa, aqui, útil, excelente ou conveniente (compare com 1 Tm 1.8). A oração é boa por estar de acordo com a vontade de Deus. Diante de Deus, nosso Salvador lembra o poder de salvação do Senhor (1 Tm 11.15).

1 Timóteo 2:4 Que quer que todos os homens se salvem não significa que Deus quer que todos, mesmo os persistentes na impiedade, recebam indiscriminadamente a salvação. Em outra passagem, Paulo ensina claramente que somente os que creem em Cristo a receberão (Rm 1.16, 17; 3.21-26; 5.17). Isso também é o que Jesus ensina (Jo 3.15-18). Portanto, não é a vontade definitiva de Deus, por meio da qual Ele governa de forma soberana o mundo, a salvação sem seleção. O que Paulo está dizendo aqui é que o Deus Salvador estende sua oferta de salvação a todos. Por isso, Cristo morreu pelos pecados de todos, mas somente os que creem recebem o benefício desse sacrifício (Jo 3.16; 2 Co 5.14, 15).

Conhecimento da verdade refere-se ao crescimento cristão após a salvação. Deus não deseja somente nossa salvação (justificação), mas também nosso crescimento na verdade (santificação), para que não sejamos mais enganados pelo pecado e por falsos mestres (1 Tm 1.3, 4).

1 Timóteo 2:5 Um só Deus é uma verdade central das Escrituras hebraicas. O único Deus vivo deseja que todos sejam salvos. Ele é o Único a quem nossas orações devem ser dirigidas. Mediador é um conceito oriundo da adoração cerimonial prescrita no Antigo Testamento. No tabernáculo e, mais tarde, no templo, os sacerdotes mediavam entre Deus e o povo, oferecendo sacrifícios animais para expiar os pecados de todos e intercedendo pela nação. Na posição de mediador, o sacerdote era o único que podia entrar no Santo Lugar, onde Deus manifestava Sua presença. Nosso único Mediador é Jesus Cristo, homem (Hb 9.11-15). Há um só Deus, em quem se encontra a salvação. Há um só caminho que leva a Ele, por meio do Mediador, Cristo Jesus, que tem a natureza plena de Deus e a natureza plena do homem. Cristo se identificou conosco; Ele nos entende perfeitamente e representa-nos à destra de Deus, o Pai (Rm 8.34).

1 Timóteo 2:6 Coube ao único Mediador nosso (v. 5) dar-se a si mesmo em preço de redenção por todos. A palavra grega aqui correspondente a redenção é encontrada somente nesta passagem, no Novo Testamento. Refere-se especificamente a resgate pago por um escravo. No grego, é formada por um prefixo que reforça a ideia de substituição (Mt 20.28; Mc 10.45). Em outras palavras, Cristo substituiu nossa vida pela dele. Nossos pecados nos separaram de Deus. Cristo sofreu o castigo por nossos pecados, para que pudéssemos ser reconciliados com o Pai.

1 Timóteo 2:7 Doutor dos gentios descreve o ministério para o qual Paulo havia sido comissionado (At 9.15; Rm 11.13). Fé se refere à crença na salvação (justificação), enquanto verdade se relaciona com o crescimento espiritual cristão (santificação). Paulo foi chamado não somente para pregar o evangelho aos gentios, mas também para guiar seu crescimento na verdade. Foi para isso que ele deixou Timóteo em Éfeso. Timóteo deveria advertir os efésios de não ensinarem outras doutrinas, nem fábulas ou genealogias inúteis e intermináveis (1 Tm 1.4).

1 Timóteo 2:8-10 Estas instruções se referem ao modo como uma pessoa deve comportar-se na adoração pública, mas os princípios ensinados têm aplicação mais ampla no comportamento cristão. Santidade de vida (v. 8) e modéstia no traje (v. 9, 10) são especialmente adequadas para o cristão.

1 Timóteo 2:8 A expressão os homens se refere àqueles que se envolvem na condução da adoração pública. Liderar a adoração pública não é algo restrito a alguns de nós com dons específicos. A oração é um dos aspectos centrais da adoração cristã. A palavra grega traduzida por homens nesse versículo se refere literalmente a homens, não a mulheres. Alguns interpretam como se isso significasse que os homens deveriam ser os únicos líderes na adoração pública. No entanto, Paulo fala de mulheres orando em público em outras de suas cartas (v. 9; 1 Co 11.5). Levantando mãos santas é uma forma hebraica de orar (1 Rs 8.22; SI 141-2). Santas significa moral e espiritualmente limpas. A oração bíblica deve ser feita com a vida e o coração limpos (Hb 10.22). Sem ira nem contenda. A ira é um tipo lento de raiva em ebulição. O sentido literal de contenda é pensar de modo contrário. Carrega a ideia de discussão. Toda oração deve ser feita sem qualquer ressentimento ou discussão entre os que oram. Aqueles que acaso não tenham boas relações com outros com quem irão orar juntos devem evitar conduzir a adoração pública.

