Significado de Mateus 24

Mateus 24

Mateus 24 começa com a predição de Jesus sobre a destruição do templo em Jerusalém. Ele diz a seus discípulos que não ficará pedra sobre pedra e os adverte sobre falsos profetas e falsos messias que virão e enganarão a muitos.

Jesus então descreve os sinais do fim dos tempos, incluindo guerras, fome, terremotos e perseguições aos crentes. Ele fala da vinda do Filho do Homem, que reunirá seus eleitos dos quatro ventos e julgará as nações.

Jesus também conta a parábola da figueira, dizendo que quando seus ramos ficam tenros e brotam folhas, sabemos que o verão está próximo. Da mesma forma, quando vemos os sinais que ele descreveu, sabemos que sua vinda está próxima.

Mateus 24 enfatiza a certeza do julgamento vindouro e a necessidade de vigilância e prontidão. Também destaca a importância do discernimento ao reconhecer falsos ensinamentos e falsos profetas.

Comentário de Mateus 24

24:1 O discurso de Mateus 23.1-39, com certeza, foi proferido nas dependências do templo. Mateus 24:1 nos mostra que o Senhor Jesus ia saindo do templo quando aproximaram-se dele os discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo. Aliás, o texto em grego deixa claro que isso aconteceu quando eles estavam partindo do conjunto do templo.

O primeiro templo construído por Salomão foi destruído em 586 a.C. O segundo templo foi construído com o encorajamento de Ageu e Zacarias e sob a liderança de Zorobabel e Josué (Ageu 1.1), embora tenha sido concluído com certo atraso em 516 a.C.

Esse segundo templo foi totalmente restaurado com a ajuda de Herodes, o Grande, um exímio construtor. Dez anos antes de morrer ele começou a restauração, que não foi concluída nos dias de Jesus (Jo 2.20). A restauração de fato só foi finalizada em 64 d.C. No entanto, toda essa difícil e dispendiosa construção não durou mais que seis anos. Os discípulos estavam compreensivelmente orgulhosos do templo e de suas dependências.

24:2 A destruição do tempo, promovida pelos romanos em 70 d.C., foi tão devastadora que o local exato do santuário até hoje é desconhecido.

Mateus 24:1-2

O que acontecerá com o templo

Os dois capítulos seguintes, Mateus 24-25, contêm profecias e também ensinam os discípulos a orientá-los sobre o caminho que devem seguir em meio aos eventos vindouros. O Senhor sai do templo para sempre. Ele está, portanto, exercendo o julgamento que acabou de pronunciar. Como resultado, o templo se tornou um corpo sem alma. Agora é “sua casa” (Mateus 23:38).

Esta é uma repetição do que aconteceu anteriormente em Ezequiel (Eze 10:18-19; Eze 11:22-23). Ali a glória do Senhor, o Senhor, desaparece. A mesma glória desaparece aqui também na forma do Homem humilhado Jesus Cristo. Quem tem olhos para ver vê nEle a glória do unigênito Filho do Pai (João 1:14).

No entanto, os corações dos discípulos permanecem ligados ao templo. Eles apontam o imponente edifício para o Senhor. Por causa de preconceitos anteriores, eles não podem ser separados de sua beleza exterior. Mas porque Ele não está mais nisso, eles estão ocupados com belas aparências exteriores, a exibição de pompa e esplendor no serviço de Deus.

O Senhor olha com eles quando diz: “Não vedes todas estas coisas?” Mas Ele parece de uma maneira diferente. Ele vê que esses edifícios se tornaram símbolos de adoração obstinada. Ele, portanto, pronuncia o veredicto sobre tudo o que eles admiram da maneira mais radical. Ele quer libertá-los de seus pensamentos vãos. Portanto, Ele comunica Seus pensamentos a eles e lança a luz do futuro no presente. Só há interesse nisso se nossos corações não estiverem apegados às coisas da terra. Como vou ansiar por Sua vinda quando essa vinda traça uma linha através de tudo que tento construir no mundo?

24:3 Os discípulos, com certeza, ficaram confusos com a profecia do Senhor; entretanto, mantiveram silêncio até que deixassem o templo, cruzassem o vale de Cedrom e chegassem ao monte das Oliveiras. Ali, Jesus se sentou como os mestres costumavam fazer (Mt 5.1), e os discípulos finalmente lhe perguntaram sobre a destruição do templo.

Alguns dizem que há duas perguntas nesse versículo: “Quando o templo será destruído?” e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? Outros veem aqui uma simples pergunta dos discípulos. Segundo Zacarias 14-1-9, a destruição de Jerusalém, a vinda do Messias e o fim do mundo acontecerão nessa ordem e rapidamente. Para os discípulos, a devastação da cidade e a vinda do Messias seriam as duas partes um único e grande evento. As perguntas, portanto, devem ser entendidas como uma, embora seu cumprimento vá acontecer em partes.

