Gênesis 32 — Estudo Bíblico

Gênesis 32

32:1 os anjos de Deus: Em uma demonstração magnífica de Seu cuidado por ele, Deus permitiu que Jacó visse que ele não estava viajando sozinho (2 Reis 6:17).

32:2 Jacó descobriu que os exércitos de Deus estavam acampados ao redor do acampamento de sua família. Mahanaim significa “um acampamento duplo”.

32:3–5 Jacó enviou mensageiros a Esaú com um relato de sua vida nos últimos vinte anos e com um pedido de favor, isto é, graça.

32:6 Jacó viu a vinda de seu irmão como uma ameaça para sua família, especialmente quando soube que quatrocentos homens estavam com ele.

32:7 Aqui, o termo hebraico para medo (yare) refere-se a susto ou terror (31:42). Jacob dividiu sua família em dois grupos para salvar um da fúria de seu irmão.

32:8–11 Jacó orou a Deus para que pudesse ser liberto da ira de Esaú. O termo hebraico para pai indica o pai imediato ou um ancestral masculino mais remoto. Ao mencionar Isaque e Abraão, Jacó apelou para o Deus que havia falado com seus pais. Jacó lembrou ao Senhor de Suas promessas a ele. Então Jacó confessou sua humildade diante da misericórdia de Deus com as palavras: não sou digno. Em seguida, Jacó pediu a Deus que o livrasse . Ele não orou em generalidades. Em vez disso, ele nomeou sua preocupação: Esaú! Por fim, concluiu com outro apelo às promessas de Deus. Os cristãos de hoje também podem basear suas orações no caráter comprovado de Deus e em Suas promessas na Bíblia.

32:12–21 um presente para Esaú: Jacó havia orado com fé; agora ele agiu com fé. Ele deu a Esaú uma superabundância de presentes. Ao dar os presentes em três momentos diferentes, Jacó esperava apaziguar Esaú gradualmente.

32:22–24 Jacó lutou toda a sua vida; mesmo no momento de seu nascimento ele estava lutando com Esaú (25:26). Mais tarde, ele lutou com Labão (cap. 31). No entanto, pouco antes de encontrar Esaú, Jacó teve a luta de sua vida! Aquele que uma vez agarrou o calcanhar de seu irmão agora se agarrou à forma corpórea do Deus vivo. Alguns acreditam que o Homem que lutou com Jacó era o Jesus Cristo pré-encarnado. Outros acreditam que o Homem era o Anjo de Deus (Gn 21:17; 31:11). Em todo caso, Jacó lutou com uma manifestação de Deus (vv. 28-30), e por causa da misericórdia de Deus ele sobreviveu.

32:25, 26 Ele não prevaleceu contra ele: o Homem não conseguiu afastar Jacó da luta - embora pudesse facilmente derrotar Jacó. Este verbo hebraico traduzido tocou (naga) refere-se aqui ao toque especial de Deus, como quando Deus toca a terra (Amós 9:5) ou o coração humano (1 Sam. 10:26). Aqui, o toque de Deus causou dor (Jos. 9:19; 2 Sam. 14:10). No entanto, Jacob não desistiria. Ele não soltaria o Homem até que ele recebesse uma bênção.

Deuses domésticos

Um dos relatos patriarcais mais curiosos é o roubo dos deuses domésticos de Labão por sua filha Raquel (Gn 31:19) . A história é peculiar por causa da insistência de Labão em encontrar esses deuses (31:33-35), e eles não são mencionados nem antes nem depois desse incidente. Afinal, eles provavelmente eram feitos de argila, como as centenas de outros deuses domésticos que foram escavados, e tinham pouco valor intrínseco.

O relato também apresenta outros quebra-cabeças, como a reivindicação de ambos os homens de propriedade das esposas, filhos e rebanhos (31:43). A solução desses quebra-cabeças é auxiliada por evidências das tabuinhas de Nuzi do segundo milênio aC, que dizem que esses deuses domésticos às vezes eram usados como evidência de liderança familiar. Isso pode explicar que Rachel roubou os deuses para dar ao marido a posição de líder tribal. Também pode explicar por que Labão insistiu tanto em ter esses deuses de volta.

32:27, 28 Deus irrompeu na vida de Jacó, deu-lhe as promessas seguras que foram dadas a Abraão (28:13-15), e agora - após uma noite de luta com ele - deu-lhe um novo nome. O nome Israel pode significar “Príncipe com Deus”, ou talvez carregue a ideia de lutar ou persistir, como sugere o jogo de palavras nesta passagem.

