Significado de Marcos 6

Marcos 6

Marcos 6 começa com Jesus voltando para sua cidade natal, Nazaré, onde é rejeitado pelas pessoas que o conheceram quando criança. Jesus fica surpreso com a falta de fé deles e só consegue realizar alguns milagres devido à incredulidade deles.

Em seguida, Jesus envia Seus discípulos para pregar o evangelho e curar os enfermos, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. O capítulo também conta a história de Herodes Antipas, que manda executar João Batista após ser enganado por sua esposa e enteada. Jesus lamenta a morte de João e se retira para um lugar remoto para orar.

Jesus então realiza o milagre de alimentar 5.000 pessoas com apenas cinco pães e dois peixes, demonstrando Seu poder divino e compaixão pelas multidões famintas. Mais tarde, Jesus caminha sobre as águas para se juntar a Seus discípulos, que lutam para remar em seu barco durante uma tempestade. Jesus acalma a tempestade e os discípulos ficam maravilhados com o Seu poder.

No geral, Marcos 6 enfatiza o tema da fé e da incredulidade, conforme demonstrado pela rejeição de Jesus em Nazaré e Seu espanto com a fé dos discípulos. O capítulo também destaca a importância de pregar o evangelho e curar os enfermos, conforme demonstrado pelo comissionamento de Jesus aos discípulos. A história da morte de João Batista enfatiza os perigos de defender a verdade e a retidão em um mundo que valoriza o poder e o interesse próprio. Finalmente, os milagres da alimentação de 5.000 e Jesus andando sobre a água demonstram o poder divino de Jesus sobre a natureza e Sua compaixão por Seu povo.

Comentário de Marcos 6

Marcos 6.1 Jesus passa a ministrar em sua terra, na região de Nazaré, onde Ele havia crescido.

Marcos 6.2 As pessoas rapidamente reconheceram a sabedoria e as maravilhas de Jesus, mas rejeitaram Sua mensagem por causa da dureza de coração e frieza espiritual que possuíam. Cristo ensinou que Ele mesmo era o cumprimento das profecias messiânicas do Antigo Testamento (Lc 4.16-21).

Marcos 6.3 José talvez não tenha sido mencionado aqui porque já tivesse morrido. Marcos cita os quatro irmãos de Jesus pelo nome de cada um, assim como suas irmãs. Outro irmão, Tiago, não creu em Cristo antes da crucificação (Jo 7.5), mas, ao que tudo indica, ele passou a ter fé em Jesus após Sua ressurreição (At 1.14; 1 Co 15.7). Mais tarde, ele se tornou um líder da Igreja em Jerusalém (At 15.13; Gl 1.19) e escreveu a epístola de Tiago. Posteriormente, Judas também escreveu um livro, o qual traz seu nome (Jd 1).

Marcos 6.4-6 Não há profeta sem honra, senão na sua terra é um provérbio verdadeiro, que ainda se repete muito hoje em dia. Talvez, o povo estivesse com inveja da popularidade de Jesus e das multidões que o seguiam. Esse mau sentimento até levou Seus conterrâneos a agirem de forma violenta contra Cristo (Lc 4.29).

Marcos 6.7 Dois a dois gera comunhão, apoio, encorajamento, prestação de contas e testemunho correto. Atualmente, este ainda é um bom princípio para a Igreja seguir em termos de evangelismo e visitação.

Marcos 6.8-11 Os Doze saíram levando essas instruções para sua missão, e o resultado se encontra em Marcos 6.30. Tais regras tornaram a missão mais fácil e encorajaram os discípulos a confiarem que Deus lhes proveria abrigo e alimento, pois os judeus fiéis que ouvissem sua mensagem lhes dariam tudo isso.

Marcos 6.12 Os apóstolos pregavam para que as pessoas se arrependessem, e esta era a prioridade da sua mensagem. Era necessário arrependimento para receber a nova vida oferecida por Cristo.

Marcos 6.13 Expulsar os demônios e curar os enfermos trariam autoridade à mensagem dos apóstolos (2 Co 12.12; Hb 2.3,4). 

Marcos 6.14-19 Esses versículos dão uma pausa na narrativa para contar sobre a morte de João Batista. A fama repentina de Jesus foi tão alarmante que Herodes temia que João tivesse ressuscitado dos mortos. Os discípulos que Cristo enviou (Mc 6.7-13) certamente fizeram a preocupação de Herodes aumentar. Parece que um dos objetivos de Marcos em descrever o falecimento de João era apontar para a morte cruel do próprio Cristo, e até mesmo de alguns dos Seus seguidores.