Contudo, uma questão muito importante a ser esclarecida, que geralmente tem sido mal interpretada pelos professores bíblicos e pelos leigos, é que os ensinamentos e os sinais em Mateus 24 não têm nada a ver com o arrebatamento da Igreja, uma verdade que ainda não havia sido revelada (1 Ts 4-14-17; 1 Co 15.51, 52). Ao contrário, eles se referem ao que acontecerá durante as setenta semanas de Israel, principalmente na grande tribulação. Para o leitor moderno do Ocidente, parece que Jesus está falando de eventos que acontecerão em sequência, mas, segundo o costume do Oriente (leia a introdução do livro de Jó), Ele traz uma visão mais cíclica e ampla de tudo o que vai acontecer, e Seu foco está nos detalhes.

24:4, 5 Essa advertência veio numa hora muito apropriada para os discípulos. A destruição de Jerusalém não significava necessariamente que o fim do mundo estava próximo. Tal questão os deixou confusos (Lc 19.11-27; At 1.6, 7).

24:6 Três indicadores de tempo são encontrados em Mateus 24:4-14. O primeiro está em Mateus 24-6, mas ainda não é o fim. O segundo, todas essas coisas são o princípio das dores, aparece em Mateus 24-8. E o último está em Mateus 24-14, e então virá o fim. E possível que Mateus 24-4-6 descreva a primeira parte das setenta semanas de Daniel (Dn 9.25-27), mas é mais provável que essa passagem se refira a uma visão dos dias atuais. Falsos messias, guerras e rumores de guerras são algo típico do homem decaído. Quando o Senhor disse: E mister que tudo isso aconteça, ele usou o termo é mister, que demonstra uma necessidade racional e divina. Tudo isso é necessário por causa do pecado do homem. Apareceram falsos mestres antes (At 5.36, 37; 21.38) e também aparecerão no futuro (At 20.29, 30; 2 Co 11.13-15).

24:7, 8 Este parágrafo descreve as coisas que acontecerão no final dos tempos. Mateus 24:7, que menciona que se levantará nação contra nação, e reino contra reino, é um complemento de Mateus 24:6, mostrando que haverá guerras no mundo inteiro. Fomes, e pestes, e terremotos são descritos de forma mais ampla em Apocalipse 6.1; 8.5-13; 9.13-21; 16.2-21.

A palavra dores em Mateus 24-8 significa literalmente dores de parto. Hoje a terra tem dores de parto contínuas (Rm 8.22), mas durante os sete anos de tribulação que virão essas dores aumentarão em intensidade e frequência até que chegue a era do Reino, o tempo da regeneração (Mt 19.28; At 3.21).

Mateus 24:3-8

O início das dores de parto

O Senhor senta-se no Monte das Oliveiras. Ele se sentou em uma montanha de maneira semelhante para pregar o sermão da montanha (Mateus 5:1). Agora Ele está sentado no Monte das Oliveiras e aqui Ele também faz um discurso, Seu discurso do fim dos tempos. Ele o faz em resposta às perguntas dos discípulos. Eles gostariam de saber dEle quando as coisas sobre as quais Ele acabou de falar vão acontecer. Eles também querem saber qual é o sinal de Sua vinda e do fim dos tempos, porque sentem que essas coisas estão inter-relacionadas. A “vinda” do Senhor significa que Ele estará presente com eles na terra. “O fim dos tempos” não é o fim do mundo, mas significa o fim do período em que o Senhor estará ausente, ou o fim do período em que Ele não estará com eles.

O Senhor Jesus é o Deus onisciente para quem o futuro está presente. Só Ele pode dizer com certeza como será o futuro porque Ele o determina. Antes de fazer isso, Ele adverte Seus discípulos. Não devemos ver os discípulos aqui como representantes de nós, cristãos, mas dos crentes judeus no futuro. Um cristão nunca pode ser enganado por pessoas que vêm a ele sob o nome de Cristo. Um cristão não espera Cristo na terra, mas O encontrará nos ares.

Os judeus crentes estarão expostos a esse perigo. Israel desistiu do verdadeiro Cristo. Agora eles correm o risco de receber um falso. A massa incrédula fará o mesmo (João 5:43). O cristão não é avisado de falsos cristos, mas de falsos espíritos (1Jo 4:1) porque é característico da igreja que o Espírito Santo habite nela. Devemos ter cuidado com o engano de falsos espíritos, não de pseudocristos.

