Estudo sobre Jó 9

Estudo sobre Jó 9


Estudo sobre Jó 9


 

Jó 9

Jó responde a Bildade (Jó 9.1-10.22)
COMO SE JUSTIFICARIA O HOMEM PARA COM DEUS? (Jó 9.1-16). A impossibilidade de justificação perante Deus é o tema de todo este capítulo. Jó não se propõe responder, detalhadamente, a Bildade. Atém-se, antes, a um princípio de ordem geral, aceito por todos os seus amigos e exposto por Elifaz em Jó 4.17, isto é, a impossibilidade de o homem mortal se apresentar justo perante Deus. Jó aceita a verdade do princípio (2) mas proclama em seguida a absoluta ausência de consolação que ele lhe traz. De que valerá ao homem tentar afirmar a sua inocência perante um Deus de infinita sabedoria a cujas perguntas-uma que fosse, em mil-jamais poderia responder? (3). Deus é também um Deus de infinito poder. Nas suas mãos estão os céus e a terra, dEle procedem maravilhas que o homem jamais pode entender. Justificar-se um homem perante esse imenso Deus? Quão fútil (4-10)! Quando Deus transfere a Sua atenção da natureza para o homem, o Seu poder exerce-se da mesma forma arbitrária, tudo arrebata. Quando salta sobre a presa, quem ousará interpelá-lo (11-12)? Quando os mais fortes e audaciosos rebeldes são obrigados a capitular perante o poder de Deus, como pode ele, Jó, ou quem quer que seja, fazer-lhe frente com meras palavras por mais bem escolhidas que estas sejam (13 -14)? Os auxiliadores soberbos (13). Segundo outra versão, “Os auxiliadores de Raabe”. É possível que se trate de uma referência a um mito corrente segundo o qual, Raabe, monstro marinho, e os seus confederados, haviam sofrido tremenda derrota ao pretenderem assaltar os céus.

Estudo sobre Jó 9.15
E Jó prossegue dizendo que até a inocência absoluta, a inocência sem mancha, emudeceria perante Ele e quebraria o ameaçador silêncio apenas para implorar misericórdia (15). E Jó duvida que Deus desse ouvidos à sua voz mesmo que, respondendo à sua súplica, consentisse em ouvi-lo em algum tribunal (16).

Estudo sobre Jó 9.17
JÓ QUEIXA-SE DE DEUS (Jó 9.17-24). Segue-se, de 17-24, uma terrível imagem de Deus: um Deus irado que castiga sem causa; que não lhe consente sequer respirar (18); que se apóia não na justiça mas na força (19); que destrói indiscriminadamente o homem mau (22); que se ri das torturas do inocente (23); que abandona a terra aos homens perversos e cobre o rosto dos juízes para que eles não vejam a iniquidade (24).
Como esperar uma resposta justa de um tal Deus? Jó é torturado pelo medo de que a sua perturbação o leve a confessar uma culpa que, na realidade, não tem (20-21). Note-se o versículo 21: Ainda que perfeito, não estimo a minha alma; desprezo a minha vida. Jó firma-se, corajosamente, na sua integridade. Não pode abandoná-la ainda que tenha de morrer por ela. A coisa é esta (22). É provável que o sentido seja o seguinte: “tanto faz morrer como viver. A vida tornou-se odiosa”. Relacionem-se estas palavras com o versículo anterior.

Estudo sobre Jó 9.25
A BREVIDADE DA VIDA (Jó 9.25-35). Jó deixa de meditar sobre os males do mundo para considerar a sua própria dor e a efemeridade da existência. Quando sentimentos mais otimistas tentam vir à superfície (27) Jó afoga-os de novo com a convicção de que Deus está determinado a considerá-lo culpado. Mais vale desistir de uma luta desigual. E sendo eu ímpio (29). Leia-se, segundo melhor versão, “Eu serei condenado; por que, pois, trabalharei em vão?” Jó acusa um Deus que está evidentemente determinado a submergir na imundície um homem que aspira, sinceramente à pureza de alma (31-32). “Ah, se Ele fosse homem e não Deus!” exclama Jó; “então saberia eu defender -me. Mas Ele é Deus e não existe entre nós dois um árbitro que me impeça de ser subjugado” (32 -33). O capítulo termina com o triste retorno daquilo que poderia ter sido para aquilo que é: a crua realidade de um Deus que vibra, sobre ele, os Seus crudelíssimos golpes. Se Deus tirasse de sobre ele a Sua vara, então ele falaria sem medo, então ele afirmaria a sua inocência; porque a sua consciência está pura.
O anseio de que aquele Deus-o Deus de um além misterioso e aterrador -se revelasse ao homem de uma forma compreensível e humana, lembra-nos as palavras do poeta Browning em “Saul”: “E a minha carne que procuro em Deus”. No dramático grito de anseio por alguém que arbitrasse entre Deus e o homem vemos a intuição profética de “um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm 2.5). Só a encarnação e nada menos que ela, poderia dar a Jó a resposta por que ele ansiava. As palavras do versículo 33 apontam-nos forte e expectantemente para o presépio de Belém.