Significado de Juízes 7

Juízes 7

Juízes 7 descreve como Gideão, com a ajuda do Senhor, derrota os midianitas com apenas 300 homens. Este capítulo ilustra a soberania de Deus e como Ele usa a fraqueza humana para demonstrar Seu poder. Aqui está um resumo detalhado do capítulo:

Redução do Exército de Gideão (versículos 1-8):
  • Gideão e seu exército acampam perto da fonte de Harode, enquanto o acampamento midianita está ao norte, no vale.
  • O Senhor diz a Gideão que seu exército é grande demais e que Israel poderia vangloriar-se dizendo que a vitória foi conquistada por sua própria força. Deus decide reduzir o número de soldados.
  • Primeiro, Deus instrui Gideão a mandar embora todos os que estão com medo. Vinte e dois mil homens partem, deixando dez mil.
  • Ainda é grande demais, então Deus diz a Gideão para levar os homens ao rio e observar como bebem água. Aqueles que lamberem a água com a língua como cães serão separados dos que se ajoelharem para beber.
  • Apenas trezentos homens bebem água levando-a à boca com as mãos, e o Senhor diz que com esses 300 homens Ele salvará Israel e entregará os midianitas nas mãos de Gideão.
  • Os restantes são enviados de volta, e os 300 homens mantêm as provisões e as trombetas dos outros.

O Sonho e a Interpretação (versículos 9-15):
  • Naquela noite, o Senhor instrui Gideão a descer ao acampamento midianita, pois Ele os entregará em suas mãos. Se Gideão estiver com medo, deve levar seu servo Purá consigo.
  • Gideão e Purá descem até a borda do acampamento e ouvem um homem contando um sonho a seu amigo. No sonho, um pão de cevada rola pelo acampamento midianita, atinge uma tenda, e a derruba.
  • O amigo interpreta o sonho dizendo que isso representa a espada de Gideão, filho de Joás. Deus entregou os midianitas e todo o acampamento nas mãos de Gideão.
  • Gideão se prostra em adoração, retorna ao acampamento israelita e ordena aos 300 homens que se levantem, pois o Senhor entregou o acampamento midianita em suas mãos.

A Batalha e a Vitória (versículos 16-22):
  • Gideão divide os 300 homens em três companhias. Ele dá a cada homem uma trombeta, um cântaro vazio e uma tocha dentro do cântaro.
  • Ele instrui os homens a observar o que ele faz e a seguir seu exemplo. Eles se posicionam ao redor do acampamento inimigo.
  • Ao sinal de Gideão, todos tocam as trombetas, quebram os cântaros e seguram as tochas em suas mãos esquerdas e as trombetas em suas direitas, gritando: "À espada, pelo Senhor e por Gideão!"
  • O acampamento midianita entra em pânico, e o Senhor faz com que os midianitas voltem suas espadas uns contra os outros. Eles fogem em direção a Zererá, até Bet-Sita, e até a borda de Abel-Meolá, perto de Tabate.

Perseguição dos Inimigos e Captura dos Príncipes (versículos 23-25):
  • Os israelitas das tribos de Naftali, Aser e Manassés são convocados e perseguem os midianitas.
  • Gideão envia mensageiros às montanhas de Efraim, pedindo-lhes que capturem os vaus do Jordão antes dos midianitas.
  • Os homens de Efraim capturam os vaus do Jordão e também prendem dois príncipes midianitas, Orebe e Zeebe. Orebe é morto na rocha de Orebe, e Zeebe no lagar de Zeebe. Eles perseguem os midianitas e trazem as cabeças de Orebe e Zeebe a Gideão, do outro lado do Jordão.

Juízes 7 destaca a importância da confiança em Deus, mesmo quando os recursos parecem insuficientes. A vitória de Gideão com apenas 300 homens demonstra que a força de Israel não vem de seu número ou poder militar, mas do Senhor. O capítulo também mostra a liderança de Gideão e sua habilidade de seguir as instruções de Deus, resultando em uma vitória milagrosa sobre os inimigos.

Comentário de Juízes 7

Juízes 7.1-8.3 Deus figura de forma proeminente na vitória de Gideão sobre os midianitas, especialmente a incrível história dos 300 homens que subjugaram seus inimigos numericamente superiores. As garantias de Deus que Gideão recebeu antes do encontro foram, neste momento, reforçadas por um sonho (Jz 7.9-15). A batalha propriamente dita não teve nenhum combate expressivo, pois o próprio Deus proveu a vitória (Jz 7.16-25). Os israelitas sopraram os chifres, quebraram jarras e gritaram, fazendo com que os inimigos matassem uns aos outros na confusão. Os sobreviventes fugiram cruzando o Jordão com os israelitas em seu encalço.

