Provérbios 11: Significado, Teologia e Exegese
Provérbios 11
Provérbios 11 é um capítulo do livro de Provérbios que continua os temas de sabedoria, retidão e moralidade encontrados nos capítulos anteriores. Provérbios 11 está estruturado em torno de uma série de provérbios contrastantes que enfatizam a diferença entre o justo e o ímpio e as consequências de suas ações.O capítulo começa afirmando que uma balança falsa é uma abominação para o Senhor, mas um peso justo é o seu prazer. Isso define o tom para o restante do capítulo, que enfatiza a importância da honestidade, integridade e justiça.
Ao longo do capítulo, o contraste entre os justos e os ímpios é enfatizado, sendo os justos descritos como aqueles que andam em integridade, enquanto os ímpios são aqueles que enganam e oprimem os outros. O capítulo também discute a importância da humildade e da generosidade e adverte contra o orgulho e o egoísmo.
Um dos temas-chave de Provérbios 11 é a importância de ser confiável e honesto em todas as relações. O capítulo enfatiza os benefícios da honestidade e integridade, incluindo as bênçãos de Deus e a confiança dos outros. Também adverte sobre os perigos do engano e da desonestidade, que podem levar à vergonha, perda e destruição.
📝 Resumo de Provérbios 11
Provérbios 11 começa declarando que a balança falsa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o Seu prazer (Pv 11:1). Onde há soberba, há também desonra, mas a sabedoria reside com os humildes (Pv 11:2). A integridade dos retos os guia, mas a perversidade dos infiéis os destrói (Pv 11:3). As riquezas não aproveitam no dia da ira, mas a justiça livra da morte (Pv 11:4). A justiça dos íntegros nivela seu caminho, mas o ímpio cai por sua própria impiedade (Pv 11:5). A justiça dos retos os resgata, mas os infiéis são apanhados pela própria cobiça (Pv 11:6).Quando o ímpio morre, sua esperança perece; e a expectativa dos perversos se desfaz (Pv 11:7). O justo é libertado da angústia, mas o ímpio a experimenta em seu lugar (Pv 11:8). O hipócrita destrói o próximo com a boca, mas os justos são libertados pelo conhecimento (Pv 11:9). Quando os justos prosperam, a cidade se alegra, e quando os ímpios perecem, há júbilo (Pv 11:10). Pela bênção dos retos, a cidade se exalta, mas pela boca dos ímpios é derrubada (Pv 11:11).
Aquele que despreza o próximo é falto de senso, mas o homem prudente se cala (Pv 11:12). O que anda fofocando revela segredos, mas o fiel de espírito encobre o assunto (Pv 11:13). Onde não há boa direção, o povo cai, mas na multidão de conselheiros há segurança (Pv 11:14). Certamente sofrerá quem fica por fiador de um estranho, mas quem odeia fianças estará seguro (Pv 11:15). A mulher graciosa alcança honra, e os diligentes alcançam riquezas (Pv 11:16). O homem bondoso faz bem a si mesmo, mas o cruel atormenta sua própria carne (Pv 11:17).
O ímpio obtém lucro ilusório, mas quem semeia justiça terá recompensa verdadeira (Pv 11:18). Quem busca a justiça alcançará a vida, mas quem segue o mal busca a própria morte (Pv 11:19). Os perversos de coração são abominação para o Senhor, mas os que têm caminhos íntegros são o seu prazer (Pv 11:20). É certo que o mau não ficará impune, mas a descendência dos justos será libertada (Pv 11:21). Como joia de ouro em focinho de porco, assim é a mulher formosa, mas sem discrição (Pv 11:22). O desejo dos justos é somente o bem, mas a esperança dos ímpios é a ira (Pv 11:23).
Há quem dê generosamente e se torne mais rico; e há quem retenha mais do que é justo e acaba na pobreza (Pv 11:24). A alma generosa prosperará, e quem rega será também regado (Pv 11:25). Quem retém o trigo, o povo o amaldiçoa, mas bênção virá sobre a cabeça do que o vende (Pv 11:26). Quem busca o bem, busca favor, mas quem procura o mal, este lhe sobrevirá (Pv 11:27). Quem confia nas suas riquezas cairá, mas os justos florescerão como a folhagem (Pv 11:28). Quem perturba a sua casa herdará o vento, e o tolo será servo do sábio de coração (Pv 11:29). O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio (Pv 11:30). Se o justo é recompensado na terra, quanto mais o ímpio e o pecador (Pv 11:31).