1 Timóteo 2:9 Do mesmo modo. Essa expressão continua a abordagem a respeito de oração, iniciada no versículo 8. Em outras palavras, assim como os homens ao orar devem ter uma atitude sincera e santa, as mulheres, ao orar, devem ser modestas. Traje honesto. A ênfase é que as mulheres devem vestir-se de forma apropriada para a adoração, ou seja, sem o uso de roupas extravagantes, que possam chamar atenção para si mesmas. Pudor significa decoro, reverência e respeito. O termo traduzido como modéstia também poderia ser entendido como equilíbrio, humildade e autocontrole.

1 Timóteo 2:10 Paulo exorta as mulheres de Éfeso a vestir-se de modo decoroso, piedoso, em vez de usar roupas inapropriadas e extravagantes. Com boas obras. A beleza de uma mulher cristã é encontrada em seu caráter piedoso e em seu amor pelo Senhor, como pode ser demonstrado em toda boa obra.

1 Timóteo 2:11-15 É possível que estas restrições se baseassem no comportamento inadequado de algumas mulheres, que certamente se haviam recentemente convertido. Paulo não era propriamente contra o fato de as mulheres orarem e profetizarem em público, desde que estivessem trajadas adequadamente (1 Co 11.4, 5). Paulo foi espontâneo em reconhecer sua dívida para com um grupo considerável de mulheres que ajudaram a consolidação da Igreja do Novo Testamento (Rm 16.1-15).

1 Timóteo 2:11, 12 Paulo usa um recurso literário nestes versículos para construir seu argumento de que as mulheres não deveriam ensinar nem exercer autoridade sobre os homens na igreja. Ele usa dois pares de palavras para expressar o que quer dizer, como se segue. No versículo 11: a mulher aprenda (manthaneto); em silêncio (hêsuchia); com toda a sujeição (en pase hupotagê). No versículo 12: nem ensine (didaskein); nem exerça autoridade (authentein); mas permaneça em silêncio (hêsuchia).

1 Timóteo 2:11 A mulher aprenda é uma determinação. Paulo deseja que as mulheres aprendam a doutrina cristã na congregação local, mas com uma atitude adequada. Aqui ele se coloca acima da cultura grega, já que a mulher do século 1 na Grécia não era considerada capaz de aprender. Paulo rejeita esse mito e exorta Timóteo a dar oportunidade às mulheres. Tendo aproveitado plenamente o potencial das mulheres em seu ministério (Rm 16.3-15), o apóstolo dá um grande exemplo a Timóteo.

Em silêncio (gr. hêsuchia) deve ser a atitude ou disposição da mulher (como sossegada em 1 Tm 2:2 ou de um espírito manso e quieto em 1 Pe 3.4) enquanto estiver aprendendo, como, aliás, deveria ser a de todos os cristãos, mulheres ou homens. Paulo não está dizendo que a mulher não pode falar na congregação local (compare com 1 Coríntios 11.2-16). Um termo grego diferente (sigas) é que significa nada dizer ou falar. Mesmo tendo lhes dado privilégio e liberdade, Paulo adverte que as mulheres devem aprender com toda a sujeição, não de um modo irrequieto, contencioso ou rebelde. Essa novidade em matéria de liberdade, para os que continuarem na ignorância e, consequentemente, imaturos, pode ser facilmente usada de forma incorreta, como aconteceu, por sinal, em Éfeso (5.11-15).