Juízes 7.1, 2 A fim de que Israel se não glorie contra mim. Desde o começo, Deus deixou bem claro que a glória da vitória deveria ser dele. Isso torna ainda mais inacreditável o pedido israelita para que Gideão reinasse sobre eles, por tê-los livrado da mão dos midianitas (Jz 8.22, 23).

Juízes 7.3 Quando Gideão permitiu que aqueles covardes e medrosos fossem embora, dois terços dos homens partiram, restando apenas dez mil. A Lei mosaica aceitava algumas exceções militares para várias classes de pessoas, incluindo aquelas que tinham acabado de construir uma casa, plantaram uma vinha há pouco, estavam comprometidas com o casamento e as que eram medrosas (Dt 20.5-8).

Juízes 7.4-9 Gideão dispensou mais soldados de seu exército empregando uma forma de seleção um tanto estranha, a saber, pela maneira como seus homens bebiam água de um riacho. Alguns estudiosos sugeriram que os indivíduos que não ficaram de joelhos mantiveram um estado mais elevado de prontidão militar, pois beberam água levando-a com as mãos à boca. Entretanto, isso pode ser uma interpretação que vai muito além do que está escrito na passagem, pois o texto não indica qualquer razão para a escolha feita por Gideão. A referência à forma como as lambe o cão pode até mesmo ser depreciativa, visto que os cachorros eram criaturas desprezadas no mundo antigo (1 Sm 17.43; 2 Rs 8.13; Mt 7.6). Considerando dessa maneira, o papel de Deus na vitória torna-se ainda mais evidente, pois os 300 homens que restaram não possuíam nem o senso comum de beber água de um modo normal. O comentário de Deus no versículo 7 parece reforçar essa hipótese.

Juízes 7.10, 11 Ironicamente, o próprio Gideão estava com medo, mas ele não tinha sido dispensado para voltar para casa com os outros homens (Jz 7.3).

Juízes 7.12 Este versículo menciona a força dos inimigos de Israel, incluindo seus números intimidadores e seus incontáveis camelos (Jz 6.3-5).

Juízes 7.13 Caíram, neste contexto, quer dizer foram derrubadas. A palavra também é usada em Gênesis para descrever a espada que andava ao redor, guardando o caminho para a árvore da vida (Gn 3.24) e a destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19.25, 29). Aqui, o pão abateu o acampamento midianita.

Juízes 7.14, 15 A espada de Gideão é a chave para a interpretação do sonho. Esta narrativa, vinda da boca de um dos inimigos de Israel, deu a confirmação de que Gideão precisava, considerando seu temor anterior (Jz 7.10). Consequentemente, ele adorou a Deus por ter sido tão paciente com sua fé titubeante (Jz 7.15).

Juízes 7.16-18 As buzinas de chifre de carneiro foram usadas como um sinal de chamada (Jz 3.27; Js 6.5).

Juízes 7.19 Ao princípio da vigília da meia-noite. Segundo a tradição judaica, o dia era dividido em três vigílias; cada uma com quatro horas aproximadamente [A primeira, o princípio das vigílias (Lm 2.19), ia do pôr-do-sol às dez horas da noite; a segunda, a vigília média ou da meia-noite (Jz 7.19), ia das dez da noite às duas da madrugada; e a terceira, a vigília da manhã (1 Sm 11.11), ia das duas da madrugada ao nascer do sol]. Isso situa a hora do ataque de Gideão aos midianitas por volta das dez horas da noite.

Juízes 7.20-22 Espada do SENHOR e de Gideão. Neste trecho, a versão completa do grito de guerra é dada. Uma interpretação mais literal da expressão hebraica é A espada, pelo Senhor e por Gideão! [NVI],

Juízes 7.23 As mesmas tribos mencionadas em Juízes 6.35, agora, perseguiam os midianitas, com exceção da tribo de Zebulom, que não é citada. Efraim também se juntou ao grupo perseguidor (Jz 7.24).

Juízes 7.24, 25 As águas. Provavelmente, esta expressão faz menção aos pequenos afluentes que despejavam suas águas no rio Jordão. Cercando tais lugares, eles conseguiriam fechar as rotas de escape dos inimigos. Dalém do Jordão é a parte leste do Jordão, onde os israelitas pegaram seus oponentes (Js 13.32; 18.7).

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