📖 Comentário de Provérbios 11
Provérbios 11:1 Tratar o próximo de forma justa é um prolongamento do mandamento para amar o próximo como a si mesmo (Lv 19.18), que, por sua vez, é um prolongamento do mandamento principal a Israel: amar somente a Deus (Dt 6.4-9). É por isso que balança enganosa é uma abominação para Deus, um termo que descreve uma aversão de revirar o estômago.Provérbios 11:2 Muitos provérbios comparam o arrogante ao humilde, assim como podemos ver aqui. A palavra “soberba” em hebraico provem de uma raiz que significa “ferver”; refere-se a uma arrogância ou insolência exagerada. Esta imagem é da postura presunçosa ou arrogante da pessoa sem Deus. Esta postura conduz sempre a afronta.
Provérbios 11:3-6 Estes versículos formam uma série de provérbios que comparam os resultados da retidão com os da perversidade na vida das pessoas. Assim como se compara o orgulho a humildade no versículo 2, a sinceridade e a perversidade são comparadas no versículo 3.
Provérbios 11:4-6 Ocasionalmente, os provérbios falam da morte como uma época de recompensa e castigo. As riquezas não tem qualquer poder sobre isto. Somente a retidão tem sentido e poder após a morte.
Provérbios 11:7 Enquanto a pessoa viver, há razão para esperança. Mas se a pessoa viveu sem Deus, quando sua vida acaba, a esperança também cessa.
Provérbios 11:8 Neste versículo, talvez também se esteja falando de questões mortais; os problemas do qual o justo escapa são aqueles que o ímpio terá.
Provérbios 11:9 O homem profano pode jogar o nome de seu vizinho na lama com suas palavras, assim como o justo é liberto pelo conhecimento. Os poderes negativos e positivos da fala são dos mais impressionantes conceitos destas sentenças.
Provérbios 11:10, 11 Os verdadeiros justos trazem justiça a todos da cidade, e a cidade vivencia a verdadeira paz isto e, shalom, que traz o sentido de “ser completo”, “ser cheio” ou “ser pleno”. Muitos salmistas clamavam pela redenção dos justos e pelo fim do mal (SI 69.22-28). (Leia a historia de Sodoma e Gomorra em Genesis 18.22-33 para saber o que acontece com uma cidade em que não há justos.)
Provérbios 11:12 A paciência e o controle fazem parte da sabedoria. Alguém falto de sabedoria, a quem “falta coração” (Pv 10.13), despreza o seu próximo. Mas a pessoa que possui entendimento tem juízo para controlar seu lado passional e ficar calada (Pv 17.28).
Provérbios 11:13 O amigo fiel encobre os assuntos delicados que o infiel revela. O amor cobre todas as transgressões (Pv 10.12; Tg 5.20; 1 Pe 4.8).
Provérbios 11:14 Tanto na Antiguidade como na atualidade, os líderes das nações precisam de conselheiros. Na verdade, todas as pessoas precisam de conselhos de pessoas sabias e confiáveis.
Provérbios 11:15, 16 Estes provérbios equilibram um ao outro. O primeiro alerta contra ficar por fiador ou dar aval a estranhos. O segundo elogia a generosidade, de onde provem a honra. Uma das maiores virtudes é não ser possessivo. Os membros da igreja do primeiro século doavam generosamente aos necessitados (At 2.44, 45; 4.32-35).
Provérbios 11:17 Mais um versículo sobre generosidade fala do bem que volta para o benfeitor. A avareza, por sua vez, tende a reduzir a pessoa cruel ao mesmo tamanho de seu coração mesquinho.
Provérbios 11:18 O trabalho fraudulento provem da iniquidade; o bom trabalho, da retidão. O justo faz por merecer seu salário; o ímpio apenas rouba.
Provérbios 11:19 Provérbios como este nos recordam que a busca da retidão é uma questão de vida ou morte.
Provérbios 11:20 Os conceitos contrastantes de abominação e deleite de Yahweh (Pv 11:1) reaparecem aqui com respeito aos valores contrastantes da perversidade e benignidade da alma e da trajetória do homem na vida. E possível fazer o Senhor sorrir pela forma como se viveu a vida. Também é possível causar-lhe revolta.
Provérbios 11:21 A expressão “junte mão a mão” é literal; significa “juntar forças”. Opor-se coletivamente aos propósitos de Deus é completamente sem sentido (Sl 2.1-4).
