Estudo sobre Jó 10

Estudo sobre Jó 10

Estudo sobre Jó 10.1
UM APELO A DEUS (Jó 10.1-7). Mas não existindo um árbitro, Jó é forçado a apelar diretamente para Deus numa tentativa para decifrar o mistério do antagonismo divino que o vitima. Notem-se as palavras “Darei livre curso à minha queixa” (1). Todas as conjecturas que a sua conturbada mente elaborar, serão expressas por mais extraordinárias que sejam. Será a opressão de que ele é vítima algo que aproveite a Deus (3)? Explicar-se-á essa opressão por uma espécie de miopia divina que impede que Deus veja o que faz ao homem (4)? Ou será que, tal como o homem, Deus sabe que a Sua vida é limitada e quer punir o que supõe ser pecado antes de dar tempo a que o caso seja exaustivamente examinado e avaliado? (5 -6). Mas Jó reconhece a loucura e o vazio destas sugestões no próprio momento em que lhes dá expressão. Ele não pode acreditar que Deus o não conheça, que não saiba que ele é um homem íntegro (7).

Estudo sobre Jó 10.8
NO ABISMO DO DESESPERO (Jó 10.8-22). Segue-se um apelo Àquele divino Oleiro que tantos cuidados pôs na criação da Sua obra. Jó vê muitas e irrefutáveis provas do amor e cuidado com que Deus preservou a sua vida tanto no período anterior ao seu nascimento como nos anos que se lhe seguiram (10-12). Que objetivo se propunha Deus atingir ao proceder assim para com ele? Na procura de uma resposta (13-17) Jó desce a profundezas de dúvida e de desespero jamais atingidas noutra parte do livro. “Era este, afinal, o teu escuro desígnio”, tradução possível do versículo 13. O oleiro deu-se ao trabalho de formar um vaso especialmente belo para que, na hora em que decidisse manchá-lo, o contraste entre o passado e o presente fosse mais violento e mais terrível. Jó sente que o Deus à mercê de quem está se apressa a notar os mais insignificantes pecados. Treme só de pensar no que o esperaria se de fato fosse culpado de algum grande pecado. Mas a sua retidão de nada vale. Tem de se curvar, amedrontado, perante um Deus que, qual leão feroz, se deleita em o perseguir contínua e implacavelmente (14-16). As tuas testemunhas (17) ou “as tuas pragas”. À sua volta concentram-se, em múltiplos exércitos, as suas aflições; são elas as testemunhas escolhidas por Deus para deporem contra a sua integridade. A passagem que se segue (18-22) é das mais patéticas. Escutemos os dois emocionantes gritos que dela se desprendem: “Ah, que o meu único berço fora a sepultura!” e “não haverá, para o meu sofrimento, um breve intervalo antes que eu desça, para sempre, à terra da escuridão?”