Marcos 6.14 O rei Herodes é Herodes Antipas, um dos filhos de Herodes, o Grande, o governante que tentou matar Jesus quando menino (Mt 2.1-18). Após a morte de Herodes, o Grande, em 4 a.C., seu reino foi dividido entre Arquelau, que recebeu a Judéia e Samaria; Filipe, que governou a Itureia e Traconites, no norte e leste da Galileia; e Antipas, que controlou a Galileia e a Peréia desde 4 a.C. a 39 d.C. A maior parte do ministério de Cristo foi realizada no território governado por Antipas.

Marcos 6.15 Este versículo mostra o contraste da esperança que Israel colocava na vinda do Messias. Aqui, está óbvio que muitos não entenderam a missão divina que Jesus estava realizando.

Marcos 6.16, 17 O cárcere onde João ficou preso era em Machaerus, nas colinas que davam para o mar Morto. Um palácio e uma grande fortaleza ocupavam essa região. Herodias era neta de Herodes, o Grande, e irmã de Herodes Agripa I (At 12.1-23). Ela era casada com Filipe, meio-irmão de Herodes Antipas, mas não o Filipe de Lucas 3 .1 .0 primeiro marido de Herodias nunca chegou a ser um governante. Ela se divorciou dele para casar com Herodes Antipas. Este, por sua vez, divorciou-se de sua primeira mulher, a filha de Aretas IV, rei da Arábia (2 Co 11.32).

Marcos 6.18-21 O que João disse a Herodes foi que seu casamento não era lícito porque se tratava de seu segundo casamento. A afirmação de João podia estar baseada nas rígidas palavras de Jesus sobre o divórcio (Mc 10.11,12) ou em Levítico 20.21, que proibia um homem de tomar a esposa do seu irmão.

Marcos 6.22 Afilha de Herodias, chamada Salomé, ainda não era casada naquela ocasião e fez uma dança sedutora para agradar Herodes Antipas. Mais tarde, ela se casou com Filipe, o Tetrarca, que governou Ituréia e Traconites, e é citado em Lucas 3.1.

Marcos 6.23-25 Por ter agradado a Herodes Antipas, ele jurou a Salomé que lhe daria até metade do seu reino (uma expressão que dava a ideia de uma quantia enorme, porém dentro dos limites), o que lembra as palavras ditas por Xerxes a Ester (Et 5.3-6). Seu gesto, certamente, foi exagerado, mas Salomé aproveitou a oportunidade e usou-a em favor de sua mãe, Herodias, que odiava João Batista.

Marcos 6.26 Entristeceu-se muito. A morte de João ordenada por um governante que o considerava inocente é similar à morte de Jesus consentida por Pilatos (Mc 15.14,15).

Marcos 6.27-29 Para manter seu juramento, Herodes enviou o executor. Aqui, Marcos usa a palavra spekoulatora, que seus leitores romanos entenderiam facilmente.

Marcos 6.30 A palavra apóstolos [gr. apostello, eu envio] refere-se aos 12 discípulos enviados por Jesus no versículo 7. Esse termo, há muito, tem sido usado para designar os 12 que foram escolhidos por Cristo primeiro. E o mesmo encontrado em passagens semelhantes, como Mateus 10.2 e Lucas

Marcos 6.31 Embora não seja muito usado por Marcos, o vocábulo é empregado com frequência por Lucas com o mesmo sentido (Lc 17.5; 22.14; 24.10).

Marcos 6.31, 32 Os discípulos regressaram de sua viagem missionária na Galileia, que começa no versículo 7. Jesus buscou a privacidade de um lugar deserto que ficava em Betsaida (Lc 9.10), mas, ainda assim, distante da cidade.

Marcos 6.33-35 Os Evangelhos relatam várias vezes que, quando Jesus via a necessidade das pessoas, Ele se compadecia delas (Mc 1.41; Êx 34.6). Essa compaixão o levou a agir, embora a falta de alimento naquela região fosse notória.