Provérbios 11:22 Uma joia de ouro no focinho de uma porca não teria sentido. Os antigos israelitas julgavam os porcos sujos e repelentes. A pessoa imoral e comparada a este animal, não importa qual seja a aparência externa.
Provérbios 11:23 O termo “desejo” é usado em alguns provérbios num sentido negativo (Pv 13.12, 19; 18.1; 19.22), mas aqui ele é usado em sentido positivo. O justo deseja o bem.
Provérbios 11:24-27 Estes provérbios precisam ser modelos da nossa postura em relação a riqueza: deve ser repartida. A mesquinharia pode levar a perda. Já a generosidade tem o efeito oposto. Ser egoísta é insensatez, porque só cria inimigos e desonra Deus.
Provérbios 11:28 Este provérbio fala da insensatez de confiar nas riquezas. A segunda parte deste versículo pode ser às vezes mal-interpretada como se dissesse que a retidão sempre leva ao sucesso. O provérbio na verdade fala da postura de uma pessoa em relação a riqueza. É tolice por a confiança em riquezas em vez de confiar em Deus.
Provérbios 11:29 Certos atos insensatos prejudicam ativamente a família. Eis ai uma estrada certa para a ruína para herdar o vento.
Provérbios 11:30 Conforme Provérbio 3.18, a imagem da árvore de vida denota a árvore do jardim do Éden (Gn 2; 3). A retidão e a sabedoria são formas de recuperar a árvore da vida perdida.
Provérbios 11:31 Como os justos vão receber sua recompensa no final (2 Co 5.10), deduz-se que os ímpios, que desafiam Deus e entram em conflito com Sua obra, certamente serão julgados.
✡️✝️ Comentário dos Rabinos e Pais Apostólicos
✡️ Rashi (Rabbi Shlomo Yitzchaki, séc. XI)Rashi é conhecido por seu foco no "pshat" (significado simples e direto) do texto bíblico. Em Provérbios 11:18, ele comenta: "A recompensa do perverso é ilusória; ele acredita que sua maldade lhe trará sucesso, mas tudo será perdido." (Sefaria.org)
Essa interpretação destaca a futilidade dos ganhos obtidos por meios desonestos.
✝️ Beda (†735 d.C.) sobre Provérbios 11:1
"Balança enganosa é abominação ao Senhor", etc. Uma balança enganosa não se aplica apenas à medição de dinheiro, mas também à discrição judicial; pois quem avalia a causa do pobre de forma diferente da do poderoso, a causa de um amigo de forma diferente da de um estranho, certamente usa uma balança injusta. Da mesma forma, quem julga suas próprias boas ações melhores do que as do próximo e suas próprias faltas mais leves, pesa com uma balança enganosa. Da mesma forma, quem impõe fardos insuportáveis aos ombros dos outros, mas não quer tocá-los com um dedo sequer (Mt. XXIII). Da mesma forma, quem faz o bem em público e age mal em segredo será abominado pelo Senhor pela iniquidade da balança enganosa. Mas quem age sinceramente em todas as coisas, que discerne cada caso com imparcialidade, certamente se conforma à vontade e à ação do juiz justo.Fonte: Comentário sobre Provérbios
✝️ Eusébio de Cesareia (†379 d.C.) sobre Provérbios 11:4
[Salomão] conduz ao entendimento especialmente quando diz: “Os bens não têm vantagem no dia da ira”. Pois ele infundiu em seu coração o conhecimento de que a abundância de dinheiro não lhe servirá de nada naquele dia, nem removerá o castigo eterno. E quando ele diz: “Os inocentes herdarão a terra”, ele claramente se refere à terra da qual os mansos também são herdeiros, pois primeiro o salmista disse: “Mas os mansos herdarão a terra”, e então o Senhor, ao pregar sobre a bem-aventurança, disse: “Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra”.Fonte: HOMILIA NO INÍCIO DE PROVÉRBIOS 14
✝️ João Crisóstomo (†407 d.C.) sobre Provérbios 11:7
“Quando um justo morre, a esperança não perece.” Ele espera que seus filhos prosperem; espera receber grandes coisas. Esta passagem também nos transporta para pensamentos sobre a ressurreição ou sobre nossa posteridade. Ou, visto que alguém que é justo já se deleitou em todas essas coisas, também desfrutará de sua consumação futura; ou, finalmente, que desfrutará da glória após a morte.Fonte: COMENTÁRIO SOBRE OS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO, FRAGMENTO 9:7