Além do engano na forma de falsos cristos, o inimigo tenta induzir o medo por meio de guerras e rumores de guerras. Os cristãos também não recebem tal advertência, embora isso não signifique que esta advertência não tenha aplicação para nós. Por causa de sua perspectiva terrena, as guerras terão um grande impacto no remanescente judeu no futuro. Portanto, as palavras do Senhor são um consolo para eles. Eles não precisam duvidar de que Ele entregará e cumprirá Suas promessas de paz.

O inimigo também poderá usar fomes e terremotos para abalar sua fé na prosperidade e inabalabilidade do reino de seu Messias. Existem muitos meios disponíveis para o inimigo tentar derrubar a fé dos discípulos. Os verdadeiros crentes resistirão; os confessores serão enganados e roubados de tudo em que acreditaram poder confiar.

As coisas que o Senhor acabou de descrever são ruins. Mas tudo vai piorar muito porque Ele só lhes apresentou “o princípio das dores de parto”.

24:9-14 Parece que esses versículos falam da última metade das 70 semanas, pois então virá o fim, como conclusão de tudo isso.

24:9-11 Os servos de Deus serão odiados de todas as gentes, porque o homem do pecado governará o mundo. Ele perseguirá todos os que não o adorarem (Ap 13.7, 8, 17).

24:12 O amor precisa de um solo de justiça para florescer. Iniquidade e amor não se misturam; na verdade, o último vence o primeiro.

24:13 O fim aqui tem sido entendido de modo errado como se fosse o fim de toda a vida, porém uma análise cuidadosa do contexto (Mt 24-3, 6) deixa claro que é apenas o fim do mundo. Perseverar aqui não se refere ao esforço das pessoas que leva à salvação eterna, como algumas seitas ensinam. Ao contrário, fala do livramento que haverá durante a grande tribulação, antes que o Reino milenar de Cristo tenha início nesta terra. As pessoas farão parte do Reino tendo um corpo físico.

24:14 Este evangelho do Reino. A evidência final do fim do mundo será a proclamação do evangelho em todo o mundo. Mateus 24-13 mostra o que acontecerá antes que este evangelho seja pregado. O evangelho, literalmente boas-novas, não significa que o holocausto final da grande tribulação, conhecido como Armagedom, será o genocídio e a destruição de todas as pessoas, pois o Senhor Jesus Cristo intervirá para pôr fim à destruição e preservar algumas pessoas que farão parte de Seu Reino na terra. Ao que parece, isso se cumprirá com os 144 mil de Israel que serão selados, descritos em Apocalipse 7.4-8.

Mateus 24:9-14

Resistência até o fim

Eles experimentarão por si mesmos quão grande é o ódio contra Cristo, pois os inimigos entregarão seu ódio contra Cristo àqueles que O confessam. Em nenhum lugar da terra haverá uma nação que os tratará com bondade. Naquela época, muitos se tornarão públicos como falsos confessores. Tais pessoas então lutarão no exército do inimigo contra os verdadeiros discípulos. Mas também haverá ódio entre os próprios inimigos. Eles agem como se estivessem unidos, mas não estão.

No entanto, as dificuldades e provações não vêm apenas de fora, mas também de dentro. Os falsos confessores não se tornarão públicos apenas por meio de ameaças externas. Os falsos confessores também se tornarão reconhecíveis porque seguirão os muitos falsos profetas que estarão lá naquela época, cegos como estão por serem enganados.

Juntamente com o afastamento de Deus e de Sua verdade, aumentará a iniqüidade, que é a rejeição de qualquer autoridade. Ao mesmo tempo, o amor de muitos esfriará, pois o egoísmo reinará supremo. Neste tempo terrível, com todos os seus terrores e enganos, é uma questão de perseverar até o fim.

Há um começo para as dores de parto, mas também há um fim para as dores de parto! Aqueles que perseveram são aqueles que têm uma conexão viva com o Senhor Jesus, seu Messias. Quando chegar o fim, o reino será pregado em todos os lugares. É o reino que será estabelecido na terra, como João Batista e o próprio Senhor o pregaram. O estabelecimento da autoridade de Cristo, que subiu ao céu, será pregado em todo o mundo para testar a obediência das nações. Aqueles que têm ouvidos para ouvir verão o objeto de sua fé, Cristo, em Sua glória na Terra.

