Significado de Filemom 1

Significado de Filemom 1
Significado de Filemom 1

Filemom 1
1.1 — Paulo se identifica não como apóstolo, mas como prisioneiro, devido à sua dedicação à causa de Cristo e ao fato de estar escrevendo da cadeia romana (v. 9,10,13,23). Timóteo estava com Paulo em Roma (Cl 1.1) e em Éfeso. Tudo o que sabemos sobre Filemom está nesta breve carta. Morador de Colossos, Filemom era, ao que parecia, um cristão exemplar. Ele trabalhava ativamente em prol de Cristo e era, também, dono do escravo Onésimo, que fugira. Filemom é chamado de amado. O apelo de Paulo (v.9,10) será fundamentado no conceito de amor. Cooperador indica alguém que está unido com o apóstolo no trabalho pró-Cristo.

1.2 — Afia pode ter sido a esposa de Filemom. É provável que Arquipo tenha sido o filho de Filemom ou, talvez, um ancião da igreja colossense (Cl 4-17).

Nosso companheiro é uma expressão mais significativa do que nosso cooperador (v. 1). A palavra companheiro é usada no Novo Testamento outra vez apenas quando Paulo fala de Epaffodito (Fp 2.25). À igreja que está em tua casa. A Igreja se reunia na casa de Filemom, e este pode ter sido um líder ativo dela.

1.3 — Graça a vós e paz. Graça (gr. charis) era a saudação grega usual, assim como paz (hb. shalom) era a saudação usual hebraica. Paulo combina ambos os termos, reforçados pelo sentido cristão absoluto de todas as bênçãos de salvação que nos chegam, livremente, por meio de Cristo, e a paz de Deus, que obtivemos porque Cristo fez as pazes com Deus em nosso nome. O fato de Deus Pai e o Senhor Jesus Cristo juntos nos concederem graça e paz ilustra Sua igualdade.

1.4-7 — Nos versículos 4-7, Paulo estabelece os fundamentos do apelo, elogiando Filemom.

1.4,5 — Nas minhas orações. A vida cristã de Filemom era uma causa contínua para dar graças sempre que Paulo orava. Ouvindo. Paulo ouvia falar muito da fé que Filemom possuía e de seu amor pelas pessoas ao seu redor. Ele era um crente exemplar, tanto perante o Senhor como na visão de outros cristãos. Naturalmente, isso tem um peso no pedido que Paulo lhe fez.

A tua caridade e a fé [...] para com todos os santos. Isso pode ser um exemplo do recurso literário chamado quiasmo, no qual frases paralelas são conectadas em ordem contrária. Assim, a palavra fé se refere a Cristo, enquanto que a palavra caridade faz alusão aos santos. Santos são todos os cristãos. O verdadeiro amor é expresso em atos, não apenas em palavras (1 Co 13.1-7).

1.6 — Paulo ora para a fé do amigo Filemom ser eficaz — um termo que significa estar em boas condições de funcionamento (Hb 4.12, onde se repete o mesmo termo). A fé que funciona é a que se partilha; é o conhecimento daquilo que Cristo operou na vida do cristão (Ef 3.17-19). Este tipo de fé também significa partilhar os pertences com outros irmãos (v. 17,18).

1.7 — Em vez de simplesmente ficar feliz pelo amor de Filemom, o apóstolo afirmou enfaticamente ter tido grande gozo, mesmo acorrentado (v.l). A alegria do cristão em circunstâncias difíceis era um testemunho da paz com Deus. Consolação também pode ser traduzido como estímulo. A caridade de Filemom deixou Paulo alegre e animado. O coração aqui é a natureza emocional da pessoa (v.12,20). O apóstolo ouvira dizer que o coração dos santos também estava sendo recreado pelo amor de Filemom (Mt 11.28; 1 Co 16.18). Paulo não desejava debater teologia com Filemom, e sim falar-lhe do fundo do coração. Caso Filemom demonstrasse esse tipo de amor para com Onésimo, ele estaria recuperado e Paulo ficaria feliz e animado. Aceitar de volta um escravo sem castigá-lo de forma alguma era chocante no contexto socioeconômico romano.