32:29 Jacó pergunta o nome do Homem porque Jacó havia dado seu nome. O Homem não responde. Mas Jacó pode ter desenvolvido seu próprio nome para o Homem que lutou com ele: “O Poderoso Deus de Jacó” (49:24). Deus um dia revelaria Seu nome mais plenamente a Moisés (Ex. 3:14, 15).

32:30, 31 A experiência de Jacó com Deus o mudou fisicamente; ele mancava. A experiência também teve um impacto espiritual em sua vida.

32:32 até hoje: Como sempre em Gênesis, esta frase significa o dia dos primeiros leitores do livro. A regra judaica contra comer este músculo continua nos tempos modernos dentro do judaísmo.

Notas Adicionais:
A questão com Labão estava resolvida, mas agora havia uma ameaça maior no sul. O iminente encontro com Esaú abalou Jacó até ao fundo de sua alma e preparou o cená­rio para uma das lutas e vitórias espirituais significativas no Livro de Gênesis. Peniel, onde se deu o fato, tornou-se sinônimo de experiência de crise espiritual que radicalmen­te transforma a alma.

Desde que Labão se tornou hostil a ele, Jacó ficou mais sensível aos procedimentos de Deus e obteve ajuda e orientação. Agora uma visitação dos anjos de Deus (1) o despertou novamente e, em certa medida, o preparou para a luta que viria. Maanaim (2) significa 'dois acampamentos ou dois grupos”. Diz respeito ao acampamento de Jacó e ao acampa­mento invisível e circundante dos anjos de Deus que protegiam Jacó e sua família.

De 32.1,2, Alexander Maclaren pregou sobre “Maanaim: os Dois Acampamentos”. 1) Anjos de Deus nos encontram na estrada poeirenta da vida comum, 1; 2) Os anjos de Deus nos encontram pontualmente na hora da necessidade, 2; 3) Os anjos de Deus apa­recem na forma que precisamos: O exército de Deus, 2.

Jacó sabia que agora tinha de tratar com Esaú, contra quem tão gravemente havia pecado no passado, e que, até onde sabia, ainda queria feri-lo. Mas Jacó estava disposto a buscar paz fazendo o primeiro movimento para estabelecer uma nova relação. Para esse propósito, enviou mensageiros (3) ao sul, ao território de Edom (ver Mapa 2), com a história do sucesso de Jacó e um pedido para encontrar graça (5) aos olhos do irmão. Esta frase é equivalente a pedido de perdão pelos erros passados. Os mensagei­ros (6) voltaram com a notícia de que Esaú se dirigia para o norte com quatrocentos homens, aparentemente com más intenções em relação a Jacó. Logicamente, os mensa­geiros de Jacó não tinham falado com Esaú.

O medo invadiu o coração de Jacó e ele imediatamente tomou medidas defensivas. Com desconsideração pela vida de alguns que o acompanhavam, ele os mandou à frente para receber o ímpeto do ataque esperado. Esta ação permitiria que os outros escapassem.

O segundo movimento de Jacó foi orar a Deus em busca de livramento. Ele não advogava o conceito pagão de muitos deuses. Dirigiu suas orações ao Deus de meu pai Abraão e Deus de meu pai Isaque (9). Identificou este Deus com o SENHOR que lhe dera mandamentos e promessas. Era o mesmo Deus que encontrava seus servos a qual­quer hora e em qualquer lugar que quisesse. Era o Deus que tinha o direito e o poder de dizer: “Vai”, e: “Volta”; tinha a integridade e o poder de cumprir sua promessa de estar com Jacó e de fazer-lhe bem.

Não havia arrogância hipócrita na oração de Jacó. Prontamente admitiu sua indigni­dade em receber as beneficências (10) divinas, ou seja, ações de bondade. A fidelidade seria as mensagens de mandamento, promessa e instrução. A elevação de Jacó da pobreza para a riqueza era devida inteiramente à ajuda de Deus. Contudo, devido ao natural medo humano, a caravana foi separada em dois grupos por causa do esperado ataque de Esaú. Sua morte e a matança de suas esposas e filhos pareciam iminentes. Terminou a oração pleiteando a validade das promessas divinas e a fidelidade de Deus em cumpri-las me­diante proteção preventiva.

Depois da oração, Jacó deu nova dimensão ao propósito do acampamento dividido. Os primeiros grupos não receberiam apenas o impacto inicial de um ataque, mas serviri­am como emissários de paz, levando presentes para Esaú. Em vez de dois grupos, agora havia três, cada um com presentes e a mensagem que Jacó estava indo. A esperança de Jacó era aplacar a ira de Esaú (20), de forma que quando ele entrasse em cena Esaú o aceitasse amavelmente.