24:15 Essa é a primeira vez que o tempo é citado de modo específico por Cristo. Em M ateus 24:4-14, o Senhor fala em termos gerais. Em Mateus 24:15, Ele dá mais ênfase ao templo. Muito pior do que a destruição do templo daqueles dias seria a profanação do templo que aconteceria no futuro. E isso ocorreria por causa da imagem da abominação da desolação, outro sinal profético que as pessoas veriam. Esse termo significa a abominação que traz devastação. A afirmação do Senhor vem especificamente de Daniel 9.27; 11.31 e 12.11. Os textos de Daniel 9.27 e 12.11 são totalmente proféticos; no entanto, Daniel 11.31 aponta para Antíoco IV, que profanou o templo e colocou uma imagem de Zeus nele. Sua atitude foi um prenúncio do que o último homem do pecado faria. Com muita propriedade, Paulo usou o mesmo evento para indicar quando a verdadeira tribulação aconteceria (2 Ts 2.3, 4, 8; Ap 13.14, 15). O lugar santo é o templo.

24:16 Nos dias em que o templo foi destruído, em 70 d.C., muitos cristãos judeus fugiram, em cumprimento às palavras de Jesus, e se esconderam nos montes de Petra. Isso aumentou mais ainda a animosidade que havia entre os judeus que criam em Jesus e os que não criam. O verdadeiro foco desse versículo, no entanto, está na futura profanação do templo, porque se refere à quebra da aliança (Dn 9.27), e logo depois à imagem do homem do pecado que será posta dentro do Santo dos Santos no templo. Quanto isso acontecer, todos na Judeia terão que fugir para os montes.

24:17-20 Essas recomendações descrevem a gravidade da situação.

Mateus 24:15-28

A Grande Tribulação

Para sublinhar a gravidade da situação nos dias que antecedem a Sua vinda, o Senhor aponta para o que fala o profeta Daniel. Com isso Ele quer dizer partes do livro de Daniel que nos levam aos últimos dias (Dan 9:27; Dan 11:31; Dan 12:11), ou o fim dos tempos (Dan 11:40). O lugar de que o Senhor fala onde essas coisas acontecerão é a Judéia, ou seja, Jerusalém e seus arredores. “O lugar santo” é o templo em Jerusalém. A “abominação da desolação” estará lá.

Uma abominação é uma imagem idólatra. A abominação da desolação significa que o ídolo causará desolação. Por causa dessa imagem idólatra, Deus trará grande infortúnio sobre a terra por meio do anticristo, aquele que erigiu a imagem, à qual ele também se compromete, mostrando-se como Deus (2Ts 2:4). A estátua é a imagem da besta do mar e representa o ditador do império romano restaurado (Ap 13:12-15).

É uma palavra para o remanescente de Israel e não para a igreja. O Senhor diz a eles que aqueles que estão perto dessa área devem fugir para as montanhas. As montanhas serão o único local adequado para se esconder do anticristo e seus seguidores. Não haverá tempo a perder. A perseguição vem como uma tempestade no deserto. Qualquer atraso pode ser fatal. Se você estiver no telhado, não deve voltar para casa para pegar itens essenciais. Se você estiver no campo, não deve tentar pegar sua capa que colocou em outro lugar do campo. A palavra de ordem é: fuja para salvar sua vida. Ceder a qualquer outro pensamento resultará em morte.

O Senhor fala com compaixão sobre as mulheres grávidas, aquelas que estão prestes a trazer uma nova vida ao mundo, e aqueles que amamentam, aqueles que acabaram de trazer uma nova vida ao mundo. Eles são os vulneráveis. Ele até pensa nas condições climáticas e nos deveres religiosos. Eles devem orar para que não desempenhem nenhum papel. Qualquer obstrução ao seu voo pode ser fatal.

Ele diz essas coisas porque sabe como esse tempo será terrível. Será um tempo de tribulação sem paralelo. Nunca houve tal coisa e nunca haverá. É um tempo que, no que diz respeito às abominações, é incomparável. O Senhor enfatiza o horror daquele tempo dizendo como consolo que aqueles dias serão abreviados. Se Ele abreviasse aqueles dias, ninguém sobreviveria a esse tempo. Este atalho é feito por causa dos eleitos. Ele conhece todos os que lhe pertencem e, em vista deles, faz com que não ultrapasse o máximo de sofrimento (cf. 1Co 10,13).

Ele aponta mais uma vez que este tempo será particularmente difícil por causa dos falsos cristos. Se, no meio da maior provação, as pessoas se apresentam como quem quer ajudar, a tentação de responder é enorme. Esses falsos cristos e falsos profetas se apresentarão fazendo grandes sinais e milagres. Tudo parecerá tão real que até os eleitos correm o risco de cair nesse engano. Eles não devem fazer isso, especialmente agora que o Senhor lhes disse isso com antecedência. Prevenido é armado.