1.8 — Pelo que. Devido à fundação que foi criada (v.4-7), o apóstolo está pronto a fazer seu apelo. A expressão grande confiança quer dizer ousadia no falar (2 Co 3.12; Ef 6.19). A autoridade apostólica de Paulo e a condição espiritual de Filemom deram confiança a Paulo para mandar Filemom fazer o que era certo (Cl 3.18).

1.9 — Em vez de dar uma ordem a Filemom (v.8), Paulo preferiu pedir-lhe em nome do amor. Peço-te é a mesma palavra traduzida como comolação no versículo 7.

Paulo, o velho. O apóstolo está referindo-se ou ao seu cargo de ancião, ou à sua velhice.

1.10 — Peço-te. Perceba o cuidado do apóstolo Paulo em nunca fazer valer sua autoridade ao levar Filemom a aceitar sua posição. Nesta epístola, todos nós podemos receber uma aula de diplomacia observando os modos do apóstolo. A violência costuma gerar só violência; o amor pode derrubar as barreiras divisoras.

Meu filho é a palavra grega que significa criança. A imagem do pai e do filho é usada em outros pontos por Paulo ao falar de seus convertidos (1 Tm 1.2; Tt 1.4).

Gerei. O apóstolo possuía responsabilidade pessoal ao apresentar Onésimo a Cristo (1 Co 4.15; G14.19).

1.11 — Paulo faz, aqui, um interessante jogo de palavras. Tendo acabado de mencionar Onésimo, cujo nome significa útil (v. 10), o apóstolo o descreve como alguém que já fora inútil (não aproveitável), mas que, agora, é útil. Paulo está dizendo que o escravo fugido se tornara bom e útil, até mais do que o próprio Filemom poderia ter imaginado. Este é um exemplo da graça de Deus.

1.12 — E tu torna a recebê-lo. Paulo está encaminhando o caso de volta a Filemom, a fim de que ele tome sua decisão. Ele aconselha o dono de Onésimo a não considerá-lo como escravo fugitivo. De fato, Onésimo tornara-se parte do próprio coração de Paulo (v. 7,20).

1.13 — Bem o quisera. Paulo queria manter Onésimo em Roma, ajudando no ministério, confiante na aprovação de Filemom. Onésimo vinha servindo ao apóstolo no lugar de Filemom, auxiliando-o como Filemom não podia.

1.14 — Paulo exprimiu o seu desejo de incluir Filemom na decisão de poder manter ou não Onésimo consigo. Sendo assim, ele só agiria com o parecer de Filemom. O benefício de Filemom tinha de ser voluntário. Servir a Cristo nunca é obrigatório. Paulo dera a Filemom vários bons motivos pelos quais o escravo fugido devia ser perdoado, mas aqui ele volta à base de seu argumento: as atitudes de Filemom tinham de emanar de sua caridade pessoal (v.9).

1.15 — Pode ser. Depois de apelar para a confiança de Filemom em Paulo, o apóstolo se volta para a mente de Filemom e a sua visão de Deus. “Filemom, você já pensou por que Onésimo foi embora?” pode ser uma boa forma de parafrasear o que Paulo queria dizer.

Separado de ti por algum tempo. A fuga de Onésimo fazia parte do plano de Deus. Para que o retivesses para sempre. Paulo contrapõe a separação temporária devido à fuga de Onésimo com o benefício eterno de sua salvação, de escravo temporário a filho eterno, de uma condição degradante a uma eterna relação com Cristo e os demais cristãos. Esse é o poder transformador da graça divina.

1.16 — Não já como servo; antes, mais do que servo, como irmão amado. Paulo contrapõe a posição humilde do escravo com o alto privilégio do irmão cristão. Embora as religiões pagãs da época reconhecessem o escravo iniciado como livre do seu último proprietário, a perspectiva cristã é mais sublime. Em Cristo, o escravo se torna verdadeiramente parte da família de seu antigo amo cristão e irmão de todos os santos.