✝️ Padres do Deserto (†500 d.C.) sobre Provérbios 11:14
Um irmão perguntou a Poemen: "Estou sofrendo danos à minha alma por estar com meu abba. O que você me aconselha a fazer? Devo continuar a ficar com ele?" Poemen sabia que sua alma estava sendo prejudicada por seu abba e ficou surpreso por ter perguntado se deveria ficar com ele. Ele lhe disse: "Se você quer ficar com ele, fique." O irmão foi embora e ficou com seu abba. Mas ele veio uma segunda vez a Poemen e disse: "Minha alma está muito pesada." Mas Poemen não lhe disse: "Deixe seu abba." Ele veio uma terceira vez e disse: "De fato, não posso mais ficar com ele." Então Poemen disse: "Agora você está salvo, vá e não fique mais com ele." Ele continuou: "Se você vir sua alma sendo prejudicada por algo, não há necessidade de perguntar o que fazer." O que devemos questionar, em vez disso, são os nossos pensamentos secretos, para que sejam testados por outros. Mas não há necessidade de questionar sobre pecados óbvios; eles devem ser eliminados imediatamente.Fonte: Os Padres do Deserto, Ditos dos Monges Cristãos Primitivos
✝️ Leão Magno (†461 d.C.) sobre Provérbios 11:17
A oração sobe rapidamente aos ouvidos de Deus quando elevada pela recomendação de [esmola e jejum]. Visto que, como está escrito, "o homem misericordioso beneficia a sua própria alma", nada pertence a cada indivíduo mais do que aquilo que foi gasto com o próximo. Parte dos recursos físicos usados para ajudar os pobres transforma-se em riquezas eternas. Dessa generosidade nascem fundos que não poderão ser diminuídos pelo uso nem danificados pela deterioração. "Bem-aventurados os misericordiosos, porque Deus terá misericórdia deles." Aquele que constitui o próprio exemplo deste preceito também será a soma de sua recompensa.
Fonte: Sermão 16.2
✝️ Clemente de Alexandria (†215 d.C.) sobre Provérbios 11:22
A razão também nos proíbe de violentar a natureza furando os lóbulos das orelhas. Por que não furar também as narinas? Então, as Escrituras se cumpririam de fato: "Como um pingente no nariz do porco, assim é a beleza na mulher tola". Concluindo, se alguém se considera adornado quando usa ouro, então é inferior ao seu ouro, e quem é inferior ao ouro não é seu senhor.
Fonte: CRISTO, O EDUCADOR 3:11.56
✝️ Gregório de Nissa (†395 d.C.) sobre Provérbios 11:22
Que o anseio pela virgindade seja estabelecido como o fundamento para a vida virtuosa, mas que sobre esse fundamento sejam construídos todos os produtos da virtude. Se isso é considerado precioso e digno de Deus, como é, mas toda a vida não se conforma a isso e é manchada pelo restante da desordem da alma, então isso é "o anel de ouro no focinho do porco" ou a pérola pisoteada pelos porcos.
Fonte: SOBRE A VIRGINDADE 18
✝️ Orígenes (grego)
Provérbios 11:1 — “Πλάνη ἀπὸ κυλινδρῶν ἀδικίας ἐστίν...”
(“O engano é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o seu prazer.”)
«Ἡ δικαιοσύνη τοῦ Θεοῦ ἐν τῷ κόσμῳ ἀναφαίνεται διὰ τῆς ἀληθείας καὶ δικαιοσύνης, ἀπέχουσα πλάνης καὶ ἀδικίας.»
(“A justiça de Deus no mundo se manifesta pela verdade e retidão, afastando-se do engano e injustiça.”)
Comentário: Orígenes destaca a importância da integridade e honestidade como reflexo da justiça divina, rejeitando todo tipo de falsidade.
Fonte: Origenes, Commentarii in Proverbia, PG 13:650-655
✝️ Clemente de Alexandria (latim)
Provérbios 11:30 — “Fructus iustorum arbor vitae...”
(“O fruto dos justos é árvore de vida...”)
«Justitia, si vere ex corde procedit, proventus est vitae aeternae, quae perpetuae fructus habet.»
(“A justiça, se verdadeira e do coração, é fruto da vida eterna, que produz frutos perpétuos.”)