Não se deixem atrair por belas palavras para fora do seu esconderijo, para irem a um deserto ou a um quarto interior, porque ali se encontraria o Messias. O deserto, onde João pregou (Mar 1:4), não é o cenário do Messias. Ele também não está no quarto interno. Eles são todos armadilhas. Quando Ele, o verdadeiro Messias, aparecer, será como o relâmpago que vem do oriente e brilha no ocidente. Com isso, o Senhor também responde à pergunta que os discípulos fizeram em Mateus 24:2. Sua vinda será vista em todos os lugares. Eles só têm que prestar atenção ao ‘relâmpago’ para saber que é Ele quem vem e não outro.

Ele virá como “o Filho do Homem”, ou seja, para reinar sobre toda a terra e não apenas sobre Israel. Os primeiros atos de Seu governo serão atos de julgamento. Onde estiverem os objetos de julgamento, ali Ele aparecerá, como os abutres se reúnem onde estão os cadáveres.

24:21 A grande aflição. Alguns podem dizer que sempre houve aflições no mundo; entretanto, esse período de provação será maior do que qualquer outro que já houve antes ou ainda haverá; será algo único na história (Dn 12.1; Ap 3.10)

24:22 Se aqueles dias não fossem abreviados (encurtados). Refere-se ao período de sete anos da grande tribulação, especialmente os três últimos anos e meio. Se a tribulação durasse mais de sete anos, toda a humanidade seria destruída. Veja o que Mateus 24-13, 14 fala sobre as boas novas do Reino (Zc 14-2-4). Cristo vai intervir e dar um fim ao genocídio.

24:23-25 Os milagres por si só não provam que algo é de Deus (Mt 7.21-23; 2 Ts 2.9; Ap 13.13-15). Eles têm de ser provados pela verdadeira doutrina (Dt 13.1-5; 1 Jo 4.1-3) e pelo testemunho do Espírito de Deus (Jo 3.3-5, 27).

24:26, 27 Seria impossível Cristo estar no deserto ou no interior da casa após Sua morte e ressurreição, pois, quando Ele vier de novo, será de uma forma tão espetacular, que todos verão. Será algo incontestável (Mt 24:30).

24:28 Similar à passagem em Mateus 24:37-44, assim como em Lucas 17.26-37, essa declaração de Mateus 24-28 vem depois da pergunta feita em Lucas 17-37 e traz a resposta de onde seriam reunidos aqueles que fossem julgados. Isso parece apontar para a terrível carnificina que acontecerá quando o Filho do Homem vier e trouxer juízo a esta terra. Esse versículo, portanto, é o resultado final de todos os eventos proféticos que são descritos no restante do capítulo 24 e no capítulo 25 de Mateus.

24:29 Logo depois. Essa é a segunda referência ao tempo (a primeira está no v. 15). O versículo 29 nos mostra o momento exato em que o período de sete anos terá fim. Ele será marcado por catástrofes de proporções monumentais (Is 13.10; 34.4; Ez 32.7, 8; J1 2.30, 31; 4.15; Ag 2.6; Zc 11.6; Ap 6.12-14).

24:30 Muitos acham que o sinal do Filho do Homem será uma cruz que aparecerá no céu, mas provavelmente é o próprio Cristo que virá em Sua glória (Mt 16.1; At 1.11). Como vemos no contexto desse discurso feito por Ele em relação aos judeus, a expressão todas as tribos da terra provavelmente se refere a Israel. Isso trará arrependimento a toda a nação de Israel, como foi profetizado em Zacarias 12.10-12. O Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu é o cumprimento de Daniel 7.13, 14.

24:31 Ajuntarão se refere ao povo de Israel que será reunido, como foi profetizado muitas vezes no Antigo Testamento (Dt 30.1-6; Is 11.11, 12; 43.5, 6; 49.12; Jr 16.14, 15; Ez 34-13; 36.24; 37.21-23). Muitos serão espalhados por toda a terra por causa da perseguição (24:16), mas o testemunho dos 144 mil trará incontáveis multidões a Cristo (Ap 7.1-10). Escolhidos aqui se refere especificamente a Israel como povo escolhido de Deus.

Mateus 24:29-31

A Vinda do Filho do Homem

As pragas que virão sobre a terra durante a grande tribulação encontrarão seu fim em total escuridão e caos. Qualquer orientação baseada nos corpos celestes se foi. Também podemos ver nesses corpos celestes uma imagem de diferentes formas de autoridade (Gn 1:16). O total escurecimento e caos então significa que toda a autoridade desapareceu e há completa anarquia na terra.