Na carne como no Senhor. Onésimo não seria útil apenas no nível humano; também teria utilidade para a obra do Senhor.

1.17,18 — Companheiro [...] deve. Provavelmente, Onésimo havia roubado algo de Filemom ao fugir. Além disso, ele devia a seu senhor pelo tempo que passou longe dele. O apóstolo emprega metáforas comerciais ao oferecer pagamento por qualquer prejuízo que Filemom tenha sofrido em consequência dos atos do escravo fugido. Filemom devia receber Onésimo da forma como receberia Paulo, seu companheiro em Cristo.

Põe isso na minha conta. Esta metáfora contábil nos recorda da verdade teológica de que nossos pecados foram cobrados da conta Cristo, embora Ele não os tivesse praticado. O perdão custa caro (Is 53.6).

1.19 — De minha própria mão. Paulo escreveu esta mensagem de próprio punho em parte por ser um recado pessoal, mas também porque a carta poderia ser considerada um documento legal que o obrigaria a pagar os danos causados por Onésimo.

Eu o pagarei. Paulo promete pagar a dívida de Onésimo para garantir a boa recepção do escravo fugitivo.

A mim te deves. A menção do débito espiritual de Filemom a Paulo não é uma tentativa de cancelar sua própria promessa de pagamento; o apóstolo decide não apelar a Filemom com base nesta obrigação.

1.20 — A palavra traduzida como regozijarei neste versículo é diferente da usada no v.7. O termo também pode significar beneficiarei. Se Filemom restabelecesse Onésimo, beneficiaria também Paulo.

Reanima. Tratando Onésimo com gentileza, Filemom poderia fazer por Paulo o que fizera por outros cristãos (v.7).

1.21 — Obediência. Paulo espera que Filemom seja compassivo para com seu ex-escravo Onésimo (v. 5,7,9).

Mais do que digo. O apóstolo dá a entender sua expectativa pela liberação do fugitivo. A obediência custa caro. Amar significa empenhar-se.

1.22 — Prepara-me também pousada. A hospitalidade é uma virtude cristã (Rm 12.13; 1 Tm 3.2). A menção de uma possível visita de Paulo dá lastro a seu pedido a Filemom. O termo traduzido aqui como concedido está ligado à palavra grega que significa graça. Paulo esperava ser liberto da prisão (Fp 2.24).

1.23 — Epafras, meu companheiro de prisão. Epafras era conhecido pelos colossenses (Cl 1.7; 4.12,13). Chamá-lo de companheiro de prisão (como Paulo fez com Aristarco, Cl 4.10) provavelmente quer dizer que esses homens passavam tanto tempo com Paulo, que pareciam ser prisioneiros também.

1.24 — Marcos. João Marcos recuperara-se do fracasso de sua primeira jornada missionária (At 13.13; 15.36-41) e estava agora novamente com Paulo (veja 2 Tm 4-11).

Aristarco era um dos que se converteram pela pregação de Paulo em Tessalônica e havia acompanhado o apóstolo em boa parte da terceira jornada missionária (At 20.4) e na viagem a Roma (At 27.2; Cl 4.10).

Demas, é triste dizer, mais tarde desistiu de seguir Cristo (2 Tm 4-10).

Lucas, o querido médico, autor do Evangelho de Lucas e do livro de Atos, foi fiel até o fim (2 Tm 4.11). Todas essas pessoas mandaram lembranças a Filemom. Das 11 mencionadas nesta pequena carta, Onésimo está precisamente no foco, e é o personagem principal.

1.25 — Paulo encerra a carta da mesma forma como a começou, com a graça de nosso Senhor Jesus Cristo dirigida ao lar inteiro de Filemom. Toda a graça reside em Cristo, que nos deu tudo o que tinha.

Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável (2 Co 9.15). A retribuição de Filemom à graça seria doravante tratar Onésimo como seu irmão.