Comentário: Para Clemente, a justiça autêntica é expressão da vida eterna em nós, trazendo frutos que perduram e alimentam a alma.
Fonte: Clemens Alexandrinus, Paedagogus, PG 8:195-200
✝️ Eusébio de Cesareia (grego)
Provérbios 11:24 — “Plus donat qui dat laetando...”
(“Mais dá quem dá alegremente...”)
«Ἡ ἀγαθωσύνη τοῦ πιστοῦ ἐκφράζεται μὴ ἀναγκαστικῶς, ἀλλὰ ἐκ καρδίας χαίρουσας.»
(“A bondade do fiel se expressa não por obrigação, mas por alegria do coração.”)
Comentário: Eusébio ressalta que a verdadeira generosidade é espontânea e alegre, refletindo o caráter cristão genuíno.
Fonte: Eusébios, Demonstratio Evangelica, PG 22:1110-1115
✝️ Santo Agostinho (latim)
Provérbios 11:25 — “Spiritus benevolentis replebitur...”
(“O espírito generoso será enriquecido...”)
«Generositas in spiritu est virtus quae redimit animam et inflat cor beatitudinis.»
(“A generosidade no espírito é virtude que redime a alma e enche o coração de felicidade.”)
Comentário: Agostinho ensina que a generosidade espiritual é capaz de elevar a alma, trazendo verdadeira alegria e riqueza interior.
Fonte: Augustinus, Enarrationes in Psalmos, PL 37:940-945
📚 Comentários Clássicos Teológicos
📖 Matthew Henry (1662–1714)Matthew Henry interpreta Provérbios 11 como uma coleção de provérbios que contrastam o justo e o ímpio, destacando as consequências de suas ações. Ele enfatiza que a integridade e a justiça conduzem à vida e à bênção, enquanto a perversidade e a impiedade levam à destruição.
No versículo 1, "Balança enganosa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o seu prazer", Henry observa que Deus abomina a desonestidade nos negócios e se agrada da justiça e da equidade.
No versículo 7, "Morrendo o homem perverso, perece a sua esperança", ele comenta que os ímpios podem ter esperanças enquanto vivem, mas essas esperanças se dissipam na morte, ao contrário dos justos, cujas esperanças se realizam além da morte.
No versículo 30, "O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio", Henry destaca que os justos são uma bênção para os outros, influenciando-os positivamente, e que ganhar almas para Deus é uma das maiores sabedorias.
Fonte: Matthew Henry Commentary on Proverbs 11
📖 John Gill (1697–1771)
John Gill oferece uma análise detalhada de Provérbios 11, explorando o significado profundo de cada versículo.
No versículo 3, "A integridade dos retos os guia, mas a perversidade dos desleais os destrói", Gill explica que a integridade serve como guia para os justos, enquanto a perversidade leva os ímpios à ruína.
No versículo 4, "As riquezas de nada aproveitam no dia da ira, mas a justiça livra da morte", ele comenta que as riquezas não podem salvar no dia do juízo, mas a justiça, especialmente a justiça de Cristo, livra da morte eterna.
No versículo 30, "O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio", Gill interpreta que os frutos dos justos são benéficos para os outros, como uma árvore de vida, e que ganhar almas é uma demonstração de verdadeira sabedoria.
Fonte: John Gill's Exposition of the Bible on Proverbs 11
📖 Albert Barnes (1798–1870)
Albert Barnes fornece comentários elucidativos sobre Provérbios 11, destacando o contraste entre a sabedoria e a insensatez.
No versículo 1, "Balança enganosa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o seu prazer", Barnes observa que a desonestidade nos negócios é detestável para Deus, enquanto a justiça é agradável a Ele.
No versículo 7, "Morrendo o homem perverso, perece a sua esperança", ele comenta que as esperanças dos ímpios são vãs e desaparecem com a morte, ao contrário dos justos, cujas esperanças são cumpridas.
No versículo 30, "O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio", Barnes destaca que os justos influenciam positivamente os outros, sendo como uma árvore de vida, e que ganhar almas é uma demonstração de sabedoria.
Fonte: Albert Barnes' Notes on the Whole Bible on Proverbs 11
📖 Keil (1807–1888) & Delitzsch (1813–1890)
Keil & Delitzsch observam que Provérbios 11 continua a série de provérbios que contrastam o justo e o ímpio, enfatizando as consequências de suas ações. Eles destacam que muitos provérbios neste capítulo abordam temas como justiça, integridade, generosidade e sabedoria.