O sinal que então aparecerá no céu é o Filho do Homem. Ele parece assumir Seu domínio. Ele aparecerá inesperadamente, não como um Messias que responde ao orgulho mundano das massas incrédulas, mas como o Cristo desprezado por elas, vindo do céu para julgar. Sua vinda trará lamentação a todo o Israel (Zacarias 12:10-14). Eles olharão para Aquele a quem traspassaram (Ap 1:8). Então o Senhor Jesus aparece pela segunda vez na terra, desta vez em poder e majestade. Ele vem como o Filho do Homem, isto é, como o Governante de toda a criação, céu e terra.

O esplendor de Sua majestade também é fortalecido pelo envio de Seus anjos. Isso será acompanhado por uma grande trombeta. Seus anjos são instruídos por Ele a reunir Seus eleitos que estão espalhados por toda a Terra. Aqui vemos a união das dez tribos dispersas de Israel. Isso acontecerá depois que o Filho do Homem aparecer.

24:32 O Senhor havia instruído Seus discípulos sobre a tribulação; aqui, então, por meio de uma série de parábolas (Mt 24-3225.30), Ele faz algumas aplicações.

A figueira não significa necessariamente Israel, mas as profecias (Mt 21.18-22; Lc 21.29 diz: Olhai para a figueira, e para todas as árvores). A lição ensinada aqui é sobre a proximidade do verão, quando os ramos das árvores se tornam tenros e brotam folhas.

24:33 Todas essas coisas acontecerão antes que alguém possa dizer que o fim está próximo (ou seja, o início da grande tribulação, quando surgir a abominação da desolação). Está próximo. Não se trata da iminente volta de Cristo para buscar Sua Igreja, que não depende de uma sequência de sinais para acontecer.

24:34 Geração (gr. genea), que é usado em diversos contextos, pode significar raça ou geração mesmo. Alguns acham que aqui significa raça, pois Israel como povo jamais deixará de existir até que Deus cumpra as promessas feitas a eles. Outros povos, como os hititas e amorreus, já não existem mais, mas os judeus continuam vivos.

Outra possibilidade é que genea descreva um tempo em particular em que as pessoas verão o fim do mundo. Os eventos que hão de vir serão tão rápidos, que tudo acontecerá numa geração. Talvez ambas as teorias estejam certas. Todas essas coisas inclui o anticristo, a grande tribulação e, o que é mais importante, a aparição de Cristo em toda a Sua glória.

24:35 As palavras de Cristo são mais verdadeiras do que a própria existência do universo.

Mateus 24:32-35

A Parábola da Figueira

O Senhor dá aos Seus discípulos instruções da natureza (cf. Mat 16:1-4). Na natureza, eles podem ver por certos sinais que o inverno está chegando ao fim e o verão está próximo. Podemos pensar no inverno da tribulação que terminará e no verão do reino da paz que virá depois disso. O Senhor usa a figura da figueira. Essa árvore representa o povo de Israel. Sinais de vida se tornarão visíveis nele. O amolecimento do ramo e o brotar das folhas podem ser reconhecidos na restauração nacional de Israel, a restauração como nação que é um fato desde 14 de maio de 1948. O verão com seus frutos indica a restauração espiritual de Israel quando aceitou seu Messias.

Quando os discípulos virem as coisas que Ele acabou de descrever, saberão que Ele está para vir. Todas as Suas advertências para uma abominação da desolação e para os falsos cristos são todas provas de que Sua vinda é iminente. Mas primeiro estas coisas devem vir sobre esta geração que O rejeitou.
O céu e a terra passarão em seu estado atual. Se isso acontecer, será uma confirmação de Suas palavras. Ele fala a verdade e tudo o que Ele diz acontece como Ele disse.

24:36 Ninguém sabe. Apesar dessa declaração tão clara (Mt 24:42, 44; 25.13; At 1.6, 7), há multidões que seguem aqueles que, em desobediência à Palavra de Cristo, ainda estabelecem datas para a volta do Senhor.

A verdade é que nenhum evento profético acontecerá antes que Cristo volte para levar Sua Igreja. O arrebatamento será iminente, ou seja, pode acontecer a qualquer hora. Por essa razão, não devemos ficar procurando sinais além daqueles que Jesus predisse.

Os manuscritos gregos antigos acrescentaram nem o Filho depois de anjos dos céus. Como poderia Jesus, sendo Deus, dizer: “Eu não sei” (Mc 13.32)? Quando o Senhor assumiu a forma humana, Ele, por vontade própria, limitou o uso de Seus atributos divinos para fazer a vontade do Pai (Fp 2.5-8; Jo 17.4, 5). Foi por isso que Ele teve fome, sede e cansaço. Lucas diz que Jesus cresceu em sabedoria e estatura (Lc 2.52). Essa afirmação de Mateus 24-36 foi feita, então, quando Jesus abriu mão de usar Sua onisciência divina.