1 Timóteo 2:12 Não permito está no tempo presente e indica uma atitude constante. O apóstolo expressa sua constante autoridade pessoal como apóstolo em relação à questão das mulheres ensinarem aos homens na igreja local (compare com Romanos 12:1). Ensinar (gr. didaskein). O apóstolo usa a palavra grega para expressar o tipo de ensino encontrado nas comunidades judaicas de que ele procedia. Mais do que dar informação aos alunos, incluía o apelo feito por um rabino, ou mestre, para que seus discípulos ouvissem, cressem e praticassem suas palavras. Era um ensino baseado na revelação de Deus, usando das mesmas funções exercidas na Igreja primitiva pelos anciãos: doutrina, correção, disciplina e repreensão (compare com 1 Timóteo 4.11; 4.165.2; 2 Timóteo 3.17; 4-1-4; Tito 2:15; 3.8-11). Geralmente, os que exerciam essa responsabilidade na Igreja primitiva tinham o dom espiritual de ensinar (compare com Romanos 12:7; 1 Coríntios 12:28), mas nem todo exercício desse dom espiritual, por homens ou mulheres, teria de ser, necessariamente, na congregação. Autoridade. Aqui, a palavra grega (authentein) não é normalmente a usada para autoridade, que é exousia, significando ter o direito. A palavra aqui usada é somente encontrada nesta passagem, no Novo Testamento, sendo, por isso, objeto de interpretações incorretas. O que geralmente é aceito com relação a authenteõ em dicionários académicos reconhecidos e estudos recentes mostra, com quase toda a certeza, que a ideia é que as mulheres não devem exercer autoridade sobre os homens. A conjunção nem (gr. oude) indica que ensine é definido pela expressão use de autoridade. Alguns têm se equivocado, julgando que os dois termos deveriam ser unidos e traduzidos por ensinar de modo dominador. Se ensinarem, portanto, com uma atitude correta, as mulheres o podem fazer aos homens, na congregação. Isso introduz uma ideia gramatical que simplesmente não é encontrada neste texto e que não é característica do estilo de escrita do apóstolo. Sem dúvida, Paulo não queria que ninguém homem ou mulher ensinasse de forma incorreta. Além disso, em nenhuma passagem o texto indica que o apóstolo está proibindo o ensino de falsas doutrinas (o que seria igualmente proibido para homens e mulheres). Em vez disso, o apóstolo está proibindo qualquer ensino aos homens dado por mulheres (na congregação, evidentemente, v. 8-12), ou qualquer ensino de mulheres na congregação com autoridade sobre os homens. Quando examinamos 144 exemplos do Novo Testamento que usam a mesma construção encontrada aqui no versículo 12, descobrimos que o nem é usado para reforçar ou intensificar um conceito com o qual ambos os elementos se relacionam (sendo o primeiro específico e o último geral: aqui, ensinar e exercer autoridade), e não para indicar uma única ideia (ou seja, no caso, ensinar de um modo dominador). Paulo, então, não desaprova aqui o ensino ministrado por mulheres por causa de razões culturais ou aptidão ou instrução das mulheres.

A exortação está relacionada simplesmente à teologia, à ordem da criação e à queda, sendo um aspecto significativo do julgamento da mulher o de ela exercer autoridade em uma área aparentemente reservada para o marido uma inversão da ordem da criação (compare com Gênesis 3.16; 4.7). O melhor é entendermos essa passagem como um ensino de que, quando os ministérios forem exercidos sob a liderança adequada de um homem (ancião), as mulheres podem exercer qualquer dos dons espirituais que receberem e que possam desenvolver nos mais variados ministérios de uma comunidade local (2 Tm 3.14; Tt 2:3, 4) exceto ensinar aos homens. As mulheres podem, enfim, servir no Corpo de Cristo em muitos ministérios, mas os homens devem funcionar como líderes oficiais de Deus na congregação local.

1 Timóteo 2:13, 14 Porque. Paulo apresenta razões para as diretrizes dadas nos versículos 9-12: Primeiro foi formado Adão se refere a Gênesis 2:7-25. Na ordem da criação de Deus (1 Co 11.9), Adão foi criado antes de Eva. Esta é uma referência implícita quanto aos privilégios que o primogênito recebia na sociedade judaica. Esses privilégios não eram dados com base na superioridade inerente ao indivíduo, mas, em vez disso, pelo fato de ele ter nascido primeiro, algo controlado pelo próprio Deus. A segunda razão para as proibições apresentadas nos versículos 9-12 se relaciona à queda do homem. Adão não foi enganado mostra o fato de que Adão pecou de olhos abertos; sabia o que estava fazendo (Rm 5.12). A mulher, sendo enganada. O verbo indica que Eva foi completamente enganada. Partindo da criação e da queda, nestes versículos, o argumento de Paulo parece indicar que as proibições dos versículos 9-12 devem ser permanentes. (Alguns alegam que Paulo estava fazendo uma analogia entre criação e queda e a situação então existente na igreja de Éfeso, onde os homens estavam ensinando e algumas mulheres estavam sendo enganadas por falsos mestres, mas nenhuma passagem em 1 Timóteo respalda essa visão.)

1 Timóteo 2:15 Salvar-se-á [...] dando à luz filhos. Alguns acreditam que esse versículo se refira ao nascimento de Cristo e que a mulher seja Maria. No entanto, pode referir-se à missão especial da mulher de conceber (Tt 2:3-5). A salvação em questão aqui não é propriamente a justificação, mas a santificação diária. E provável que Paulo esteja referindo-se a estar livre a mulher do desejo de dominar, por reconhecer seu devido lugar na ordem da criação de Deus. Se permanecer sugere que essa salvação (santificação) está condicionada à caminhada contínua da mulher na fé, no amor, na santidade e no autocontrole.