O verbo aplacarei (20, kipper) significa literalmente “cobrir”, mas veio a significar a tristeza do ofertante por ter cometido uma ação errada e seu desejo de pedir perdão, para que uma relação correta e aproveitável fosse estabelecida. Esta é a primeira oca­sião em que a palavra é usada na Bíblia com este significado. Quando esta mensagem simbólica era transmitida ao indivíduo contra quem se havia pecado, esperava-se que a raiva mudasse em misericórdia, com a resposta de franqueza e sinceridade que tornaria a reconciliação uma realidade.

Nesse momento, Jacó e sua família estavam acampados junto ao vau de Jaboque (22), um rio que corta um vale profundo nos planaltos a leste do rio Jordão, mais ou menos a meio caminho entre o mar da Galileia e o mar Morto (ver Mapa 2).

Jacó tinha enviado todos os outros para a margem sul do vau de Jaboque e passado a noite só (24). Pelo menos no começo. Na escuridão, um varão, que no versículo 30 se identifica como Deus, lutou com Jacó. Durante a luta, Jacó teve um quadril deslocado, mas prolongou o combate insistindo que não deixaria de lutar até que o abençoasse (26). Jacó precisava desesperadamente de ajuda, mas antes de obtê-la tinha de confessar o pecado que estava simbolizado pelo seu nome, “agarrador de calcanhar ou enganador”.

Em resposta à luta, Deus mudou seu nome para Israel (28), “aquele que luta ou prevalece com Deus”. A mudança de nome, como se deu com Abraão e com Sara, indicava mudança de status e mudança do ser interior. Jacó não tinha certeza de quem estava lutando com ele até ao término do combate. Levantou-se e, mostrando sua nova menta­lidade, chamou o lugar Peniel (30), que significa “face a face com Deus”. Sua própria inaptidão física lhe seria testemunha constante de que a batalha realmente havia ocor­rido. Seus descendentes também tinham de comemorar o fato abstendo-se de comer a coxa (32), ou o músculo do nervo ciático, de animais que costumavam comer.

Em 32.22-30, vemos como “Jacó se Torna Israel”. 1) Jacó, o suplantador, 27; 2) Jacó, o lutador, 24-26; 3) Jacó, o prevalecedor, 28 (G. B. Williamson).

A luta noturna de Jacó gerou as características básicas das experiências espirituais significativas de homens e mulheres do Antigo e do Novo Testamento. Charles Wesley entendia que o episódio de Peniel era um tipo da experiência cristã em que se baseou para compor seu famoso hino “Vêm, Tu, o Desconhecido”.

O fato de o pecado contra os outros também ser um ato que afeta a relação de Deus com o homem é central neste episódio. Jacó não tinha de enfrentar somente Esaú; teve de enfrentar Deus em primeiro lugar. Aliás, Deus o enfrentou na agitação da culpa para levá-lo a um pleno reconhecimento da pecaminosidade do seu ser e da necessidade de mudança radical.
 
Jacó lidava com um problema difícil. Se ele não conseguisse resolver realisticamen­te sua alienação de Esaú, ou procurasse tratá-la de maneira desonesta e inadequada, ele corria o risco de inflamar ainda mais a raiva de Esaú. Semelhantemente, se ele não confessasse seu pecado a Deus, ele incorreria no desgosto divino.

A princípio, Jacó tendeu a se servir de expedientes impróprios. Ele temia o poder de Esaú e amava a vida e a riqueza que tinha. Estava inclinado a sacrificar parte de seu séquito a Esaú para escapar com a vida e algumas posses. Resolveu, então, enviar presentes e mediadores entre ele e Esaú. Na oração, reconheceu que era indigno, mas não admitiu que era pecador. Queria a bênção, mas detestava repudiar sua natureza enganosa.

Mas Jacó foi vitorioso, porque se firmou em sólida base espiritual no decorrer da luta. Afirmou o domínio de Deus sobre sua vida e reivindicou as promessas que Deus lhe deu em Betel e em Harã. Apoiou seu futuro na validade e fidelidade de Deus em cumprir o que havia prometido. Declarou suas necessidades, pediu ajuda e, com deter­minação, esperou a bênção, ainda que lhe custasse a confissão do pecado de sua perver­são interior. Testemunhou publicamente acerca da ajuda de Deus dando um nome ao lugar.' Jacó estabeleceu uma máxima evangélica básica: fé é aceitação da misericórdia imerecida de Deus.

Em 32.9-12,24-30, vemos onde “Deus Confronta o Homem pela Segunda Vez”. 1) Um homem cujos recursos não bastavam, 9-12; 2) Um homem sozinho com Deus, 24; 3) Um homem que não receberia uma negativa como resposta, 26; 4) A confissão que traz a bênção, 27-30 (A. F. Harper).

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