24:37-39 A vinda do Filho do Homem será como nos dias de Noé. A similaridade que Cristo está ressaltando aqui não se refere à maldade daqueles dias (Gn 6.5), mas especialmente à indiferença das pessoas nos dias de Noé.

Não há pecado algum em comer; beber e dar-se em casamento. O pecado do qual Cristo está falando aqui é viver como se o juízo não fosse acontecer. Será então que Jesus virá novamente. A perversidade fatal é vista no fato de que eles não o perceberam, até que veio o dilúvio. Fico pensando se a falta de compromisso de alguns cristãos evangélicos vai durar até que não haja mais tempo e o fim chegue.

24:40, 41 Levado (gr. paralambano) é uma palavra sobre o juízo (Lc 17.36), não sobre o arrebatamento; Mateus 24 e 25 não falam do arrebatamento. O fato de as pessoas serem levadas refere-se ao juízo de Deus que virá sobre elas e faz um paralelo com o termo levou usado no versículo 39 para descrever o juízo que veio com o Dilúvio. E verdade que verbos diferentes no grego são usados, em Mateus 24:39, para levou e, em Mateus 24:40, 41, para levado. Entretanto, a similaridade com o versículo 39 é bastante evidente para ser desprezada. Se este for o caso, os que foram deixados para trás farão parte do Reino milenial (Mt 13.30, 40-43), assim como Noé e sua família foram deixados para repovoar a terra.

24:42-44 Essa é uma aplicação de Mateus 24:36-41- Assim como Noé estava atento e se preparou para o Dilúvio, as pessoas que passarem pela tribulação também deverão estar atentas e preparar-se para a volta de Cristo.

Mateus 24:36-44

Dia e hora desconhecidos

Não há tempo exato conhecido de Sua vinda. Os sinais apontarão para Sua vinda, mas quando será, só o Pai sabe (Atos 1:7). Parece estranho que o Filho também não saiba disso, porque sabemos que o Filho também é Deus, afinal. Esta é uma das maravilhas de Sua insondável Pessoa. Como Homem, Ele também não sabe o dia e a hora. Assim como toda a Sua vida na terra foi conduzida pelo Pai, Ele também está na glória completamente entregue ao Pai.

Mesmo que o dia e a hora não sejam conhecidos, as circunstâncias que anunciam Sua vinda são. Sua vinda se assemelhará ao que estava acontecendo nos dias de Noé. Parecia não haver problema, cada um vivia sua própria vida. Essa vida chegou a um fim abrupto com o dilúvio. O dilúvio foi, assim como a grande tribulação será, um julgamento de Deus sobre toda a terra. Pouco antes do dilúvio, a terra estava cheia de pessoas das quais o Senhor diz aqui que comiam e bebiam, casavam e se davam em casamento. Essas coisas não estavam erradas, estavam? Não, mas a vida consistia nisso. A vida era vivida sem nenhum pensamento em Deus.

O modo de vida das pessoas as tornava cegas para o julgamento iminente. Por mais que Noé pregasse (2Pe 2:5), eles não se deixaram persuadir, mas viveram felizes. O horizonte deles não ia além do que eles viam. Deus estava completamente fora de cena. Servi-lo não lhes ocorreu, eles estavam tão cegos pela busca do prazer. Mas o julgamento veio e levou todos embora. O que eles não queriam pensar, veio irrevogavelmente. Então era tarde demais para todos, exceto Noé e sua família, que estavam a salvo do julgamento na arca.

O julgamento que vem funcionará para separar os homens que estão trabalhando no campo. Trabalhar é uma coisa boa, mas aqueles que trabalham apenas para uma vida boa serão levados pelo julgamento. Aquele que anseia pela vinda do Messias ficará para trás e poderá entrar no reino da paz. Essa separação também existe entre duas mulheres que estão trabalhando na mesma tarefa. Uma o faz só para si, a outra porque vive para o Senhor.

A mensagem do Senhor é que eles devem vigiar porque não se sabe exatamente em que dia o Senhor virá. Se vigiarem todos os dias, estarão preparados para Sua vinda todos os dias. Ele quer que eles entendam a importância da vigilância constante. Se alguém soubesse exatamente a que horas um ladrão viria para arrombar, ele não dormiria. Essa atenção deve ser contínua. Portanto, a atenção não deve diminuir. Um ladrão sempre chega no momento em que não há suspeita, quando a atenção está diminuindo. Isso não é permitido. Eles devem estar prontos, sem cochilar.