Marcos 6.36-38 Os discípulos não queriam assumir a responsabilidade de alimentar a multidão. Então, disseram: despede-os. Certamente, eles pensaram que estavam demonstrando compaixão com sua atitude. Mas a resposta de Jesus — dai-lhes vós de comer — deve tê-los deixado surpresos. A palavra dinheiro é denário no latim, uma moeda de prata muito comum. A quantia aqui mencionada era, basicamente, a que um trabalhador recebia por um dia de trabalho. Tomé calculou que seria preciso o salário de dois mil dias de trabalho para alimentar aquele povo.

Marcos 6.39, 40 Detalhes como sentar sobre a erva verde, o que só é possível no fim do inverno ou início da primavera, e o fato de os grupos terem sido repartidos de cem em cem e de cinquenta em cinquenta indicam que quem testemunhou isso, provavelmente Pedro, foi quem contou a história a Marcos. A Bíblia declara, em João 6.4, que isso ocorreu próximo à Páscoa, sempre celebrada em março ou abril.

Marcos 6.41 O tempo verbal de deu, usado tanto nesta passagem de Marcos como em Lucas (9.16), sugere que a multiplicação dos pães acontecia nas mãos de Jesus, enquanto Ele prosseguia ou continuava dando pão e peixe aos discípulos.

Marcos 6.42, 43 Os doze cestos cheios de pedaços eram pequenos cestos geralmente usados pelos viajantes (compare com os cestos descritos em Marcos 8.8, os quais eram bem maiores). Podemos dizer que os cestos que sobraram foram suficientes para, posteriormente, alimentar os discípulos. Quando colocamos a vontade de Deus em primeiro lugar, Ele cuida das nossas necessidades (Mt 6.33) e dá-nos o pão de cada dia. O que o Senhor quer é que dependamos dele diariamente.

Marcos 6.44 Além dos cinco mil homens, Mateus 14.21 afirma que também havia mulheres e crianças, o que explica a presença do rapaz que doou seu lanche a Jesus (Jo 6.9).

Marcos 6.45 Cristo teve dificuldade para dispensar a multidão, porque o povo estava determinado a fazê-lo rei à força (Jo 6.15).

Marcos 6.46 Jesus passou muitas noites em oração durante Seu ministério. A oração é algo essencial para termos comunhão espiritual com o Pai e sempre precede situações difíceis que acontecem conosco. No entanto, depois desta noite em particular, o Mestre procurou ficar sozinho, mas não conseguiu. Ele também estava enfrentando a tentação de Satanás de deixar o caminho que levava à cruz para se tomar rei antes do tempo.

Marcos 6.47 No meio do mar não quer dizer no meio do lago, mas simplesmente em algum lugar dele. Provavelmente, eles estavam perto da costa ao norte.

Marcos 6.48 A quarta vigília ia das três às seis da manhã. O fato de querer passar adiante deles não significa que Ele estava indo para outro lugar. Ele queria revelar-se aos discípulos de forma milagrosa.

Marcos 6.49 Quando os discípulos viram Jesus, pensaram que era um fantasma (uma assombração) , um sinal que era sempre considerado como um presságio do mal e até mesmo da morte.

Marcos 6.50 Marcos não fala que Pedro andou sobre o mar indo ao encontro de Jesus (Mt 14.28-31). Com toda a certeza, Marcos sabia que isso tinha acontecido, mas não quis exaltar o apóstolo.

Marcos 6.51, 52 Esses três milagres são descritos nesse breve relato (v. 47-51): (1) mesmo no escuro, Jesus viu os discípulos em meio à tempestade a quilômetros de distância; (2) Cristo caminhou sobre as águas; e (3) mostrou ter total domínio sobre a criação quando o vento se aquietou.

Marcos 6.53 Eles estavam indo para Betsaida (v.45), a nordeste da costa, mas parece que a tempestade mudou seu rumo. A terra de Genesaré ficava a noroeste da costa do mar da Galileia, a oeste de Carfamaum. Ela era, e ainda é, uma região muito fértil para a agricultura.

Marcos 6.54-56 Marcos faz um resumo do ministério de cura de Jesus mostrando como ele foi extenso. A orla dos vestidos era muito importante, pois era sempre feita com franjas que lembravam aquele que os vestia acerca dos mandamentos divinos (Mc 5.27; Nm 15.37-41).

Índice: Marcos 1 Marcos 2 Marcos 3 Marcos 4 Marcos 5 Marcos 6 Marcos 7 Marcos 8 Marcos 9 Marcos 10 Marcos 11 Marcos 12 Marcos 13 Marcos 14 Marcos 15 Marcos 16