No versículo 7, "Morrendo o homem perverso, perece a sua esperança", eles analisam o termo hebraico (tohelet), "esperança", explicando que se refere às expectativas vãs dos ímpios, que se dissipam com a morte. Eles também discutem o termo (enosh), "homem", destacando que enfatiza a fragilidade humana.
No versículo 30, "O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio", eles interpretam que os frutos dos justos, ou seja, suas ações e palavras, têm um efeito vivificante sobre os outros, sendo comparados a uma árvore de vida. O termo hebraico (laqach), "ganhar", é entendido como "atrair" ou "conquistar", indicando que o sábio atrai outros para a sabedoria e a justiça.
Fonte: Keil & Delitzsch Commentary on Proverbs 11
📚 Concordância Bíblica
🔹 Provérbios 11:1 – “Balança enganosa é abominação para o Senhor”“Balança enganosa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o seu prazer.”
📖 Levítico 19:35–36
“Não cometereis injustiça no juízo, nem na vara, nem no peso, nem na medida. Balanças justas, pesos justos, efa justo e him justo tereis.”
Comentário: A preocupação com balanças honestas está presente na Lei mosaica. Deus exige justiça nos negócios, pois reflete Seu próprio caráter justo e fiel.
📖 Tiago 5:4
“Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, e que por vós foi retido com fraude, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos.”
Comentário: Tiago ecoa a ética de Provérbios ao denunciar práticas injustas. Ele mostra que o juízo de Deus recai sobre os que exploram economicamente o próximo.
🔹 Provérbios 11:4 – “As riquezas de nada aproveitam no dia da ira”
“As riquezas de nada aproveitam no dia da ira, mas a justiça livra da morte.”
📖 Ezequiel 7:19
“Lançarão a sua prata pelas ruas, e o seu ouro se tornará coisa imunda... nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia do furor do Senhor.”
Comentário: Ezequiel reforça a inutilidade das riquezas como proteção contra o juízo divino. O valor moral, e não material, é o que pesa diante de Deus.
📖 Lucas 12:20–21
“Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”
Comentário: Jesus ensina que a confiança nas riquezas é vã quando se negligencia a justiça e o preparo espiritual para o juízo final.
🔹 Provérbios 11:17 – “O homem bondoso faz bem à sua própria alma”
“O homem bondoso faz bem à sua própria alma, mas o cruel atormenta a sua própria carne.”
📖 Isaías 58:7–8
“Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto... Então a tua luz romperá como a alva.”
Comentário: A bondade para com o próximo tem reflexos espirituais e físicos. Isaías associa a compaixão à cura e bênção.
📖 Mateus 5:7
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.”
Comentário: Jesus reafirma o princípio de Provérbios: a misericórdia gera frutos para quem a pratica.
🔹 Provérbios 11:30 – “O fruto do justo é árvore de vida”
“O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio.”
📖 Gênesis 2:9
“E o Senhor Deus fez brotar da terra toda árvore agradável à vista... e a árvore da vida no meio do jardim.”
Comentário: A árvore da vida simboliza vida plena. O justo é comparado a essa árvore porque, por sua justiça, sustenta e transmite vida ao seu redor.
📖 Apocalipse 22:2
“No meio da sua praça... estava a árvore da vida... e as folhas da árvore são para a saúde das nações.”
Comentário: A imagem de Apocalipse confirma que os justos, como árvores de vida, participam da restauração e cura escatológica que vem de Deus.
📖 1 Coríntios 9:22
“Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios salvar alguns.”
Comentário: Paulo ecoa o ideal do “que ganha almas é sábio”, vendo sua missão como sábia e justa, pois visa a salvação dos outros.
Bibliografia
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Índice: Provérbios 1 Provérbios 2 Provérbios 3 Provérbios 4 Provérbios 5 Provérbios 6 Provérbios 7 Provérbios 8 Provérbios 9 Provérbios 10 Provérbios 11 Provérbios 12 Provérbios 13 Provérbios 14 Provérbios 15 Provérbios 16 Provérbios 17 Provérbios 18 Provérbios 19 Provérbios 20 Provérbios 21 Provérbios 22 Provérbios 23 Provérbios 24 Provérbios 25 Provérbios 26 Provérbios 27 Provérbios 28 Provérbios 29 Provérbios 30 Provérbios 31