24:45-51 Esses dois servos que pertenciam a seu senhor (Lc 19.11-26) representam duas situações que acontecerão com as pessoas na volta de Cristo. As maiores responsabilidades no Reino do Senhor serão dadas aos fiéis e sábios. Os maus, contudo, serão separados (literalmente, cortados em dois), um tipo de castigo na antiguidade. Haverá pranto e ranger de dentes é uma frase usada frequentemente no Evangelho de Mateus, expressando sempre um sentimento de remorso de alguém que teve uma grande perda. Aqueles que não foram servos de Deus prudentes não receberão todas as bênçãos divinas quando entrarem no Reino milenar (Mt 8.12; 13.42, 50; 22.13; 25.30).

Mateus 24:45-51

O Escravo do Bem e do Mal

O Senhor agora vai dar instruções para o tempo de Sua ausência. Ele ensina três parábolas (Mateus 24:45-51; Mateus 25:1-13; Mateus 25:14-30). Então Ele fala novamente sobre Sua futura conexão com a terra e os gentios. As três parábolas devem ser lidas entre colchetes, por assim dizer, pois formam uma espécie de parêntese. São três partes separadas, mas todas estão relacionadas à Sua vinda. Como em toda a Escritura, vemos uma ordem perfeita aqui também.

A primeira parábola é sobre o comportamento na casa (Mateus 24:45-51). O Senhor falou de vigilância. Agora Ele vai falar sobre comida. Só ficaremos atentos se nos alimentarmos bem. Por enquanto sabemos que a casa é uma figura da igreja (1Tm 3:15), mas então vista nesta parábola sob o aspecto da responsabilidade do homem e não como Deus edificando a igreja. Essa semelhança é especialmente importante para aqueles que têm a responsabilidade de ensinar na igreja. Nesta parábola, o estado da igreja também é visto como um todo.

Quem está ocupado distribuindo comida é chamado de “bem-aventurado” pelo Senhor Jesus. Isso prova que a pessoa está pensando em Cristo e nos outros e não em si mesma. A condição da igreja responsável depende de esperarem por Cristo, ou de dizerem em seus corações que Ele está ausente. Aqueles que estiveram ocupados esperando por Ele e servindo-O ao servir aos Seus receberão uma rica recompensa.

A forma como os bens foram administrados no tempo da ausência do Senhor constitui a base para que o servo seja encarregado de cuidar dos bens do Senhor quando Ele voltar. A lealdade será recompensada na vinda de Cristo. Aqueles que, em humildade, foram fiéis em Seu serviço durante Sua ausência serão feitos governantes de tudo o que pertence a Ele.

Mas pode haver uma situação em que o escravo fiel se torne um escravo mau. Nota: é sobre “aquele escravo mau”. É o mesmo escravo que primeiro foi fiel. Essa transformação de um escravo fiel em um escravo mau é evidente na história da igreja. Após a fidelidade inicial ao Senhor, conforme encontramos no livro de Atos, a decadência veio rapidamente.

A infidelidade do escravo começa em seu coração. Não é esquecimento. A vontade está envolvida. O resultado da ausência do Senhor é que a carne se revelará. Quando a expectativa de Sua vinda não é mais efetiva, o cristão é voltado para a terra. Além de pensar apenas em si mesmo, ele também começa a maltratar os outros. Além disso, ele procura outra companhia além da dos irmãos cristãos. Ele vai comer e beber com os bêbados.

Não é mais um serviço devocional para a casa de Deus com o coração focado na aprovação do Mestre em Seu retorno. A expectativa diária foi abandonada. Essa é a causa da decadência.

Quando a vinda do Senhor está distante (cf. Ezequiel 12:27), a verdadeira posição cristã é perdida. Mas não só isso. Esquecer Sua vinda levará à devassidão e à tirania. Não diz que o próprio escravo está bêbado, mas que ele come e bebe com os que estão bêbados. Ele se conecta com o mundo e segue seus hábitos.

Uma pessoa que perde de vista a vinda de Cristo, que não espera mais por Sua vinda, será surpreendida por Sua vinda. O julgamento do Senhor sobre este escravo está de acordo com suas ações e as aparições que ele fez. Ele fez como se fosse cristão, mas não é. Ele é um hipócrita. Os hipócritas têm duas caras. É por isso que ele é cortado ‘em dois pedaços’. Este escravo é um hipócrita e compartilhará o destino dos hipócritas. Este é o destino do cristianismo que, segundo a confissão, é religioso, mas que em essência participa do mundo. É importante lembrar que o que se aplica ao todo também é verdadeiro para o indivíduo.

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